As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 85
Entre outros problemas: filhas de Afrodite


Notas iniciais do capítulo

Me explico lá em baixo ;]



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THALIA

O sol forte de fim de tarde batendo no rosto ainda não era incomodo o suficiente, mesmo que nós estivéssemos com ele nas costas durante mais de meio dia. O suor pingava em meu corpo e minhas roupas estavam grudadas a pele. Eu tinha sido duramente recebida com olhares atravessados das outras meninas por preferir um short jeans bem curto e pela minha blusa ser quase transparente, mas isso não importava. O arco escorregava em minhas mãos e mal me atrevia piscar os olhos. Havíamos entrado no cânion, um vale profundo com paredes abruptas em forma de penhascos que me dariam tontura, ao meu lado um rio seguia calmamente. O som dos coturnos batendo nas poças de água eram o meu único ruído já que a minha respiração era quase nula.

–Talvez devêssemos voltar – não sei que menina exclamou em voz baixa, mas olhei para trás com os olhos faiscando. Agachei para pegar uma pedrinha e a encaixei no arco, disparei contra uma rocha e três cervos dispararam a correr. Minha flecha foi a primeira a chegar aos céus e a cair no olho de um deles. As meninas disparam. Havíamos conseguido o jantar, mas eu ainda não estava tão satisfeita. As meninas se livraram dos arcos e passaram a arrancar a pele e salgar a carne enquanto meus olhos vasculhavam todo o lugar; era estrategicamente perigoso passarmos a noite ali. Estava contando os segundos até o primeiro chacal a parecer.

–Temos que sair daqui. Não é seguro passar a noite em um cânion. – comentei com a voz dura desprovida de emoções e calor.

–Como vamos levar os três?

A nossa volta havia poucas árvores, mas era o suficiente.

–Vamos fazer uma jangada. Rápido, temos que aproveitar a luz do sol enquanto ainda a temos. – levaria algum tempo já que tínhamos apenas facas, mas éramos muitas e determinadas; em meia hora estávamos prontas para seguir. O melhor meio era ir pelo rio já que encobriria nosso rastro além de logo mais a frente ele inundar o vale. O rio não era assim tão fundo, a água fria batia nos joelhos e levava aquele fogo embora. Colocamos Sophia na jangada ou ela poderia ficar para trás. Duas meninas puxavam a jangada por cordas.

–Você acha que têm piranhas por aqui? – Sophia perguntou com um pequeno sorriso no rosto.

–Não – a secura em minha voz me surpreendeu tanto quanto a ela; pigarreei e tentei outra vez – Não, piranhas vivem mais para o sul. Não deve ter nenhuma por aqui.

Depois de um tempo em que qualquer possibilidade de terra firme sumiu, a água passou a bater em minha cintura um sinal claro de perigo, visto que a maioria das caçadoras eram menores que eu. O sol já estava longe da nossa vista e as paredes de rocha estavam se estreitando. Algumas meninas começavam a feder a medo quando o cânion pareceu se dividir; o rio seguia para um lado e um caminho mais largo dava em terra firme... Em uma luz forte e bela a mão de Baheera apareceu. Era o reinado de Ártemis agora.

No caminho havia mais pedras do que terra e as rochas altas me davam uma pequena sensação de claustrofobia, logo sumida já que as rochas “sumiam”. Saímos em um campo aberto, um vale bonito e calmo, quase silencioso se não fosse pela respiração e suspiros das meninas. Não neguei um meio sorriso a elas. Assim que todas dispararam para frente e eu fique para trás, levei a mão aos lábios. Fazia dias desde que eu me atrevera a beijar Luke, mas ainda conseguia sentir o gosto da culpa nos lábios tão forte quanto à amargura por abandoná-lo. Meus sonhos andavam sempre perturbados por aquele choro profundo e sem esperanças, mas minha aflição chegava ao ápice quando eu via ainda o rosto em fúria de Hermes; o deus parecia querer me jogar ao Tártaro muito mais do que aos titãs.

O acampamento já estava montado e no centro das barracas uma fogueira assava um dos cervos, as meninas corriam brincando com alguns vaga-lumes até Elohine aparecer com uma tesoura em mãos. Olhei para o céu e não encontrei qualquer sinal da lua. Lua nova; a melhor época para cortar os cabelos. As meninas faziam fila em frente à menina.

–Thalia? Vai cortar o cabelo? – ela perguntou sorrindo.

–Não – olhei para o cabelo: as pontas já estavam voltando a ser cacheadas e eu gostava dele comprido – Quer ajuda com a tesoura?

Sophia foi a última de quem eu cortei os cabelos. Ela pediu um corte mais curtinho, acima dos ombros e mal se continha de animação até eu ameaçá-la dizendo que a deixaria careca. Depois de um tempo as meninas se afastaram de nós duas e Sosô se sentiu mais a vontade para conversar.

–Por que você entrou para a Caçada, Lia?

–Por que quer saber? – cortei uma pequena mecha.

–Eu acho que foi por um garoto, um bem bonito – ele parecia uma filha de Atena analisando os fatos, era muito fofo observá-la em sua conclusão.

–Ah é? Eu poso saber por que você acha isso?

–Você anda gritando um nome durante a noite. – ela sussurrou – Eu também gritava um nome, mas eu já não lembro que nome era...

–Sophia...

–Eu acho que foi aquele homem bonzinho do navio...

–Bonzinho?

–É. Aquele com uma cicatriz no rosto...

–Ele que mandou prender vocês...

–Não, Thalia. Ele que nos defendeu, você tinha sido drogada, eu acho. Ele fechou a blusa da Baheera sem maldade e limpou o ferimento como pode. Também ficou bravo quando perguntou se alguém tinha me machucado – abri a boca incapaz de dizer mais alguma coisa; Luke havia defendido e não agredido – Mas eu acho que foi ele pelo jeito que ele te tirou da cela. Foi como naqueles filmes bonitos que minha mãe assistia...

–Sophia, por que está me contando isso?

–As Caçadoras são capazes de resistir aos encantos de falsos amores. Sei que isso soa ingênuo e que eu sou uma caçadora, mas eu acredito sim no amor. Não posso deixar de acreditar. – sua voz fina deixava aquele discurso ainda mais inacreditável.

–Sosô, por que você... – arregalei os olhos – quem é sua mãe, Sophia? – ela ficou com as bochechas coradas.

–Afrodite. Não fique tão surpresa!

–Por que você entrou na Caçada? – ela abaixou os olhos como se sentisse culpa – Mamãe não vinha me ver como ia ver minhas irmãs. Eu fiquei com raiva. E fugi. – ela levantou o rosto sorrindo – Como ficou meu cabelo? – ela sorria como se não se lembrasse da conversa séria e psicologicamente perturbada que havíamos acabado de ter.

Sorri tentando esquecer aquilo também.

–Você continua parecendo uma bonequinha. – ela riu e saiu correndo.

LUKE

Minha cabeça latejava.

–Traga mais vinho. Arrume uma garrafa de vodka... E um maço de cigarros – gritei para a garota sentada na poltrona do meu quarto. Assim que ela saiu, levantei e peguei na gaveta três pílulas de ecstasy. Minha visão estava turva e eu sabia que não dormia há alguns dias. Annabeth também havia dito não, embora não tenha doído tanto ouvir um não dela. Tomei um banho frio e me vesti ainda esperando a porra da droga fazer efeito.

A menina voltou com duas garrafas e um pacote de cigarro no decote da blusa. Quem era ela, mesmo?

Tomei a garrafa de vodka de sua mão e antes mesmo de ter a noção de abri-la, a outra droga começou a fazer efeito. Sorri para ninguém além de mim mesmo e tomei um generoso gole. A noite prometia ser longa e a manhã seria tão difícil quanto antes.

Deixei a menina sozinha e confusa no quarto enquanto saía com Caio e Alan; a balada estava cheia de garotas dispostas a tudo por uma boa noite de sexo, mas eu queria encontrar uma em especial; fazia semanas desde que não nos víamos. Lá estava ela com seu vestido lilás curtinho chamando atenção para seus olhos violetas.

–Silena. – abri os braços em uma saudação – Vamos conversar querida.

[...]

A moça não era assim tão tola quanto muitos pensam; me fez prometer não machucar o namorado. Quem diria que um filho de Hefesto e uma filha de Afrodite algum dia se dariam bem?

–Luke – Caio me chamou com um sorriso no rosto; virei um copo de... Bom, não sei do que era e me voltei para ele – A nova patrocinadora... Cara! Ela é uma gata. Tem a sua idade, acho. Ta te esperando lá fora.

–Hum, mais uma diversão para hoje...

THALIA

O sono não vinha e a angustia não queria ir embora. Levantei e sem me importar com calçados me dirigi para o cânion; as pedrinhas pareciam querer furar meus pés, mas aquilo me parecia uma estranha massagem. Chegando à margem admirei a pouca claridade a beleza do lugar. Puxei a camisola e a joguei no chão; nua como quando nasci entrei no rio. No mesmo instante em que a leveza e frieza da água me atingiu a pele, percebi que o calor do verão era um dos meus problemas.

–Linda noite, não? – a voz me trouxe um sobressalto – Perdão. Não quis assustá-la.

–Eu duvido. Têm feito isso todas as noites desde que ele apareceu. – se a minha voz era morta a dele não havia palavras para descrever a tristeza. Seus olhos faiscaram. Voltei a afundar e a emergir mais próxima a ele, ainda com o corpo encoberto.

–Você não deveria ter recusado...

–Deveria.

–Como ousa...

–Não banque o raivoso comigo. Você sabe o quanto isso dói em mim, sabe que não era certo.

–Você podia tê-lo ajudado. A única com força o suficiente para salvá-lo... E disse não. – o deus irradiava ira, um poder tão forte e perigoso que me fez ir para trás. Ele ergueu o caduceu que reluziu em uma áurea verde... E diversas serpentes caíram no rio... Todas vindo até mim.

–Hermes!


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Notas finais do capítulo

Sei que demorei um pouquinho; ainda estou de férias, mas já tenho trabalhos para fazer (o que é uma injustiça enorme) sendo que eles parecem estupros u.u
Mas peço desculpas por não ter conseguido chegar antes; vou tentar não demorar com o próximo, ok?
Até mais =]