As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 79
Duas partes


Notas iniciais do capítulo

Ai... Que emoção! Nem sei mais como se respira, meus deuses! Outra! Outra linda recomendação maravilhosa vinda por uma anjinha... ='') Eu to muito emocionada...
Enfim, eu achei o cap bem intenso, mas vocês é que decidem:



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THALIA

A sensação de ruir ia e vinha com as ondas. Eu não esperava que Percy reagisse, mas tão pouco esperei que eu contasse uma grande falha no meu coração. Eu estava bem durante o dia inteiro, mesmo na companhia de homens, mas a visão daqueles cabelos desgrenhados e ruivos, a barba mal feita e os olhos frios e maus... Perdi o chão.

Naquela rocha áspera que me machucava a pele, eu só queria me perder.

–Já sentiu vontade de se afogar? - perguntei a Percy; ele me encarava como se eu fosse doida. No fundo minha pergunta mais brincalhona o trouxe de volta de sabe deus que dimensão.

–Não! Digo... - eu ri da sua confusão - Eu não conseguiria e você sabe...

–Não, Percy. Você já sentiu vontade? Não apenas de morrer, mas morrer de um jeito que provocasse seu pai?

Ele parou para pensar e vi suas bochechas corarem; eu não o forçaria a responder em voz alta.

–Eu também - sorri com os olhos fechados.

Ele nadou para tentar chegar ao outro lado da rocha, mas gritou de dor. O susto e o medo me atingiram como um chicote. Ele subiu na rocha ao meu lado com a mão tremendo, inchada e começando a ficar arroxeada. Segurei como para ver o que havia de errado com ele e suspiramos ao mesmo tempo: ele em dor, eu em prazer. Uma corrente elétrica forte o suficiente para causar muito estrago percorreu o corpo de Percy e passou para o meu. Se eu ainda me sentia fraca ou cansada, a sensação se perdeu. A energia do raio pareceu me animar.

–Você... Você acha que é aqui?

–Tem que ser. Você não conseguiu passar e eu me sinto nas nuvens...

Seus olhos continham um medo que ele não se atreveu mostrar na frente dos deuses.

–Você consegue? Quero dizer...

–Estou melhor, Percy. Afaste todos os que conseguir - ele assentiu - Você tem três minutos.

Ele não precisou de um incentivo maior. Se atirou na água e foi.Tentei ser positiva, pensar que nada daria errado, mas algo muito mais parecia estar por trás disso. Era como se eu... Como se estivesse sendo usada. Como se isso fosse para nos distrair.

60, 59, 58, 57, 56, 55...

–Vamos, Percy...

E se isso fosse uma distração para... Para que? O que diabos era esse nó na minha garganta sem razão aparente. Eu não tinha medo de morrer ali, não tinha medo de afogar ou de decepcionar os deuses. Eu não conseguia sentir nada além de um desconforto que não condizia com a situação.

7, 6, 5, 4, 3, 2, 1...

Pulei na direção contrária a qual Jackson seguiu. A água pareceu me receber como cimento, mas assim que encontrei a barrei de energia me senti melhor. Eu tinha que ir para o fundo daquele cilíndro em que estava presa. Movimentei meus brasos e pernas, sentindo a corrente trabalhar contra mim. Forcei mais meus músculos... Voltei a ser empurrada para cima, não a ponto de chegar a superfícia e respirar normalmente, apenas a ponto de poder morrer afogada e sem destruir esse droga.

Puxei o pingente de raio e nele senti a força de Zeus; era como se ele estivesse segurando minha mão prometendo que eu ficaria bem. Era um pensamento muito ingênuo, mas me acalmou. Fui para o fundo sentindo os braços e pernas formigarem em cansaço. A corrente ficou mais forte... O colar brilhava sendo a única fonte de luz a única coisa para se ver... Segui nadando. Mais um pouco. Só mais um pouco...

Vi a ponta do que me parecia ser uma antena daquelas de televisão. A corrente se agitou; não era para uma estranha chegar tão perto... Eu estava perto demais. E como simplesmente não havia monstros do lado de fora? Cronos não julgaria a mim e a Percy como fracos e insignificantes. O titã não era tonto a esse ponto.

Um redemoinho começou a me levar para baixo; fui sufocada pelo medo e senti água salgada me entrar pelo nariz. Já havia dado várias voltas em direção ao fundo que meu estômago se revirava. Não faço ideia de como consegui me agarrar a bomba, mas consegui. Meu ar já estava acabando. O colar formigou em minha mão transformando-se em um raio do meu tamanho. Era tão lindo... Lancei-o contra a bomba e o choque foi grande demais para mim. Senti o corpo ser jogado violentamente mesmo na água. Meus pulmões ardiam e eu tinha certeza de que havia colidido com algo rígido o bastante para me fazer sangrar.

Fiquei exatos quatro segundos na superfície antes de volta a afundar. Tentava desesperadamente voltar a ver o céu; eu precisava de ar.

Meu corpo tremeu violentamente em contato com a água carregada de energia. Deuses! Eu não podia imaginar o que aconteceria com Percy ou com um peixinho qualquer. Aquilo era forte demais.

–...MOÇA AO MAR! - o grito veio de não sei onde, mas me senti afundar mais. Estava sem qualquer proteção naquela vastidão esverdeada. Braços firmes me envolveram e me puxaram para cima. Meus olhos ardiam devido ao sal e minha garganta queimava. Nem comento a situação dos meus pulmões. Quando consegui abrir os olhos, não estava na água. Estava ainda abraçada a um rapaz de aproximadamente 18 anos; cordas puxavam a nós dois para o convés de um navio. Fiquei tensa pensando que aquele podia ser o navio de Luke, mas isso era improvável.

Eu tremia quando despenquei no assoalho de madeira. Vários passageiros do navio vinham em minha direção e já havia tantas pessoas a minha volta que comecei a me senti claustrofóbica. Apertei o pulso do garoto e tentei puxar oxigênio...

–Afastem-se! Não veem que ela mal pode respirar?

Não me atrevi a olhar nada. Tinha medo do que encontraria naquele navio, medo de Percy não estar bem. Fui envolvida em toalhas feupudas enquanto ouvia.

–O mar ficou agitado demais. Algum tremor que veio debaixo talvez...

–Você não deveria ter pulado, David! - as vozes eram todas masculinas.

–A menina mal conseguia se manter a superficie! Esse mar tão agitado poderia ter...

–...Ter matado você, estúpido metido a herói.

–Isso fica a cargo dela, julgar se sou ou não seu herói.

–Tudo isso por mais um rostinho bonito...

–A moça estava morrendo! Pode por favor ter alguma sensibilidade?

–Ele pode muito bem estar desmaiada. - a voz mais rude continuou - Nem deve ser...

Sua fala morreu. Meus olhos se encontravam abertos. Ele me encarava e eu o encava de volta; o coroa estava mudo de espanto, mas eu já esperava por isso. Ninguém reage muito bem ao meu tom de azul. Lhe sorri com um pouco de maldade:

–Obrigada por dizer que tenho um rosto bonito, senhor. - ele engasgou com a própria saliva; procurei no mais fundo de mim um tom de voz que soasse tão melodioso quanto o de Apolo.

O rapaz que me tirou do mar, o David, estava ali me olhando tão maravilhado quanto o velho. Os cabelos negros escorriam por sua testa e traçavam um caminho sensual por seu rosto. Os olhos eram escuros também, profundos e lindos. A pele levemente bronzeada, resultado de anos de sol, mas com os cuidados necessários, estava marcada no ombro por tatuagem que eu não consegui decifrar de longe. Ele era muito bonito, para ser franca.

Queria ter dito algo a ele, mas achei desnecessário. Sorri apenas. Ele podia sim ter salvado minha vida, mas esse negócio de ser salva era uma desgraça! Você é salva uma vez e logo no seu menor deslize aparece 20 "cavalheiros" prontos para ajudar. É muita hipocrisia para eu aceitar.

–Que tipo de criatura você é? – o coroa perguntou com maldade, mas ainda espantado. Me retrai.

–O que disse?

–Que espécie de demônio marinho você é? Talvez uma sereia...

–Caso não tenha percebido - disse em estado de choque - eu estava me afogando. Não posso ser uma sereia. Sereias nem existem!

Ele semiserrou os olhos. Mais que velho nojento!

–Não existe uma explicação para isso...

–Chega. - uma diferente preencheu meus ouvidos; era grossa, firme e bondosa. Um idoso de 65 anos aproximadamente vinha em minha direção com um sorriso no rosto e uma caneca nas mãos - Ela é nossa convidada, imediato. Trate-a com gentileza. - o velhinho sorriu - Sou o capitão, princesa. Aqui, beba.

E me ofereceu a caneca. Chocolate quente!

–Obrigada.

Seu sorriso era tão sincero e bondoso que não pude censurá-lo por me chamar de princesa; na verdade quase não me importei.

–David, você fica responsável por esta linda jovem. Imediato, venha comigo.

Terminei de engolir o líquido doce e quente e levantei-me sem olhar mais para o David.Procurava no mar qualquer pontinho perto com faróis verde no lugar dos olhos. Vamos, Jackson... Apareça! Deixei as toalhas que me envolviam no chão e agarrei as grades com força, me debruçando para fora.

–Você não vai pular, vai? - as mãos calejadas do rapaz me seguraram os ombros; me encolhi por instisto, mas ele não se incomodou com a minha rejeição. Continuou firme. Não respondi - Nossa! Você está sangrando... - olhei para meu braço: havia uma fina linha de sangue escorrendo. Era tão insignificante comparado a tudo o que já passei que não me importei verdadeiramente. Para David aquilo parecia ser uma hemorragia. Ele correu para buscar bandajens, mas me fez proeter que não pularia.

Saindo próximo ao navio, um monte de cabelos negros olhou para cima. Soltei o ar que nem sabia estar prendendo. Ele sorriu tão aliviado quanto eu. Notei um filete de sangue escorrendo na lateral da sua cabeça...

–Moça, venha cá... - olhei nervosa para Percy; vi ele mergulhar e me voltei para uma aparente enfermeira do navio ao lado do cara bonitinho - Tem um corte feio no braço...

–Não foi nada.

–Você está sangrando!

–Não estou morrendo; foi só um arranhão, nada mais.

Me afastei seguindo para longe das pessoas. Queria ficar só paraa pensar em absolutamente nada. Olhei para meu braço. Realmente não havia nada grave; um linha rosada mostrando minha pele aberta, mas meu sangue estava bem diluído. O real problema era o sal sobre o corte. Eu não queria ajuda deles. Podia conviver com essa dorzinha.

–Hei! Espera! - não esperei - Por favor... - ele me segurou pelo cotovelo.

–Não se acha muito atrevido?

–Não se acha muito difícil? - ele retrucou sorrindo mostrando adoráveis covinhas. Oh desgraça! Por que tão lindo? Como não respondi ele tornou a falar - Sinto muito pelo meu tio - ergui a sobrancelha - O imediato. Mas não posso censurá-lo.

–Como é?

–Você é bonita demais para ser real. Esses olhos... - ele se aproximou demais para o meu gosto, sua mão livre mexendo em meus cabelos úmidos - Esse cabelo... Essa boca... Deve ser uma deusa!

Eu ri. Não pude evitar pensar na reação das deusas a ouvirem isso.

–Aposto que as deusas são mais divinas que eu.

–Dúvido. - ele se aproximou mais; parei-o com a mão em seu peito.

–Não. Você não quer isso...

–Quero e quero muito. - David puxou minha cintura com força - Eu não desisto do que eu quero.

–David. - meu tom de voz soou perigoso no que o dele era apenas sexy. Estava revendo meus conceitos do porque de eu ser mesmo uma Caçadora. De qualquer forma, eu não queria que ele me forçasse a algo desse jeito - Não estamos no século catorze, idiota. Não é porque você me salvou que eu tenho que abrir as pernas pra você. De qualquer forma eu teria sobrevivido, você só acelerou o processo.

Não menti; eu sabia que Percy me encontraria logo. Eu só precisava recuperar o folêgo. O cara recuou como se eu estivesse na posse de um chicote de couro. Inacreditável o quanto algumas pessoas se chocam com a verdade.

–Eu... Me perdoe; eu geralmente não sou assim - ele bagunçou os cabelos olhando para baixo.

Sentei na grade enquanto o vento me bagunçava os cabelos, secando-os em uma carícia gostosa. Olhei melhor sua tatuagem.

Vivo no mar seguindo o sol nascente– recitei sua tatuagem sem me dar conta de que fazia.

–Você entende grego? - ele me olhou chocado. Ah, por isso me pareceu tão natural e lindo.

–Um pouco. Gosta de mitologia? Suponho que sim, já que me comparou a deusas e sereias. - ele sorriu - Me diz, de qual deus você não gosta?

–Não gosto? - confirmei com um aceno de cabeça - Acho que, bom, Zeus.

–Zeus? O deus todo podereso? Deus dos deuses? Aquele dos raios e trovões? - perguntei achando graça na situação.

–Viu só? Pra que tudo isso? Acho que ele é muito frio...

–Frio?

–Sabe, ele não é muito carinhoso com filhos ou esposa. Muitas vezes o acho arrogante. - um raio cortou o céu enquanto eu me acabava de dar risada. Então Zeus estava ouvindo e não estava gostando... Ai, que maravilha!

–Cuidado com o que diz! Zeus não é lá muito piedoso... - comentei sorrindo enquando David se encolhia de medo.

–Como sabe disso?

–Eu não sou muito piedosa; por que ele seria? - o sol se punha no horizonte tingindo meu céu de rosa e laranja; posso não ser uma menina romântica, mas aquilo era lindo.

–Ah, fala sério, princesa! - fiz uma careta de desgosto - Zeus é horrível.

–Não é, não. - disse de forma convicta - Nenhum deus é perfeito; todos têm suas falhas, mas nenhum é horrível.

Vi a praia se aproximando e notei que minha carona não pararia lá.

–Bom, adeus, David.

–Espera! Eu nem sei se...

–Se?

–Tem namorado? - ele sorria de forma galante; ele era muito lindo, mas muito atirado.

–Se eu dizer que não...

–Vou dar um jeito de te encontrar.

–Mas eu tenho.

–Tem? - a decepção estava estampada em seu rosto - Você... Parecia errado você ser tão linda e estar só... Ele tem muita sorte.

Tinha muita sorte.

LUKE

Um menino que perdeu seu caminho, corria, procurando alguém para brincar. Eu o via assustado, mas aliviado, como se no fundo ele também fugisse de um grande fardo, um peso muito além da sua idade.

A imagem mudou.

Havia uma garota na janela com lágrimas de chuva rolando em seu rosto; a chuva era o chora que ela não permitia sair, os trovões eram o grito que ela sufocava na alma.

Parecia um filme; as duas imagens se misturaram como que explicando que tudo ocorria ao mesmo tempo. O garoto loiro corria mais rápido, ele estava fugindo a dias, mas não sabia onde se encontrava. A menina fugiu a poucas horas, com o coração duvidos em pedaços. Os cabelos pareciam negros pela chuva; o azul de seus olhos era o único sinal de luz naquele ser.

O menino era eu. A menina era Thalia.

A imagem mudou.

Os dois sentados em uma calçada cinzenta e suja, observavam uma lanchonete nem tão distante. Eu sentia a decepção dos dois por não terem quem cuidasse deles...

–Nós não sabemos para onde ir. - ela comentou com tristeza, apoiando o rosto na mão. Partia-me a alma ver ela assim mesmo não a conhecendo mais do que dois dias. Segurei-lhe a mão disponível

–Então quero me perder com você.

Ela não via o que era aquilo, não teve chances de entender que era uma armadilha e que ela era a vítima tanto quanto eu. Ele via que sentia algo forte, sabia o que significava. Eles não desmonariam como suas famílias. Eles se encaixavam direito. Não mais importavam nuvens escuras ou dias sem comida. Eles se completavam de um jeitinho único e até clichê, mas se encaixam direito como nunca seu viu fora de livros e filmes.

Eram dois pedaços de um coração partido.

–...Podíamos contruir enormes castelos de areia - ele contava enquanto andávamos sem rumo; o riso dela era melodioso - Eu serei o rei e você será a minha rainha - ela sorria olhando para baixo com as bochechas coradas.

A imagem mudou.

Em uma caixa de areia de um parque as duas crianças brincavam, contruindo um grande castelo de areia. Aquilo não fez sentido. Eu nunca havia brincado assim com Thalia... As crianças pareciam bem menores do que quando nos conhecemos. Elas riam e brincavam, me aproximei esperando apenas observar melhor, já que eu tinha certeza de que não poderia ser visível; me enganei:

–Pai! - a menininha correu até mim se jogando alegremente em meus braços. Peguei-a no susto e antes que eu pudesse entender o menininho gritou.

–Mãe! - eu o vi correr pelo canto dos olhos; uma mulher jovem se aproximava com ele nos braços, só parando a minha frrente. Mas... Aquela... Eu...

Acordei suando frio e com a imagem dos três sorrisos gravados na mente. Eu havia entendido, mas não queria admitir o que aquilo significava. Eu e ela... Ela e eu... Duas almas que eu nunca terei a chance dde conhecer... Felizes... Em um futuro que eu destruí.


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Notas finais do capítulo

E?
Perdoem qualquer errinho; perdoem minha demora em postar (se é que eu demorei); e só um aviso: * se preparem para grandes emoções
Bjss =''D