As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 78
Momentos estranhos em família


Notas iniciais do capítulo

Vocês não sabem o quanto eu estou emocionada. Receber duas recomendações lindas em um intervalo de tempo tão curtinho... =''D Eu estou chorando aqui, mas pelos motivos certos. Vocês não sabem o quanto me alegraram, o quanto me emocionaram... Ai gente! Mal tenho palavras boas o bastante ou frases perfeitas que expressem meu amor por cada leitora que ainda volta aqui para comentar... Lullaby, minha anjinha maravilhosa, muito muitooo obrigada!
Enfim, deixando meu emocional de lado, este cap foi difícil de fazer por se tratar de um momento mais pessoal em família, então me perdoem a demora; boa leitura:



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PERCY

Eu sentia falta de Thalia. Foi prazeroso sair de braços dados com ela, mas assim que chegamos do lado de fora percebi que estava "me aproveitando" da tentente de Ártemis. Comecei a soltá-la, mas Thalia prendeu seu braço ao meu sorrindo de maneira desafiadora. Era difícil não admirar sua capacidade de não se importar tanto com os deuses. Correspondi ao sorriso, mas sabia que parecia um tomate.

Os deuses apareceram com um conversivel chumbo prateado; nunca pensei que fosse andar em um carro desses, mas tentei não babar. Thalia apenas riu. Zeus vinha no volante e Poseidon no banco traseiro; era óbvio que os deuses não queriam muito contato. Thalia foi na frente eu fiquei atrás. O sol brilhava trazendo um calor agradável, mas que cegava os olhos. Uma caixinha preta apareceu no meu colo e no de Thalia. Ela virou para trás sorrindo. Quase ao mesmo tempo colocamos os óculos de sol presenteados por uma certa deusa.

Eu tentava não respirar aquele ar carregado de poder. O chocante era a tensão entre todos os quatro; sendo bem específico, Thalia e o pai. Claro que era estranho demais estar sentado lado a lado com um deus (eu mesmo não estava muito a vontade com Poseidon), mas o silêncio deles era estranho e carregado. Quase como eu imaginava aquelas brigas reais entre pai e filha só que de uma maneira bem mais divina.

A estrada em si estava quase deserta. Um vazio demográfico bastante incomodo intensificando o silêncio. Me concentrei apenas em Thalia, talvez porque ela fosse o mais perto de normal que eu chegasse a ver nessa missão duplamente suícida. Seus cabelos haviam crescido e eu começava a notar as pontas cacheadas. Ela, mesmo estando tensa, tinha uma postura majestosa, superior, como se estivesse fazendo o papel de líder mesmo sem notar e para ninguém além de si mesma. Eu não podia ver seus olhos através dos óculos escuros, mas sabia que estavam tão perdidos quanto sua alma parecia estar.

[...]

Sabe deus onde, pegamos um transito insuportável. Eu só conseguia ouvir as buzinas e os resmungos dos deuses. Thalia suspirou.

–Como se não bastasse ter de morrer afogada, vou ter que morrer mais duas vezes antes. - sua voz carregada de estresse me fez suspirar em alívio; era bom ouvir alguma voz ali - De fome e stres.

Ela apoiou o corpo para fora, dando a entender o seu desanimo.

Não contive o riso; o ar parecia ter ficado mais leve. Senti os dois deuses sorrindo. Meu pai sugeriu que descessemos do carro. Havia uma lanchonete próxima ao acostamento, além disso, qualquer cego podia ver que em um intervalo de horas continuaríamos parados.

Foi automático: assim que Thalia abriu a porta e saiu do carro. Os motoristas próximos abriram as bocas, suspiraram, arregalaram os olhos. Os mais distantes pareceram se inclinar para vê-la passar. Claro, não posso culpá-los. Thalia é linda quase sem saber. Parece uma princesa dos contos de fada, só que... Bom, reiventada. Como uma princesa realmente deveria ser: forte e segura de si e não sempre dependente do seu principe encantado. Mas também não consegui resistir ao impulso de protegê-la desses olhares. O transito pareceu piorar quando a menina jogou os cabelos por sobre o ombro e expôs as costas nuas.Um caminhoneiro se engasgou com o refrigerante e eu não prendi o riso.

Sentamos na única mesa disponível. Thalia e eu sentamos lado a lado e nossos pais sentados respectivamente a nossa frente. Do lado direito havia umas garotas da nossa idade, aproximadamente e do esquerdo havia uns rapazes metidinhos. Não gostei de nenhum dos dois. A garçonete circulava rapidamente para a quantidade de clientes que tinha. As moças pediram salda e bebidas light e os rapazes pediram as cervejas mais baratas. Thalia gargalhou sem nem tentar disfarçar.

–Por que você está rindo? - Zeus perguntou tentando dsfarçar o que para mim era uma expressão serena.

–Eles são tão ridiculamente previsíveis que eu não vou sufocar o riso - vi as meninas olharem Thalia com raiva; minha prima ainda usava os óculos de sol. A garçonete se aproximou da nossa mesa, enxugou o suor da testa e nos olhou atentamente.

–Já sabem o que vão querer? - Poseidon pediu uma água de coco e Zeus cerveja; mas uma das mais caras; troquei um olhar com Thalia e nós concordamos.

–O que tem de mais gorduroso e completo? - perguntei ignorando o cardápio.

–Temos os hambúrgue...

–Perfeito! Dois desses - a garçonete saiu.

–Você, garota, você não tem medo de engordar? - uma das meninas perguntou; o sorriso zombeteiro dela foi tudo, mas ela respondeu.

–Por que teria? Não sou como você que precisa correr para o banheiro e colocar tudo para fora depois de comer.

Os caras da mesa a esquerda riram alto, eu me contive. Thalia tirou os ósculos quase lentamente e ajeitou o cabelo. Parecia uma cena de um filme em câmera lenta quando a moça bonita chega e arrasa corações alheios... Lembrei que alguém havia dito que a mãe dela era atriz. Questão respondida.

–Esse daí é seu namorado? - um garoto se atreveu a perguntar.

–Primo. - a resposta foi seca de certa forma.

Um dos garotos se levantou e sentou do lado da filha de Zeus; o deus ficou inquieto e agarrou a borda da mesa com força. Tenho certeza de que um raio faíscou do lado de fora.

–Sabe, você e eu...? - ele sorria sugestivamente.

–Eu não vou transar com você. Sugiro que tente na mesa do lado; aposto que as vadias não cobram pelo serviço. - Poseidon gargalhou, os rostos dos jovens alternavam entre pálidos e vermelhos; Thalia sorria docemente como se tivesse acabado de elogiar da maneira mais pura e bela possível. Seu humor negro era quase belo de se ver em ação.

Os lanches chegaram e os deuses bebericavam suas bebidas. Thalia pegou a cerveja do pai antes que ele a pegasse. Com a sobrancelha erguida, Zeus queria saber o porque daquela ação.

–Você está dirigindo, querido. Não pode beber. - ela abriu a latinha e sorviu de uma forma estranhamente elegante.

–Eu sou um deus...

–Hoje não. - ela sorria desafiando-o a retrucar - É só o nosso motorista e acompanhante.

–Desde quando você bebe? - perguntei sem expressar uma reação definida. Ela ergueu um ombro.

–Não sei ao certo. Talvez eu nunca tenha tomado água e tenha vivido apenas de álcool ou... - ela riu da minha expressão - Não importa.

–Pensei que te conhecesse.

–Ninguém me conhece. Ninguém conhece verdadeiramente alguém. Você sempre acaba surpreendido de alguma forma. - ela tomou outro generoso gole e devolveu a latinha ao pai. Zeus tinha uma expressão neutra no rosto, mas tenho certeza ter visto tristeza ali, como se na frase da filha houvesse uma indireta, um código que eu não fui capaz de desvendar. Mas que era, além de profundo, óbvio e real. Muito real para ela.

[...]

A areia estava morna e branca e a praia estava "vazia"; poucas pessoas transitavam por ali. O cheiro da marezia parecia me dar forças. Me senti tão energético quanto possível. Thalia e o pai andavam mais devagar se incomodando com a areia, enquanto eu e Poseidon íamos a frente. Em alguem segundo Thalia ficou para trás. Virei procurando por ela e a encontrei parada, imóvel, quase sem respirar. Ela tinha o olhar fixo em um amontoado de pessoas; sua pele já clara estava parecendo transparente de tão pálida.

Os deuses também a observavam. Zeus seguiu o olhar da filha e encontrei surpresa naqueles olhos divinos e tempestuosos; caminhou até de trás da filha e com calma, puxou-a pela mão. Thalia não resistiu, mas continuava olhando fixamente para aquele amontoado de pessoas comuns. Zeus puxava-a para perto de nós, quando nos passaram percebi o quanto minha prima tremia, o quanto estava encolhida. Olhei mais uma vez para as pessoas... Tirando um homem ruivo de aparência irritadiça olhando para mim, não havia nada.

Paramos em um ponto distante das pessoas. Lia respirou fundo e perguntou com a voz um pouco tremula.

–Quantos metros a eletrecidade na água pode atingir?

–Seis quilômetros no máximo. - Zeus pegou um colar com um pingente realista de um raio, do seu conhecido raio mestre, e pôs no pescoço da filha. - Quando você o pegar, ele se transformará em um raio semelhante ao meu, mas irá desaparecer assim que usar.

Thalia acenou e virou para mim.

–Quando chegarmos, você vai levar todas as formas de vida para longe do alcance do raio, Percy.

–Mas...

–E você também.

–E você?

–Eu me viro. - ela ergeu o ombro, jogou o celular na areia e caminhou em direção as ondas; corri até ela ignorando os deuses sem ter noção do que estava fazendo.

–Thalia, mas você pode...

–Morrer? - ela sorriu docemente de um jeito lindo e estranho de se ver - Nós dois já vencemos a morte antes, podemos fazer de novo. Não vou me entregar fácil, mas se não houver uma escolha, é você quem deve voltar vivo.

Abri a boca para protestar, mas recebi um abraço caloroso e inesperado. Não tive como não corresponder; seu toque era reconfortante como eu esperava que fosse o de uma irmã.

–Quantas vozes você pretende dar a vida pelos outros? - perguntei ouvindo minha voz embargada.

–Quantas vezes eu precisar.

Sorrimos um para o outro e demos as mãos. Não tiramos os sapatos ou as peças de roupa. Fui devagar guiando-a para dentro do mar. Vi ela prender o fôlego quando a água lhe cobriu os pés. Peguei Thalia no colo como quando ela saira da árvore.

–Eu não vou deixar você; eu prometi, lembra? - ela sorriu e escondeu o rosto na curva do meu pescoço de olhos fechados. Fui devagar para não assustá-la mais do que o necessário. E logo estávamos os dois submersos. Meu pai havia "abençoado" Thalia ou seja lá o que foi aquilo. De algum modo agora ela podia enxergar embaixo d'água sem se incomodar com o sal. De mãos dadas fui puxando-a até o mais longe que podiamos ir, sempre seguindo próximos ao fundo. Nossa primeira parada foi quando chegamos a um "abismo" que mostrava a divisão do mar com o verdadeiro oceano. Fiz uma grande bolha de ar e abriguei Thalia.

–Nervosa?

–Bastante. Vamos seguir pelo fundo?

–Acho melhor; vou cumprir a promesa, Lia. Não precisa se preocupar.

Até ambos nos acostumarmos com a escuridão, eu podia sentir a tensão em sua mão. Quando vimos as maravilhas ocultas, Thalia sorria maravilhada. Até eu me surpreendia com a beleza do mar. Os corais multicoloridos, os peixes pequenos e médios dançavam em volta de Thali, buscando um motivo para a a filha de Zeus estar no fundo mar com o filho de Poseindon. Eu sentia a curiosidade deles como senti outra vez quando estava com Annabeth. Era quase como se eles se perguntassem: Essa já é outra? Quem será a proxima? Senti vontade de expulsá-los, mas eles estavam se dando razoavelmente bem com Thalia.

Ela estava ainda tensa e desconfortável, mas eu via encanto em seu rosto.

Seguimos brincando e descontraidos. Não era como se estivessemos morrendo ou caminhando para uma armadilha. Estávamos apenas curtindo uma paz que eu nunca sentia. Com Thalia eu encontrava uma liberdade de ser quem eu era sem me sentir tenso ou inferior como acontecia quando eu estava com Annabeth; com a loira eu me sentia precionado a dar o meu melhor em cada passo. Claro que Thalia também sabia me intimidar quando queria, mas... Eu não sei. Não sei nem como posso comparar as duas.

Fiz Thalia brincar com alguns golfinhos e a em um intevalo de mais ou menos dez ou 15 minutos, fazia uma nova bolha de ar. Estava tudo ótimo. Eu me sentia forte, invencível e esperançoso. Os dedos de Thalia a muito tempo já estavam enrrugados e a pele fria. Coloquei os braços da menina envolta do meu pescoço e aumentei a velocidade para ganharmos tempo. A adrenalina me consumia e pela luminosidade já estávamos na água por horas... Senti um aperto porte no ombro e olhei para uma Thalia de olhos fechados e sem fôlego. Fiz uma bolha de ar.

Thalia tomou fôlego, mas não pareceu melhor. Seu corpo começou a fraquejar, mas segurei firmemente sua cintura.

–Eu... Eu não consigo, Percy.

–O que? Você está indo bem...

–Não minta! Olhe pra mim. Eu pareço bem? - olhei bem para ela.

–Você está bem...

Seu olhos brilhavam.

– Seja sincero!

Ok, ok. Ela não estava bem. A pele estava pálida e fria não por causa da água, mas como se em seu corpo não houvesse oxigênio suficiente e ela tremia.

–Não consigo ficar aqui embaixo. Preciso ver o céu... - ela parecia ser capaz de desmaiar, mas resisti a isso negando mostrar mais fraqueza do que o necessário. Eu sabia que era bem arriscado, mas não podia negar ar a ela. Voltei a fazer com que segurasse em meu pescoço e fui para cima da maneira mais rápida que a pressão permitiu. Assim que chegamos a superfície, Thalia abriu a boca enchendo-a de ar como se fosse a primeira vez e seu corpo afundou quase sem forças. Voltei a trazê-la para cima apoiando-a pela cintura. Localizei algumas rochas e nadei até lá ainda carregando-a. Thalia subiu com certa dificuldade. Seus ombros se moviam violentamente em função da tosse.

–Minha garganta está cheia de sal... - ela respondeu quando perguntei; enchi as mãos de água e Thalia bebeu água fria e pura, livre de sal, das minhas mãos. Nunca me senti tão orgulhoso por ajudar alguém. Ela ficou ali, encolhida tremendo de frio enquanto ventava. Voltei a observá-la: os cabelos estavam negros como petróleo, os lábios arroxeados e os olhos opacos. Não gostei de vê-la assim.

– O que aconteceu lá na praia? Quem você viu? - não queria ser curioso, mas não podia ajudar sem saber como.

Thalia fungou; suas mãos seguravam firmemente um camafeu prateado.

–Encontrei o passado, Percy. A parte mais dolorosa dele. - estava quase perguntando qual era o significado daquilo, mas Lia continuou - Eu encontrei Hugo, meu padrasto.

–E o que...

–Você tinha um padrasto horrível, não? Annabeth me contou. Como ele era?

–Bom, ele me odiava - escorei na rocha tentando olhar nos olhos da menina, mas não consegui - Eu também o odiava. Acho que o meu maior problema com ele era a agressão a minha mãe. - fiz uma pausa e temi perguntar, mas... - E o seu?

– Ele me agredia. Nunca consigo me lembrar de um dia em que minha pele não estivesse arroxeada ou sangrando. Ele nunca me deixava comer ou beber nada... Nunca se importou em comprar o que comer, por isso eu vivia com o que eu tinha em casa: garrafas e garrafas de álcool. Hugo nunca me deixou sair de casa... - ela ofegou como se doesse lembrar - Você sabe o que é ser filho de Zeus e não ter chance de ver o céu?

Estava pasmo. Como era possível algo assim acontecer a uma criança?

–Mas sua mãe...

–Percy, você não sabe o quanto eu te invejo! - seu tom era desconhecido por mim: a voz embargada e rouca; ela estava quase chorando! - Sua mãe te ama e você percebe isso só de olhar... A minha... A minha mãe me trancava no sóton, no cômodo mais sujo, escuro, sem janelas, sem ar... Me deixava lá por dias e nem se lembrava... Ela nunca se importou de Hugo tentar me estuprar...

Meu queixo caiu. Claro, eu não era ingênuo a ponto de pensar que estupros não ocorriam, mas... Mas como eu poderia imaginar que isso acontecesse tão próximo a mim? Como Thalia aguentou doze anos de tortura? Como conseguiu sobreviver?

–Thalia, eu... Eu...

–Você não sabe a sorte que tem. Quando eu disse que sua mãe era legal... Ah Percy, você não sabe o quanto me custou não chorar. Todos os semideuses tem problemas com os pais, divinos e mortais, mas você é uma excessão. - ela olhou em meus olhos com dor, mas um lindo e pequeno sorriso - O que você sonhava quando criança?

A pergunta foi repentida e me pegou de surpresa. Bom, todas as minhas respostas sinceras seriam bem infantis, mas não queria mentir e magoá-la ainda mais.

–Eu sonhava que iria morar em uma casa feita de doces azuis e com vista para o mar - Thalia riu e esse foi o motivo do meus sorriso - E você?

–Eu sonhava... Eu esperava que um dia meu pai apareceria na porta de casa. Esperava vê-lo irritado com minha mãe, ameaçando Hugo... E me levando para longe de toda aquela dor... Então eu meatreveria a derramar lágrimas.

Compreendi o que ela queria dizer. Ela derramaria lágrimas... Lágrimas da mais pura alegria.


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Notas finais do capítulo

s2
Aleluia! Finalmente estou de férias! Agora as aulas só voltaram dia 04/08 acho que será tempo suficiente para dar uma boa adiantada na fic ;)
Para as mocinhas que esperam mais momentos Thaluke: eles logo chegarão, eles são breves, mas serão bem fofinhos e românticos.
E como ficou este cap? Temos alguma sugestão? Um palpite do que está por vir? Ou querem me dizer como vocês esperam algum moment deste casal?
Bye!