As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 66
Entendo um segredo: o poder é mais perigoso do que parece


Notas iniciais do capítulo

Hei pessoas lindas! Voltei com um cap grandinho e que deu certo trabalho... Bom leiam logo antes que eu atormente vocês...



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THALIA

A lanchonete era pequena, mas acolhedora. Não havia garçons ou alguém que trabalhasse ali, por isso Grover e Zoe tomaram a frente e foram cozinhar alguma coisa. Bianca estava pensativa e temerosa sobre seu passado. Eu a compreendia e não queria que ela se sentisse tão só. Olhei para o lado e encontrei uma inesperada fonte de calor. A lareira ardia em luzes brilhantes, em uma dança viciante; ajoelhada ao lado estava o contorno leve de uma menina. Não precisei pensar para saber que era uma deusa. Ver sua imagem (ou esboço dela) me fez sentir um resquício do significado da palavra "lar". Héstia esboçou um pequeno sorriso e desapareceu aos meus olhos.

Retirei a jaqueta de couro e a joguei sobre um banco qualquer.

–Não é possível que eu tenha ficado parada ao tempo, presa a ele! - havia um leve tom de desespero na voz da caçadora.

–Claro que é, Bia. Se você parar para pensar vai notar que normal; leve o tempo que precisar, afinal, você é uma caçadora.

Ela riu pensando na ironia do destino.

–Você sabe o que é ficar parada no tempo, não é Thalia?

–De um jeito diferente, mas sim. Você vai se acostumar.

De algum lugar o sátiro apareceu.

–Deuses! Você quer morrer congelada, Thalia?

–Acho que seria um jeito interessante de morrer, meu querido sátiro. Você concorda?

–Nunca! O frio corta como facas e queima como o fogo. Dispenso.

Soltei um pequeno riso, mas ele não durou muito, embora tenha ecoado pela pequena lanchonete enchendo o lugar de vida por poucos segundos. O silencio foi tenso e pareceu durar uma vida. Cada um pensava em alguma coisa diferente, um problema pessoal e diferente. Senti a palma da mão arder assim que voltei a cravar as unhas sobre o ferimento...

–Há sensações bem piores, Grover. Pensei que soubesse disso.

–O que será que está havendo...?

–Acontecendo e não havendo! Vê se aprende a linguagem moderna, Zoe. - corrigi a menina já irritada.

–Ai! Bem, que seja. Quem deve ser a deusa e por que falar com o garoto? - ela pronunciou a palavra garoto com nojo e repugnância. Não revirei os olhos para Zoe, mas bati minha cabeça no balcão. Posso odiar essa menina, mas esperava que séculos de inteligência a viessem inteligente. Eu achava a deusa e sua visita muito óbvias.

–Thalia!? - Grover gritou assim que meu gesto de loucura foi feito.

–Prefiro não comentar a burrice de alguns aqui presentes.

–Estais a chamar-me de burra?

–E se estiver? Não seria uma mentira então Zeus terá de me perdoar pela excessiva verdade.

Zoe tentou me agredir: seu arco apareceu e ela não demorou em encaixar a flecha; a ponta prateada estava mirada para o vão entre meus seios, seria um estrago feio e qualquer um estremeceria sob aquele olhar assassino da Caçadora... Mas eu não. Sorri com escárnio e arqueei uma sobrancelha.

Não houve tempo. Grover ficou no meio de nós duas. Era visível a indecisão do sátiro sobre o que estava fazendo.

–Saias da minha frente, sátiro! - o rosnado de Zoe foi bem engraçado, mas contive o riso. Bianca estava encolhida a um canto, surpresa e assustada.

Grover não se moveu. Ele tremia em ansiedade, mas não atrevia dar um passo para o lado. A garota continuava em um estado hilário de fúria.

–Sai meu protetor. -assim que o chamei pela função, a tremedeira dele cessou, mas ele não se moveu - Zoe vai recobrar o seu juízo perfeito em alguns segundos. - a flecha continuava apontada para o mesmo ponto; irritei-me com o sátiro - Saia da frente!

Ele saiu relutante, mas continuou atento aos nossos movimentos.

–Sabe muito imaturo puxar uma flecha por um xingamento inocente. Fico imaginando a reação da sua senhora caso lhe visse agora. - Zoe pareceu envergonhada por seus atos e isso era algo realmente surpreendente, mas que não me abalou muito.

–Eu... Minhas ações são imperdoáveis... Desculpe-me, Thalia.

Sorri cinicamente e o assunto morreu ali. A tensão sumiu instante depois então dediquei meu tempo a conversar com Bianca. Ela era uma menina bonita de cabelos e olhos negros profundos e pele pálida. Como todo semideus, ela tinha um passado confuso e triste, mas era sábia a sua maneira.

–Não me lembro da minha mãe ou do meu pai - ela contava e nós ouvíamos com atenção - Devem estar mortos.

–E você não se incomoda com isso? - Grover perguntou.

–Não. Pablo Picasso disse que a morte não é a maior perda da vida e eu concordo com ele.

–A maior perda é o que morre dentro de nós: nossa inocência - todos olharam surpresos pra mim, mas era verdade.

–Eu quis tanto proteger e infância do meu irmão que me esqueci da minha... - Bia se deu conta tarde demais; ninguém pode recuperar o tempo perdido. Acho que eu era a única que a entendia quase por completo.

–Nico vai te entender - Grover a reconfortou. Bia esboçou um sorriso melancólico, mas agradecido.

–O que ela queria com você? - Bianca perguntou quando Percy contou sobre Afrodite.

–A deusa do amor não faria uma viagem somente para vos dizer isso. Tende cuidado, Percy. Afrodite tem desencaminhado muitos heróis.

–Pelo menos uma vez eu tenho que concordar com Zoe - disse - Você não pode confiar em Afrodite.

Grover olhava para Percy com uma expressão engraçada, mas eu me sentia extremamente incomodada com aquele olhar de Zoe. Era profundo demais para ser ignorado... E então nos deparamos com Talo... Perdemos Bianca. Quantas perdas ainda mais teríamos de enfrentar? Bianca era incrível pelo pouco que nos deixou conhecê-la. Mesmo não querendo, tive de deixá-la ir assim como deixei minha mãe, Zeus, Annabeth, Luke...

Encontramos um caminhão de reboque bem antigo, mas que tinha um motor funcionando e o tanque cheio de gasolina. Tentei me manter calma e assumi o banco do motorista; Zoe veio ao meu lado e os meninos foram lá trás. Ela me emprestou um elástico de cabelo e nós seguimos viagem rumo oeste. O Caminho foi silencioso entre mim e a caçadora e nós não podíamos ouvir a conversa dos garotos ou eles a nossa.

–Sabe, Bianca fez aquilo porque eu contei algo a ela - Zoe confessou.

–Como assim? - tentei soar normal, mas não acho que tenha conseguido. O Tom da voz da caçadora era negro de luto.

–Contei a ela o que Ártemis contou-me - ela fez uma pausa tomando fôlego e, pelo canto do olho vi, tentava manter as lágrimas presas aos olhos - Ela disse-me da sua coragem quando deu a vida por seus amigos na Colina Meio-Sangue.

Não olhei para ela mesmo querendo e mantive meus olhos na estrada. Tentei não me sentir exposta ou surpresa.

–Falou sobre isso a Bianca? - ela apenas assentiu.

–E acho que Annabeth fez a mesma coisa antes - Zoe me olhava com tristeza e vergonha; eu não a entendia: em um segundo me odeia e no outro fala bem de mim; o que ela queria? - Você é um bom exemplo, uma líder gostando ou não. Senti inveja de ti quando a vi naquele museu; cheguei a pensar que Lady Ártemis trocar-me-ia por ti.

O silencio ficou entre nós duas e um soluço de Zoe ecoou. Eu não sabia o que dizer; essa era a última coisa que eu esperava ouvir daquela menina tão perfeitinha.

–Mas eu não queria que passasse o mesmo que passei. Queria que não se enganasse com aquele... Aquele... Garoto – havia nojo e desgosto na sua voz, mas eu não podia culpá-la por isso.

–Isso ainda não te traz o direito de ter me mostrado aquilo!– lágrimas teimaram em me embasar os olhos; lágrimas de raiva - Isso não é algo que se mostre a ninguém, garota!

Ela fungou mais uma vez.

–Queria alertá-la...

–Nós não tínhamos mais nada um com o outro - cortei-a rispidamente.

–Sejas franca, semideusa. Ainda sofres por esse traidor?

–Não sei, Zoe. Esse é o problema: eu não sei.

Suspiramos ao mesmo tempo; algo que nos rendeu mínimos sorrisos.

–Não deveria ter dito nada. Perdemos Bianca e nada a trará de volta - ela voltou os olhos para janela e assim ficou.

LUKE

–Você não se lembra do que está a sua frente... Sua alma já não sabe quem é... Você está me afastando de ti...

Aquela voz não saia da minha cabeça e as palavras pareciam ameaças. Annabeth continuava desmaiada com os cabelos cobrindo seu rosto pálido. O corpo pequeno da menina tremia constantemente e não havia nada que eu pudesse fazer para que ela parasse.

Annabeth... Era ela a chave do enigma de Thalia. O que eu havia esquecido em relação aquela menina? O que ligava nos dois?

Aqueles olhos grandes e cinzentos se abriram rapidamente, como se ela despertasse de algum pesadelo. Olhando para todos os lados, assustada como um animalzinho indefeso... Assim que me viu na parede a frente se encolheu procurando distancia.

–Por que ainda estou aqui? - o sussurro foi rouco e fraco.

–Porque eu quero.

–E por que você me quer aqui?

–Não seja tão grossa, Annabeth. Você ainda é importante para mim.

Ela relaxou por dois pequenos segundos. Mas sai a deixando na companhia das dracaenas... Não se passou nem um minuto e eu pude ouvir o grito de dor da menina.

THALIA

Já era quinta-feira e faltavam dois dias para o solstício de inverno. Tínhamos pouco tempo e muito caminho a percorrer. Eu não gostava muito de estar ali naquela barragem tinha péssimas lembranças falsas de lá.

–Tem uma lanchonete no centro de visitantes.

–Já esteve aqui antes? - Percy perguntou.

–Uma vez. Para ver os guardiões.

Os ventos sopravam fortemente e afastavam as pessoas do "campo aberto". As estatuas se erguiam a minha frente; grandes demais para uma menininha de quatro anos. Apertei minha blusa contra o peito e ignorei os chamados histéricos de Hugo ou de minha mãe. Aquelas estátuas era a única fonte do meu interesse; havia qualquer coisa no ar ao redor delas que me prendia a atenção...

–THALIA!

O grito repleto de ódio me trouxe de volta a realidade. Hugo me chamava e eu sofreria por não ter ido ao primeiro chamado. Virei-me e trombei com alguém. Perdi o equilíbrio, mas mãos fortes me impediram de chegar ao chão. O homem tinha cabelos castanhos e olhos azuis, o terno indicava que era alguém importante. Ele me olhava profundamente.

–Cuidado para não cair - a voz era tão profunda quanto o olhar.

–Eu... Desculpe-me - murmurei e sai correndo já esperando receber os tapas e cascudos de Hugo.

Percy se separou de nós e não vi para onde seguiu; nós seguimos para a droga de lanchonete. Grover e eu ainda dávamos gostosas gargalhadas que chamavam a atenção de muitos. Soltei meus cabelos quando senti frio.

–Essa mesa está ótima - Zoe apontou para a mais afastada da saída e única disponível. Vieram dois garçons, que pareciam brigar para ver quem atenderia nossa mesa.

–Moças, rapaz, o que vão querer - eles dão um sorriso galanteador do tipo que meninos bonitos que trabalham em lojas dão para meninas iludidas e as fazem comprar mais do que realmente querem; dessa vez Zoe e eu rimos e Grover ficou de fora.

–Poderíamos pedir um lanche mais saudável... - Zoe murmurou olhando o cardápio exclusivo de saladas. Retirei-o de suas mãos e o joguei longe.

–Traga cinco burritos e dois x-burguers. Ah, e nada de refrigerante diet. ok?

–Eu poderia te mostrar as opções de sobre...

–Não. Isso é o bastante.

O rapaz se afastou chateado por seu plano não ter funcionado e outra crise de riso tomou conta de nós duas.

–Por que vocês estão rindo.

–És vossa vez de não entenderdes o motivo.

–Zoe, tente falar como uma pessoa normal e não como alguém viciada em filmes medievais! - exclamei irritada. Senti uma inesperada vibração no peito e me lembrei que havia escondido meu celular ali. Peguei-o e notei uma nova mensagem:

"Quando podemos nos ver de novo?" - Felipe

Senti-me fraca e tentada a responder que eu o queria comigo agora, mas estávamos separados por estados. Alem disso ele estaria em perigo comigo; claro que nenhum desses motivos diminuía a necessidade que eu sentia do seu abraço de amigo.

"Logo"

Voltei a esconder o aparelho.

–Meus olhos me enganam caro amigo. Eu vejo a perfeição!

–Eu também! - olhei para o lado procurando os donos das vozes. Dois jovens que olhavam para Zoe e para mim. Olhavam para Zoe! Não consegui prender o riso, ou melhor, a gargalhada.

–Ela é uma virgem puritana, queridos - respondi ofegante pelo riso; Grover não entendia nada - Não vão conseguir nada com ela.

Um deles se levantou e passou os braços ao redor dos meus ombros. Zoe fez cara de repulsa e Grover ficou tenso.

–E você, princesa? Também é uma virgem puritana? - ele tentou beijar meu pescoço.

–Não, mas depois que te hoje estou pensando seriamente nessa possibilidade.

Zoe sorriu radiante e por alguma razão me senti bem por vê-la sorrir... Então Percy chegou com os esqueletos e começamos uma verdadeira guerra de comida. Perdemos os nossos burritos, mas conseguimos chegar inteiros do lado de fora.

–Thalia - Percy me chamou - Reze para o seu pai.

Foi como se o meu mundo tivesse parado abruptamente; o pedido foi um choque, transbordando em ódio, olhei para Percy da maneira mais terrível possível.

–Ele nunca responde.

–Só desta vez - ele implorou - Peça ajuda. Eu acho... Acho que as estatuas podem nos trazer sorte.

Percy só poderia estar louco. Deveria ter batido a cabeça com muita força ou... Não sei, poderia ter bebido a água de alguma privada... Alguns esqueletos se aproximaram ainda mais.

–Peça! - ele gritou

–Não! Ele não vai responder - notei que soei quase como uma menininha magoada.

–Agora é diferente!

–Quem diz?

–Atena, eu acho.

Atena? Olhei para Percy me perguntando se ele não teria sérios problemas mentais.

–Tente - implorou Grover.

Um ofego de dor me escapou. Eles não viam que isso me machucava? Que Zeus me machucava? Fechei os olhos e tentei... Não por mim, mas por eles. "Ajude-nos! Pelo menos desta vez me escute, não me deixe sozinha de novo... Ajude-me a salvá-los!"

Os esqueletos se aproximaram mais. Abri os olhos e segurei a lança com força e lutando para não tremer de raiva... Uma sombra cobriu Jackson, a sombra de uma assa! Os esqueletos dispararam, mas as duas estátuas de anjos se colocaram na nossa frente impedindo a colisão... Mas aquilo não era possível!

–Tirem-nos daqui! -gritei quando vi que não poderiam aguentar por tanto tempo.

Eles baixaram os olhos.

–Filha de Zeus?

–Sim!

–Será que você pode pedir, por favor, Senhorita Filha de Zeus? - perguntou um dos anjos. Ai, isso parecia tão típico dos deuses...

–Por favor!

Eles deram de ombros e nos levaram para as alturas. Segurei a estatua com força com uma das mãos, com a outra eu segurava firmemente a mão de Percy. Com os olhos bem fechados, rezei mais uma vez: "Obrigada!" eu senti uma única lágrima escapar; lágrima de alegria que foi enxugada pelo doce carinho do vento. Recusei-me a abrir os olhos, mas eu sabia o que encontraria se abrisse.

Nas nuvens eu poderia ver o esboço de um deus.

[...]

Percy capturou o velho Nereu e descobrimos o Ofiotauro. Percy acariciava o pequeno monstrinho enquanto Zoe contava algo:

–... Existe poder em matar a inocência. Um poder terrível...

–O poder de destruir os deuses... Como? Isto é, o que aconteceria?

–Ninguem sabe - Zoe contou - Na primeira vez durante a Guerra dos Titãs, o Ofiotauro foi de fato morto por um gigante, mas vosso pai enviou uma águia para arrebatar as entranhas antes que fossem atiradas ao fogo...

Sentei-me no cais e estendi a mão. O monstrinho veio até mim como um cachorro vai até o dono buscando por carinho. Quando pousei a mão em sua cabeça senti algo que Percy evidentemente não podia sentir: o poder ao qual Zoe tentava descrever não chegava nem perto do que realmente acontecia naquele estranho Ofiotauro. Por alguns segundos eram correntes elétricas, no outro um arrepio que subia a pele, mas no fundo naquelas sensações havia apenas a magia em seu estado mais puro, mais inocente.

–Luke não hesitaria... O poder de derrubar o Olimpo. Isso é... Isso é colossal.

–Sim, é, minha querida - gelei ao ouvir a voz masculina e familiar do manticore... Zoe mirou uma flecha.

–Espere! Zoe, não! - Percy alertou.

– O garoto tem razão, Zoe Doce-Amarga. Livre-se do arco. Seria uma pena matá-la antes de você testemunhar a grande vitória de Thalia.

–Do que você está falando? - grunhi com ódio; o escudo e lança já prontos para um ataque.

–Este é o seu momento. Foi para isso que o Senhor Cronos a trouxe de vota a vida. Você irá sacrificar o Ofiotauro. Você levará suas entranhas ao fogo. Você conquistará o poder ilimitado. E em seu décimo sexto aniversário, derrubará o Olimpo.

O ar pareceu ficar mais denso e frio. Meu peito se comprimiu dificultando ainda mais a minha respiração. Aquilo fazia um terrível sentido, mas a única coisa que passou em minha mente foi em Luke despejando o veneno a mando de Cronos... Minha visão começou a ficar embasada e imagens começavam a se formar...

–Você sabe que é a escolha certa. Seu amigo Luke reconheceu isso. Você se juntará a ele. Vocês reinarão neste mundo juntos sob o auspício dos Titãs. Seu pai a abandonou, Thalia. Ele não lhe dá a mínima. E agora você terá um poder superior ao dele. Chame à besta! Ela virá até você. Use sua lança.

Eu não vi mais nada. Só a voz do manticore me ligava ao externo. Eu via um grande castelo negro sob a montanha mais alta. Luke segurava minha mão... Reinarão juntos... Ele se aproximou de mim, nos lábios um sorriso vitorioso como quando me roubava um beijo... Escolha o certo... O certo...

–Thalia, saia dessa! - eu conhecia aquela voz... Era de algum amigo... Mas quem? Visualizei atordoada e incerta o esboço de um menino de olhos muito verdes. Ajude-me! Ajude-me! Eu queria gritar...

–Eu... Eu não...

–Seu pai a socorreu. Ele enviou os anjos de metal. Ele a transformou em árvore para resguardá-la.

Meu pai... Quem ele era? Quem eu era? Apertei o cabo da lança com força; nada mais parecia fazer sentido e não as correntes elétricas eu sentia mais...

O menino puxou-me junto à dele e corremos por segundos confusos. Eu não enxergava nada alem de um futuro com Luke, ao meu lado, me tocando, me protegendo mesmo sem necessidade... Água me atingiu o rosto e tudo voltou a ficar claro, límpido.

–Você é doido? - perguntei limpando meu rosto. Percy chamou por Quíron, mas não havia nada alem de um deus insuportavelmente irritante.

–Estamos mortos. - ele me olhou com agonia. Apertei a o cabo da lança, mas desta vez em raiva. Estava zangada demais por ter visto um futuro errado; mesmo sendo com Luke, tudo aquilo era muito errado!

–Então vamos morrer lutando - disse com firmeza, mas minha alma parecia fraquejar; eu sabia o que aconteceria a seguir.

–Quanta nobreza - Senhor D. reprimiu um bocejo... O manticore apareceu com dois guardas atrás, outros estavam sobre os telhados... Estávamos cercados!

–Você poderia pedir ajuda - meu irmão murmurou para Percy.

Zoe preparou as flechas, Grover ergueu sua flauta e eu o escudo. Uma lágrima me escorreu dos olhos quando aquilo tudo me pareceu terrivelmente familiar. Era parecido demais como quando eu abandonara meus amigos colina abaixo e dera minha vida para mantê-los a salvo... Agora eu não tinha como poupá-los... Não havia um meio de eu me entregar sem feri-los...

–Poupem a filha de Zeus. Ela se juntará a nós em breve. Matem os outros.

Dionísio nos salvou, algo tão surpreendente quanto terrível. Ele me olhou ressentido, mas era visível que ele me entendia como se soubesse o que passei...

–Espero que tenha aprendido sua lição, garota. Não é fácil resistir ao poder, é?

Corei, envergonhada. Ele sabia.

Dionísio não se referia ao poder de destruir os deuses, ele parecia saber que eu não faria isso. Ele se referia ao poder Afrodite, eu estava resistindo àquelas imagens de um Luke e eu tão próximos quanto antes já estivemos. O deus sabia que era terrível não estar com aquele ser que se ama e que minha maior vontade era fazer o certo e o errado para estar com ele... Mas é óbvio que Percy, Grover e Zoe não perceberam isso.

–Precisamos de um carro.

–Sei onde podemos conseguir ajuda - respondi estendendo um pedaço de papel amassado com um endereço.

–De quem é esse endereço?

–Professor Chase - dei um sorriso quase mínimo - Pai de Annabeth.

[...]

O senhor não me reconheceu assim que batemos em sua porta, já que meus cabelos desgrenhados me cobriam a parte do rosto e eu evitava seus olhos. Assim que Percy mencionou o nome de Annabeth eu ergui os olhos para o senhor... E ele pareceu me reconhecer e perceber que havia algo errado. Antes de sairmos, a madrasta segurou Percy e o pai me segurou.

–Não tive a chance de agradecê-la.

–Pelo que? Annabeth está correndo perigo porque não fui capaz de salvá-la - abracei a mim mesma me sentindo culpada por... Bem, por tudo.

–Deu a vida por minha filha - arregalei os olhos - Ela disse a mim. Cumpriu a promessa e a manteve a salvo.

–Não cumpri.

–Cumpriu sim - ele me apertou o ombro com delicadeza; um delicado afago - Posso ver de longe que teria dado a vida mais e mais vezes por Annabeth ou qualquer um desses garotos... Muito obrigada, menina. Sabe, por ser um grande exemplo.

Tentei não chorar enquanto assentia. Passei pela porta.

[...]

No meio da montanha, Percy avistou um navio e eu logo me senti enjoada. Luke estava ali; todo o lugar parecia gritar que sim. Eu só esperava não ter de esbarrar com ele. Então houve o raio... Zeus. Não poderia ter sido ele. Poderia?

–Espere Thalia. - Percy chamou-me - Sobre o que aconteceu lá no píer... Isto é...

–Não quero falar sobre isso.

–Você não teria... Você sabe...

–Eu só estava impressionada. Só isso.

–Zeus não lançou aquele raio. Foi Cronos. Ele está tentando manipular você, deixá-la com raiva de seu pai.

–Percy, sei que está tentando fazer com que eu me sinta melhor. Obrigada - lhe afaguei o rosto - Mas ande. Nós precisamos ir

[...]

Ártemis estava acorrentada presa ao céu. Ela suava e pareci cansada demais para aquilo. Zoe não aguentou vê-la assim e, sem querer, me peguei pensando na reação de Apolo. Eu sabia que ele nunca a deixaria ali...

–Pare! É uma armadilha. Vocês precisam partir agora.

Zoe chorava e corria em direção a deusa mesmo sob seus protestos.

–Ah, que comovente.

A voz estrondosa soou atrás de nós. Assim que nos viramos vimos o General, meia dúzia de víboras carregando o caixão dourado... Meu coração disparou quando vi Annabeth amordaçada com as mãos presas às costas... Ela estava ao lado de Luke... Ele mantinha a faca em sua garganta... E os olhos apenas em mim.


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Notas finais do capítulo

Minha semana de provas começa agora e eu estou totalmente sobre pressão; o próximo cap é o que eu mais quero escrever; sei que esperavam a luta neste mesmo cap, mas realmente não deu. Houve apenas uma confusão de sentimentos e o encontro.
Tenho certeza de que não vou demorar, principalmente por que estou muito empolgada em continuar, mas vou continuar pedindo paciência com vocês...
Até logo anjos =)



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