As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 39
Inocência roubada... E resgatada


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei quase um mês para postar, então vocês tem todo o direito de estarem fulos comigo...
Bom tive meus problemas e minhas confusões, mas tambem quis fazer caps maiores e mais bem trabalhados, espero ter alcançado meu objetivo e que vocês curtam esse cap tanto quanto eu curti esrever!
Boa leitura!!!!!



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ANNABETH

Eu estava desesperada. Thalia salvou minha vida. Eu agora sabia que a mordida teria rasgado a principal veia do meu pescoço. Acabei por me desligar da luta com o outro cão e Grover teve que me salvar também... Luke não estava em nenhum lugar visível para mim e Thalia conseguiu prender a minha atenção: a menina estava ensangüentada e um pouco fraca. Sim. Apenas um pouco. Thalia é forte... Eu sei que ela vai conseguir... Ela tem que conseguir! O monstro continuava investindo e Thalia já não parecia mais ser capaz.

-THALIAAAAAA! – o grito desesperado saiu de mim acompanhado da minha faca. Eu lancei a faca para uma Thalia indefesa e por um instante tive medo de feri-la ainda mais. Thalia agarrou o cabo da faca e cortou o cão no pescoço; ela expandiu o corte até o estomago e ele explodiu em cinzas... Cai de joelhos no chão, grata por termos conseguido.

Vamos, filha. Sua amiga precisa de você. Ela salvou sua vida, agora você deve ajudá-la em troca. A voz suave me encantou, mas também me vez erguer os olhos e ver minha única amiga imóvel no chão... Levantei-me correndo e puxei sua cabeça para o meu colo; afastei seus cabelos dos cortes existentes no seu ombro e passei a observar o estrago feito pelos monstros no Mundo Inferior. Sangue estava espalhado por quase todo o corpo de Thalia. Sua respiração era muito fraca, quase como se não existisse e os seus batimentos cardíacos estavam fracos, mas não inexistente. Suspirei em alivio. Cheguei à conclusão de que seu corpo rejeitava a morte mesmo estando muito próximo a ela.

-Você se machucou? – a voz rouca parecia arranhar sua garganta e forçar suas forças ainda mais.

-Não. Graças a você, Thalia. Vamos você tem que ser forte... Você vai ficar bem. – as lágrimas escorriam por meu rosto; eu não queria perde-la. No instante seguinte Grover estava ao meu lado examinando os ferimentos de Thalia.

-Di Imortales! Thalia, eu vou levar você até um caminho conhecido por sátiros...

-Onde? – a voz saiu fraca e os olhos dela continuavam fechados. Isso só fez meu desespero aumentar e mais lágrimas caírem.

-Túneis. Em um dos caminhos há um pequeno rio subterrâneo e podemos limpar seus ferimentos. – assim que seus olhos se abriram Grover se assustou com a intensidade e força ali contidos.

-Ótimo. – Thalia respondeu e começou a se levantar sozinha. Luke chegou nesse instante com uma cara péssima e assim que viu Thalia se levantando foi oferecer o seu apoio.

-O que você pensa que esta fazendo? – Luke perguntou – Deveria estar descansando.

-Ele esta certo. Você não deveria gastar suas forças mais do que já gastou. – Grover complementou.

-Eu posso e vou andar. Foram só alguns cortes e, sim, eu perdi bastante sangue. Nada incomum.

-Thalia... – eu comecei tentando achar algum argumento para não gastar energia; ela olhou em meus olhos e viu o meu medo de perdê-la.

-Se eles me levarem... Você vai ficar mais tranquila? – Thalia me perguntou de uma forma gentil e preocupada. Com as lágrimas ainda escorrendo não confiei na minha voz e apenas assenti. Ela se preocupava tanto comigo!

-Eu a levo, Luke- Grover se pronunciou – Você está ferido e tão cansado quanto ela. Vocês dois caíram de uma altura quase inimaginável para estarem vivos...

Grover pegou Thalia nos braços e começou a abrir caminho pelo milharal. A todo instante era possível ouvir arfadas e gemido de dor escapando dos lábios da Filha de Zeus; toda vez que uma simples folha encostava-se a seus ferimentos...

Não sei se é muito comum meninas de sete anos carregarem ódio dentro de seus corações; raiva, desprezo, indiferença e ódio... Sempre o ódio. Não conseguia evitar esses pensamentos sempre que me colocava para pensar: Hades desejava a morte de Thalia e Grover era o único que parecia ter as respostas do por que. Castigava-me muito por não ser maior e mais forte, por estar deixando detalhes passarem, mas eu sabia o que iria fazer: Grover iria responder muitas perguntas minhas... Gostando ou não.

... Eu devia era ter prestado atenção no loiro: cabisbaixo e com olheiras muito recentes e fundas; era quase como se ele tivesse sofrido pesadelos acordado! Mais uma coisa pela qual eu me castigaria depois...

O Milharal parecia não ter fim e eu mantinha minha cabeça centrada na única coisa que levava calma para o meu coração inquieto e raivoso: “Nós não vamos machucar você... Vocês são como eu?... Eu fugi!... Você é inteligente... Família... Eu prometo!” sem que eu percebesse estava chorando silenciosamente. Lembranças me machucavam e me distraiam de uma forma muito intensa... Estaremos sãos e salvos! Eu sei que sim.

Estava imersa em tantas lembranças e pensamentos que não havia notado um enorme buraco no chão; havia folhas secas espalhadas pelo chão, então deduzi que o buraco estava encoberto. Grover segurava Thalia nos braços com cuidado e, bem no fundo, com algo que identifiquei como desejo e medo; era muito diferente de Luke que a segurava com carinho alem de tudo e acho que ele olhava do mesmo modo que um dia eu sonhei que meus pais se olhassem...

-Mantenha os olhos abertos. – Grover falou para uma Thalia a beira da irritação.

-Você já falou isso umas 150 vezes e se falar mais uma eu juro que te torturo com um bom raio!

Grover se arrepiou todo, mas não permitiu se abalar mais, pois Thalia gemeu em protesto e soltou uma leve arfada.

-Só quero me certificar de que esta consciente e que não está indo visitar seu tio da pior maneira possível. – ele fez uma pausa e olhou para Luke, que parecia um tanto distante, mais até do que eu – Luke... Luke!

-Oi? – ele estava perdido e muito confuso e continuei ignorando seu aspecto cansado e... Aquilo lá no fundo de seus olhos eram raiva?

-Desça no buraco primeiro...

-Por que eu?

-Porque eu estou com Thalia. Você desce, ajuda Annabeth e eu vou te passar Thalia. Pode ser?

-Ah... Sim; claro.

Luke se aproximou da entrada e sem nada a temer, pulou. Fiquei estática por alguns segundos, mas ao ouvir a voz dele me acalmei.

-Pode vir Annie!Eu vou pegar você!

Sentei na beirada do buraco escuro e temi cair para sempre na escuridão. Repreendi-me por isso e, fechando os olhos, pulei. Eu não abri os olhos, mas mesmo se abrisse veria apenas vultos. Senti os braços de Luke ao meu redor e em questão de segundos, estava com meus pés no chão.

-Grover! Passe a Thalia com cuidado! – o grito de Luke chegou a me assustar.

-Reze para seu pai primeiro!

-O QUE? – Luke estava em choque; eu sabia que ele não gostava do pai que tinha...

- Reze para ele abençoar Thalia. Ele é o deus dos viajantes e ela fará uma pequena viagem até você. Não é seguro arriscar entregá-la a própria sorte!

Passou alguns segundos em um silencio desconfortável e não perdi tempo: rezei para todos os deuses que recordava o nome... Thalia estava sofrendo, em parte, por culpa minha. “Por favor, qualquer deus que possa me atender, não a tire de mim! Protejam Thalia como ela protege a mim. Ela e Luke são o que tenho de mais próximo a uma família.” As lágrimas voltaram a molhar meu rosto e meu coração pesava.

-Grover, passe Thalia!

Prendi a respiração e voltei a repetir minhas preces e em poucos segundos o Corpo quase inerte de Thalia caísse nos braços do loiro. Nossa decepção, e raiva do loiro, tinham um motivo: Thalia havia soltado um gemido alto de dor, como se o único deus que a desejasse algum mal fosse o único que tivesse escutado nossas preces e piorado tudo. Thalia respirava em ofegos e parte de mim achava que o fato de estar longe de ar puro só ajudava para causar mais dor.

Grover chegou logo depois e conseguiu fazer uma pequena tocha para nos guiar pela escuridão.

-Eu odeio túneis, subterrâneos, cheiros de monstros... – Grover baliu e resmungou para si mesmo.

Uma pequena chama brilhava e com ela eu via as expressões de dor. Luke parecia sofrer ainda mais que Thalia e somado a dor estava o sentimento que estava se tornando comum para mim: o ódio; ódio pelos deuses e mesmo que eu tentasse negar eu também não gostava muito deles não. Grover passou a nos guiar com a pequena chama; não andamos muito e já pude ouvir o barulho das águas levemente turbulentas de um pequeno rio subterrâneo. Em todo o trajeto do túnel notei muitas folhas secas...

-Thalia, por favor, não feche os olhos! – Luke e Grover imploravam a menina que não parecia mais ter muita consciência.

-Eu... Eu me sinto... Distante daqui... De vocês... – sua voz não passava de um sussurro fraco devolvendo a minha vontade súbita de chorar.

-Não! Não... Vamos, olhe para mim. – Luke pedia enquanto nos apressávamos para a beira do rio. Confesso que me encantei com a vista. As margens eram de terra pura, mas não aquela terra sem cor, empobrecida pela poluição; um marrom forte e escuro em contraste com as magníficas águas verdes...

Grover rasgou parte de sua blusa e começou a lavá-la no rio, enquanto Luke sentava no chão com Thalia nos braços. Grover começou a limpar os ferimentos mais visíveis. Quando sentimos muita dor nosso corpo se rende ao desmaio e era isso o que deveria acontecer... Thalia é forte; ela rejeitou a hipótese de desmaiar, muito ao contrario, seu corpo foi acordando com a dor e sua voz voltou a soar mais forte.

-Esta doendo? – Grover perguntou

-Não, Grover. Ta fazendo cócegas! – ela conseguiu tirar toda a antipatia da frase com um sorriso – Isso é bom.

-Isso o que? – Luke, Grover e eu perguntamos ao mesmo tempo.

-Sentir dor. Quer dizer que eu ainda estou viva.

O tempo foi passando lentamente. Recordo-me de ter encostado em um monte de terra e de descansar por pouco tempo. Thalia sentia dor e parecia gostar disso. Depois de algum tempo, um Grover exausto fala:

-Thalia, acho que seria melhor se você entrasse no rio. – ele disse com as faces vermelhas e vi Thalia forçar um sorriso.

-Eu posso ir procurar algumas roupas para você. – Luke se ofereceu

- Mas aonde você vai... Ah, esquece! –Grover começou e eu comecei a rir. Enquanto ria um pensamento me veio.

-Você vai com o Luke – disse olhando para Grover.

-É. Você vai com ele. – uma Thalia já sentada reforçou.

-Mas... – os dois começaram juntos.

- Podem ir parando. Tenho a melhor filha de Atena comigo! E não se esqueça que foi ela que te nocauteou! – Thalia retrucou e eu murmurei um “desculpe” a Grover.

-Não saião daqui. Se correrem risco de vida, fujão para Long Island e achem o Acampamento. E só seguirem o túnel até o final; ele faz algumas curvas, mas sempre se mantenham a leste. – Grover disse contrariando a sua própria vontade.

-Prometa que ficarão bem! – Luke pediu

Ergui uma sobrancelha em uma clara demonstração do meu humor; Thalia imitou meu gesto e vi o menino ficar um pouco encabulado.

-Não confia em nós? – rebati.

Ele passou as mãos pelo cabelo, bagunçando-o; ele estava nervoso e vi um brilho diferente passando pelos olhos azuis de Thalia; algo quase divertido.

-Confio... Mas...

-Mas nada! Nós prometemos. – estava começando a ficar rápida em certas respostas.

Muito lentamente eles foram saindo da caverna e desaparecendo no túnel. Enquanto descansava, eles haviam feito uma fogueira para iluminar a grande caverna e o rio que a cortava; levaram consigo uma pequena tocha para iluminar o caminho. Assim que tive certeza de que eles haviam saído, ajudei Thalia a retirar cada peça de roupa suja de sangue, mas antes disso havia prendido seus cabelos em um coque auto para não os molhar; não consegui deixar de notar a pele pálida da menina em contraste com o seu sangue vermelho e subitamente tive a vontade de vomitar; o que era irônico já que nenhum de nós comia há dias, então eu já nem tinha o que por para fora!

Thalia entrou na água e arfou, logo em seguida olhou em meus olhos e sorriu. Confortei-me com aquilo; era algo quase incomum nas nossas vidas difíceis. Sorrir... Fazia alguns dias que nenhum de nós sorria e era bom sorrir de novo.

- O que foi Annie? – Thalia parecia preocupada comigo... Não era para ser o contrario? Mas entendi o que ela queria dizer.

- Grover e Luke. – murmurei.

- O que têm eles?

-Eles... Eles escondem segredos de nós... E Luke parece cansado; quero dizer, mais do que o normal!

Thalia me olhou séria e logo sorriu de novo.

-Não se preocupe! Nós duas ainda vamos fazê-los falar, ok?

Foi a minha vez de sorrir.

-Vamos!

Passamos a conversar sobre quase tudo o que me deixava feliz; Thalia parecia se sentir bem vendo minha alegria voltar, aquela alegria típica de cada criança. Eu já não me sentia como uma criança; não mais...

-Eu não me sinto como se fosse uma criança; às vezes eu acho que sou forçada a agir como uma pessoa muito mais velha que eu. – confidenciei a Thalia que me olhou sorrindo, mas um sorriso que não chegava aos seus olhos tristes.

- Acho que isso acontece com todos os semideuses. – o murmúrio de Thalia confirmou meus medos.

-Sinto como se algo muito importante me tivesse sido arrancado. – continuei meu desabafo.

-Annie... Roubaram de nós a nossa inocência.

Parei para pensar e era verdade. Porque tínhamos que ter destinos tão confusamente terríveis? Era pedir muito ter paz, amor e, mesmo que por um tempo breve, a nossa inocência de criança? Parando para pensar, eu nunca fui pura, nunca cheguei a ser uma doce menininha inocente; era, e ainda sou desconfiada, cautelosa com as pessoas e sentimentos... Mas essa era toda a verdade?

- Mas recuperaram parte da minha inocência... – comentei sorrindo quando percebi a verdade.

-Recuperaram? Quem? – Thalia perguntou sorrindo de lado.

-Você e Luke. Meus heróis, vocês me trouxeram de volta coisas que eu achei que nunca mesmo tivesse. Você me mostrou o quanto forte eu posso ser e como no fundo sou pura... Luke me fez ver que ainda sou inocente e que mesmo com essas “coisas” de semideuses... Eu... Eu ainda sou uma criança, entende? – perguntei sorrido e assim vi uma Thalia me olhando com os olhos levemente marejados e um sorriso que por um breve instante me pareceu triste, mas a alegria que seus olhos me passavam não tinha preço.

Voltamos a falar, ou melhor, eu voltei a falar; Thalia ouvia minhas histórias e confissões, ouvia as histórias dos meus heróis favoritos e como eu os admirava; comentei o quão feliz eu estava com esse Acampamento especial e como estava feliz por estarmos indo Juntos... Todos nós.

 Thalia voltou à superfície e eu ajudei-a novamente a se vestir. Seus ferimentos ainda muito abertos já não continham tanto sangue ao redor. Em uma mochila (provavelmente de Grover) encontrei o que me pareciam ataduras ou eu esperava que fossem. Thalia desmanchou o coque e prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo alto. Assim limpei o ferimento do seu ombro e enrolei seu tornozelo em ataduras.

... Primeiro foi o cheiro e depois a fumaça, para logo em seguida um balido de bode seguido de um Grover assustado puxando um Luke medonho para perto de nós. Fogo; os túneis estavam em chamas...


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Notas finais do capítulo

E... Me desculpam??? Ainda mereço algum coment???