As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 38
Um sonho e muitas lutas


Notas iniciais do capítulo

Sim pessoas, eu estou viva... Só fiquei de castigo, mas minha demora será recompensada. Este cap terá muitas emoções de varias maneiras possiveis.
Espero que me desculpem e que este cap esteja de acordo com as espectativas de vocês.
Boa leitura:



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ANNABETH




Eu acho que dormi no colo da Thalia, mas não tenho muita certeza. Ela me transmitia confiança, proteção e carinho; algo que eu não sentia com muita frequência. Mas não é isso que eu devia estar contando... Devia contar o meu sonho. Não, não foi um pesadelo típico de semideuses. Foi um sonho longe de ser normal, mas longe de ser um pesadelo.

Eu estava em apartamento pequeno e muito bagunçado. Na sala havia um homem de aparência escrota. Ele dormia em um sono pesado, roncava e parecia se engasgar com a própria saliva. Guiada por meus instintos segui para outros cômodos. Andando pelo corredor vi uma mulher, de aparência cansada e traços gentis, se levantando... Mas ainda não era isso que eu tinha que ver.

Virei-me para a porta de frente para o quarto da mulher e, como a porta estava aperta, entrei. Um quarto de criança: brinquedos espalhados pelo chão, principalmente barquinhos. Meus pés, contra a minha vontade seguiram até a cama, onde havia um amontoado de cobertas. A criança estava tão enrolada no edredom que não pude ver nada que a identificasse...

A mulher entrou no quarto, me surpreendendo, mas ela não me via... Ela retirou a coberta e enquanto a dobrava eu o vi: um menino da minha idade tinha a pele levemente bronzeada e cabelos pretos. A provável mãe do menino se sentou na beirada da cama, todos os sinais de cansaço sumiram assim que fitaram a criança, e com muita carinho começou a acordar o filho. Um sentimento de inveja me atingiu com força. Por que eu não podia ter alguém que me amasse tanto assim?

... Todos os meus pensamentos se perderam quando ele abriu os olhos... Olhos verdes; tão verde quanto eu imaginava que seria o mar. Um verde magnífico... Os olhos do menino se abriram e fitaram a mãe... E então se viraram para mim... Era como se ele me visse... Seus olhos ficariam presos em minha memória por muito tempo.

–Ele será alguém muito importante para você. E talvez seja o único que possa lhe dar uma resposta a sua pergunta anterior.

A voz era doce, suave e juro que senti um cheiro de rosas misturadas com perfume muito caro... Assim eu saí do reino de Morfeu, não sem antes me perguntar que voz era aquela e o que queria dizer... Mas algo em que eu realmente devia ter assimilado era: o tom de verde daqueles olhos... Nunca vi nenhum tom tão magnífico como aquele, exceto... O tom de azul dos olhos de Thalia... Havia qualquer traço parecido nos dois olhos tão intensos... Eram diferentes, mais bonitos, misteriosos... Não humanos... Divinos.



THALIA



–Eu... - Grover murmurou inquieto e ia começar a responder, mas nossa pequena Annabeth acordou agitada... Percebi o menino bode suspirando aliviado. Lancei-lhe meu melhor olhar assassino e funcionou. O menino bode se encolheu de tal maneira que achei que preferiria estar sob a mira de qualquer monstro... Menos na minha. Voltei a olhar a loirinha...

–Tudo bem? – perguntei analisando uma Annabeth suada e ofegante, mas não parecia assustada... Parecia intrigada e... Encantada? Ah... Ela ia ter que me contar isso depois!

–Tá. Por que ele tá solto? – ela perguntou sacando a faca e olhando para Grover como se ele fosse só mais um monstro escroto. Soltei um riso em deboche do pobre sátiro.

–Ele não vai nos machucar. Ele é, hum... Um colega. Ele vai nos levar para um acampamento sem monstros.

O rosto da pequena se iluminou com a possibilidade e um sorriso muito grato se formou. Ela passou seus olhos de mim para Luke e só parou em Grover.

–Quando vamos? – perguntou com uma alegria impossível de ser disfarçada.

–Temos que sair daqui agora. – Grover respondeu – Não podemos ficar mais do que algumas horas no mesmo local. O cheiro de vocês é muito forte, ainda mais agora que estão todos os três juntos.

Pegamos nossas poucas coisas e saímos do parque abandonado. Os pequenos raios de sol anunciando a chegada do dia me confortavam de uma forma indescritível. Embora eu gostasse de Ártemis, a deusa da lua, me sentia intimidada pela escuridão dos domínios da noite. Meu tio tinha mais forças nas sombras e isso não era algo muito recomendado. Deixamos aquela cidade cujo nome não sabia e fomos seguindo em direção a estradas; andamos por horas em uma rodovia movimentada. Annie comentava sobre como queria reconstruir aquela estrada e melhorara, Grover comentava algo sobre automóveis idiotas, poluidores e coisas do tipo, Luke tentava encontrar qualquer coisa que pudesse roubar para se distrair e eu me mantinha presa em um mundo distante de tudo o que estava ao meu redor...

–Vai demorar muito? – uma voz fina chama a atenção de Grover.

–Vai sim. Talvez alguns dias; acho que duas semanas no máximo.

–Ah, eu queria estar lá agora! – a loira fez birra

–Mas você vai chegar lá, Annie – eu respondi a pequenina com carinho, todos ainda continuavam andando – Não precisa se apressar tanto.

Ela me estendeu sua mãozinha e continuamos andando de mãos dadas. Estávamos perto do meio dia; havíamos andado a manhã toda sem parar para descansar ou comer. O sol quente dificultava um pouco a nossa visão e mesmo sob protestos de um sátiro, nos distanciamos da rodovia e nos embrenhamos no frescor das matas ao redor; uma campina parecia estar logo depois de alguns carvalhos... Não. Era um milharal, grande e farto. Grover deixou um suspiro escapar.

Eu prendia a respiração ao sentir um frio na espinha muito familiar. Me sentia observada, perseguida. Olhei para os meus amigos e observei que eles estavam completamente alheios a tudo o que eu sentia.

– Acho que sei onde estamos. Tem um atalho que os sátiros conhecem por aqui. – Grover comentou, mas eu me sentia ainda muito perdida nas sensações fortes que me vinham para se quer processar o que ele dizia.

Prepare-se. Eles estão próximos. – uma voz conhecida me venho... Eu já havia escutado aquela voz, só que de longe. Não sabia de quem era na hora, mas depois fui juntando as peças do quebra-cabeça.

– Armem-se. – disse a eles já olhando em volta. Me preocuparia depois em descobrir de quem era a voz; eu tinha preocupações muito mais importantes no momento. Minha voz ganhou força e autoridade e ninguém sequer me contestou. Annie sacou sua faca, Luke sua espada e Grover tinha flautas nas mãos, nem imagino como isso o salvaria, mas ok.

O menino bode farejou o ar a nossa volta e ficou pálido.

–Di Imortales. Todos de uma só vez? – ele exclamou surpreso e nervoso... E assim eu os vi: pressas identicas há punhais afiados, o tamanho equivalente ao de um rinoceronte, olhos vermelhos como sangue fresco... Cães infernais... Mas não estavam sozinho; eles tinham o reforço de apenas uma Fúria. As asas de couro e o sorriso cínico no rosto fizeram meu sangue gelar.

–Grover tire eles dois daqui. – minha voz soou incrivelmente calma o que era bizarro já que eu estava a beira de um colapso nervoso, mas sempre tive dons teatrais. Senti que todos me olhavam incrédulos , mas não deixei que respondessem.

–Vão logo. Eles querem a mim. Vou distraí-los e encontro vocês depois – eles não se mexeram nem um centímetro do lugar e então eu apelei para a raiva e para um sátiro intimidado – GROVER, TIRE ELES DAQUI AGORA!

O meu grito pegou eles de surpresa e fez com que um sátiro medroso corre-se segurando dois jovens pelo pulso... Mas fez com que todos os três cães e a única Fúria atacassem; eu não duvidava que as outras duas chegariam em breve... Annie, Luke e Grover correram em direção ao milharal e sumiram entre as muitas espigas de milho verde.

Tudo pareceu ocorrer em câmera lenta...Os cães correram descendo uma pequena colina entre os carvalhos, mas a Fúria chegou primeiro; a infeliz serva do meu tio me jogou contra o chão e antes que eu pudesse me erguer do chão , um cão infernal pulou sobre mim. Com a lança cortei a barriga do primeiro e o joguei o mais longe que minhas forças ainda me permitiam. Ele não estava morto, só gravemente ferido... Ainda restavam dois monstros no térreo e um no céus em ótimas condições de lutar.

Outro cão enterrou as pressas em meu tornozelo fazendo um grito de dor escapar do fundo da minha garganta; meu sangue escorria indo parar apenas no chão. Durante os poucos milésimos em que tive chance, notei que a medida em que meu sangue caía os olhos da fera ficavam ainda mais vermelhos e maldosos... Com o outro pé chutei o focinho do infeliz e o outro cão intacto enterrou as garras na lateral do meu tronco.

Eles não pareciam estar com tanta pressa; queriam brincar antes de me levar até o Hades. Um dos cães me jogou pra o lado, como que me oferecendo ao outro cão. Este cravou uma dolorosa mordida nas laterais do meu corpo, me erguendo do chão e me jogando para cima, como se eu fosse apenas uma bolinha de borracha. Antes que eu voltasse a cair no chão a Fúria me levou para o alto, enterrando as garras no meu braço.

Instintivamente, comecei a me debater. Não por querer me livrar da Fúria, mas sim por querer desesperadamente sentir a firmeza do chão contra meus pés. Eu não sabia mais onde estava minha lança e ainda guiada pelo medo bati no bracelete de prata e gritei:

–Aegis!

Meu escudo se ativou e eu usei ele contra a Fúria. Bati o escudo contra o rosto da fera no mínimo sete vezes até ela me deixar cair; ainda consegui ouvi-la grunhir “vamos ver se Zeus irá deixá-la cair”. Mesmo que eu quisesse e soubesse controlar o ar eu não conseguiria... Meu corpo estava frágil até para simples raios... Caía em queda livre sentindo meus cortes arderem com intensidade até que dois braços fortes me seguraram. Fechei meus olhos por culpa da dor causada pela pele pressionada contra meus cortes recém abertos. Assim que abri os olhos percebi que estava nos braços de Luke. Ele voava com os seus tênis alados...

Eu não vou te deixar cair.

Me senti segura... Até a Fúria se virar para atacar o menino.

Luke não lutou; ele fugia pelos céus comigo, mesmo sabendo do meu medo de altura. Nós dois sabáamos que por enquanto o céu era o meu único amigo. A Fúria não desistia e a cada brisa eu fechava meus olhos; a ardência nos cortes era insuportável, como se as garras das pestes fossem feitas para intensificar ainda mais a dor.

–THALIA! – o grito de Grover chamou a minha atenção para baixo. Senti uma enorme vertigem só de ver que estava mais alto do que eu realmente gostaria, eu sabia que estava encolhida nos braços do loiro, mas não queria virar meu rosto e fitar a luta lá em baixo. Mesmo assim me virei : Annie estava atacando sem dó e descontando toda a sua raiva no cão já ferido na região do estômago e vi Grover com minha lança... Ele a lançou para cima e eu a peguei.

Luke não me soltou em instante algum, mas agora eu mantinha meus pés sobre os pés do garoto. Luke apertava minha cintura como que para me lembrar de que ele estava ali e que ainda havia algo pelo que lutar... Ergui a lança e disparei raios, mas a fúria estava ainda intacta e não se entregaria facilmente.

Ela estava cada vez mais próxima e Luke não consegui mais ganhar distancia... Ela conseguiu de alguma forma ferir Luke nas costas e nos derrubar dos tênis... Voltei a cair em queda livre sem ter a visão de onde Luke estava... Ainda caindo e sentindo dor ouvi novamente aquela voz – Jogue a lança, Thalia. Você não irá errar. – Senti um arrepio no pulso em que segurava a lança e a joguei como se fosse um dardo de brinquedo; no fundo tive a sensação de que alguém havia feito com que a lança acertasse a Fúria, mas nunca tive certeza. Com a visão borrada pela dor e pelas lágrimas de medo e angustia, pude ver a Fúria se desintegrar.

–Não deixarei vocês dois caírem...- a voz disse novamente e eu senti os ventos e a velocidade da queda diminuírem... Antes que eu percebesse estava deitada no meio do milharal, mas podia ver flashes de uma Annie e um sátiro lutando contra dois cães infernais. Não achei Luke e antes que eu pudesse me perguntar de quem era aquela voz, me forcei a ficar de pé mesmo sob os protestos do meu corpo ferido. Notei minha lança ao meu lado, não sabia como havia ido parar ali, mas minha vida era tão estranha que isso era praticamente normal.

Ergui a lança e me aproximei; a cena era a seguinte: Annie e Grover estavam, os dois juntos, lutando contra apenas um cão infernal. O outro não estava morto e nem ferido gravemente; estava apenas caído, mas já se levantava com um olhar mortífero lançado a minha pequena protegida... Ele correu para atacar Annabeth, mas a menina não percebeu já que estava de costas... Assim que ele pulou, percebi que suas presas atacariam a principal artéria do pescoço da criança.

Vocês podem até achar loucura, mas a única coisa que eu via era a minha família correndo risco de vida por minha causa... Pulei de encontro a fera, afastando Annie e recebendo o golpe no lugar da loira. As pressas não chegaram ao meu pescoço, mas sim no ombro esquerdo. Saí rolando pelo chão junto com o bicho que conseguiu se livrar da minha lança no momento em que eu empurrei Annie. Ouvi Grover gritando algo e empurrando Annabeth também... Mais um cão morto.

Mas a briga não havia acabado... O cão infernal me atacava com mordidas, mas as suas investidas eram barradas por choques fracos que eu conseguia desferir em seu corpo... Isso estava gastando muito mais energia do que deveria... Minha visão agora turva só conseguiu registrar uma enorme investida e o grito desesperado de Annabeth:

–THALIA!


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Notas finais do capítulo

Gente, eu vou viajar e só voltarei no final do mês, mas mesmo assim não sei quando poderei voltar a postar caps para vocês.
Gente... Tenho certeza de que todos sabem quem era o menino e a voz no sonha da Annie. Tipo, ficou bem óbvio.
E então? Como o cap ficou? Comentem tudo o que acharam!
Até logo amores!!!!