As Histórias De Thalia escrita por GiGihh


Capítulo 14
Cinco cabeças são um problema




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/320849/chapter/14

LUKE

Era um lugar bem simples: havia varias mesas e cadeiras espalhadas pelo ambiente, um balcão de mármore onde estavam atendendo os poucos clientes. Mas o que realmente interessava era uma grande TV de tela plana atrás do balcão. Nela tanto clientes quanto funcionários assistiam a um noticiário.

 Escolhemos uma mesa do lado e ao mesmo tempo a mais afastada das poucas pessoas que estavam presentes. Thalia e eu nos sentamos lado a lado; Thalia na janela e eu ao seu lado, enquanto o senhor (nós nem havíamos nos apresentado) pedia nosso café da manhã.

Eu estava com uma sensação estranha no fundo da garganta, como se algo estivesse muito errado. Eu já não gostava muito de estar em lugares públicos e me sentia desconfortável, mas dessa vez era diferente. A sensação parecia vir do próprio local e não de mim.

Olhei para o lado esperando ver Thalia me repreendendo por estar tão desconfiado, mas eu estava muito enganado: Thalia parecia ter as mesmas sensações que eu e estava alerta para qualquer coisa estranha.

Como sempre tudo desandou!

Primeiro: automaticamente, Thalia e eu olhamos para a televisão. Arrependemos-nos por isso! Uma foto de Thalia estava na tela da televisão.

A foto era antiga, mas não tão antiga quanto o suficiente. Minha garota aparentava ter entre nove e dez anos de idade e parecia estar em uma reunião de família. Thalia trajava um lindo e simples vestido azul claro de alças finas, de modo que destacava os seus olhos. Seu cabelo caia sobre os ombros em uma trança lateral. E em seus dedos repousava uma linda borboleta prateada.

A jornalista dizia com a voz clara e nesse instante toda a lanchonete ficou silenciosa:

  -“A jovem de 12 anos esta desaparecida há quase um mês e pelo o que fontes confiáveis nos sugerem, a garota foi vista na cena onde ocorreu o massacre ocorrido do hotel de cinco estrelas”. Estou aqui na casa dos pais da garota para conversar sobre o triste ocorrido. – ela se virou para um homem ruivo de uma aparência muito cruel e soube que aquele traste, o padrasto de Thalia, a maltratava por anos – como o senhor se sente sabendo que sua filha esta desaparecida?

- Eu me sinto aliviado. Ela não era minha filha, é minha enteada. Ela nunca foi uma criança muito normal.

- Mas por que razão esta aliviado de ter sua enteada nas ruas? – a repórter já estava surpresa e tentou em vão disfarçar.

- Me sinto aliviado por saber que ela ainda esta viva. – ele disse com uma cara fingida de preocupação. – Eu e minha esposa acreditamos que a garota tenha sido sequestrada pelo rapaz loiro que foi visto na foto em que ela e o jovem estão fugindo do hotel.

Era impressionante como todos estavam vidrados na televisão. Para você ter uma boa noção era possível ouvir a brisa suave do lado de fora.

A repórter desapareceu e um apresentador de meia idade apareceu em um estúdio. Ele começou a falar com tanto pesar na voz como se de fato conhecesse a minha Thalia. Segurava nas mãos duas fotos: a foto de Thalia aos nove anos e uma em que eu e ela aparecíamos desfocados correndo do hotel.

-Uma jovem, belíssima, preciso admitir. Uma jovem de cabelos castanhos, pele clara e dona de olhos muito azuis, esta desaparecida. A família, vejam bem, pelo meu ponto de vista, não se importa com menina. E detalhe que me chama atenção, preste atenção! Foi falado com os vizinhos e nenhum, NENHUM deles viu a menina Thalia. Isso mesmo, nunca nenhum deles viu a menina. Nem sabiam que ela existia! Pode isso produção?  E ainda acham que ela foi sequestrada pelo rapaz loiro que aparece nessa segunda foto! Hah, mais que absurdo! Bom, a menina e o rapaz estão sendo procurados pela policia para responder a algumas perguntas sobre o massacre ocorrido no hotel.

Nesse momento a televisão saiu do ar e todos começaram a olhar para os lados á procura da jovem desaparecida e do seu “sequestrador”. Nenhum deles aparentemente havia notado que as duas crianças estavam naquele mesmo ambiente.

Pensei que tudo estava bem novamente. Que eles não iriam nem olhar para nós. Lógico que minha sorte (e provavelmente a de Thalia também) não é tão boa assim!

Todos os olhares convergiram para nós dois.

Percebi que já não estávamos sentados. Estávamos em pé e muito tensos.

Naquele ambiente era difícil saber quem estava mais surpreso: de um lado eu e Thalia. Do outro uma família com duas crianças pequenas e o bondoso senhor que havia nos transportado com carinho.

Detalhe: fora nós dois e o senhor, aquela família representava os únicos clientes naquele local. E havia no total apenas cinco trabalhadores sem expressões faciais aparentes nos rostos... Espera... Cinco?

Segundo: Os cincos trabalhadores disseram com uma voz extremamente clara e alta ao mesmo tempo:

- Filho de Hermes, deixaremos você viver se abandonar a Filha de Zeus.

A voz soou muito gélida e áspera forçando-me a lembrar daquele sonho no qual eu me encontrava próximo de um abismo profundo e algo estranho me dizia que eu perderia minha preciosa Thalia.

Eu não deixaria Thalia de jeito nenhum!

Abracei-a forte para que pudesse afastar as duvidas que Thalia ainda tivesse.

- Não vou deixa-la. E você não vai tê-la

Thalia ficou pálida com o que viu a seguir.

 Os cinco trabalhadores, agora lado a lado, começaram a ter os seus corpos fundidos em um só.  Eles tiveram toda a pele derretida dando lugar a uma pele feita de couro. O monstro tinha no mínimo o tamanho de um rinoceronte e vários pescoços. Ao todo cinco.

Era uma hidra. Um monstro terrível e feroz e que jogaria todos os seus truques para levar Thalia até Hades.

A hidra atacou... Mas não a nós dois.

Ela se voltou para a família: pai, mãe e dois gêmeos de aproximadamente dois aninhos de idade. A fera se preparou para jogar uma espécie de liquido verde e eu soube que ele seria ainda pior do que fogo.

Literalmente como um raio, a uma velocidade impressionante, Thalia ativou seu bracelete (aegis). Um escudo com a face da Medusa era assustador! Thalia empurrou os pais para um lado, afastando-os das chamas verdes. Já as crianças, por serem pequenos, Thalia os protegeu com o escudo.

Eu juntei os três adultos em um canto afastado da Hidra que estava muito entretida em pegar Thalia e os dois menininhos.

Ta bom, foi só falar!

Duas das cabeças viraram para mim e para os três adultos encolhidos no canto. A mãe dos meninos não parava de chorar e não desistia de ver os filhos.

A hidra atacou, mas pude machucá-la no pescoço com minha espada, sem cortar, como quando você se corta com uma simples folha de papel: um corte fino que causa muita dor!

Desesperado o motorista gritou para mim:

- Corte logo os pescoços dessa coisa! – ele estava na beira do pânico.

- Você pode ver a Hidra? – perguntei impressionado, até porque não é qualquer mortal que consegue enxergar através da nevoa.

- É claro que posso ver! Não tem como não ver um bicho tão grande como esse!

- Então... Se você pode ver... Isto é uma Hidra... Eu não posso cortar os pescoços... – a cada meia frase, um golpe eu desferia no monstro pavoroso.

- Por que não se pode cortar? – dessa vez quem perguntou foi o pai dos meninos.

- Porque se eu cortar crescem mais dois no lugar! – eu gritei enquanto eu pensava em como matar aquele monstro e proteger todos aqueles que de alguma forma estavam sofrendo pelo fato de sermos, Thalia e eu, meio-sangues.

A Hidra cansou de brincar comigo e se preparou para lançar aquele liquido verde que nos queimaria até os ossos.

- Para o chão! – eu gritei o mais alto que pude.

 Ao todo, nós quatro lançamo-nos para o chão: o casal se lançou para debaixo de uma mesa, enquanto eu e o motorista não nos importamos em manter a lanchonete em ordem. Derrubamos mesas e cadeira para-nos por longe do alcance da Hidra.

Uma de suas cabeças voltou para tentar abocanhar a minha perna. Com a lateral da espada desferi golpes no focinho do bicho, que a cada golpe se irritava ainda mais.

THALIA

Aqueles menininhos eram uns anjinhos: não choravam e não estavam assustados ou com medo. Muito pelo contrario os dois riam e se divertiam com a situação. Mas isso não quer dizer que eles não soubessem que estavam em perigo.

Saquei a minha lança e sempre que uma cabeça tentava chegar mais perto levava um choque. Mas os meus raios pareciam fracos e insignificantes para aquele bicho enorme. Era como se eu apenas tivesse encostado uma agulha em sua pele, mas sem fura-la.

- Thalia, uma ajudinha, por favor! – pude ouvir Luke me chamando.

 Nesse momento um dos meninos tenta escapar de mim e correr para os braços da mãe. Eles já estavam começando a ficar assustados!

- To ocupada! – gritei de volta.

Não me pergunte como, mas Luke conseguiu tirar todos os adultos do local e leva-los para o lado de fora.

 Ele voltou para me ajudar com os dois pequenos enquanto a mãe deles chorava descontrolada do lado de fora.

Ele pegou o menininho mais tranquilo e se desviando das muitas cabeças conseguiu chegar ao lado de fora, posso até dizer que ele conseguiu com facilidade.

Assim que ele atravessou a porta a Hidra com uma das cabeças, quebrou parte do telhado fazendo com que este caísse em frente à porta, de modo que Luke não pudesse voltar até mim.

Eu estava sozinha com um menininho assustado e uma fera feroz que me queria morta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

comentem!!!hahaha



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Histórias De Thalia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.