Unidos pelo Destino 2 escrita por Camila Dornelles


Capítulo 13
Capítulo 13




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      Na manhã seguinte, ao adentrar a barraca, Gina – que assumira a vigia – se deparou com uma espécie de reunião.

- O que houve? – perguntou ela.

- Não podemos mais ficar aqui, não é seguro ficarmos parados em um só lugar, por muito tempo – disse Harry.

- E para onde vamos? – questionou a ruiva.

- Estive pensando... – disse Hermione – E acho que conheço um lugar.

- Então, vamos arrumar as coisas – Luna sorriu animada.

      Uma hora depois, com as coisas já guardadas, e com os rastros apagados, ele aparataram.

      Viram-se em uma colina deserta. Abaixo, um pequeno vilarejo trouxa e a frente, uma densa floresta. Depois de montarem a barraca, Harry, sozinho, foi procurar comida.

•••

- Mas você consegue produzir o melhor Patrono! – berrou Ron quando Harry voltou de mãos vazias.

- Não consegui – ele ofegou assustado.

- Continuamos então, sem comida.

- Cala a boca Ron! – berraram Hermione e Gina.

- Harry, porque acha que não conseguiu?

- Não sei... - ele se jogou na poltrona.

      Ron chutou o pé de uma cadeira.

- Quê? — rosnou para Hermione. — Estou morrendo de fome! Depois que quase morri de tanto sangrar, só comi uns dois cogumelos!

- Então vá e abra caminho à força entre os dementadores — retrucou Harry, mordido.

- Eu iria, mas estou com um braço na tipoia, caso você não tenha reparado!

- Muito conveniente. – disse Gina com azedume.

- Mais é claro! – exclamou Hermione se levantando e puxando Harry pelo pulso  fazendo o garoto se levantar – Me da o medalhão.

- Por quê?

      Ela tirou o medalhão de Slytherin do pescoço do garoto.

- Melhor?

- Muito melhor! – ele sorriu – Como você...?

- Você estava usando o medalhão. – disse ela – Esse negócio é agouro, é melhor deixá-lo na barraca.

- Não vou deixar a Horcrux por ai.

- Então vamos nos revesar, assim ninguém fica com ela direto. – ela o colocou em seu pescoço.

- Luna e eu vamos procurar comida. – disse Draco se levantando.

- Levem dinheiro – disse Hermione pegando sua bolsinha.

- Não sei usar dinheiro trouxa – disse Luna.

- Eu também não.

- Então, eu vou - disse Hermione pegando sua Capa – Luna, vem comigo? Draco é sua vez de vigiar.

      Duas horas depois, Hermione e Luna voltaram com sacolas cheias de coisas.

- Fiquei preocupado - disse Draco as ajudando com as sacolas pesadas – Porque demoraram tanto?

- As sacolas estavam pesadas, por isso demoramos a subir.

      Draco depositou as sacolas sobre a mesa, e Hermione começou a guardá-las em um armário da mini cozinha. Elas compraram bolachas, biscoitos, ovos, pão, leite e água.

      Depois de comerem, foi mais fácil conviver dentro de uma barraca. Sentiam-se até mais felizes, mas o mau humor logo voltava quando a comida acabava. Passaram um bom tempo na colina, pois o vilarejo era de fácil acesso, e a comida, barata.

      Hermione tirara de sua poupança no banco, todo o dinheiro de seus pais, trocara uma pequena parte por galeões e o resto deixara em dinheiro trouxa. Sabia que seria necessário.

      Semanas se passaram.

      E Ron ficava cada dia mais carrancudo.

- E agora? – era seu refrão ultimamente.

      Onde deviam ir? Albânia, o orfanato onde Tom Riddle viveu? Eles não sabiam.

- Ainda acho que ele escondeu alguma coisa em Hogwarts – disse Draco em uma tarde.

- Acho que Dumbledore teria achado se estivesse lá. – respondeu Harry.

- Nem Dumbledore conhecia tão bem Hogwarts e seus segredos. Riddle deve ter achado um lugar, como uma fresta de parede, sei lá.

- Também acho que tem algo em Hogwarts – disse Luna

- Ah, qual é! – berrou Ron se levantando – Ele escondeu na escola?

- Hogwarts era especial para ele! – retrucou Harry.

- E também é pra você! – disse o ruivo, o medalhão balançando em seu pescoço.

- Não estamos falando de mim, Ron.

- Chega, vocês dois! – disse Gina com severidade – Vamos comer o que restou da comida, procuraremos mais amanha de madrugada, e quando amanhecer, vamos embora daqui.

      Eles se sentaram frente à mesa, e comeram alguns ovos e cogumelos.

- Sabem? – perguntou Ron empurrando seu prato – Minha mãe conjura comida boa do nada!

- Não – retornou Hermione - Comida é a primeira das cinco principais exceções à Lei de Gamp sobre a Transfiguração Elemen. Traduzindo: é impossível preparar comida boa do nada! Você pode convocá-la se souber onde achar!

- Hermione cala a boca – disse Harry.

- Como você pode apoiá-lo? – ela cruzou os braços.

- Não apoio, estou escutando passos, vem vindo alguém.

- Ninguém pode nos ver e ouvir, certo? – perguntou Draco se levantando já com a varinha em punho.

- Impossível. Eu e Luna lançamos vários feitiços, acho que só Olho Tonto nos encontraria.

      Os garotos se sentaram no chão, e abriram um pedaço do zíper da barraca para ver quem era.

- Devia haver salmão aqui ou acham que ainda está muito no início da temporada? Accio salmon! – disse um homem.

      Uma fogueira foi acesa.

- Então, há quanto tempo vocês três estão fugindo? — ouviram uma nova voz melodiosa e agradável; era vagamente familiar a Harry, que imaginou um homem barrigudo de rosto jovial.

- Seis semanas... sete... não lembro — disse o homem cansado. - Topei com Grampo nos primeiros dois dias e unimos forças com Gornope logo depois. É bom ter alguma companhia. — Houve uma pausa, enquanto os talheres raspavam os pratos e canecas eram erguidas e repostas no chão. — O que o fez fugir, Ted? — continuou o homem.

- Sabia que vinham me prender — respondeu Ted, o homem de voz melodiosa, e Harry repentinamente identificou-o: era o pai de Tonks. — Tinha ouvido falar que os Comensais da Morte estavam na área a semana passada, e concluí que era melhor sumir. Recusei-me a fazer o registro para nascidos trouxas por princípio, entende, por¬tanto sabia que era uma questão de tempo, sabia que, no final, teria que partir. Minha mulher deve estar bem, ela tem sangue puro. Encontrei, então, o Dino há, o quê, alguns dias, filho?

- É — confirmou outra voz, e Harry, Gina, Rony e Hermione se entreolharam em silêncio, mas transbordando de contentamento ao reconhecerem, sem sombra de dúvida, a voz de Dino Thomas, seu colega na Grifinória.

- Nascido trouxa, hein? — perguntou o primeiro homem.

- Não tenho certeza — respondeu Dino. — Meu pai abandonou minha mãe quando eu era pequeno. Não tenho prova de que ele fosse bruxo.

- Ficaram sabendo sobre Hogwarts? – perguntou Grampo – Um garoto, Longbotton tentou roubar a espada de Gryffindor do gabinete de Snape.

- E porque ele queria roubar? – perguntou Dino.

- Não sabemos, só o que sei é que a espada é falsa! – disse o outro doente – Snape viu que Hogwarts não era um lugar seguro para a espada, então a tirou de lá. Mas em Gringotes não esta, saberíamos se estivesse.

      Eles pararam de falar e começaram a comer os peixes. Os Escolhidos se espalharam novamente pelo interior da barraca.

- Harry – chamou Hermione – Você destruiu uma horcrux com o veneno do basilisco. E Dumbledore, como ele destruiu o anel?

- Com o veneno não foi, porque ele não sabia como adentrar a Câmara Secreta. – respondeu o garoto.

- Então, como?

- Não tenho ideia – disse o moreno.

      Hermione, com um estalo em sua cabeça, se lembrou de algo. Pegou sua bolsinha de contas, e de lá de dentro tirou uma moldura negra.

- O que é isso? – perguntou Gina.

- Professor Black? – chamou a garota – Por favor apareça.

      Um homenzinho apareceu na moldura.

- Obscuro! – a morena apontou a varinha, e uma venda apareceu nos olhos do quadro.

- O que é isso? Tire isso de mim, agora mocinha!

- Professor, tenho uma pergunta. A espada de Gryffindor, - disse ela – que esta no gabinete de D... Snape. Quando foi a ultima vez que ela saiu da redoma?

- A ultima vez, foi quando o professor Dumbledore a usou para rachar um anel. Agora se me dão licença, tenho mais o que fazer. – e sumiu.

- NÃO ACREDITO! – gritou Hermione – A espada destrói Horcruxes!

- Dumbledore trocou de espadas, deixou a falsa no gabinete. – completou Luna.

- Mas e a verdadeira, onde esta? – questionou Gina.

- Não em Hogwarts – respondeu Hermione.

- Talvez em Hogsmeade? – perguntou Harry.

- Na casa dos Gritos, talvez. Ninguém vai lá – sugeriu Draco.

- Pode ser. – disse Gina – O que acha Ron? Ron?

      Ele estava deitado, na parte de cima do beliche que dividia com Gina, olhando para o teto. Onde começaram a cair gotas de chuva.

- Ah, lembraram de mim foi? – perguntou ainda encarando o teto – Podem continuar, não quero destruir o prazer de vocês.

- Qual é o problema? – perguntou Harry.

- Problema? Não tem problema nenhum – respondeu ele.

      A chuva agora caia com mais intensidade.

- Claro que tem – disse Harry – Agora, quer desembuchar?

- Muito bem, vou desembuchar. Não esperem que eu fique dando saltinhos na barraca porque tem mais uma droga que a gente precisa procurar. É só juntar mais essa à lista do que você ignora. – ele apontou para Harry ficando sentado no beliche.

- Eu ignoro? – perguntou Harry incrédulo.

- Não é que eu não esteja me divertindo pra valer – retrucou o ruivo – Sabem? Com o braço enfaixado e quase nada pra comer. Eu só esperava, que depois de semanas por ai, que agente tivesse conseguido alguma coisa.

- Ron – sibilou Hermione.

- Pensei que soubesse em que estava se metendo – disse Harry, a testa franzida em desaprovação.

- Eu também pensei – retrucou.

- Então, qual é a parte que não está correspondendo às suas expectativas? — perguntou Harry. A raiva sobreveio agora em sua defesa. — Você achou que íamos nos hospedar em hotéis cinco estrelas? Encontrar uma Horcrux por dia? Achou que voltaria para passar o Natal com mamãe e papai? Qual é Ron! Nem o Malfoy, que é um mauricinho metido esta reclamando!

- Quem é mauricinho metido, Potter? – perguntou Draco ofendido.

- Não enche – respondeu Harry.

- Pensei que você sabia o que estava fazendo!

- Ron! – exclamou Gina horrorizada.

- Bom, lamento desapontá-lo! – disse Harry – Fui franco com vocês desde o inicio! E caso não tenha reparado, achamos uma horcrux.

- E estamos tão próximos de destruí-la quanto de achar outras! Resumindo, não estamos próximos de nada!

- Tire o medalhão Ron – disse Luna se aproximando dele e estendendo a mão.

      Ele tirou o medalhão com rispidez e jogou para a loira, que se afastou assustada.

- Como acha que estou? Meus pais estão correndo perigo! Vocês não sabem como é, afinal vocês estão com os pais seguros, em casa!

- Meus pais estão mortos! – berrou Hermione.

- Os meus também. – disse Harry.

- Meu pai esta foragido – continuou Luna.

- Nem falo nada – disse Draco dando os ombros.

- Acha que eu não estou preocupada? – esganiçou-se Gina – Qual é Ron! Você não vê? São meus pais também! É a minha família também!

- Você que não vê Gina! Nossos pais podem estar indo pro mesmo caminho: o da morte!

- Nunca diga uma coisa dessas! – retrucou à ruiva.

- Deixa Gina. – disse Harry – Se ele quer ir, que vá!

- Então eu vou, Potter! – disse Ron.

      Ele pegou sua jaqueta pendurada no beliche e rumou para a porta, ao chegar, parou se virando e encarando Gina.

- Você não vem?

- O que? Não, Ron, eu não vou. É meu destino, e o seu também. Não vou deixar de cumpri-lo só porque você quer.

      Ele se virou e sumiu porta a fora.

- Não Ron! – gritou Luna e correu para fora.

      Draco, Hermione, Gina e Harry ficaram parados, estáticos. O mais afetado era Harry. Sim, ele pensara que alguém se separaria deles, mas pensara que seria o Malfoy, e não seu melhor amigo.

- Acham melhor chamar Luna? – perguntou Gina.

- Ela precisa de um tempo – disse Hermione – Quando estiver pronta, vai voltar.

      Passaram se 15 minutos e nada de Luna. Draco estava impaciente, andava de um lado para o outro.

- Quer ficar quieto? – exclamou Gina brava – Por Merlin, se acalme homem!

- Chega – disse ele – Vou procurá-la.

      E saiu barraca a fora. Estava chovendo forte, mas Draco não se importou.

- Luna! – gritou para as arvores – LUNA! Vamos Draco, pense, como achá-la?

      Sentiu uma ardência no peito e notou que era seu medalhão. Alguém estava em perigo. Andando a esmos, sendo guiado pelo medalhão, a achou deitada no chão, desacordada, suja de terra, e uma cobra do mato a sondava. Com um aceno da varinha, a cobra voou para longe. Draco pegou Luna no colo e rumou para a barraca, foi um pouco difícil encontrá-la, pois estava invisível. Depois de alguns minutos procurando, a encontrou.

- O que houve? – perguntou Hermione.

- Não sei. Ela estava desmaiada quando a encontrei. Vocês conseguem dar um banho e trocá-la de roupa?

- Claro – respondeu Gina.

      Ela e Hermione levaram Luna para o banheiro, deram-lhe um banho e trocaram suas vestes por um pijama amarelo com girafinhas desenhadas. Hermione, com a ajuda de Harry colocou Luna deitada em sua cama e Gina foi preparar um chá quente.

- Luna? – sussurrou Hermione – Luna, você esta bem?

      A loira se revirou e abriu os olhos.

- O que? Ron... Ele...

- Foi embora – completou Gina lhe entregando uma caneca com chá quente.

      Ela sorveu um gole do líquido quente e respirou fundo.

- Descanse Luna. Eu fico de vigia esta noite. – disse Gina.

- Descanse também, - disse Draco – eu fico de vigia, ele é seu irmão, foi um dia difícil e da pra ver que esta cansada.

      Gina não discutiu, pegou uma muda de roupas e rumou para o banheiro, saindo de lá com seu pijama. Draco se dirigiu para fora da barraca com seu cobertor, se sentou e se cobriu.

      O loiro viu os lampiões que iluminavam a barraca serem apagados, e o silencio reinou no local.

      Draco encarou as arvores, se movendo lentamente com o vento frio.

- Tudo bem? – perguntou Hermione aparecendo do lado de fora.

- Tudo. O que foi?

- Não consigo dormir – ela se sentou ao lado dele.

      Usava um pijama de frio, e trazia também um cobertor felpudo.

- Tem acontecido com freqüência não?

- Sim – ela sorriu fracamente – Sabe... Eu nunca imaginaria que o Ron daria pra trás.

- Eu também. Apesar de não conhecê-lo muito bem, eu achava que ele era amigo do Potter.

- É amigo dele. – retrucou Hermione – Ele só estava preocupado com os pais, e o medalhão de Slytherin o deixou azedo. Você é o único que ele não afeta, ou não parece afetar.

- Acha que aquilo não me afeta? – ele riu – É claro que afeta.

- Como? – ela deitou a cabeça sobre as pernas dele – Tipo, seu humor não muda, diferente de mim, do Harry, de todos.

- Muda sim, vocês é que não percebem. – ele acariciou os cabelos dela –Eu sempre fui azedo – ele fez uma careta - agora não sou tanto. Consigo controlar. Vocês não.

- Como você controla? – perguntou curiosa

- Não tenho ideia. Mas acho que é você.

- Eu?

- Você me controla, de algum jeito.

      Ela franziu a testa não entendendo.

- Quando sinto que estou prestes a explodir, olho pra você. E me acalmo. Não sei explicar.

      Hermione sorriu e Draco lhe deu um beijo na testa.

- Porque não vai dormir? Amanhã cedo vamos sair daqui, você é “a da aparatação”, tem que descansar.

- “A da aparatação”? – ela riu – Você adora me colocar apelidos, não é?

- Sinceramente? – ele sorriu malicioso – Adoro. Agora vamos, vá dormir.

- Já disse que não consigo! – ela fez bico.

- Tente – ele foi firme.

      Ela revirou os olhos e começou a cantarolar baixinho uma melodia que ele conhecia.

- É a minha musica? – perguntou surpreso por ela se lembrar.

- É. Eu gosto dela. Não dá mais, já não posso não consigo esconder...

- Impossível controlar minha vontade de você, - seguiu Draco – é maior que tudo, e tudo bem, acredita em mim... Quer que eu cante pra você dormir?

      Ela assentiu em silencio, e ele cantou baixinho. Minutos depois ela estava dormindo. Ele sorriu convencido ao vê-la respirando tranquilamente de olhos fechados.

- Eu sou o cara! – disse para si mesmo.


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