Um lindo dia de verão (ou sei lá em que estação é agora),um dia com sol,nenhuma nuvem no céu,eu e meu picolé de brigadeiro travando uma batalha interna,interna na minha boca,por que ele ta gelado pra caralho e meus dentes ficam doendo.

–Para de fazer essas caretas. – Fala Bernardo andando do meu lado em direção a sei lá aonde.

Explicando : Tava eu feliz saltitando pra comprar picolé,quando eu chego lá,depois de aproximadamente um minuto,chega o Bernardo do meu lado,e pergunta “quantos anos você tem? 10?”,então eu começo a bater nele,e chega a minha vez de comprar picolé,e então estávamos em silencio,até ele abrir a boca pra falar das minhas belas caretas.

–Alias,gostei da roupa. – E ele abre novamente a boca.

Bem,gostei da minha roupa também,eu coloquei uma bermuda cintura alta,que aperta até as banhas de dentro da barriga,não daquelas curtas,mas daquelas mais antigas,acho até que essa bermuda era da minha mãe,e uma blusa jeans daquelas com botão,acho que camisa que chamam,ah não sei,mas eu cortei a manga dela,e nos pés pra variar um All Star.Tirando o fato de que eu estou com um óculos estilo John Lennon (aqueles óculos redondos,que ficavam extremamente sexys nele).Ah,e meu lindo cabelo ninho de passarinho está preso em um coque,que parece mais um coco de cachorro.

–Acho que nasci na época errada. – Falo depois de um tempo.

–Ah,isso eu concordo,nunca vi pessoa mais monte em um computador ou em um celular. – Ele fala rindo,dou um tapa na nuca dele com a minha mão melecada de picolé. – E violenta. – Ele murmura.

[...]

Depois de um tempo,eu terminei de comer meu picolé e então fomos para o shopping,aonde eu fui arrastada pro banheiro pela Lua e agora ela está se entupindo de farinha na cara,enquanto eu lavo tudo que está melecado.Ou seja,estou lavando minha cara,braço,perna,cabelo e uma parte da roupa.Picolé maldito,por que te amo tanto?

–Sabia que o Kaique ta de rolo com uma guria? – Lua fala enquanto passa a farinha,digo,passa pó.

–Sério? Quem? – Falo secando meu rosto em baixo daqueles trecos de soprar ar,então minha voz sai completamente estranha e minhas bochechas ficam balançando.

–Uma ruiva magrela.Clarisse é o nome dela eu acho. – Lua fala enquanto guarda tudo as maquiagens dela na bolsa.

–Ah,ela é da escola? – Pergunto secando as mãos agora.

–Sim... – Ela fala colocando a bolsa no ombro e me esperando. – Mas você provavelmente nunca viu ela,do jeito desligada que é.

–Nem sou desligada. – Murmuro e começo a sair do banheiro.

–Sofie... – Lua me chama pra dentro do banheiro de novo e aponta pra pia,aonde se encontra meu celular. – Nem sou desligada. – Lua fala com uma voz de retardada.Me limito a ser adulta e mostrar a língua pra ela.

–Vamos achar logo esses viadinhos. – E saio andando decidida pelo shopping.Até que avisto a cambada reunida,e tem gente a mais no grupo,duas garotas,uma ruiva e UMA COM CABELO VERDE? COMO ASSIM?

–Oi gente. – Lua chega cumprimentando as estranhas ali.Me limito a um aceno com a mão.POR QUE A GURIA TEM O CABELO VERDE? E POR QUE ELA ESTÁ DO LADO DO MEU BERNARDO? Sofie sua tonta,ele não é seu. – Bem,nos vamos no cinema? – Lua pergunta.Todo mundo concorda com a cabeça.

E então vamos em direção ao cinema,eu por ultima com o Cabeça,Lua e Matt na frente de mãos dadas e dando risinhos de idiotas apaixonados,Kaique e sua ruiva sedução que tem cara de gente boa (nem sei o nome dela),Bernardo e a Verde ridícula na minha frente dando risos bestas,DO QUE ELES ESTÃO RINDO AFINAL? QUEM DEU O DIREITO DESSA VADIA TER O CABELO VERDE?

–Tem alguém com ciúmes. – Cantarola Cabeça rindo.

–Quem? – Pergunto curiosa me virando pra ele.

–Você. – Ele fala como se fosse obvio.

–Eu? – Pergunto indignada. – Por que eu teria ciúmes? E de QUEM eu teria ciúmes?

–Do Harris. – Me limito a bufar e revirar os olhos,focando na fita da fila do cinema.Que fita linda,e VERMELHA,COR QUE A CARA DAQUELA VADIA DE CABELOS VERDES VAI FICAR ASSIM QUE EU DAR UNS TAPAS NELA.

–Sofie,por que você ta encarando essa fita como se quisesse explodir ela? – Harris pergunta assim que vira pra trás e me vê encarando a fita.

–Por que talvez eu queira explodir ela. – Falo irônica,porem o ela eu realmente não me referia a fita.

–Ta bom. – Ele fala lentamente.

–Ela ta com ciúmes. – Cabeça fala rindo.O que faz ele receber um tapa na cabeça.

–De quem? – Pergunta Harris me olhando sugestivamente.

–De você é que não é. – Fala cruzando os olhos e encarando tudo,menos os olhos dele.

–E quando alguém falou que era de mim? – Ele fala me encarando de modo desafiador.

–Sei lá,mas falei antes pra você não se iludir. – Gente,desde quando eu consigo pensar em coisas assim?

–E quem disse que eu iria me iludir? – Ele pergunta se aproximando de mim.

–Eu. – Falo empinando o nariz.

–E desde quando você sabe o que eu sinto ou deixo de sentir? – Ele se aproxima mais ainda,me fazendo esquecer sobre o que falávamos por alguns segundos.

–Desde o momentos em que... – E então a Lua berra algo como “terror ou comédia? Talvez um romance”,escutando não’s para o ultimo gênero.

–Terror. – Kaique berra.E o resto concorda.E eu? Eu morro de medo,porem concordei por que ainda estou meio tonta pelo o que acabou de acontecer...

[...]

Odeio cinemas.

Isso é fato,ainda mais quando estou sentada no meio do Cabeça e do Bernardo,sim,vou chamar ele de Bernardo,por que estou bolada com ele.E outro fato é que eu odeio filme de terror.ODEIO.Os casais tão naquele “vou te abraçar por que to com medo,agora vamos esquecer que o filme acabou de começar e vamos nos pegar”,até o Bernardo com a Vadia Verde estão se pegando,e o maldito do Bernardo consegue me acertar com o cotovelo.Não sei como.

–Puta merda. – Cabeça murmura vendo uma das cenas do filme,e então eu resolvo prestar atenção no filme.E o que eu vejo? UMA GAROTA SE ENFORCANDO,inconsequentemente dou um berro que assusta o casal ao meu lado,bingo!

E as cenas seguintes do filme se baseiam em sustos e sangue.Acho que não vou dormir essa noite.

–Preciso sair daqui. – Falo pro Cabeça e saio da minha poltrona,acabo tropeçando em algo invisível e caio no meio das escadas do cinema,murmuro algo como “foi mal” e saio correndo pra fora do cinema.

Consigo chegar viva no corredor do cinema e então percebo que eu segurava a respiração.Me encaro num espelho pequeno que havia ali e percebo que estou horrível,meu coque está com várias mechas soltas,e estou com os olhos arregalados.Solto o cabelo e sento no chão.Não volto pra dentro daquela sala nem morta.Fecho os olhos por alguns segundos e então escuto passos.Abro os olhos assustada,vai que é a guria que se enforcou? Vai que ela quer possuir meu corpo? E então,depois de tanto medo,vejo Bernardo com uma cara risonha na minha frente.

–Acabou o filme? Já? Cadê os outros? – Me levanto assustada.Eu passei tanto tempo aqui no corredor? Não é possível.

–Não,mas te vi saindo e resolvi vir ver o que aconteceu,já que o Cabeça obviamente não deu nem bola. – Ele deixou a Vadia Verde sozinha?

–E a Vadia Verde? – Pergunto tirando a poeira inexistente da minha bermuda.Ele levanta uma sobrancelha e então finalmente entende a quem me refiro.

–Ficou lá. – Ele fala risonho. – Por quê? Quer ficar sozinha comigo é? – Ele pergunta enquanto se aproxima.

–Cla-claro que não. – Falo dando um passo pra trás,o que ocorre agora é que a parede está bem atrás de mim,então com esse passo que eu dei,fico colada nela.

–Eu sei que você tava com ciúmes de mim. – Ele fala quase sussurrando e se aproximando mais ainda.Bufo e viro a cara.

–Eu com ciúmes? Por que eu teria ciúmes? – Falo e volto a encarar ele,mais especificadamente falando,os olhos dele.Malditos sejam os olhos dele.

–Por que você me quer,você me deseja,você gosta de mim,você me ama. – Ele fala tão sério,como se tivesse certeza,como se sem eu nem ter falado nada disso pra ele,ele soubesse disso,soubesse apenas por que ele sente o mesmo,soubesse por que me entende.

–Eu não... – Começo a falar meio confusa.

–Por favor,não tente negar. – Ele fala com a voz baixa,praticamente num sussurro.

–Não vou. – Sussurro e quando estamos quase nos beijando...