–E por que a gente disfarçaria? – Pergunto colocando a mão na cintura e encarando o ser a minha frente.

–Bem,por que,é,por que eu sou teu meio irmão,tenho que prezar pela sua,sua,é aquela coisa lá.Tenho que zelar pela tua reputação.É,isso. – Ele fala cruzando os braços em frente ao peito e ficando com um ar superior.

–Cara,relaxa... – Bruno começa a falar e se aproxima de Bernardo que da um soco em sua cara.

–BERNARDO. – Falo me metendo no meio dos dois. – Você é louco? Por que você fez isso? Olha,saia já daqui,em casa a gente conversa. – Falo respirando fundo e me virando para o Bruno. – Tudo bem com você? – Pergunto pra ele que esta com a mão no nariz.Ele afirma com a cabeça.

–Tem certeza da sua escolha Sofie? – Bernardo pergunta.

–Tenho,assim como você teve no começo da aula. – Falo sem me virar pra ele,ouço um suspiro e passos dele se afastando.

[...]

–Me desculpa novamente pelo Bernardo,ele realmente incorporou essa coisa de irmão. – Falo para o Bruno pela,hm,sei lá que vez.

–Não dá nada,eu já to bem. – Ele ri um pouco e coloca a mão no nariz,levanto uma sobrancelha e cruzo os braços. – Ta,talvez doa um pouco,mas to bem. – Ele fala e me abraça. – Até amanhã moça. – E então ele continua a andar.

Agora vou entrar em casa e me preparar pra matar o Bernardo.

–TEM ALGUÉM EM CASA? – Entro berrando já.

–Não. – Uma voz no meu ouvido.Malditas pessoas. – Só eu. – Bernardo passa por mim e se joga no sofá enquanto liga a TV.

–Que bom,to mesmo querendo falar com você. – Falo e me sento em um daquele “puffs”, que eu não sei da onde surgiu na sala.

–Lá vem. – E então ele senta corretamente no sofá.

–Primeiramente,POR QUE DIABOS VOCÊ BEIJOU A FRANCISCA? – Estou exaltada,tenho que respirar e inspirar,inspirar e respirar,ah,fazer esse diabo ai.

–Foi ela que se jogou em cima de mim e começou a me beijar. – Idiota.

–Ah sim,e você acha que eu não vi que você retribuiu o beijo dela? – Pergunto cruzando os braços,puta vontade de levantar desse puffe e mata esse cara. – Não sou cega nem burra. – Aponto o dedo pra ele.

–Olha,quer saber? A gente vai brigar mesmo,e vai ser sempre assim,beijando ou não beijando alguém,querendo ou não querendo a gente vai brigar,então vou falar tudo. – Ele levanta. – Eu retribui mesmo a porra do beijo,não vou negar isso,e não me arrependo.Você não vai ficar conhecida como uma chifruda,até mesmo pelo fato de ninguém saber do nosso suposto romance.E eu fiquei com ciúmes pra caralho de você com o Bruno.Foi meio que um soco na minha cara e no meu estomago pra mim realmente perceber o que eu fiz no começo na aula com você.

–Mas no momento em que eu estava com o Bruno,nós não tínhamos mais nada. – Levanto também.

–A gente nem tinha conversado. – Ele fala indignado.

–E precisava falar alguma coisa? Olha Bernardo,como você mesmo falou,a gente sempre vai brigar,nunca daria certo nós dois ficar juntos. – Falo e fico de costas pra ele com lagrimas nos olhos,que merda.

–Que casal não briga? – Me viro pra ele chorando.

–QUE CASAL TRAI? Você não sabe o que é um casal de verdade,você não aguentaria a pressão de saber que só tem uma pessoa na tua vida e você não pode pegar mais ninguém. – Cataratas do Iguaçu nos meus olhos,pasmem. – Sabe,a gente pode se dar bem como amigos,não como um suposto casal.Hoje foi o dia pra você provar que nós nunca daríamos certo,e também se tem o fato de sermos meio irmãos,acho que o certo é sermos,não sei,amigos no máximo.Foi bom enquanto durou. – Durou o que? Semanas? Dias? – Aceite minha primeira oferta de paz,não prometo ser sempre assim legal,é só por que não quero realmente ficar brigada com você. – Meus sentimentos são muito fortes pra deixar isso acontecer.

–Também não quero ficar brigado com você,mas eu te entendo,sei que você agora quer me matar. – Solto uma risada pelo nariz enquanto enxugo algumas lagrimas. – Ainda tenho muito tempo para te ter. – Ele murmura.

–Que?

–Ainda tenho muita tarefa pra fazer. – Ele coça a nuca. – Bem,amigos? – Ele me estende a mão para apertar.Pego e o abraço.

–Considere isso com uns dias de paz.Um tratado de amizade.E saiba que eu ainda te odeio,te abraçar ou ser tua,digamos amiga,não vai tirar o ódio de mim. – Solto ele e corro para meu quarto.

Bem,não que eu seja sempre legal,mas é que as vezes a pessoa tem que ser madura,não adianta eu travar uma “guerra” com o Bernardo,nós vamos ter que nos ver todos os dias,somos quase da mesma família.Não é por um “romance” que não deu certo (por que o viado foi e beijou a vadia) que não vamos ser duas pessoas pacificas e amigas.

É claro que eu to triste,acabada,bolada,mas acho que quando você ta triste você tem que guardar isso pra si mesmo e usar isso como um motivo para mudança,algo para te fazer alguém melhor em vez de ficar lamentando tudo.

Me senti a foda agora,licença.

[...]

Já faz um três meses desde o começo das aulas e eu já quero morrer,segundo ano é uma bosta,quero matar todo mundo nessa bosta,inclusive a Francisca,ela e o Bernardo na primeira semana de aula trocaram tantas caricias publicas que me assustaria se o Bernardo ainda for virgem.

Bem,eu estou próxima,bem próxima,do Bruno,rola aqueles famosos “pegas” (me sinto uma vadia falando isso),e ele sempre fala frases sem nexo,algo como “gostar” ou “amar”,caralho velho,fala logo o que quer falar.

Certo,minha relação com o Bernardo é como de “quase melhores amigos”,nós conversamos bastante,rimos bastante,mas não é como se fosse o suficiente,ah não sei explicar.

Ta,no momento eu to numa praça que eu nunca vi nessa merda de cidade,eu to com o Bruno (pra variar),e ele ta meio que nervoso (?).

–O Bruno. – Então ele me olha nos olhos tão profundamente quanto o meu estomago. – Desembucha ai.

–Ta. – Ele encara o chão,coça a nuca,então me olha nos olhos. – Bem Sofie,nós sempre fomos algo como melhores amigos,sempre fomos muito próximos,ai começou a rolar algo a mais,e desde o ano passado eu estou tomando coragem pra te perguntar uma coisa.E na realidade eu criava coragem,mas sempre me impediam. – Puta merda,ele quer meu cérebro pra analise. – Quer namorar comigo?