Depois Da Guerra escrita por Sem Noção


Capítulo 1
As pessoas tem manias. Eu... gosto de ver livros


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo!!! Espero que gostem! :D



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- Acha que pode fazer isso?

Soltou uma risada abafada. Talvez ele realmente não o conhecesse.

- Claro que posso. Com quem você acha que está falando? – perguntou soltando um sorriso debochado. Jake Abel ergueu a sobrancelha. Qualquer um que conhecesse Percy Jackson sabia que ele teria um preço caro. – Só não sei se estou disposto a fazê-lo!

- O preço de sempre. – soltou a cartada. Percy lembrava-se dos outros “favores” que tinha feito ao Senhor Abel. Claramente, ele era o seu melhor empregado, o que o fazia receber ótimos salários.

- O preço de sempre! – fingiu pensar no caso e soltou um riso debochado. Era somente isso, um garoto. Para qualquer um que visse os seus olhos azuis, seus cabelos negros, seu sorriso gentil e o seu rosto encantador, para qualquer um que não o conhecesse. Só tinha 17 anos e toda uma vida pela frente, algo que qualquer um pensaria. Sempre vestido nas melhores roupas. Sempre se passando por um bom garoto. Algo que ele definitivamente ele não era. E nem fazia questão de ser. Mas como sempre dizia. “Ossos do ofício”.

- Não me parece algo justo. Eu vou ter que abaixar o meu nível de trabalho para... Vejamos, matar uma garotinha mimada de 16 anos? – riu novamente – O que ela é, por acaso? A filha do presidente? Sei lá, uma terrorista do Al Qaeda? Por favor... Você tem vários outros que podem fazer esse serviço, porque logo eu? E o que essa garota tem de tão importante pra ser morta?

- Percy Jakcson, você não passa de um empregado. Os motivos e as razões que eu tenho para essa garota não estar viva, não são do seu interesse. Se escolhi você, é porque ninguém fará o serviço tão bem feito quanto você. Se se assegura tanto que é bom o suficiente, então porque não pega a oportunidade? Dinheiro não é a única coisa com que se importa? Ou finalmente o medo de matar está vindo a sua cabeça?

Percy deixou um sorriso se fazer em seus lábios.

- Não vou perder o meu tempo com uma filhinha de papai. Escolha outro, Jake... Não farei isso! – levantou-se ainda com o sorriso no rosto. - Não vou me humilhar a ponto de matar uma garota indefesa. Faça isso você mesmo, não sei... Paga a algum maconheiro pra fazer isso. Eu fui treinado pra ser um matador, entende? Não dá pra me rebaixar dessa forma! – deu de ombros enquanto saia da sala.

Qualquer um que o visse, perceberia que ele tinha dado a posição final. Mas Jake sabia a única coisa que podia fazê-lo mudar de ideia.

- O preço que você quiser. Eu o dobro quantas vezes for necessário! – Percy aumentou o seu sorriso. Ele estava praticamente se humilhando pra ele. E ele estava adorando isso.

- É sempre bom fazer negócios com você, Jake.

Percy deixou a sala com um sorriso de orelha a orelha. Ele sempre conseguia o que queria. Sem precisar fazer esforços. A única coisa que não entendia era o motivo de precisar matar uma garota sensível. Aquilo não era trabalho pra ele, por favor. Era mais, um rebaixamento, ou sei lá o que. Era o melhor agente daquela droga e agora estava sendo mandado para matar uma garota. Não a filha do presidente, do Bill Gates, sei lá... Só uma garota.

Queria acabar logo com aquilo. Como sempre ele fizera. Um trabalho rápido. Frio e sem vestígios.

Mas algo o intrigava. O que essa garota sabia de tão importante? O que ela significava? Conferiu mais uma vez a ficha que tinha recebido. Em apenas uma olhada decorou tudo. Apenas duas linhas. Mas lhe serviria de grande ajuda

Ela terminava o terceiro ano num colégio de cidade grande, e o seu nome era Annabeth Chase.

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Abriu os olhos sem pensar duas vezes. Conferiu o horário no relógio da cabeceira. Cinco da matina. Nunca perdia o horário.

Levantou-se da cama e adiantou-se o mais rápido possível. Abriu o notebook sobre a cama enquanto escovava os dentes. Sorriu. Sua mãe odiava quando fazia aquilo.

Checou o endereço do colégio. Discou qualquer número em seu celular.

- Oi, Michael... Então, sabe aquele favor que você estava me devendo? Hm... Preciso que me arrume uma vaga num colégio.

Ia ser mais fácil do que ele pensava.

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Tentava listar uns bons motivos em matar a patricinha. Era sempre confortante ver os coitados implorando pela vida. Sentia-se ótimo só em saber que tinha esse poder. Ele era amedrontador, e adorava isso.

Subiu na sua moto e saiu do hotel o mais rápido o possível. Jake tinha lhe pagado ainda mais por uma morte lenta, dolorosa e cautelosa. Ele poderia mata-la num piscar de olhos, mas não negava que a ideia de aterrorizá-la um pouco o animava um pouco.

Enquanto esperava o sinal ficar verde se perguntava o que essa garota tinha feito para o seu chefe. Sei lá, será que tinha feito bullying com ele? Descartou a ideia após lembrar que a garota tinha menos da metade da idade do seu chefe. E sorriu com isso. Velho babaca.

Mas pelo menos ele ganhava bem. Tinha uma casa grande, outra casa grande, outra casa grande. E mais diversas outras casas grandes. Ah, claro, não podia se esquecer das piscinas e das salas de jogos. Claro, também muito grandes. E ele não fazia a menor questão de sair por todos os lugares afirmando ter coisas grandes. Mas também não se importava em mostra-las a ninguém, sabe? As suas coisas grandes...

Quando passou pela entrada do colégio sentiu os olhares sobre ele.

Tinha tentado ser o mais discreto o possível, mas não fora o suficiente, pois no momento ele se sentia tão cobiçado quanto o príncipe William.

Se olhou no espelho da sua moto. Nem tinha se arrumado tanto. Tinha o casaco de couro e a calça jeans que eram as peças que nunca podiam faltar em seu guarda-roupa, por mais que não se importasse muito com esse lance.

Seus cabelos estavam tão bagunçados como quando ele havia despertado essa manhã. E de qualquer forma, ele preferia assim.

Deixou o estacionamento do colégio e seguiu direto para a sala da direção. Assinou os papéis necessários e tentou reunir tudo o que sabia sobre aquela garota. Parecia até impossível encontra-la no meio de tantas, mas não era, e isso ele sabia muito bem.

Conferiu as suas aulas e mandou uma mensagem pra um de seus amigos de favores, mas claro, tentando ser o mais discreto possível.

Sua afeição era a mesma. Não parecia ter nenhuma expressão. Mas as garotas que passavam por ele pareciam não perceber o quanto ele estava desinteressado nelas. Deveria ser os óculos, pensou. Deduções erradas. Percebeu isso quando todos começaram a encará-lo. Seus olhos, quando bem usados, poderiam ser mais penetrantes do que uma faca afiada, por isso cobriu-os novamente, para a sua vítima.

A mensagem ainda não tinha obtido resposta, e ele já estava ficando agoniado naquele corredor cheio de gente fútil. Queria sair dali o mais rápido o possível. Ficava imaginando como deveria ser a tal garota.

Annabeth Chase, Annabeth Chase, Annabeth Chase...

Nada lhe vinha à cabeça e ele já estava ficando nervoso sem saber o que fazer. Então ouviu um barulho irritante, e todos começaram a correr pra direções diferentes.

Ele se viu numa guerra mundial e se refugiou na primeira porta que viu a sua frente.

Percebeu estar numa biblioteca. Finalmente tinha achado um lugar que lhe agradasse naquele lugar irritante. Aproveitou o silêncio enquanto caminhava pelos corredores de estantes cheias de livros e sorriu. Tinha encontrado outro ponto interessante em matar a garota. Poderia passar um tempo ali.

Ah, sim, a maldita garota, tinha se esquecido dela. Deveria estar enforcando-a ou convidando-a para morrer, ou apenas observando os seus passos. Bufou ao lembrar-se disso.

Deu meia volta e foi em direção à porta, mas quando seus dedos tocaram a maçaneta, uma ideia idiota passou pela sua cabeça. E ele sabia que as ideias idiotas eram sempre as melhores.

Desistiu de abandonar o local. Não faria mal ficar um pouco por ali certo? Afinal, a garota poderia estar em qualquer uma dos milhares salas lá fora e ele não ia sair de uma em uma e, não sei... “Com licença? Por acaso uma tal de Annabeth Chase estuda aqui? É que eu tenho que matar ela por uma boa quantia em dinheiro, né?” Não... Não mesmo. Ele era quem estava fazendo o trabalho, era profissional e sabia como agir. Sempre sabia como agir.

Então decidiu novamente se aventurar pelas estantes que continham milhares de histórias. Sempre adorara aquilo, por mais que na maioria das vezes não entendia nenhuma das porcarias escritas ali. Por causa de algum problema que ele tinha. Não se lembrava muito bem o nome. Eram tantos problemas que ele tinha. Viu um livro na prateleira que chamou sua atenção. Cuidando de crianças problemáticas. Lembrava-se de ter visto um daqueles no quarto da mãe um dia... Bem, fazia muito tempo.

Procurava alguma coisa que lhe interessasse. Adentrou o corredor principal e levantou os olhos procurando alguma categoria legal. Seus olhos pararam em aventura. Seguiu até à sessão um tanto apressado. O tédio estava matando-o.

Quando chegou sentiu um alívio percorrer o seu corpo.

Ele não lia, na verdade não perdia tempo fazendo isso, pois sabia que nunca conseguiria. Tinha tentado uma vez, mas desistiu no segundo dia quando chegara à metade da primeira página. Mas gostava de pegar os livros, de ver as capas, as fotos dos escritores.

Seus olhos foram direto para a parte alta. Lembra-se? Coisas grandes... Ele gostava de coisas grandes. E aquela estante lhe parecia bastante grande.

Cautelosamente aumentou os seus passos e talvez não tenha percebido algo ali no chão. Realmente não.

Caiu de cara no chão e se levantou rapidamente assim que ouviu uma voz feminina muito próxima dele.

- Você... Você... Tropeçou em mim! – dizia. Virou seus olhos e em um instante ele pensou estar olhando para nuvens em um dia chuvoso.

- Ah, me desculpe! – disse um pouco desajeitado analisando a garota.

- Tudo bem. – ela disse sorrindo, e ele se pegou admirando seu sorriso. – Eu também não deveria estar sentada aqui no chão – Desculpe!

Percy soltou um sorriso abafado quando a viu colocar o cabelo detrás da orelha. Cabelos loiros, ela tinha cabelos loiros. Anotou uma nota mental.

- Você é o garoto novo, não é? – perguntou fechando o livro em suas mãos.

- Sou – respondeu sorrindo. – Como... Como sabia que...

- Eu conheço todas as caras desses colégios. Até dos ex-alunos, sabe? De tanto ficar olhando os anuários e... Bom, você não quer saber! – disse sorrindo também – e além do mais, é impossível fazer algo despercebido aqui no colégio. A menos que seja aqui na biblioteca. Porque ninguém faz questão dela, além de mim. E... Parece que você é o assunto novo de todos aqui.

Absorveu um fato interessante, a biblioteca. Já tinha um lugar pra matar a garota, agora só faltava ela.

- Não deveria. Não vou ficar muito tempo aqui... Digamos... Que eu viaje bastante.

- Sei... – ela parecia analisa-lo. Não sabia se era algo bom ou algo ruim, mas se sentiu bem quando percebeu aqueles olhos cinza sobre ele.

- E você... Não deveria estar na aula? – perguntou desejando saber mais sobre a garota que ergueu uma sobrancelha. Talvez ele estivesse fazendo perguntas demais

- Digamos que você não está em questões de me perguntar isso. Também não deveria estar aqui.

- Foi mal! – tentou se desculpar – Não quis ser...

- Tudo bem! – ela soltou uma risada tão gostosa que ele teve vontade de beijá-la ali mesmo. O que seria algo estúpido – Estava só brincando com você! Eu... Digamos que prefiro não frequentar aulas de português – disse pondo o livro de volta na prateleira – Você?

- Estou perdido! – Percy respondeu sem pensar muito. Não era mentira, ele realmente estava.

- Aqui na livraria? – a garota fazia perguntas demais. E ele não se impedia de sorrir a cada uma que lhe era feita. De alguma forma, lhe agradava.

- As pessoas tem manias esquisitas. Eu... Gosto de ver livros! – riu debochadamente e ela o acompanhou.

Ficaram se olhando por incontáveis segundos até que algo os tirou daquele transe.

- Senhores, o que estão fazendo aqui em horário de aula?

Por um momento pensou que tinha estragado tudo. Nenhuma das desculpas que ele dera tinha enganado a professora, mas ele continuava procurando-os, apenas para ver se repetir o sorriso no rosto da menina de olhos cinza.

- Bom, vocês estão liberados agora. Senhor Percy Jackson, espero não encontra-lo aqui novamente! - a inspetora disse abrindo um sorriso. Ela não sabia o quanto ele a tinha odiado.

Havia passado o resto do horário dentro de uma sala com aquela monstra. Sem abrir a boca pra falar nenhuma palavra. Ao menos estava bem acompanhado.

Mas a palavra "liberados" o deixou muito feliz, não entendia o porquê. Talvez estar com a garota do lado de fora lhe trouxesse algum tipo de alívio. Talvez...

Foi só quando percebeu que ela já não estava mais com ele que se lembrou de não ter perguntado seu nome. Tentou correr, mas a inspetora o impediu.

- Primeiro escreva o seu nome aqui. A sua amiguinha não deve ir tão longe. – disse segurando o seu braço. Naquele momento ele teve vontade de jogá-la contra a parede. Mas controlou-se... O disfarce.

Pegou a caneta e escreveu seu nome apressadamente. E pela primeira vez ele não precisou de muito tempo para entender uma palavra... Ou melhor, duas...

Leu umas três vezes o nome escrito em cima do seu pra ter certeza e se sentiu um idiota...

Annabeth Chase.


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Notas finais do capítulo

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