POV VITOR

Eu estava triste, mas feliz ao mesmo tempo. Triste, pois iria ser pai. E feliz por estar ao lado dela, Julia. Será que ela não percebe que eu estou me controlando para não beijar essa boca maravilhosa...

Estávamos jogando quando ela ganhou de mim e gritou. Eu ri da situação. Ela zombou de mim por ter perdido. Eu apenas sorria.

Olhei para o relógio e já era tarde. Estava na hora de eu ir embora. Mas eu não queria ir. Concerteza Giovanna já teria ligado para minha mãe e ter soltado a "bomba", e eu não queria que me irritassem hoje, hoje não. Eu sabia que ficar com Julia seria a melhor coisa a se fazer agora, mas como ficar ao lado de alguém que você gosta sem poder tê-la só para ti?

Despertei-me de meus pensamentos e disse:

– Julia, acho melhor eu ir pra casa.

– Está maluco? - disse ela - Você vai dormir aqui, amanhã não tem aula então podemos curtir a noite - sorriu.

Eu apenas assenti. Ela foi até a cozinha para pedir para Rosa preparar algo para nós. Eu não sou de ficar xeretando as coisas de Julia, mas algo me chamou a atenção. Havia uma gaveta de sua escrivaninha aberta. Abri e lá tinha um álbum de fotos. Na capa estava escrito uma frase assustadora com palavrões e letras grandes. Estava assim:

"NÃO ABRA SE QUISER VIVER. ISSO É MEU E VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE MEXER NAS MINHAS COISAS. AGORA GUARDE ISTO ONDE ACHOU!"

Juro que aquilo me assustou. Mesmo assim não me deixei vencer por meras palavras. Passei para a próxima página. Lá estava mais uma frase que Julia escrevera. Ela dizia:

"INSISTENTE VOCÊ, NÃO É? BOM, VOCÊ TEM MUITA CORAGEM. SE FOR VOCÊ, VITOR, EU TE MATO DEPOIS, O.K.? VAI EM FRENTE, DEPOIS EU TE MATO."

Eu ri com aquilo. Julia era uma bobona, mas era minha bobona. Ou eu quisesse que fosse. Continuei a ver o álbum. Nele, havia fotos nossas de quando eramos pequenos. Algumas legendas me emocionaram um pouco e outras me fizeram rir. Fotos dos melhores momentos de nossas vidas. Brincadeiras, sorrisos, tristezas, quedas e etc. Foi maravilhosos ver aquilo. São nessas horas que a gente percebe quem são nossos amigos de verdade. Eu a amo, mas não sei ainda se quero ser para sempre seu amigo.

Ouvi passos na escada e guardei o álbum com rapidez, cuidado e habilidade. Me senti um espião secreto. Eu sei, sou retardado e ri comigo mesmo. Voltei para o chão e peguei o controle do X-BOX360. Fingi que nada havia acontecido. Quando ela chegou ao quarto ela disse:

– Sentiu minha falta? – e sorriu.

– Nem um pouco– menti.

É claro que eu queria responder algo do tipo: "Você não faz ideia do quanto", ou "Sim, muita saudade", mas apenas disse que não. Você deve estar me achando um idiota não é mesmo? Me desculpe por não aproveitar de algumas situações.