Capítulo 2

No castelo de Redmont, o entre e sai de curandeiros estava deixando Pauline nos nervos. Ela estava revoltada, pois ela e Halt tinham adiado o casamento por tantos anos, e agora quando eles finalmente poderiam disfrutar desse amor de uma vida inteira, aquela maldita flecha está estragando tudo. Ela estava com medo por ela e por Halt. Ele não pode morrer, pensou Pauline enquanto trocava o curativo da mão esquerda de Halt, que por sua vez dormia profundamente.

–Ele não pode me deixar - disse ela em voz alta para si mesma.

–Eu não vou fazer isso.

Pauline olhou assustada para Halt e viu seus olhos entreabertos.

–Você acordou! - e largando a mão dele, foi acariciar seu rosto.

O arqueiro conseguiu dar um sorriso cansado. Ele estava pálido, um pouco magro e parecia exausto.

–Como você está se sentindo? Está tudo bem?

Halt olhou para ela tristemente. -Estou me sentindo um estorvo - disse ele desviando os olhos do olhar dela.

–Como assim, um estorvo? - Pauline sabia qual seria a resposta, mas já havia feito a pergunta.

–Não consigo mexer quase todo o braço esquerdo. . . - parou para ganhar fôlego e continuou. -Você é a chefe do serviço diplomático aqui, e não sei quantos dias não aparece para ver se está tudo certo por lá. Os outros curandeiros não saem do meu encalço. . . - parou mais uma vez. -Nem comer direito eu estou conseguindo. . .

–Pelos dentes de Gorlog! - disse Pauline, se lembrando de quanto Halt tinha usado essa expressão durante os últimos anos.

–É pela barba - Halt disse suavemente.

–Ele tem os dois, pelo que eu ouvi. - e sorriu para ele. -Você não é um estorvo! E se fosse preciso, eu já teria ido. Você mais dorme do que outra coisa. E além disso, Alyss está cuidando de tudo.

–Alyss? - perguntou Halt com um certo interesse. _O que Alyss está fazendo aqui? Will veio com ela? Onde está ele? - Pauline viu um relâmpago de brilho nos olhos escuros de Halt.

–Halt. . . Will não veio. Ele está na reunião dos arqueiros, e Alyss está em uma missão longe daqui. - O súbito brilho nos olhos de Halt desapareceram tão rápido como surgiram. _Eu. . . tinha me esquecido. . .

–Mais eu tenho uma boa notícia para você - disse Pauline tentando levantar o ânimo do marido. -Will será pai daqui auguns meses. - o brilho voltou outra vez.

_Pai? Will será pai? Como assim?

–É tão fácil de entender, querido. Alyss está grávida! Isso supõe que Will será pai.

Halt libertou outro sorriso, mas desta vez foi um sorriso forte e largo, resmungou alguma coisa e fechou os olhos. Pauline teve de encostar o ouvido perto dos lábios dele para escutar. -O que disse Halt?

-Queria tanto ver Will. . . - e caiu no sono outra vez.

–Dormiu outra vez... Disse Pauline, ela não gostava de quando Halt dormia. A cada vez que fazia isso, ele demorava mais para acordar. E em algumas vezes, confundia ela com Crowley, com Will, com a princesa Cassandra e até mesmo com o rei Duncan. Quando isso acontecia, a febre estaria queimando, e ele queria fugir de batalhas que já havia estado. Inclusive de quando "pegou os cavalos emprestados dos Temujais e não tinha devolvido até hoje".

–A cada dia que passa, ele está pior - disse Pauline para si mesma. -O que eu faço?

Neste momento, ouviu uma suave batida na porta, e disse: -Entre, por favor.

A esposa do barão Arald, lady Sandra entrou. Ela estava bela como sempre. Seus cabelos caíam soltos em seus ombros, e estava usando um vestido azul claro, que caía muito bem em seu corpo.

–Como ele está? - perguntou a lady Pauline que ainda segurava a mão de Halt.

–Acho que está bem. Pelo menos não está gemendo de dores enquanto dorme. E com você está tudo bem?

–Está. Tudo que tinha que fazer já está feito. Passei aqui para ver Halt e saber como você está. - Pauline apontou a outra cadeira que estava na outra beirada da cama e Lady Sandra se sentou.

–Se tivesse chegado a um minuto atrás teria pego ele acordado. disse Pauline tristemente.

–Ele estava bem? Quero dizer. . . lúcido?

–Estava. Eu disse a ele que Alyss estava em uma missão diplomática, e como sempre, chamou por Will.

–Faz mais de 7 meses que os dois não se encontram. Will deve está morrendo de saudades.

–A cada dia que passa Halt está mais fraco. Ele tem medo de... - Pauline não conseguia falar...   - de ir embora sem vê-lo novamente.

–Mas é claro que ele não vai ir embora! Ele é Halt! Ele. . . Ele vai ficar bem! – Lady Sandra não sabia para quem estava dizendo essas palavras, se era para Pauline ou a si mesma.

–Tomara que você esteja certa.