Eu não sei de onde eu peguei o costume de escrever diários, mas me deu uma vontade de escrever o que aconteceu comigo hoje. Era como se fosse alguma ligação, algum ritual que eu tivesse na minha vida passada. Ri com isso.
Como alguém assim tão poderosa como eu, vivendo num castelo tão poderoso como o que eu vivo, com um marido tão bonito e amado que eu tenho. E ainda por cima, como eu conseguiria pensar em uma vida passada sendo que essa é muito mais importante. Não é todo mundo que se torna uma Volturi, não é verdade?
Se me perguntarem como as coisas aconteceram, eu não lembro. Mas o Vincent me contou que eu estava desacorda na floresta, depois de um acidente.
Eu me sentia super irritada por não lembrar de nada do que aconteceu naquele dia. Tem quase 1 mês que eu sinto como se minha vida tivesse recomeçado
- Oi amor, ta escrevendo? – Vincent chegou por trás e me deu um beijo na bochecha.
- É amor. Me deu uma vontade de escrever. Como se isso fosse algum tipo de rotina. – ri com o comentário.
- Que papo engraçado. – ele riu mas sem humor, virou as costas e saiu do quarto.
Nossa, não faço idéia do que aconteceu. Por que ele ficou assim tão estressado comigo? Alguma coisa tem ali.
Enfim, estávamos sozinhos em casa, mas era como se isso fosse novidade pra mim Meus olhos enchiam de lágrimas ao me lembrar da solidão, eu sentia necessidade de muito mais pessoas ao meu redor, não que fosse um sonho, mas como se fosse algo que sempre fez parte da minha vida e me privaram disso. Estranho, eu não consigo lembrar de algum momento que eu tivesse assim tão cheia de gente. É como se minha vida tivesse sido criada sem eles. Mas eu sentia que eu não estava completa, que havia uma parte de mim em algum lugar do mundo, supus que poderia ser saudade da minha família, ou da família do Vincent, mas era só um sentimento. Eu não conseguir enxergá-los na minha imaginação.
Levantei intrigada com isso, e fui perguntar ao Vincent. Possa ser que no dia do acidente eu perdi uma parte da minha memória. Afinal, eu me frustrava em ser uma meia-vampira. Que aliás, é mais um ponto intrigante já que ninguém na minha família é meia-vampira.
- Vin? Eu não consigo lembrar da fisionomia da nossa família. – sentei frustrada no sofá ao seu lado, enquanto ele zapeava os canais da TV.
- Como não consegue, Summer? Eles são normais. Comuns. Como todos os outros, não tem nenhuma diferença. – ele respondeu seco.
- Nossa, como você é capaz de falar da nossa família assim? – perguntei ofendida. – Eu não acredito que eu ouvi isso.
Levantei do sofá irritava e super ofendida com o que ele tinha falado. Vincent logo percebeu a merda que fez e me segurou pelo braço.
- Desculpa, eu não quis falar isso. É só que falar da nossa família é um assunto delicado. Eu sinto falta deles, mas tínhamos que ficar aqui.
- Não fica assim, Vin. – ao abracei. – Eles vão voltar. – afaguei as suas costas.
- Assim espero, Summer. Assim espero. – ele sussurrou no meu ouvido.
- Vincent. Eu nem ao menos consigo lembrar quem eles são, quantos são. Eu não consigo me lembrar da fisionomia dos seus pais, muito menos dos meus pais. Isso não é normal.
- Calma, Summer. Você esqueceu muita coisa do acidente. Mas pelo menos a mim você não esqueceu não é mesmo? – ele sorriu e encostou seus lábios gélidos nos meus.
- Pois é. – respondi quase que instantaneamente.
Ele me pegou pela cintura e me carregou pro quarto ao meio de beijos e carícias. Abriu a porta e me deitou na cama, começou a se despir e ficou me fitando como se eu fosse alguma presa. Como se aquela fosse a primeira vez que ele tinha me visto naquela situação.
Que por sinal, era mesmo. Eu não me lembrava de já ter transado com o Vincent alguma vez na vida, tudo bem que teve o acidente, mas e depois do acidente quando eu já tinha me estabilizado novamente, eu não me lembro dele me tocando alguma vez.
Fiquei absorta em pensamentos quando fui tirada dele quando o Vincent se deitou em cima de mim enlaçando minhas pernas na sua cintura.
- Não, Vincent. – respondi por instinto. Alguma parte de mim sabia que isso era errado.
- Relaxa, Summer. Não é a primeira vez que fazemos isso. – ele começou a tirar minha blusa e abrir o zíper da minha calça.
- Eu não lembro se isso já aconteceu alguma vez. – falei sinceramente pra ele.
- Lógico que aconteceu. Estamos casados lembra? – ele pegou a minha mão e mostrou a aliança que usávamos na mão esquerda. – É normal.
Assenti. Era realmente normal que um casal trocassem carinhos, mas era estranho pra mim. Eu estava tendo repulsa àquilo.
Não deu pra pensar muito. Eu apenas senti uma pressão, e ele começou a me penetrar.
Eu fechei os olhos tentando achar o porquê que eu estava sentindo essa sensação de repulsa, de culpa. Era comum, estávamos casados. Não era a primeira vez que fazíamos isso, segundo o que o Vincent disse.
Senti meus olhos enchendo-se de lágrimas, e que me traíram e começaram a cair veementes. O Vincent nem ao menos percebeu o que estava acontecendo. Ele atingiu seu clímax e saiu de dentro de mim, me deu um beijo e saiu da cama.
Ele foi pro banheiro, por convenção, tomou um banho e trocou de roupa. Eu me cobri com o lençol e fiquei ali, derramando as minhas lágrimas, e me sentindo suja. Eu estava com nojo do que eu tinha feito, com repulsa do meu corpo por ter prosseguido nisso.
Eu não me lembro de ter me sentido dessa forma alguma vez na vida. Mas foi a pior sensação do mundo. Era como se alguma coisa estivesse fora do lugar. Como se isso não devesse acontecer, como se tivesse errado.
E eu estava me sentindo um lixo pelo fato de não conseguir amá-lo do jeito que ele me ama. Era como se meu coração já tivesse dono, e que não fosse ele. Chorei por muito tempo e acabei decidindo dormir.
