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Beckett já esperava o Senador impaciente atras do palco quando, enfim, o viu descer as escadas e se aproximar. O mundo pareceu silenciar naquele momento e cada qual se permitiu manter em mente seu pior pensamento.

–Recado do prefeito, huh? -perguntou o Senador dispensando o policial que o seguia. -O que devo a honra de sua presença detetive?
–Vim acertar algumas pontas soltas. -respondeu Beckett com seu melhor sorriso.
–Pontas soltas? -repetiu ele ironico -A unica ponta solta aqui é voce detetive.
Kate riu sarcastica e empunhou a arma fazendo o sorriso no rosto dele desaparecer instantaneamente. Seu coração batia acelerado mas, apesar disso, suas mãos estavam firmes como nunca. -Eu poderia mandar sua alma para o inferno agora, mas antes quero que diga porque matou minha mãe e todos os outros.
–Matar? -zombou ele. - Voce deve estar enganada detetive.
–Enganada? -repetiu ela, a raiva evidente. -Eu não me enganaria. Ou voce não é o desgraçado que matou minha mãe?
–Repito detetive, não matei ninguem. -disse o Senador cauteloso.
–Eu passei anos da minha vida com medo, me escondendo de um fantasma. E agora que ele tem um rosto preciso acertar as contas.
–Voce vai atirar em mim? -perguntou ele apontando para a arma. -Tem milhares de pessoas do outro lado do palco, tem policiais espalhados por ai e voce não vai querer sujar o nome da NYPD cometendo um atentado ao senador, vai?
–Cale a boca!
–Vamos detetive, atire. -pediu ele. -Apenas puxe o gatilho.
Ela se aproximou com a arma ainda em punho e a encostou no peito dele. -Facil demais senador. Quero que voce desista da campanha e suma. Porque se eu ouvir falar de voce, seja daqui a 50 anos, eu juro que atravesso uma bala pelo seu cranio.
–Voce quer dinheiro, é isso? O quanto voce quer?
–Dinheiro não vai trazer ninguem de volta. -gritou Kate o fitando. Podia ver o medo se instalando devagar em cada celula do corpo dele. -Quero que voce suma! Ou eu vou mostrar á todos os seus eleitores os documentos que comprovam seu envolvimento com os assassinatos.
Silencio. Bingo, pensou ela. -Estou te dando a chance de correr como o covarde que voce sempre foi.
–Voce não passa de um estupido rato assustado. Um rato e nada mais!            -Vá para o infer...
–KATE!

Segundos depois um tiro foi ouvido. Pessoas gritavam e corriam tentando se esconder de um possivel atentado. Policiais empunharam suas armas e orientavam a multidão apavorada enquanto procuravam o senador. Castle chegou a tempo de ver um policial se aproximar pelas costas de Kate e lhe dar uma coronhada enquanto ela conversava com o senador. Seu corpo caiu inerte no chão e sua arma deslizou graciosa pelo asfalto. Castle correu ao encontro dela mas foi barrado pelo Senador que veio em sua direção.

–Me solte seu desgraçado! -gritou ele começando uma briga e lhe acertando um soco em cheio.

O policial pegou sua arma e atirou em direção ao belo corpo jogado ao chão apavorando a multidão e dando tempo para que eles fugissem em um carro estacionado ali perto. Castle correu ate lá, se ajoelhou e segurou Kate em seu colo. Viu o senador e o policial fugirem como duas sombras na escuridão, mas nada importava mais do que a mulher em seus braços.

–Não Kate, de novo não. Por favor, fica comigo. -pediu ele desesperado enquanto procurava por sangue.
–Beckett? -gritou Esposito descendo as escadas logo atras de Ryan. -O que aconteceu? Aquele desgraçado atirou nela?
–Foi tudo muito rápido. -respondeu Castle apavorado. -Mas ela esta sangrando.
–Onde eles estão? -perguntou Ryan olhando ao redor.
–Fugiram num carro preto. -respondeu Castle verificando o pulso dela. -Vamos para o hospital, não quero perder nem mais um segundo aqui.

Carregando Kate nos braços, Castle e os outros dois rapazes atravessaram a multidão e entraram no carro da policia em direção ao hospital mais proximo. Logo que chegaram lá, colocaram-a na maca e tiveram que se afastar enquanto os medicos testavam os sinais vitais. No lençol branco da maca uma mancha de sangue se formou onde a cabeça de Beckett estava encostada. Rapidamente a levaram por uma sala e apos meia hora, que pareceu uma eternidade, o medico apareceu para dar informações.

Castle se levantou as pressas. -E como ela está doutor?
–Algum de voces é parente dela? -perguntou o médico, ignorando a pergunta de Castle. Os rapazes se entreolharam –Sou namorado dela. -respondeu Castle de súbito.
–Tecnicamente, namorado não é parente. -disse o médico calmamente.
–Os parentes dela moram em Washington e ela não tem mais ninguem aqui alem de mim. -mentiu Castle. -O Senhor nao quer incomodar o pobre pai dela com a noticia que sua filha esta no hospital, certo?
–Olha Senhor Castle, não é o certo, mas como o caso dela não é grave não vejo problemas. Ela só bateu a cabeça e teve um corte. Foi medicada e ficará de observação ate o inicio da noite. Se ela continuar estavel certamente tera alta ainda hoje.
–Ooh. -suspirou Esposito aliviado, se deixando cair na cadeira.
–Obrigado doutor. -agradeceu Castle apertando a mão do médico. -Muito obrigado!
–Graças a Deus ela esta bem. -disse Ryan, elevando as mãos ao céu. -Mas e agora?
–Um passo de cada vez bro! -respondeu Esposito. -Primeiro vamos voltar para a delegacia e acoberta-la. Vamos dizer a Gates que Beckett pegou uma gripe forte e está de licença médica.
–E depois vamos mante-la o mais longe possivel do Senador. -completou Castle. -Quando as coisas melhorarem acertamos as coisas com ele.
–Certo. -concordaram em unissono
–Vou ficar aqui ate ela sair. -informou Castle. -Obrigado rapazes, voces podem ir.
–Mais tarde ligamos para saber como ela está. -disse Espo.
–Qualquer coisa nos ligue. -pediu Ryan.

Castle assistiu os rapazes sairem e se permitiu respirar aliviado. Ver sua musa caida no chão novamente foi como se um um abismo se abrisse sob seus pés. Ele se acomodou numa cadeira ao lado de uma senhora que lia concentrada Heat Wave e, em questão de segundos, ela o abraçava e ele assinava sorridente mais aquele exemplar, agradecendo numa prece silenciosa a pessima mira daquele policial.