Eu me sinto como a areia de uma ampulheta, que vai se esvaindo aos poucos.

Sabrina Niehues

POV. Amy

Acordei mais desposta do que no dia anterior, a que parecia a gripe havia apenas começado e eu havia conseguido me livrar dela com um pouco de repouso, me sentia tão bem que até cantarolei no chuveiro, enquanto me secava tive a sensação de que dia não seria tão promissor quanto eu imaginava.

Angel sempre reclamava sobre minha falta de noção de moda, mesmo sendo adepta de um estilo muito próprio ela adorava moda, e eu me sentia deslocada quando ela e Math estavam discutindo sobre alguma coleção de inverno... Math, eu suspirei, o que havia acontecido com o meu melhor amigo?

Fui até meu closet e comecei a procurar algo que fosse confortável, optei por um jeans “boyfriend” daqueles que são bem largas, uma camiseta branca e meu moletom roxo, calcei meu Vans preto, olhei-me no espelho, meu cabelo estava meio rebelde, mas eu gostei assim, estava contrastando com meus olhos, eu sorri para minha aparência, as meninas de New Ville por mais interioranas que fosse estavam sempre antenada vestindo roupas caras e bonitas, eu me sentia feliz por poder ser um pouco diferente delas.

Arrumei meu material, eu desci e me surpreendi ao ver minha mãe e Ethan tomando café da manhã, parecia uma cena completada de uma família de uma família perfeita, pintada especialmente para mim.

Mas quando sorri para Ethan seu olhar era um pouco triste e eu vi que minha mãe observava-me com o mesmo semblante.

–Aconteceu alguma coisa? –perguntei me sentando na cadeira vazia ao lado de Ethan.

–Bem querida, eu vi no noticiário hoje cedo sobre um terremoto que devastou o Haiti e meu amigo Phill me ligou logo após o acontecido... Tenho que partir hoje, pego o voo assim que chegar a Vancouver. –Ele falou baixinho.

–Tio, mas o senhor nem ficou aqui conosco tempo o suficiente... –Eu disse senti meus olhos se enchendo de lagrimas como os de uma criança, me senti uma garotinha que estava sendo abandonada.

–Hey querida, eu volto logo, não precisa ficar assim, prometo não fazer como da ultima vez, volto assim que tudo estiver resolvido. – Ethan me puxou para um abraço apertado.

–Mas tio e se isso nunca se resolver? –eu perguntei enquanto o abraçava, minha mãe olhava a cena igualmente abalada.

–Mas queria vai se resolver, tudo bem que eles estão bem em cima de uma fissura na placa tectônica... –Ethan riu tristemente, mas eu o interrompi.

– Tio não é isso que eu quero dizer, e se sempre for assim? Se o senhor sempre for embora? E se me deixar como meu pai? –eu perguntei soluçando. Minha mãe se virou para esconder que também estava chorando, ela virou-se para pia e fingiu estar limpando-a.

–Escute aqui minha querida! EU NUNCA VOU DEIXA-LA! –Ethan disse fortemente segurando o meu rosto em suas mãos protetoras e paternas. –E sem falar que não vivo sem seu tempero! –ele brincou e eu gargalhei sob as lagrimas. Ele olhou no relógio.

–Como que já está quase na hora de você ir para o colégio! –Ethan disse soltando-me e virando seu rosto para a xicara de café, tentando disfarças seus olhos marejados.

Minha mãe virou-se sorrindo fortemente para mim. Eu limpei minhas lagrimas e sorri para ela também, como se dissesse “Vai ficar tudo bem, temos uma a outra”.

Comemos em silencio aproveitando a companhia um do outro. Até que Ethan se levantou e minha mãe fez o mesmo.

–Bem está na hora de eu ir... – Ethan começou timidamente temendo mais choro, eu sorri e me atirei nos braços dele.

–Você vai voltar, eu sei disso... Pai. –Eu sussurrei para ele, que deu um sorriso tão grande que parecia que eu havia acabado de nomeá-lo como ganhador da loteria.

–Sim, eu vou vir o mais rápido possível, venha Susan, posso dar-lhe uma carona até o hospital! –Ele sugeriu.

–Desculpe Ethan, mas meu plantão começa apenas daqui a uma hora... –ela começou a falar, mas Ethan interrompeu a abraçando fortemente.

–Eu prometo que vou voltar Susie. –Ethan brincou com o apelido que minha mãe havia ganhando no colegial.

–Okay seu chato, pode ir, mas não me chame de Susie... E constrangedor. –Minha mãe brincou, Ethan havia levado toda preocupação do abandono.

Saímos Ethan e eu pela porta, cada um em direção ao seu carro, eu não olhei quando ele deu partida no automóvel e saiu a minha frente, afastei todos os pensamentos da minha mente, apenas me concentrando no dia que estava para começar.

Estacionei numa vaga diferente, agora os Cullen estavam lá, sorri ao ver ao ver Seth e Angel num beijo extremamente carinhoso, mas antes que pudesse perceber havia uma baixinha quicando na minha frente.

–Hey Amy! –Ela sorriu largamente e dei um beijo na minha bochecha.

–Oi Alice, como vai? –eu sorri igualmente entusiasmada com sua companhia.

–Oi Amy! –Nessie e Jacob e me cumprimentaram do mesmo modo alegre.

–Oi Nessie, oi Jake! –eu sorri para o casal.

–Olá pessoal. –eu saudei a todos.

–Oi Amy! –todos falaram em coro e caíram na gargalhada ao perceber.

–Bom dia Amy! –Edward me cumprimentou educadamente.

–Bom dia Edward!- Eu saudei olhando diretamente em seus olhos, que pareciam mais escuros do que... Ontem! Seus olhos haviam escurecido.

–Você usa lentes de contato? –perguntei sem pensar, e memorias de uma sala de aula e essa mesma pergunta me vieram à mente, mas eu balancei a cabeça levemente expulsando-as.

–Não seja absurda Amy! –Edward disse ainda educado, mas deu um passo para trás e começou um dialogo fervoroso com Emmett sobre o motor de seu carro, eu dei de ombros e conversei com Alice e Rose.

Segui com Nessie e Jake para minha aula de Física, eu olhei para Jacob quando ele contava sobre seu time de basquete favorito e percebi uma tatuagem em seu braço...

–Tribal maneiro esse no seu braço... –eu comentei subindo um pouco a manga de sua camisa polo, ele havia tirado o casaco e deu para ver a tatuagem em seu bíceps forte.

Ele se esquivou levemente e agradeço com um sorriso amigável, e olhou para Nessie que apenas deu de ombros e começou a falar de um livro que ela havia lido.

E os restos das aulas passaram num piscar de olhos, com os Cullen na maioria delas, nada pareciam tão torturante. Vi Math duas vezes e em ambas ele virou o rosto quando me viu, eu apenas ignorei as piadinhas e segui em frente.

No almoço o clima era outra, Angel estava tão feliz com Seth que toda a luz que ela já emanava parecia dobrar de tamanho, os Cullen estavam igualmente felizes, sentei-me ao lado de Nessie.

Então Math entrou no refeitório e parecia dominar aquele lugar, minha raiva foi tanta que senti minhas unhas machucando a palma de minha mão, estava com os punhos cerrados de tanta ira.

Katherine se esfregava nele satisfeita, ela sempre o amou, não era uma simples paixonite era realmente amor e eu via isso nitidamente, mas o modo como ela se achava vitoriosa me irritava, eu sabia que Math não tinha ganhado uma ”consciência hetéro”.

Os olhos de Lola se encontraram com os meus ela sorriu diabolicamente e cochichou no ouvido de Katherine que estava abraçada em Math, a cobra sorriu e me olhou, as duas deram os braços em sinal de amizade e vieram andando em nossa direção, Math apenas observava sem entender.

Elas eram bonitas não tinha como negar, Katherine tinha uma beleza mais natural, o rosto redondo e infantil, mas os olhos azuis eram malignos, Lola tinha nitidamente plásticas em seu nariz pontiagudo, o cabelo delas era loiro, muito claro e sempre preso num rabo de cavalo bem feito quando tinha treino das lideres de torcidas.

Elas andavam rebolando fazendo com suas saias balançassem, o uniforme das lideres de torcidas era saias pretas e curtas com a barra vermelha e azul e uma estrela na lateral da coxa esquerda, cropped da mesma cor com mangas até os punhos e um decote desnecessário.

Elas pararam em frente a minha cadeira, de modo que eu fiquei de costas para elas, revirei os olhos e beberiquei meu suco, demonstrando desinteresse.

–Cullen, vocês podem se sentar com a gente, não é preciso andar com... Essas perdedoras. – Lola se referiu a nós com nojo.

–Será um prazer ter vocês na nossa mesa! –A voz de Katherine era extremamente doce e chegava a ser irritante.

–Não obrigada! Temos consciência de quem são as verdadeiras perdedoras! –Rosalie rebateu com o mesmo tom delicado, mas ao mesmo tempo debochado.

–Edward, se você e seus irmãos quiserem ir, serão bem vindos, aposto que as lideres de torcida são melhores que elas! – Katherine disse acidamente, Alice, Rose, Nessie e Angel olhavam furiosas. Eu gargalhei.

–Meninas, ouçam isso! Essas aspirantes a Hannah Montana acham que os garotos trocariam vocês por elas! – eu ria como se fosse a melhor piada de todas. Todos na mesa me acompanharam, o refeitório todo viu a humilhação delas.

–Pois bem! O convite ainda está aberto pra você Edward! – Katherine disse e se virou rebocando Lola.

–Vadia! –eu murmurei.

Edward riu, eu o olhei com raiva ele cerrou os lábios ainda rindo, eu não resisti a sua gargalhada e sorri.

O sinal bateu e nós dois seguimos para a aula de biologia, a professora entrou na sala e disse que hoje faria revisão de conteúdo, eu relaxei, a matéria estava toda na minha cabeça, puxei uma folha de papel do meu caderno e comecei a desenhar distraidamente, vi a forma de duas pessoas se beijando, estava ainda em esboço, mas eu poderia terminar facilmente.

–Que é?- Edward perguntou me tirando a concentração.

–Não sei... A maioria de meus desenhos está ligada a sonhos que eu tenho. –eu confessei baixinho.

–Que tipo de sonhos? –ele questionou enquanto eu fazia o contorno dos olhos fechados.

–Sonho com coisas que já aconteceram, mas eu não me lembro de porque não aconteceram comigo exatamente, eu não sei explicar... É como se fossem lembranças de outras vidas.

–Interessante! –Foi tudo que ele respondeu e virou-se para a professora, eu continuei meu desenho até o sinal bater, Edward sempre me esperava mas desta vez ele saiu da sala rapidamente, eu dei de ombros e recolhi meus materiais.

O resto do dia passou normal, em educação física Emmett era do meu time em queimada.

Haviam sobrado apenas nós dois na nossa equipe, e na outra um dos monstros de quase dois metros do time de futebol da escola, ele olhava para Emmett com um olhar quase assassino, Emmett conseguiu pegar a bola, ele olhou para mim e sorriu como uma criança, jogou a bola para mim e pediu para que eu jogasse para ele, eu o fiz e ele repetiu o movimento, eu entendi o que ele queria e ficamos assim por uns sete movimentos até John Meyer se irritar, quando ele se desconcentrou por um segundo e Emmett o acertou em cheio, todos do nosso time comemoravam, Emmett correu para mim e me levantou do chão.

–Yeah isso foi perfeito Bella! –ele disse gargalhando eu sorri.

–Obrigado Emm! Mas Bella? –perguntei.

–Nada não Amy! Vou para o vestiário me trocar! –Ele saiu e Angel veio sorrindo para mim, estava contente por ter permanecido mais de cinco minutos sem ser queimada.

Troquei-me e segui com Angel pelo estacionamento, meu carro em estava em uma vaga diferente.

–Guarde sua bolsa no carro, Alice quer falar algo com você! –Angel disse.

–Okay! –eu respondi e segui para minha vaga, abri o carro e deixei minha bolsa no banco do carona, em cima do assento do motorista havia um bilhete, eu o peguei e olhei intrigada.

Mas um barulho alto e perturbador me chamou a atenção, olhei para cima e o céu estava completamente normal, meus olhos seguiram mecanicamente para o carro dos Cullen, todos estavam paralisados seus rostos marcados pelo choque e horror, mas nada disso era importante, o carro de Lola estava desgovernado e estava vindo em direção em meu carro e havia apenas uma coisa entre os dois veículos. Eu.