A Fúria De Hades escrita por Andressa Picciano, Milena Buril


Capítulo 13
Conquisto um quarto de hóspedes no Submundo.




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Nico me disse que os semideuses têm dislexia, o que facilita ler grego antigo, e TDAH, que melhora nossos reflexos de batalha e nos mantêm vivos durante uma. Um pequeno problema, é que eu não tinha dislexia, e nem TDAH. Sempre fui agitada, de acordo com a minha mãe, mas nunca diagnosticada com o transtorno.

Só esperava que a ajuda de meu pai fosse o suficiente para me proteger durante meu ataque a cinquenta fantasmas armados.

A espada estava lá e parece que isso foi o bastante para que eu me convencesse a atacar.

Meus sentidos ficaram mais sensíveis e eu parecia um máquina.

Nenhum fantasma me acertava, meu ombro não doía, e eu matava dois, dez, doze fantasmas de uma vez. Eu girava, batia, rolava, desviava e atacava tão rápido que eles não me notavam até que estivessem reduzidos a uma pilha de pó.

Em pouco tempo, apenas alguns fantasmas restavam, e eu me sentia ótima. Com um movimento rápido interceptei um ataque, girei o morto e dei um chute em suas costas.. ele caiu em cima da própria espada e desintegrou. Os outros me cercaram e investiram, mas eu consegui rolar para o lado, eles não haviam percebido que eu não estava mais no meio da roda até que fincaram suas espadas em seus companheiros e viraram todos areia. Eu estava sozinha novamente.

Finalmente eu parei e minhas pernas pareceram chumbo. Caí sentada e vi sangue nas minhas roupas. Senti toda a energia da batalha de esvaindo e o sono pesando meus olhos.

Virei-me a tempo de ver Nico entrando pela caverna gritando meu nome, olhei para as minhas mãos e a espada diminuiu até desaparecer de vista. Jurei que depois descobriria como ela funcionava, mas agora eu não conseguia nem ao menos pensar.

Vi Nico se ajoelhando ao meu lado e segurando a minha cabeça, então desmaiei.

...

Acordei em um quarto escuro. Uma luz artificial e fraca entrava pelas janelas e passava pelas finas cortinas acinzentadas.

Consegui me sentar na cama com grande esforço. Ela era fofa e os cobertores brancos como a neve, destacando-se das paredes e o chão escuros. Havia um pequeno corredor que levava a uma porta para fora do quarto, outra porta provavelmente levava ao banheiro.

Levantei-me da cama e toquei o chão frio como gelo, minha pernas quase falharam mas continuei em pé. Me dirigi lentamente à janela. A vista dava para os jardins de Perséfone, e ao longe consegui vê-la cuidando de alguns rubis e plantando novas mudas. Ela estava tão linda quanto da última vez que a vi, porém dessa vez esboçava em seu rosto um belo sorriso de felicidade por estar cuidando algo que lhe pertencia.

Fui até o banheiro, abri a porta e ela rangeu lentamente. Tomei coragem e me olhei no espelho.. digamos que eu ainda tenho pesadelos com aquilo.

Não que eu seja vaidosa, não que eu ligue muito para a escala catastrófica em que meu cabelo se encontra. Mas ao me olhar naquele espelho, eu me senti... péssima.

Meu cabelo encaracolado estava preso desajeitadamente em um rabo alto em minha cabeça. Meus olhos castanhos estavam acompanhados de profundas e escuras olheiras, minha pele estava mais branca e meus lábios acompanhavam a tonalidade pálida. Eu parecia uma morta que estava no Mundo Inferior há milênios.

Em um sobressalto notei as roupas que estava usando. Uma blusa e calça pretas de algodão. Parecia um confortável pijama gótico para doentes. Me perguntei se sempre tratavam os hóspedes assim por lá.. Tomei um banho rápido e notei os fracos ferimentos que eu havia adquirido na luta anterior. Um grupo de arranhões nos braços, calos na mão em que eu carregara a espada e o antigo ferimento da fúria, que aparentemente havia aberto durante a luta, mas que agora estava quase fechado. Vesti as roupas que estavam no banheiro: calça jeans escura, uma blusa branca e moletom preto, como os que eu usara o dia anterior, porém eram novas. Calcei o tênis e deixei meu cabelo solto.

Notei que a vivacidade estava voltando aos meus olhos e minha pele voltava à tonalidade padrão.

Voltei ao quarto e quase infartei. Uma criada-esqueleto estava terminando de arrumar minha cama e colocava uns bombons embaixo do meu travesseiro. Com um aceno de cabeça ela se despediu e saiu do quarto.

Percebi que no canto da cama havia um bilhete. Abri-o e comecei a ler em voz alta.

"Parabéns pela luta, minha querida. Você fez Hades ver a grande guerreira que poderá se tornar com um pouco de treinamento. Consegui convencer que ele não a matasse de imediato e lhe desse um desafio, e você obteve êxito! Se recupere, descanse e logo Nico voltará para buscá-la e então poderão seguir o caminho até o Acampamento. Mas lembre-se que Hades não lhe perdoou, ele irá lhe mandar crescentes desafios, e verá se a escolha dele de deixá-la sair imune valeu mesmo a pena. Mostre a ele que você é melhor que os heróis que ele conhece, e talvez saia viva. Tenha um bom dia Samantha."

A carta cheirava a um campo de flores, e a assinatura no fim fim da página confirmava minhas suspeitas, "Perséfone".

Parei um tempo para absorver as informações daquela carta.

Fui até a janela e lá estava ela, linda, calma, sentada num banco olhando em direção da minha minha janela. Mesmo estando longe consegui ver ela dando um aceno de cabeça momentos antes de se desfazer em névoa.



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Notas finais do capítulo

Reviews? (:



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