A tradição do dia vinte e cinco de dezembro é reunir toda a família ao redor da mesa para desfrutar de um delicioso almoço, as crianças abrirem os presentes deixados em baixo da árvore, todos no clima natalino. Isso também acontecia na casa da família Weasley só que um pouco mais barulhento e movimentado. Molly e Arthur tiveram sete filhos que também seguiram os pais e tiveram vários filhos, o resultado era casa cheia. Este ano contava com presenças mais que especiais de Gui e a família viviam na França, Charlie na Romênia e Hermione, com os pais e filho que pela primeira vez passavam o natal com os Weasley.

-Mãe, olha o que eu ganhei! Foi a senhora Weasley que me deu! Hugo mostrava orgulhoso o presente. –É um suéter que todos os netos ganham e ela mesma fez!

-É muito bonito, você agradeceu? Hermione perguntou enquanto ajudava o filho vestir o suéter. –E é azul, a sua cor favorita!

-Eu agradeci. Ben, James e Albus também ganharam da mesma cor!

-Aí está você! Harry pegou Hugo no colo de surpresa. –O senhor Weasley vai começar a contar uma história, estão te esperando.

Arthur reuniu todas as crianças na sala, era o único momento em que a casa ficava silenciosa, até os adultos paravam para escutar. Cada história era nova e criada na hora, sem ajuda de livros, apenas a sua imaginação.

Harry, Gina, Hermione e Ron aproveitaram a tranquilidade para ir até o jardim e conversar.

-Então quer dizer que vocês iram passar o ano novo em Paris? Gina perguntou apenas para escutar deles, pois já sabia da resposta. –E sem contar nada para ninguém!

-E como você ficou sabendo? Ron rebateu.

-Mamãe deixou escapar que irá ficar com Ben e Rose por uns dias antes de vocês irem para os Estados Unidos.

-Não é nada demais, é apenas uma viagem. Hermione explicou. –Só queremos descansar.

-Ron! Molly chamou o filho. –Posso falar com você?

-Claro. Ele respondeu indo até a mãe. –O que foi?

Molly achou que seria uma boa oportunidade para conversar com o filho enquanto todos ainda estavam entreditos com as histórias do marido.

-Aconteceu alguma coisa? Ron perguntou ao entrarem no quarto da mãe. –Sempre que me trazia aqui era para dar bronca.

-Não, não é nada disso. Ela sorriu ao lembrar que sempre levava os filhos para o seu quarto quando eles aprontavam alguma coisa. –Só quero conversar com você.

-Tudo bem. Ele ficou mais relaxado, sentando na cama. –Sobre o que será nossa conversa?

-Primeiro sobre as crianças, pode ser? Ron assentiu e ela continuou. –Como elas irão ficar? Quer dizer, você em Londres e elas em Nova York.

-Bom, prometi a elas que vou conversar com Lilá, pois Ben e Rose querem morar comigo. Acho que tem haver com o fato de que a mãe irá se casar novamente...

-Eles não gostam dele? Molly perguntou preocupada. –Aconteceu alguma coisa?

-Não, Simas é uma boa pessoa, nunca tivemos problemas. Elas só estão com medo de ficarem de lado, sabe como são crianças em relação a ciúmes.

-Sei muito bem, tive que dividir minha atenção com sete crianças e devo dizer que você era o mais ciumento. E você acha que consegue dar conta de cria-las?

-Não é fácil, mas principalmente nesse último ano que fiquei com elas aprendi bastante. Ron pensou um pouco antes de continuar. –Bem, e agora acho que não estou sozinho...

-Você chegou ao nosso próximo tópico, Hermione. Ela o interrompeu. –Quais são seus planos com ela?

-Esperava escutar isso do pai dela, não de você. Ele descontraiu, mas sua mãe ainda esperava a resposta. –Acho que nossos planos estão um pouco atrasados, precisamente treze anos, quando escolhemos direções opostas.

-Hermione sempre foi a minha preferida, sabe o quanto fiquei triste quando vocês terminaram. Ela é a pessoa certa, você nunca irá encontrar alguém como Hermione.

- Eu pretendo pedir Hermione em casamento, mas não conte nada a ninguém ainda, quero conversar com ela e ver se Hermione está pronta para isso.

Molly sorriu ao escutar aquelas palavras do filho, sabia que era a hora certa para entregar o que guardou por um bom tempo. Foi até a gaveta, pegou uma pequena caixa de veludo preto e entregou ao filho.

-Dê a Hermione quando achar que é a hora certa.

Na pequena caixa havia um lindo anel com um pequeno brilhante. Ron ficou admirando o anel, ele de algum modo era familiar.

-Eu o conheço de algum lugar...

-Seu pai me deu quando você nasceu. Ela ficou emocionada ao lembrar. –Seu pai me dava algum presente sempre que um filho nascia, acho que de algum modo ele queria recompensar todas as dores e incômodos da gravidez. Quando Fred e Jorge nasceram, seu pai me deu um lindo colar. Depois que Fred morreu eu entreguei ao Jorge que presenteou Angelina quando Fred II e Roxanne nasceram.

-Não fique triste. Ele abraçou a mãe, sempre que ela falava de Fred ficava emocionada, ainda era dolorido falar sobre a morte do Fred. –Esse anel estará em boas mãos, não se preocupe.

As festas no lar dos Weasley não costumavam ter hora para acabar, começavam de manhã e duravam até após o jantar. Depois de tanta comilança estava na hora de cada um regressar as suas casas. Hermione e os pais agradeceram pelo ótimo dia e Molly e Arthur os convidaram para visita-los mais vezes, não precisavam esperar até o próximo natal ou data festiva para se encontrarem.

Os últimos dias do ano foram tranquilos, as crianças estavam em recesso escolar para as festas e, graças à neve que caia há dias, não tinham muita opção de lazer a não ser brincar dentro de casa.

Ron queria deixar o projeto do filme pronto, pois assim que voltasse faria a viagem para os Estados Unidos apresentar aos estúdios e convence-los a produzir seu filme. Sabia que essa era a grande chance de sua carreira e não pretendia desperdiça-la. Depois do que foi a loucura do natal, Hermione estava com as coisas mais tranquilas na confeitaria e aproveitou esse tempo para ficar mais com o filho e, para ajudar Ron, também ficava com Ben e Rose.

-Chegamos! As crianças entraram em casa correndo.

-E então, gostaram dos Vingadores? Ron colocou o notebook na mesa de centro antes que a filha se jogasse no seu colo.

-Foi muito bom! Ben respondeu animado. –Homem de Ferro é o meu herói favorito!

-Prefiro o Capitão América! Hugo disse também muito animado. –Você deveria ter ido, Ron.

-O próximo filme não será de super-heróis! Rose disse firme. –Eu não gostei nem um pouco!

-Não gostou? Ron perguntou e ela balançou a cabeça afirmando. –Meu bebê não gostou do filme?

-Não sou mais bebê! Ela falou orgulhosa. –Se quiser ter outro bebê tem que falar com Hermione!

-Por que tem que falar com a minha mãe? Hugo perguntou sem entender o que a garota quis dizer. –Minha mãe não quer ter um bebê, não é mãe?

-Eu... Hermione não sabia o que responder, em um minuto falavam do filme e agora sobre ela ter um bebê. –Eu acho que vou fazer alguma coisa para jantarmos.

Ron ficou curioso com a resposta que ela daria, mas achou melhor não insistir. Quando estivesse apenas os dois em Paris seria uma boa hora para conversar sobre isso e outros assuntos que tinha em mente e que eram importantes para o futuro do relacionamento.

O dia da tão aguardada viagem chegou. As crianças estavam ansiosas por passarem uns dias apenas com os avós, fizeram questão de irem até o aeroporto se despedir dos pais. Ron e Hermione deixaram várias recomendações e que qualquer mau comportamento iriam ficar sem os presentes que pediram.

-As crianças iram ficar bem, não é? Hermione repetiu a pergunta que vez durante o voo inteiro.

-Elas estão com nossos pais, vão ficar bem. Ron a tranquilizou. –Aposto que estão melhor que eu, acho que nossos pais não estão fazendo as crianças carregarem tanto peso. O que você trouxe nessas malas?

-Trouxe apenas o essencial! Ela riu da situação, Ron tentava carregar todas as malas em meio ao aeroporto lotado. –Eu te ajudo.

-Acho que todos tiveram a mesma ideia que eu, passar o ano novo em Paris! Ele reclamou ao ser empurrado por uma senhora e sua enorme bagagem.

Saíram do aeroporto, pegaram um taxi e foram para o hotel. Ron deixou com Hermione a responsabilidade de se comunicar, fazer a programação dos passeios, ela seria o seu guia nessa viagem.

-O que está fazendo? Hermione questionou ao ver o namorado deitado na cama. –Vamos, levante! Quero te mostrar a cidade!

-Estou cansado, a viagem foi longa! Ele respondeu preguiçosamente e a puxou para a cama. –Vamos ficar aqui está noite!

-Longa? Não ficamos nem quarenta minutos no avião! Ela se levantou e começou a abrir a sua mala procurando o que iria vestir para o passeio.

Depois de deixar Ron esperando algumas horas, Hermione estava pronta. Mesmo sendo inverno, tinham um belo fim de tarde em Paris, perfeito para andar pela cidade.

-É melhor levar luvas, mais tarde fará frio. Ela aconselhou. –Quer que eu pegue?

-Se você diz. Minhas luvas estão em algum bolso da mala. Ron falou tranquilamente até lembrar o que havia guardado junto com as luvas. –Deixa que eu pego...

Era tarde demais, Hermione achou as luvas e a pequena caixinha de veludo preta. Olhava ao mesmo tempo para a caixa e Ron, não sabia o que pensar.

-Eu... Ele tirou a caixinha da mão dela. –Bom, não era para você encontrar isso...

-Por quê? Ela perguntou tão nervosa quanto ele. –O que tem ai que eu não posso ver?

-Tudo bem, mas saiba que não foi assim que eu planejei fazer. Ron ficou de joelhos e abriu a pequena caixa revelando o belo anel. –Hermione, você quer casar comigo?

Após a proposta, Ron fechou os olhos e pediu mentalmente para que ela aceitasse. Hermione estava com a respiração acelerada e deixava algumas lágrimas escorrerem pelo rosto.

.-Você quer um tempo para pensar? Ele quebrou o silêncio e começou a se levantar. –Irei entender, afinal deveríamos ter conversado antes...

-Não! Ela falou de repente o assustando. –Sim, eu aceito me casar com você!

-Tem certeza que não quer pensar? Ron um pouco mais calmo colocou o anel no dedo dela.

-Tenho! Hermione ainda tinha lágrimas nos olhos. –Só quero te propor algo, posso?

-Nem casamos e você já está querendo mandar em mim. Ele brincou e a fez rir. –Qualquer coisa para fazer a minha futura esposa feliz.

-Vamos deixar o passado para trás. Ron não entendeu e pediu que ela continuasse. –Quero começar a nossa vida juntos sem os erros e ressentimentos do passado. Não quero que no futuro fiquemos lembrando e revivendo os erros de treze anos.

-Concordo! Ele a beijou. –Então já que iremos começar, tenho que jogar umas coisas fora.

-O que você irá jogar fora? Ela perguntou curiosa.

-Apenas algumas cartas que você me mandou quando estávamos separados e eu respondi, mas não tive coragem de enviar... Ele respondeu um pouco constrangido. –Eu sei que é estranho eu ter guardado até hoje, mas era um modo de ter você por perto.

-Antes de você jogar fora eu quero ver, posso? Ele balançou a cabeça afirmando. –Eu esperei por essas respostas.

Estava sendo muito especial para Hermione voltar a Paris e acompanhada por Ron. Viveu bons momentos na cidade, mas nada se compara a um pedido de casamento, principalmente quando esse pedido é da pessoa que você ama praticamente a sua vida inteira.

Ron não poderia estar mais feliz, Hermione aceitou seu pedido e poderiam comemorar apenas os dois, sem crianças ou preocupações do trabalho. Sua mãe tinha razão, Hermione é a pessoa certa para ele e desta vez nada iria atrapalhar.