Capitulo Quatro – Constrangidos

POV Rose

_Desculpe atrapalhar, mas o jantar está pronto. – a mãe dele falou meio sem jeito. - Espero vocês lá em baixo. – essas foram as palavras dela antes de fechar a porta. Scorpius saiu de cima de mim e eu continuei lá deitada no chão, totalmente estática.

_Cacete. – ouvi ele murmurar e só então eu consegui me levantar e me sentar na cama.

_Você perdeu a juízo ou o que Malfoy? Você viu o que você ia fazer? – eu falei e ele revirou os olhos, ficando meio vermelho.

_Eu perdi o juízo? Creio que não, Weasley. Acho bom a senhorita se lembrar que EU não ia fazer nada e sim NÓS. – ele me olhou e eu senti meu rosto esquentar. – Acho melhor a gente descer, minha mãe deve estar pensando coisas nada boas da gente demorando tanto assim. – ele falou se levantando e eu me levantei também.

_Vou embora. Não vou ficar para o jantar. Não depois dessa cena.

_Ah não vai não senhorita. Você vai ficar aqui Rose, não vou escutar minha mãe falando sobre isso sozinho.

_E o que ela vai pensar de mim?

_Que você é minha namorada? Isso ela já acha Rose. Agora vem comigo. – ele me pegou pelo pulso e saiu me arrastando pelo corredor, assim que chegamos a sala de jantar todos nos olharam e eu senti meu rosto esquentar. Ele soltou o meu pulso e a mãe dele sorriu amavelmente para mim.

_Sente-se Rose. Estávamos esperando vocês para jantar. – ela falou e eu sorri meio constrangida. Sentei-me ao lado de uma senhora de idade que eu julguei ser a avó dele e de frente para o cara de fuinha.

_Então... Rose não é? – um homem muito parecido com o Scorpius perguntou e eu assenti. – Você estuda com o meu filho? - Então esse era o pai do Scorpius... O “arqui-inimigo” do meu pai e do tio Harry.

_Sim, somos monitores juntos. – eu comentei enquanto a mãe dele me entregava o prato.

_E jogamos juntos no time de quadribol. Ela é apanhadora. – o cara de fuinha falou e eu sorri.

_Apanhadora? Eu fui apanhador em Hogwarts. – o pai dele comentou e eu sorri. – Eu jogava pela sonserina.

_Ah sim. Geralmente o pessoal da Sonserina não gosta muito da nossa casa e é sempre um tormento jogar contra eles. – eu comentei e Scorpius riu.

_Você só não gosta de jogar contra a sonserina porque o Zabini sempre tenta te derrubar da vassoura. – o Scorpius falou com ar de riso.

_É verdade. Aquele garoto é um brutamontes. – eu falei e o pai dele riu. É até que os Malfoy não eram tão ruins assim.

_Ainda não me conformo que o Scorpius não tenha sido da Sonserina. Estamos nessa casa faz séculos. – um senhor de cabelos brancos comentou. Provavelmente o avô dele.

_Ah não se preocupe Sr. Malfoy. O Scorpius não é o único a quebrar a tradição. Minha família quase toda faz parte da Grifinória, meus pais, todos os meus tios, meus avós, mas eu caí na Corvinal junto com o Al. – eu falei sorrindo e o homem fez uma careta.

_Você é parente do Potter? – ele perguntou com uma cara de nojo que eu não gostei.

_Sim. Somos primos. – eu falei e Scorpius fez uma careta que eu não entendi muito bem.

_Primos? Então você é uma... – o avô dele ia falar, mas eu o interrompi.

_Weasley. Sim. Eu sou uma Weasley, o que tem de errado nisso?

_Não há nada de errado em ser uma Weasley, Rose. – a mãe dele falou e me pareceu que as palavras morreram na boca do avô do cara de fuinha. Comemos em silencio e quando o jantar terminou a mãe dele insistiu para que eu ficasse um pouco mais e eu só neguei alegando estar tarde, o que não era mentira, pois já passava nas oito da noite.

POV Scorpius

Estávamos caminhando até a casa de Rose, afinal mesmo que ela fosse minha “vizinha” minha mãe insistiu que eu a acompanhasse até em casa.

_Rose... Me desculpe pelo meu avô, ele é meio indigesto as vezes. – eu falei e ela se virou para mim com um sorriso.

_Não tem problema Scorpius... Eu sei o que ele ia falar, mas eu não me importo. Tenho muito orgulho da minha família e não vai ser a opinião do seu avô que vai mudar isso. – ela disse com a voz firme e eu dei um meio sorriso. – Já vou pedir desculpas de uma vez porque eu tenho a leve impressão de que eles vão brigar com você por minha causa.

_Ah vão mesmo, mas não se preocupe eu irei sobreviver. – eu comentei e ela riu.

_Obrigada por me trazer em casa e por me dar cobertura, me livrei do James. – ela falou e eu sorri.

_Por nada, sempre que quiser algum refugio. Podemos fazer algumas trocas. – eu falei e ela riu.

_Agradeça sua mãe pelo jantar, a comida estava ótima. Boa noite cara de fuinha. – ela falou e me abraçou. Eu fiquei meio estático, mas retribui o abraço.

_Boa noite sardenta. – eu falei e ela riu, entrando na casa dela.

_PENSEI QUE VOCÊS SE ODIASSEM. – alguém gritou e eu vi Al na janela rindo.

_VAI TE CATAR IMBECIL. – eu gritei de volta e dei as costas indo até a minha casa.

_EU QUERO SER O PADRINHO. – ouvi um grito ao longe e ignorei. Hora de enfrentar a fera, Scorpius. Entrei em casa e fui para a sala avisar minha mãe que eu havia chegado.

_Mãe, cheguei. – eu comentei e ia me retirar para ir para o meu quarto quando uma voz fria me chamou.

_Scorpius, volte aqui. – era o meu avô. Ótimo, a sardentinha estava certa, eles iam brigar comigo por causa disso. Virei-me lentamente e olhei para ele.

_Sim vovô.

_Como você pôde trazer uma Weasley para jantar com a nossa família? – ele perguntou e eu via que ele estava contendo a voz.

_Papai... – meu pai alertou e eu suspirei.

_E o que tem demais a Rose ser uma Weasley? Estudamos na mesma escola, no mesmo ano, somos monitores, fazemos parte do mesmo time e o primo dela é o meu melhor amigo. Não vejo problema algum de trazer ela aqui em casa para jantar. – eu falei e meu avô ficou vermelho.

_VOCÊ ESTÁ DEFENDENDO UMA TRAIDORA DE SANGUE? VOCÊ ESTÁ DEFENDENDO SUA NAMORADINHA TRAIDORA DE SANGUE? – ele gritou e eu fechei os punhos com força.

_Pai, já chega. Scorpius namora quem ele quiser. – meu pai falou tranquilo colocando a mão no ombro do pai dele.

_CHEGA NADA. ELE IRÁ SER UMA VERGONHA PARA A FAMÍLIA MALFOY, UMA VERGONHA. – meu avô retirou a mão do meu pai do seu ombro com violência e ficou de pé diante de mim. – Uma vergonha para a nossa família. Isso é o que você está sendo.

_EU – NÃO – ME – IMPORTO. – eu gritei. – NÃO ME IMPORTO. NÃO ESTOU LIGANDO SE A FAMÍLIA DA ROSE É TRAIDORA DE SANGUE OU SEI LÁ MAIS O QUE, EU NÃO LIGO OK? – eu saí da sala bufando e entrei no meu quarto com tudo. Sentei na minha cama e respirei fundo tentando me acalmar, minutos depois alguém bateu na porta.

_Scorpius sou eu. Posso entrar? – era o meu pai, tudo que eu queria agora é ficar sozinho. Não aguento mais essa pressão de ser um “Malfoy”, de não pode fazer absolutamente nada sem antes pensar nas consequências familiares. Outras batidas na porta.

_Entra. – eu falei e meu pai entrou, se sentando ao meu lado.

_Não ligue para o seu avô Scorp, ele está ficando velho. – ele disse colocando a mão no meu ombro.

_Não importa se ele está ficando velho ou não papai, é questão de respeito. E se ele tivesse feito esse escândalo na frente da Rose? Ela não ia pensar duas vezes antes de azarar ele. – eu falei e meu pai sorriu.

_Pelo visto ela é bem nervosinha né? Por que não nos contou sobre ela? – ele perguntou e eu respirei fundo.

_Porque não há nada entre nós pai. Eu e ela nós não somos namorados... Nem amigo a gente é, ela só veio para cá porque estava procurando o Al e fugindo do primo dela. – eu falei e meu pai riu.

_Então como você explica o que a sua mãe viu? Ela chegou na cozinha de olhos arregalados e quando eu perguntei o que havia acontecido ela falou que encontrou vocês se agarrando no chão do quarto. – eu fiquei vermelho com o que meu pai falou. Eu não estava agarrando a Rose.

_Eu não estava agarrando ela. A gente caiu, só isso. – eu falei meio constrangido e meu pai riu mais ainda.

_E o que vocês estavam fazendo para caírem? Scorpius... – ele começou e eu o interrompi.

_Olha a gente não estava se agarrando, eu estava tentando tirar ela da minha cama e a gente caiu. – ele me olhou com a sobrancelha arqueada e eu suspirei. – Tudo bem... A gente quase se beijou e se não fosse a mamãe a gente estaria realmente se beijando. A mamãe estava exagerando. – meu pai sorriu e bagunçou meu cabelo.

_Ela é uma boa garota, não ligo para a família dela Scorpius. – eu lancei um olhar feio para ele. – Ok, eu entendi que vocês não estão namorando, mas se algum dia vocês vierem a namorar saiba que eu não ligo. O pai dela, Ronald Weasley, ajudou a salvar minha vida. E eu sou realmente grato a ele. – meu pai se levantou na cama e foi até a porta. – Boa noite Scorpius.

_Boa noite pai. – eu falei e ele saiu do quarto. Fui até a sacada do meu quarto e instintivamente olhei para a sacada do quarto de Rose. Se a minha mãe não tivesse chegado, será que nós dois teríamos realmente nos beijado? Passei a mão pelos cabelos, cansado. Você não sabe de nada Scorpius, de nada. Fui até o banheiro tomar um banho para dormir, eu estava com a sensação de que o dia amanhã ia ser longo.

POV Rose

Eu estava no quarto do Al jogando vídeo game com o mesmo.

_Essa com certeza foi a melhor invenção que os trouxas já inventaram. – ele falou sorrindo e eu ri.

_Talvez o computador ganhe do vídeo game Al. – eu falei me concentrando no jogo.

_É, cada um com suas opiniões. Você está conseguindo fugir do James?

_Até agora sim. Aquele seu irmão é maluco. Quem se importa se o Hugo e a Lily estão se pegando? – eu falei displicentemente e o Al pausou o jogo na melhor parte.

_Ei, eu me importo se o seu irmão mais novo está “pegando” a minha irmãzinha.

_Ah não Albus, até você? A Lily tem dezesseis anos. Ela sabe o que esta fazendo, pelo amor de Merlin. – eu falei brava e ele riu.

_Eu sei... Mas é que sei lá, pra mim, pro James e pro papai ela nunca vai crescer. – ele falou iniciando o jogo novamente.

_Hn.

_Então você hoje conheceu os seus sogros. – ele comentou displicentemente e dessa vez quem pausou o jogo fui eu.

_Como assim? – ele riu da minha cara, que provavelmente deve ser a mais assustada do século.

_Você jantou fora e eu vi o Scorpius te trazendo aqui então eu pensei que vocês tivessem assumido que estavam se pegando e ele tivesse te levado para conhecer os pais. – ele deu de ombros e eu dei um tapa na nuca dele.

_Imbecil. Não foi nada disso. Eu fui lá te procurar e fugir do James, mas você não estava lá e eu realmente precisava fugir do seu querido irmão então eu pedi abrigo na casa dele e ele sendo um bom garoto me abrigou e ainda me forçou a jantar com a família dele. – eu falei e ele riu.

_E o abracinho na porta de casa? – eu corei com isso.

_Eu estava me despedindo e foi uma forma de agradecer ao cara de fuinha por ter me dado abrigo e me livrado do seu irmão. Nada mais Al, se toca. – eu falei continuando o jogo e ele calou a boca. Era tarde quando eu tomei banho e cai na cama. Eu estava cansada e com sono, mas eu não conseguia para de pensar, se a mãe do Scorpius não tivesse chegado e nos interrompido, nós realmente teríamos nos beijado?