‘’Às vezes é preciso afastar de quem a gente ama. Mas nem por isso, nosso amor por elas é menor’’

~A Última Música~

P.O.V Narradora

– Então você vai – Bob dizia reprimindo as lágrimas que estavam prestes á cair. Annabeth assentiu, terminando de fechar sua última mala, havia telefonado para a mãe e avisado que iria chegar à noite, não foi uma decisão fácil de ser tomada, afinal ela estaria deixando para trás tudo que lhe era importante, principalmente seu irmão.

– Vai ser melhor – seus olhos estavam marejados, tudo que Annie queria era esquecer o que havia lhe acontecido essa última semana, e nada melhor para recomeçar do que mudando de cidade. Bob a abraçou, seus braços apertando firme a cintura da irmã. Annabeth sabia que ele era o que mais estava sofrendo, assim como ela.

– Vou sentir saudades sua chata – ambos riram fracamente, agora com o choro ecoando pelo quarto – Eu te amo princesinha.

– Também te amo choquito – assim que se separaram, um acariciou o rosto do outro, tentando guardar na memória a face de quem mais amavam.

Frederick entrou no quarto aos prantos e nem pensou duas vezes antes de agarrar Annie em um super abração. As camisas de ambos estavam encharcadas de lágrimas, mas tudo que importava para a loira era ter o calor de seu pai depois de tanto tempo esperando.

– Essa casa não vai ser a mesma sem você Annie – Annabeth se afundou mais nos braços de Frederick.

– Preciso fazer isso papai, preciso de um tempo para dá algum rumo para minha vida. Se eu ficar, não sei se...

A loira não deu conta de completar a frase, sabia que se ficasse, seu coração não iria aguentar tanta dor por causa de Percy, aquele que ela confiou e em troca fora traída pelo mesmo. Com certeza não iria esquecê-lo tão cedo, mas pelo menos longe do garoto, isso talvez fosse possível.

Frederick entendia a filha, ele mesmo já havia passado pela perda de um grande amor, agora sua filha, sua menininha estava o deixando, e isso o partia o coração.

– Só tenho que fazer uma última coisa antes de ir – falou a garota.

(...)

Percy tinha terminado de escrever a carta, suas malas estavam todas prontas, iria para o reformatório terminar seu ano lá. Sentia-se culpado pela morte de sua mãe, e todas as noites antes de dormir, chorava até suas lágrimas ficarem extintas. Nessa semana perdera seus dois grandes amores, uma para o céu e a outra para a França. No lugar de seu coração, existia apenas um buraco negro, vazio e sombrio.

O garoto passou esses dias todos trancafiado em seu quarto, não tinha coragem de encarar o mundo, se sentia envergonhado, com nojo de si mesmo.

Poseidon insistia que estava bem, mas Percy podia ver que no fundo, seu pai estava destruído, mas também, como não ia estar? Sua mulher fora morta de maneira cruel e brutal, em sua frente, nunca mais ele iria acordar com ela ao seu lado lhe dizendo ‘’bom dia amor’’, isso doía muito, era uma dor que ele não desejava que ninguém sentisse.

– Percy, está quase na hora – seu pai gritava enquanto batia na porta. Um suspiro escapa do garoto, ele sabia da fama que o reformatório de Nova York tinha, e bom, não gostava nada disso. Leu a carta mais uma vez, trocando algumas palavras, então desceu a escada.

– Tenho que ir á um lugar.

(...)

Annabeth estava sentada, observando onde eles se conheceram, naquele café, de repente tudo ficou embaçado, e as lembranças lhe vieram como um borrão.

– Prazer, sou Percy Jackson – apresentou-se estendendo a mão. Annabeth sorriu, finalmente um garoto educado, pensou.

– O prazer é todo meu, sou Annabeth Chase – assim que suas mãos tocaram uma na outra, Annie via que elas se encaixavam perfeitamente, talvez fosse muito clichê, mas a loira mal sabia que ali começava a nascer um grande amor.

Apenas essa lembrança fazia com que a respiração da garota acelerasse.

– Nunca vi essa praia tão linda igual está hoje – a garota fala, seus lábios formando um grande e esplêndido sorriso.

– Acho que não é só a praia que está linda – comentou Percy, com seus lábios extremamente perto dos de Annie. O moreno então, zera o espaço entre os dois, iniciando ali o primeiro de muitos beijos.

Annabeth fecha os olhos e como naquela noite as borboletas de seu estômago se agitam.

Percy se ajoelhou e pegou as mãos macias e quentes de sua amada, encarou seus olhos, Annabeth podia jurar que o moreno estava vendo o fundo de sua alma, então as mais doces palavras saem de sua boca.

– Annabeth Chase, minha pequena, a garota mais linda que já conheci, você me daria a imensa honra de ser minha namorada?

A loira não sabia explicar qual era a sensação no momento, só entendia que isso era tudo que desejava.

Annabeth enxugou uma lágrima que escorria sem permissão pela sua face.

– Eu te amo pequena – isso a pegou de surpresa, em seu peito brotava algo nunca sentindo, um sentimento bom, naquele momento, nada mais importava, tinha o amor de seu amado e isso a deixava extremamente feliz.

– Eu também te amo meu príncipe.

– Parece que você teve a mesma ideia que eu – falou uma voz conhecida, Annabeth pulou da cadeira, sentindo seu coração ir á mil.

– Vim me despedir desse lugar.

Percy se sentou de frente para ela, e ficou admirando a única garota que um dia fez ele se sentir um homem de verdade.

– Então você vai mesmo – Annabeth assentiu, vendo o Jackson abaixar a cabeça infeliz.

– Vai ser melhor para nós dois, ficar uns tempos afastados, clarear as ideias.

Percy queria gritar para ela que o melhor para os dois era ficando juntos, que sem Annabeth ao seu lado seus dias eram uma grande droga, não tinha sentindo algum, porque na verdade, Annabeth era sua vida.

– Então o momento que eu mais temia chegou, a hora do adeus – os olhos verdes do garoto estavam vermelhos. Ambos ficaram calados por alguns instantes, até Annie pronunciar.

– Isso não é um adeus Percy, é somente um até breve. Lembra?

Perseu pensava, um dia estava tudo tão perfeito, com sua garota nos braços, seus pais presentes, seus amigos ao seu lado, mas de repente sua vida deu um giro de 360º graus, e tudo que era perfeito acabou.

– Será que um dia vou tê-la em meus braços novamente?

– É difícil dizer, ninguém é dono do futuro, então o único que poderá responder é o tempo.

Por mais que contrariasse o garoto, ele sabia que Annabeth tinha razão, sabia que por sua causa o coração da menina estava despedaçado, destruído e em pedaços, e não havia nada que pudesse fazer para voltar atrás. Então de seu casaco, tirou a carta que passou a semana toda fazendo, e entregou para loira.

– Leia somente quando estiver no avião – Annabeth a pegou, suas mãos possuíam um leve tremor. Percy levantou-se, e pela última vez encarou aqueles olhos que tanto lhe fascinava – Eu te amo minha pequena, você é tudo pra mim.

E se foi, Annabeth queria correr e abraçá-lo, dizer que lhe amava, que ele era a base de sua vida, que queria tê-lo ao seu lado até o fim de seus dias, mas se conteve, guardou a carta e voltou para casa.

(...)

– Consegue ficar longe de confusão punk? - Thalia negou em prantos, estavam todos no aeroporto, esperando o voo de Annabeth. As duas amigas, irmãs e confidentes, estavam em um abraço bastante apertado, não sabia qual chorava mais. Ao seu redor, os melhores amigos que alguém poderia ter, todos gostavam da loirinha, ninguém queria que ela fosse embora, Annabeth era essencial para completar o grupo, por isso o choro daquelas sete pessoas ecoavam pelo aeroporto.

– O que vou fazer sem você loira? – a amiga aperta mais Thalia, ela sabia que despedir de sua família era a parte que mais doía – Te amo amiga.

Luke não aguentou mais esperar e puxou a Chase para seus braços.

– Você vai fazer falta Annie – Luke era um de seus amigos mais antigos, ele e Thalia. Então já deram para perceber o tanto que machucava despedir desse doido.

– Vou sentir saudades Luke, muitas.

Megan e Melina vieram abraçar a loira.

– Você tem mesmo que ir? – Annabeth se separa.

– Tenho Megan. E Melina por favor, cuide de Bob por mim – a amiga assentiu e lhe deu mais um abraço. Silena pulou no pescoço da loira.

– Você promete que vai andar na moda? – Annie conseguiu da um sorrisinho, tentou limpar as lágrimas que caiam do rosto da amiga.

– Prometo – Charles também a abraçou.

– O que vai ser de mim na prova de matemática.

– Quero que você estude Charles – os dois sorriram.

Nico estava encostado na parede. Annabeth correu para os braços do moreno, que a pegou no ar. Ambos soluçando.

– Não vá – pediu o Di Ângelo entre os soluços, na garganta de Annie, formou-se um nó, dificultando sua respiração.

– Não posso ficar fantasminha – eles se separaram, acariciando o rosto um do outro – Vamos nos ver novamente.

– Só, por favor, mantenha contato – ela forçou um sorriso.

– Todos os dias.

Então olhou para Bob, que permanecia calado e de cabeça baixa. Sabia que a parte mais difícil vinha agora.

– Bob – chamou, seu irmão mordeu o lábio, tentando segurar as lágrimas, mas assim que levantou seu olhar e encontrou o de Annabeth, seu choro veio como uma cachoeira, ele a pegou envolvendo-a em um abraço protetor. Palavras não eram necessárias entre os irmãos, ambos sabia que estavam sofrendo com essa despedida.

Então a galera se junta em mega abraço, todos chorando com a partida de Annie. A voz anuncia que seu voo já estar prestes a decolar. Seu coração se aperta.

– Eu amo todos vocês – foi a última coisa que falou, antes de caminhar até o avião. Ao chegar à entrada, ela olhou para trás visualizando o rosto de cada um que fez de sua vida a mais louca e divertida aventura, Thalia, a punk, que ensinou que a vida tem que ter um pouco de rebeldia, Luke o galã, ensinou que para os momentos tristes, sempre há uma pegadinha para nos animar. Megan e Melina, mostrou que a vida precisa ser um pouco adocicada. Nico, o bad boy, nos ensinou que mesmos os brutos também amam. E em sua mente veio Percy, que lhe mostrou que o amor derruba barreiras, mas que também pode ser traiçoeiro.

Annabeth iria para França, sabendo que foi com eles que ela soube a dar valor na vida, pois são aquelas pequenas coisas, que ficam marcadas na memória, que fazem uma enorme diferença. Sabia que tinha que recomeçar, mesmo machucada e cansada, ferida e triste, mas afinal quem disse que para recomeçar, fosse tudo fácil?

Antes de entrar no avião, levantou as suas mãos para o alto, fazendo um coração. Sua turma viu e seguiu seu gesto, imitando-a.

Então entrou e se sentou na poltrona, ainda com vestígios de lágrimas nos olhos, por deixar sua família assim. Sentiu algo na jaqueta e ai lembrou-se da carta de Percy, pegou e imediatamente começou a ler.

Meu anjo,

Espero que um dia possa receber seu perdão, mas enquanto esse dia não chegar, ficarei rezando para poder tê-la novamente em meus braços, e sentir o doce gosto de seu beijo. Me dói saber que fui o causador da sua ferida, me dói mais ainda saber que vou acordar todos os dias e não ter você comigo para poder abraçar e dizer o quão linda está. Hoje só posso lamentar por perder a coisa mais fantástica que já me aconteceu. Agora tudo que me resta é chorar, chorar porque minha felicidade, minha vida está indo nesse exato momento para França. Tomara que algum dia o destino permita que nos encontremos novamente, pois como você dizia ‘’A vida é uma caixinha de surpresas’’. Te amo para todo o sempre minha Pequena.

Com amor,

Percy Jackson

Dentro do envelope continha uma rosa branca. Annabeth pegou e inspirou seu perfume, enxugou as lágrimas que atravessavam seu rosto. Secretamente ela pediu para o céu que um dia encontrasse seu amor novamente, ela amava tanto aquele garoto. Mas Annabeth de alguma forma sabia que iria reencontra-lo, em outra vida? Talvez, mas um amor como o daqueles dois jovens, seria dificilmente apagado, isso não era um adeus, não era uma despedida permanente, quem sabe era só um ‘’até logo’’?

O avião decolou, o frio tomou conta da barriga da loira, ela olhou pela última vez seus amigos lá em baixo acenando e chorando, pensou em Percy naquele reformatório, o único garoto que a fez sentir uma mulher de verdade. Então sorriu, com certeza esse era apenas um Até Logo.