Wolverine: Uma História escrita por Tenebris


Capítulo 1
Decisões


Notas iniciais do capítulo

Gente, essa é uma história com o intuito de arrumar um amor para nosso querido herói (ou não) Wolverine. Além disso, mais para frente, haverá coisas que nem mesmo os X-Men saberão como lidar. Fiquem ligados, e boa leitura ;-)



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Alguém bateu à porta. Julia percebeu então que não adiantava arrumar suas coisas. Apenas observou a cama à sua frente. Uma mala aberta e as roupas cuidadosamente dobradas, ainda fora dela. Isso refletia completamente o estado de espírito de Julia. Hesitava entre partir ou ficar.

Depois da terceira batida seguida, Julia percebeu que não adiantava mesmo. O homem a acabaria encontrando cedo ou tarde. Decidiu abrir a porta e esperar as coisas acontecerem.

O homem que batia à porta era Professor Charles Xavier: mentor e fundador dos X-Men.

E Julia, bem, ela era uma advogada de 23 anos não tão normal quanto aparentava. Perdeu os pais muito cedo e foi criada por Rudolph, um amigo de Charles. Ela tinha poderes psíquicos extremamente fortes e incomuns. Há tempos Charles tentava levá-la para o Instituto dos X-Men, ao passo que esse convite sempre era recusado. Mas não dessa vez.

- Olá, Julia. – Cumprimentou Professor Charles, sorrindo timidamente.

- Professor... – Ela retribuiu, dando passagem ao homem, que entrou.

- Você pensou em meu convite? Quero que vá para lá o quanto antes...

Julia hesitou. Ela reparou que Charles notou a mala aberta, as roupas dobradas...

- Ah... Você estava de saída? – Perguntou ele, alternando o olhar entre a cama e Julia.

- Bem... – Ela desabafou. – Só acho que treinei o suficiente quando estive na SHIELD... Não sei se seria uma boa ideia mudar de casa agora, morar no Instituto... As pessoas desconhecem-me como... como mutante.

- Nós já discutimos isso. O que você treinou na SHIELD é diferente. É mais técnico. No Instituto, você vai treinar seu poder especificamente. Esse treinamento é experimental e só haverá você como nova aluna. Descobrirá sua relação mutante-mundo.

Julia abaixou os olhos. Não que não gostasse de ser chamada de mutante. Afinal, era isso o que ela era.  Mas estava tão pouco acostumada a isso que o chamamento ainda soava diferente.

- Você conversou com meu pai? – Ela indagou.

- Ele apoia totalmente. Vai ser bom pra você se descobrir mais. Treinará com uma equipe e, sobretudo, com um instrutor competente. Se tudo der certo, poderá até entrar para a equipe.

Julia revirou os olhos, descrente. Nunca pensara em usar seus poderes dessa forma. Ela sempre optara pelo anonimato, exercendo seu ofício e vivendo uma vida relativamente boa e pacata. Ser chamada assim para uma equipe do calibre dos X-Men envolvia muitos aspectos. Expor-se e expor seus poderes, lidar com vilões poderosos, treinamentos diários, correr risco de vida e, além disso, transferir esse perigo para quem ela amava. Não parecia ter muitas vantagens.

- Acho que isso não pode acontecer. – Ela sorriu, tentando suavizar a negativa.

Charles a observou como um adulto condescendente faria com uma criancinha exagerada e desnecessariamente teimosa.

- Talvez mude de ideia. O futuro às vezes nos pega de surpresa...

Os olhos de Charles divagaram por um instante, talvez relembrando memórias antigas que Julia jamais descobriria.

- De qualquer forma, eu irei então. Obrigada pela oportunidade. – Julia agradeceu.

Os olhos de Charles brilharam quando ele tocou a mão de Julia cordialmente. Parecia estar olhando para um bom pedaço de mármore a ser lapidado.

- Seus poderes são muito extraordinários. Duvido que tenha conhecimento da capacidade de que tem. Espero poder ajudá-la de alguma forma.

- Obrigada. – Julia sorriu, sem jeito. – É estranho falar de meus poderes assim. Não os uso com frequência.

- Vamos trabalhar nisso, fique tranquila. – Acalmou-a Charles, acenando. – Eu espero você amanhã às oito. É um bom horário?

- Sim. Só vou para o escritório às dez.

- Nós vemos amanhã. Tenha uma boa tarde.

- Até amanhã... Professor X. – Julia acrescentou rapidamente. E, enquanto Charles virava-se para ir embora, ela jurou ter visto um sorriso simpático – quase paterno – brincar nos lábios de quem agora seria seu professor.

Julia divagou um bom tempo sobre a decisão que tinha tomado.

O apartamento em que atualmente morava em Nova York era de seu pai adotivo, então não teria problemas em deixá-lo para viver uns tempos no Instituto. Seu emprego como advogada também era flexível. O escritório onde advogava era de parentes próximos de seu pai, e ela tinha que cumprir apenas quatro horas diárias de trabalho. Essa parte estava resolvida.

Então, enquanto arrumava as malas, Julia ficou pensando em si mesma enquanto mutante. Ela tinha poder sobre a mente. Especificando, podia brincar com a mente das pessoas. Entrar na mente delas e implantar memórias falsas, descobrir memórias verdadeiras, obrigar a pessoa a fazer o que ela queria, e coisas do gênero.

Às vezes, parecia até cruel. Entretanto, Julia nunca usara seus poderes de fato. Ela tentava, na maioria das vezes, reprimi-lo. Vira casos de mutantes que se expunham e pegavam alto preço por isso. Enfim, ela só usava seus poderes quanto estes simplesmente desejavam aflorar e, com isso, ela tinha lido incontáveis vezes os pensamentos das pessoas.

Curiosamente, seu poder só funcionava quando ela estabelecia contato direto com os olhos de uma pessoa. Então, como mágica (ou ciência, quem sabe), ela projetava um lugar no espaço-tempo que funcionava como a mente de alguém: sem limites e atemporal.

Após arrumar tudo, Julia ligou para seu pai a fim de contar-lhe a novidade. Seu pai fingiu um tom de surpresa familiarmente falso para ela. Era óbvio que Charles já o havia comunicado a respeito de sua ida.

- Pode deixar, querida. O apartamento continuará sendo seu. E eu converso com meus tios, eles vão entender a mudança. Direi a eles que estará fazendo um curso técnico e que precisará dividir suas atenções entre trabalho e estudo.

- Obrigada, pai... Acha mesmo que dará certo? – Ela perguntou, aflita.

- Claro. Xavier é um bom homem. Confio no treinamento que ele lhe dará. Convenhamos que já passou da hora de você testar seus poderes. Coisa desse tipo é bom nunca adiar ou reprimir. Você precisa se conhecer.

- Ok. Obrigada, pai. Amanhã te ligo, irei para o Instituto às oito.

- Tenha um bom dia, filha.

O pai de Julia desligou o telefone, mas ela continuou com ele no ouvido. Era como se estivesse em transe por tudo o que viria a acontecer.

Julia terminou de arrumar as malas, colocando tudo o que julgou necessário. Roupas de todos os tipos, livros, notebook, aparelhos eletrônicos e outros itens. Foi então que ocorreu a ela que precisava ir para o trabalho.

Julia então se dirigiu ao escritório. O dia passava lentamente e tudo estava monótono. Seus pensamentos não se ligavam em outra coisa que não o seu futuro a partir de agora. Ainda não estava completamente certa de sua decisão, e sua mente parecia ter certa inclinação a imaginar catástrofes.

E, depois do que pareceu uma eternidade, Julia chegou à sua casa e dormiu lá pela última vez, ansiando pela manhã e, com ela, suas novas descobertas.


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