–Ask her If she wants to stay for a while – A encarei, tão linda e tão calma dormindo. Nem parece a mesma Charlie. Me deitei do lado dela, o sono já estava vindo.

– And she will be loved...

Se ela soubesse o que sinto por ela.

(...)

P.O.V Charlie

Eu nunca senti uma dor tão forte na cabeça. Eu acho que talvez tenha bebido demais, só acho. Abri os olhos vagamente, a luz do sol batia forte na janela. Eu não sei como cheguei em casa, só me lembro de entrar no carro de Finn, e chegar na festa. A música “She Will Be Loved” estava tocando em minha mente. Me virei, e vi uma das cenas que todos deveriam ver antes de morrer.

Dan estava do meu lado dormindo, tão angelical. Seus cachos estavam amassados por causa do travesseiro, e o lábio estava machucado, um pouco inchado, o que deixou-o carnudo. A respiração dele não era nada leve, era profunda. Fiquei um bom tempo o encarando, e esqueci por um instante completamente tudo que ele me disse no dia anterior. Vê-lo assim tão vulnerável , me fez achar que tudo não passou de uma mentira, e que ele nunca faria isso comigo. Limpei uma lagrima que escorreu em meu rosto, já devia ter ganhado um troféu por tanta burrice.

Mas o que Dan esta fazendo em minha cama? Como ele veio parar aqui? Fizemos alguma coisa ontem à noite? Eu não conseguia lembrar de nada. Me levantei calmamente, e fui até o banheiro. Ele estava bagunçado. Me olhei no espelho, minha maquiagem estava toda borrada, meu cabelo, estava todo despenteado, e eu ainda usava a roupa da noite anterior. Lavei o rosto e peguei um moletom em meu armário. Troquei de roupa e resolvi descer. Tomei um remédio para dor de cabeça, e fiz um chá.

Ninguém estava em casa, que novidade. Peguei o meu chá, e fui em direção ao jardim. Deitei na grama macia enquanto o sol me aquecia, estava frio naquela manhã de domingo. Fechei os olhos, e alguém fez sombra - o que fez o sol quente desaparecer.

–Ei – falei abrindo os olhos calmamente – Será que dá pra sair da frente?

–Sempre educada – essa voz, não pode ser – Cadê o por favor, maninha?

–Luke? – Ele sentou ao meu lado, os cabelos loiros e o sorriso não mudaram nada. Abracei ele forte. – Eu senti tanto a sua falta, não vai mais embora, por favor.

–Charlie – ele falou em meus ouvidos, que saudade de escutar ele falando o meu nome – eu também morro de saudades você, mas eu estou sempre aqui.

–Sempre? – Falei fazendo careta.

–Nem sempre, bocó – ele entendeu – eu não quero ver você tomando banho, ou beijando algum garoto. – ri e ele me acompanhou.

–Que saudade da tua risada

–Eu digo o mesmo – Ele me fitou.

– Eu tenho tanto medo de esquecer você – Falei olhando para ele, meus olhos estavam marejados.

–Isso nunca vai acontecer, olha – Ele falou me virando para a porta de vidro. – Nós somos um só, Chars – Ele sorriu e eu nos vi no reflexo. Nós somos idênticos, só que ele tem cabelos loiros, e os meus são pretos.

Fiquei um bom tempo olhando para o reflexo, e ele fez uma careta.

– Luke.

– O que pirralha? – Ele não sabia como eu sentia saudade de ouvi-lo falando assim.

– O céu é legal? – Ele achou a pergunta engraçada.

–Sabe que até que é. Só que fica meio entediante, porque não tem uma pirralha me irritando o tempo todo. – Ele bagunçou meu cabelo.

–Idiota.

– Ai meu coração – Ele fingiu estar indignado.

–Bocó - ele sorriu.

– Como vão as coisas com papai? – perguntou se deitando na grama.

– Ele parece finalmente estar superando tudo, está bem focado no trabalho.

–Eu fico feliz, mas e mamãe? Vovó?

– Ah, mamãe sempre foi forte. No começo ela não saia do seu quarto, ficava deitada lá sozinha, e chorando rios. Vovó continua a mesma – Ele riu.

–Você é igualzinha a ela.

–Para, nós temos gostos muito diferentes. – Minha Vó acha que Dan é um cara legal.

–Você que se engana, irmãzinha. Eu sei muito bem no que você está pensando, Dan, não é?

–Como você sabe?

–Eu vejo tudo – Ele riu.

–Ah, então viu como ele é um idiota. – Falei olhando para baixo.

–Não, Chars. – Eu o encarei - eu vi um cara que gosta de você de verdade, e se ele fez tudo o que vez, tem seus motivos. Não duvide do sentimento dele por você, eu vejo sinceridade em seus olhos.

–Você é advogado dele por acaso? - Nós rimos – Val está de volta.

–Eu sei, essa é outra que você precisa ajudar. Ela é igualzinha a você, Chars. Cabeça dura que só vendo.

–Eu não sou cabeça dura.

–É sim.

–Não sou não – Ele riu.

–Aham, sei. Bom, você precisa dizer para ela deixar o orgulho de lado, e lutar pelo que quer de verdade. Escute o seu coração, é o que eu vou dizer para você, e para ela.

–Nossa, que maduro Sr. Luke.

–Eu sei, eu sei. – Ele falou metido. – Eu estou muito feliz com o que você está fazendo pelas crianças, Chars. O acidente com o galpão é o de menos, você conseguiu continuar o que eu deixei aberto.

–É o mínimo que eu posso fazer, tudo isso que você fez por eles é incrível. Você ainda é muito querido por eles, e assim vai continuar sendo.

–Obrigada, Chars. Posso te fazer um pedido?

–Claro – Falei sorrindo.

– Continue sendo sempre assim, tá bom? Você é perfeita do jeito que é, e não deixe ninguém mudar a sua essência. Eu te amo, pirralha. E prometo que vou estar sempre aqui com você.

–Eu também te amo, Luke. Não me deixe nunca, por favor. – Falei o abraçando, e deitando em seu colo.

–Sabe, Chars, uma senhora muito sábia me disse uma vez que tudo acontece por uma razão. Não duvide dos planos que Deus tem para você. Cuide bem de tudo por aqui.

–Pode deixar, Luke. Só não vai, fica até eu dormir? – Falei bocejando.

–Como sempre – Ele riu. Eu deitei a cabeça em seu colo e fechei os olhos.

– Don´t you worry, don´t you worry child. See heaven´s got a plan for you – Ele fazia carinho em meus cabelos, senti uma lagrima escorrendo em meu rosto – Don´t you worry, don´t you worry now…

Uma sombra escondeu o sol que me aquecia, abri os olhos esperando vê-lo.

–Luke? – Falei tentando encarar a sombra.

Infelizmente não, era Dan. Olhei em volta, mas ele não estava lá. Senti um perfume familiar no ar, é, definitivamente Luke sempre estaria comigo.

Afinal, ele faz parte de mim.

Beijou sapos, mordeu maças, espetou o dedo. Entretanto, e realidade insistia em sufocar seus sonhos, mas ela não desistiu.