Antes Que Você Vá escrita por Isabela


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Ooooooooooooi gente! ^^ Demorei? Eu acho que sim, hein... mais de uma semana... foi mal =/ essa semana foi muito corrida e eu estava cheia de coisas para fazer, então foi difícil arrumar tempo para escrever, mas quando consegui, fiz o melhor que pude! Só quero pedir duas coisas:
1. Team Theo, não me mate, eu avisei que as coisas iam complicar um pouco.
2. Me desculpem desde já. Sei que vão ficar bravas, mas é por um bem maior... eu espero hahaha.
Obrigada pelos reviews do capítulo anterior, e pelos parabéns do meu aniversário - eu já disse algum dia que amo vocês? Pois é, então... eu amo demais ♥ obrigada, gente, de coração.
Boa leitura!



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Capítulo Vinte e Um

Theo foi embora de casa uma hora ou duas depois que eu disse aquela frase. Para dizer a verdade, não ficamos tagarelando muito depois daquilo. Sinceramente, eu estava chateada com a maneira como ele tinha falado, e estava principalmente com um pouco de medo do que poderia acontecer com a gente se eu por acaso tivesse de agir com Theo do modo como agia com meus pais.

Porque eu… bom, acho que eu amava Theo.

Não que eu não amasse meus pais. Só que era muito diferente. Theo tinha mudado tantas coisas em mim em tão pouco tempo, e eu realmente tinha muitas expectativas a respeito dele. Talvez houvesse um futuro com ele – eu até esperava por isso. Mas se ele não me aceitasse como eu era, do que adiantaria esse amor? Do que adiantaria eu estar me entregando a ele aos poucos, entregando meu coração imutável a ele?

Se ele quisesse aceitar meu coração eu o daria de bom grado, contanto que ele soubesse que poderia até ser dele, mas do jeito como eu era, e de nenhum outro.

Assim que ele foi embora, meu pai relaxou um pouco mais, mas eu me senti ainda pior por estar completamente a sós com meus pensamentos.

Olhei fixamente para a caixa de Arthur no pé do sofá. Ela ficara ali o tempo todo, gritando, pedindo atenção, implorando, suplicando, me tragando e me dizendo…

Você precisa dele. Você precisa dele. Você precisa dele.

Levantei num ímpeto incontrolável que surgiu de não sei onde, e saí porta afora, batendo-a com força. Corri além do portão e num átimo de segundo virei-me em direção à praia. E corri.

Não ouvi direito se meu pai tinha me chamado ou mesmo percebido que eu saíra. Não pensei direito no que estava fazendo, ou em Theo, ou nos meus sentimentos.

Só pensei em Arthur, porque, sinceramente, ele era a única coisa que eu podia pedir e ao mesmo tempo dar a mim mesma naquele momento.

Eu sabia exatamente aonde encontrá-lo.

Cheguei à praia e corri até entre os postos de salva-vidas quinze e dezesseis. Aquela era mais ou menos a área em que Arthur costumava ficar.

E ele estava lá.

É indescritível a sensação que tive, e para tentar ilustrá-la, eu obrigatoriamente – e sem querer –, compararia tudo ao que sentia por Theo.

Mas Arthur era diferente, e isso era o que me fascinava e atraía ele. Porque para ser honesta, Theo era quem deveria ser classificado como diferente e fora de padrão, e não Arthur. Só que de certa forma, Arthur era a diferença, era ele quem fazia diferença e quem me fazia diferente e igual ao que sempre fui.

É difícil explicar.

Ele estava de costas. A claridade e os reflexos do mar em sua pele morena deixavam mais destacadas ainda cada mínima e esplêndida curva de seu corpo. Seus cabelos sempre molhados e salgados de mar eram uma coisa familiar e incrivelmente confortável. Cenas passaram por minha cabeça. O beijo dele. O toque dele. A maneira como ele nunca exigiria nada de mim, nunca.

– Arthur! – gritei sem pensar.

Ele se virou quase antes que eu pronunciasse a última sílaba de seu nome, e um olhar brilhante e satisfatório cruzou seu rosto.

Será que Theo me olhava daquele jeito? Eu achava que sim. Theo estava apaixonado por mim, ou pelo menos pela parte de mim que o satisfazia. A parte que ele pensava que estava re-despertando em mim. A meiga, jovem, estável e submissa Velha Mianah.

E eu tinha medo. Tinha muito medo de que ele estivesse apaixonado por uma eu que não existia mais; por uma leve ilusão de mim.

Arthur correu para mim e agarrou meus ombros, me girando no ar. Eu ri de pura felicidade. Eu estava feliz por vê-lo, estava feliz por fazê-lo feliz.

– Mianah – ele suspirou meu nome como se dissesse o nome de uma rainha, o que me deixou desconfortável. Foi soltando-me devagar e não tirava os olhos do meu rosto.

– Oi – eu disse, respirando fundo o cheiro dele.

Concentre-se, eu disse a mim mesma.

– Você veio – ele parecia estar flutuando. – Obrigado.

Eu sacudi a cabeça.

– Por vir? Arthur, por favor. Eu só estava…

Eu me detive. Eu estava com saudades dele?

– Ok – ele disse, e sua mão se entrelaçou na minha quase que involuntariamente. Meu corpo gelou com aquele gesto, e eu simplesmente não consegui soltar a mão da dele. Eu não queria magoá-lo, e não queria magoar a mim também. E principalmente… eu não queria soltar a mão dele.

Suspirei novamente e começamos a andar pela areia.

– Eu só saí de casa e vim sem pensar – expliquei. E não era mentira.

– O importante é que você veio – disse Arthur. – E eu estou muito, muito feliz com isso.

Ele deu seu sorriso brilhante. Era tão diferente do de Theo, e ao mesmo tempo igual. Eu não sabia qual dos dois fazia meu coração bater mais forte.

E esta era uma questão importante.

– Recebeu minha caixa? – Arthur não me dava chance de pensar. Talvez eu precisasse soltar sua mão e sair correndo de novo para casa.

Eu fiz que sim com a cabeça.

– Hum. Eu amei – murmurei.

Arthur passou um braço pela minha cintura. Eu não devia estar fazendo aquilo, definitivamente. Mas estava. Porque eu amava o modo como seus braços me envolviam, eu amava encostar a cabeça no peito molhado dele, como tinha feito naquele momento.

– Arthur… – eu coloquei uma mão no peito dele, e tomei coragem para dizer que tínhamos de acabar com aquilo.

Mas ele apenas segurou minha mão e beijou as pontas dos meus dedos.

– Vamos dar um passeio. Vamos fazer o que você quiser. Qualquer coisa.

Eu engoli em seco.

Mas…, minha mente gritava. Não, você não pode fazer isso.

Calei minha mente e dei meu mais lindo sorriso para Arthur.

– Eu quero… – parei por um segundo e olhei para ele. – Eu quero fazer uma tatuagem e comprar roupas novas. Posso te pagar depois.

Ele deu um sorriso perverso.

– Já sei como – murmurou e beijou o topo da minha cabeça. – Vamos lá.

~

Arthur me garantiu que aquele era o melhor tatuador da cidade. É claro que quando chegamos ao estúdio tinha uma pequena fila de gente querendo se tatuar sem hora marcada, mas Arthur tinha uma moral bem elevada com o tatuador, que colocou todo o povo numa salinha e agendou horários, mas a nós, apenas pediu que esperássemos alguns minutos.

– O que vai tatuar? – Arthur perguntou para mim enquanto estávamos sozinhos.

Eu não sabia. Não fazia ideia.

– Sei lá. Vou pensar por um minuto.

Pensei, em vez disso, no quanto Theo provavelmente não ia gostar de minha nova tatuagem. Pensei que tatuar algo relacionado a ele não seria uma boa ideia, e o mesmo para com Arthur. Mas no fundo eu sabia o que queria tatuar.

E quando o tatuador – um cara alto e robusto, com alguns piercings espalhados pelo corpo combinados a tatuagens enormes e chamativas – chegou, eu sabia o que dizer.

– Escreva “Kiss Me”.

Arthur me olhou sem entender muita coisa, e eu apenas dei de ombros. Eu também não estava entendendo muita coisa.

– Aonde? – perguntou o tatuador.

Olhei ao longo do meu corpo e apontei minha tatuagem com símbolo do infinito na nuca – onde Theo tinha beijado na nossa noite quase juntos (se é que você me entende).

– Embaixo do símbolo do infinito.

O tatuador me levou para a maca.

– Isso pode doer um pouco.

~

– Ficou muito bacana – disse Arthur, deslizando o dedo por minha nuca e parando um pouco abaixo da tatuagem.

Eu engoli em seco. Estávamos encostados na moto dele – é, ele tinha uma moto, o que me fez ficar morrendo de saudade da minha – e a rua estava vazia. O sol ia se afastando devagar até que chegasse ao horizonte – onde sumiria dali a no máximo uma hora – e o momento era perfeito para… bom, seria um crime pensar em beijar Arthur.

E eu estava satisfeita com os beijos de Theo, estava feliz com eles. Com ele. Theo me fazia feliz. Mas… mas Arthur… não sei. Havia algo especial nele, na nossa amizade, no jeito como éramos um com o outro. Ele não exigia nada de mim, ele não estabelecia regras…

Seus dedos continuavam em minha nuca.

Kiss Me. O que quer dizer? – ele me perguntou baixinho, sua boca chegando perto do ouvido e fazendo minha pele se arrepiar.

Olhei para baixo e contive um calafrio de prazer. Eu sabia o que ele estava querendo.

– Eu não sei direito porque tatuei isso – então por que é que a música de Ed Sheeran girava na minha cabeça?

– O que significa? – ele perguntou de novo.

– Me beije – eu sussurrei, rendendo-me.

Ele me apertou contra seu corpo e olhou nos meus olhos, e eu senti como se tivesse errado antes. Eu não devia ter ido atrás de Theo. Eu não devia ter mudado, eu não devia ter me rendido aos meus pais, eu não devia ter renegado o que eu era, pensando que seria temporário. Eu não devia ter brigado com Lena e Victoria, eu não devia ter deixado de ser quem eu era por um cara como Theo, se eu tinha Arthur bem ali. Mesmo que eu amasse Theo. Mesmo que ele me amasse.

Eu amava mais quem eu era.

No entanto, não era assim tão simples. Eu não podia – não devia – fazer aquilo com Theo. Meu compromisso com ele ainda era firme, e beijar Arthur seria igual a trair Theo.

E quando os lábios dele estavam próximos, eu coloquei uma mão em sua bochecha e me desviei, apenas abraçando-o.

– É só a tradução das palavras – eu sussurrei.

– Eu sabia o que significavam – Arthur passou os dedos pelos meus cabelos.

Eu olhei em seus olhos. Estava na hora de ser sincera com ele. A rejeição provavelmente tinha doído, e doeu em mim fazer aquilo com ele. Eu devia contar sobre Theo, falar para Arthur que não podíamos mais nos ver, que não ia adiantar, que só sofreríamos.

Mas eu era egoísta, e não podia fazer isso comigo.

E me sentia no direito de fazer aquilo com ele.

– Que tal se a gente… fazer umas compras? – eu estupidamente sugeri.

Arthur pareceu se animar um pouco.

– Como assim?

– Eu me sinto uma patricinha perto de você. E eu não sou uma patricinha.

– Você é linda – ele me disse.

E entrelaçou novamente a mão na minha.

– Eu me sentirei muito melhor quando estiver combinando com você – expliquei.

Quando estiver combinando com o que sou.

~

Foi muito divertido fazer compras com Arthur. Eu me senti mal por usar o cartão de crédito dele, mas ele me garantiu que poderíamos gastar o quanto quiséssemos com ele, e não teria problema.

Fomos ao maior shopping da cidade, o Norte Shopping, e Arthur me ajudou a escolher roupas perfeitas. Compramos sem nos lembrar de que tínhamos apenas uma moto para acomodar a nós dois e as várias sacolas cheias de roupas e alguns tênis que compráramos. Comemos em uma das praças de alimentação do shopping e quando saímos de lá era noite, lá pelas oito e meia.

Arthur dirigiu até a minha casa, e não quis me revelar de maneira nenhuma como ele sabia onde eu morava. Nem tentei adivinhar, porque ele pareceu muito desconfortável – extremamente, eu diria –, quando toquei no assunto.

Eu agradeci pelo dia e prometi que nos encontraríamos novamente para que eu pudesse pagar – financeiramente – o rombo que tinha feito no cartão dele. Tentei não me sentir mal por ter conservado meus lábios bem longe dos dele quando nos despedimos, e mal me toquei que provavelmente meus pais estavam furiosos comigo por eu ter saído sem avisar e deviam estar olhando pela janela, esperando que eu chegasse, com suas bocas espumando cheias de palavras cortantes.

Eles tinham provavelmente me visto com Arthur – e isso geraria outro longo discurso imprevisto. Minha mãe com certeza se lembrava de Arthur.

Eu estava perdida.

Soltei um longo suspiro e dei um jeito de segurar todas as sacolas com uma só mão. Empurrei o portão social com a outra mão e a luz da garagem se acendeu, revelando o carro dos meus pais e… um Vectra reluzente.

Não. Não podia ser.

Theo, não.

Pela primeira vez, a ideia de vê-lo fez com que meu estômago se revirasse de um modo muito, muito ruim. E eu queria me virar e sair correndo pelo portão, de novo. E queria gritar por Arthur, bem alto, para que ele ouvisse mesmo da esquina. E eu queria fugir.

Mas não fiz isso. Tentei me acalmar e dei os passos necessários para chegar à frente da porta da sala.

Ela se abriu devagar, como naquelas cenas ridículas de filme de terror. Me lembrei de que eu estava…bom, com uma tatuagem nova e algumas roupas novas, que minha mãe não aprovaria…e nem meu pai. E que eu tinha chegado com outro cara numa moto – que meus pais odiavam – e que Theo estava bem ali.

Enfim me deparei com o rosto do meu pai. Ele estava furioso, é claro, mas não me disse nada. Apenas fez sinal para que eu entrasse, e a primeira pessoa que vi depois que o fiz foi minha mãe. Ela parou de falar com Theo assim que percebeu que eu estava ali – e Theo estava olhando para ela sem parecer perceber que eu estava ali –, e me lançou um olhar triste e revoltado. Meus pais em seguida subiram as escadas sem dizer nada.

Eu repousei as sacolas no sofá fazendo um barulho enorme propositalmente. Passei as mãos nos cabelos, e eles estavam um pouco diferentes –, eu não mencionei, mas eu e Arthur nos arriscamos a pintá-los com spray colorido (o que foi muito divertido). Eu quase sorri ao me lembrar de nós dois, mas o modo como Theo parecia não querer olhar para mim fez com que um nó se formasse em minha garganta.

Eu estava acostumada com o sorriso bobo e brilhante que ele sempre me dava quando eu chegava e ele me via – e vice-versa. Eu esperava por isso, mesmo naquele momento. Eu estava acostumada com sua leveza, suavidade, seu carinho, e como ele era perfeito e lindo, e meu.

Mas não.

Theo se virou para mim, enfim, e não havia nada daquilo em seu olhar.

E então percebi que finalmente… ele tinha percebido quem eu era.


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Notas finais do capítulo

Me perdoeeeem por qualquer erro de revisão de texto e ortografia; me avisem nos reviews se encontraram algum - com isso subentende-se que espero reviews hahahahaha novamente, me perdoe, Team Theo - acho que todas são Team Theo né ahsuahushaushaua
Obrigada novamente pelo apoio e por acompanharem, vocês são umas lindas e espero não decepcionar vocês, nunca. Saibam que eu dou tudo de mim para fazer uma boa história e satisfazer vocês. Quero críticas, elogios, opiniões sobre tudo, ok ok? :D beeeeijos e até os reviews e o próximo capítulo.
P.S.: caros leitores fantasmas, apareçam! Minha vida será mais feliz ainda se vocês darem o ar da graça, mesmo que por MP. Eu estou inteiramente disponível, e além do mais, já pensou se a fic acabar e vocês não me deixarem a par da linda existência de vocês? Fantasminhas precisam ter nome! hahahahahaha aah e estou aceitando recomendações também =P ~le indireta~hahahahaha



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