Demigoddess escrita por Pacheca


Capítulo 12
Just A Few Answers


Notas iniciais do capítulo

Pessoas, não sei quando posto o próximo, ok? To sem internet...



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Os próximos dias passaram rápido. Na verdade, mais rápido do que eu queria. Não encontrei Scirus mais, e mal conseguia conversar com Chad. Na verdade, nem Luke ficava muito tempo comigo, a única coisa que estávamos fazendo juntos eram os treinos.

Eu já estava a quase uma semana no acampamento e nada acontecera. De verdade, eu até conseguia ler uma página ou outra dos livros que eu levei.

A euforia de ter um lugar pra pessoas como tinha passado e eu podia resumir meus dias ali com uma palavra: tediosos. Algumas pessoas podiam não acreditar, mas eu não conseguia ver nada de mais no acampamento.

O sol se punha manchando o céu. Baixei o livro um pouco e fiquei olhando ele sumir dentro do mar. Aquele foi um momento bem legal no dia.

Chad se sentou na areia ao meu lado e ficou olhando comigo. Olhei de soslaio pra ele, pensando porque ele estaria ali. Por mais irônico que isso soe, Chad odeia sol, por mais suave que seja.

– O que foi?

– Nada, só queria conversar com você. – Olhei pra ele, esperando o que ele queria. – Você quer encontrar Scirus, não quer?

– Pra ele me mandar embora? É, quero. Eu não quero ficar aqui pra sempre sendo só mais uma esquecida, Chad. Se é ora ser esquecida, que seja com minha vida lá fora.

– Talvez te reclamem... – Neguei com a cabeça, antes que ele continuasse. – Elgin, é sério.

– Eu sei, ok? – Ele parou de tentar argumentar e escutou. – Eu não quero ficar aqui, parece que eu estou presa porque eu quero.

– E se você não estiver presa, só em casa?

– E se roubaram a chave e trancaram a porta da casa?

Ele suspirou.

– Não quero que você vá. Eu gosto do 7, mas ainda gosto mais de você.

– Eu sei. Mas tenta ver meu lado.

– Promete que inferniza a vida do Dante por lá? Ajuda a me animar.

Assenti com um sorriso. Ele me abraçou e eu larguei o livro pra retribuir o abraço.

Scirus veio naquele caminhar de bode pela areia. Provavelmente, areia não era muito boa para cascos. Ele parou na minha frente, com aquela cara risonha sofrida dele.

– Que foi, Scirus? – Eu perguntei depois que eu soltei Chad e ele continuou me olhando.

– Quíron está aqui. Quer te ver. Os dois, ne verdade.

– Ele é igual ao sr. D? – Chad passou a mão nos cabelos.

– Não! Muito mais divertido e tranquilo. – Scirus sorriu e Chad ficou aliviado. Realmente, um encontro parecido com o do sr. D não era a coisa mais empolgante do mundo.

Chad levantou e me puxou. Peguei o livro e comecei a seguir os dois para a grande casa velha, até que eu vi outro daqueles caras estranhos, que não parecem estar ali, como o que eu vi no primeiro dia que vi meu pai.

Ignorei e continuei andando, ele sumiu. Scirus e Chad não perceberam minha demora. Continuei andando como se nada tivesse acontecido. Subimos na varanda e paramos na frente de um senhor de cadeira de rodas. Ai tinha coisa, mas não queria saber o que era.

Ele nos olhou um momento antes de falar. Não nos ignorou, mas não se dirigiu a nós.

– Olá! Prazer, Quíron. Como vai, Scirus?

– Bem, senhor. Ah, perdão, mas o senhor vai fazer alguma coisa com esse guardanapo? – Quíron deu uma risada e entregou o guardanapo usado pra Scirus, que mastigou como se fosse um pedaço de pizza.

– Vamos ao que interessa então... – Eu disse que tinha alguma coisa naquela cadeira. Quíron se levantou e para minha não tão grande surpresa ele tinha uma bunda de cavalo branco.

– Você tem uma bunda de cavalo. – Eu apontei sorrindo e com uma vozinha tão inocente que se eu soubesse que não era minha, acharia fofa.

– Se eu ganhasse um dracma pra cada vez que eu ouço isso. Realmente te surpreende depois de ver pessoas brilhando e homens com perna de bode?

– Não muito, mas ainda é chocante senhor.

– Tudo bem. Querem se sentar?

– Não, tudo bem.

– Ok, vamos começar falando dos dois, então eu falo com cada um, ok?

Chad e eu concordamos no mesmo instante. Começamos falando sobre o acidente na estrada, com o minotauro, incluindo Trianna e Dante. Depois da excursão com o guia monstro. Ele ouvia, fazendo uma pergunta ou outra.

Por fim, relatamos da vinda para o acampamento, mas não demorou muito.

– Muito bem. Vocês tem dislexia, TDHA, certo?

– Chad tem, eu não. – Ele me olhou mais um minuto enquanto assentia com a cabeça.

– Scirus tem razão, a aura de vocês é diferente. Mais forte que o comum, principalmente a sua. – Ele apontou pra mim. – Mas também mais discreta, como se fosse um paradóxo. Tão surpreendente quanto minha bunda de cavalo.

Teria ficado sem graça se não estivesse tentando compreender o que ele tinha dito. Se éramos mais discretos explicava porque não tínhamos sido achados ainda, mas se éramos mais fortes não explicava porque sempre estávamos mais “seguros” do que deveríamos.

– Por que não entra Chad? Precisamos conversar. Elgin, se quiser beber algo... – ele me entregou um copo limpo.

– Já sei.

Passei alguns minutos ali, imaginando o que eles poderiam conversar, mas continuava tentando resolver a coisa da aura paradoxal. Sem sucesso.

Quíron me chamou pra sala dentro da casa e dispensou Chad. Sentei no sofá me forçando a não olhar em volta, não me sentia bem ali.

– O que é tão errado em você? – Quíron me olhava muito intrigado, mais do que eu poderia considerar normal. – Quero dizer, você é mais interessante e difícil que os outros.

– Alguma coisa que eu possa fazer pra facilitar?

– Aonde conseguiu um anel com ferro estígio?

– Presente. – Rodei o anel no dedo olhando pra baixo antes de continuar. – Do meu pai.

– Você sabe quem é?

– Eu não entendo, Quíron. Me disseram que os Três Grandes tem um pacto, mas aparentemente alguém o quebrou.

– Quem?

– Hades. – Suspirei e esperei a reação dele. Ele também suspirou.

– Bom, isso pode ser um problema. Na verdade, várias coisas podem. A profecia pode estar mais perto do que nunca se você for a escolhida. Menos de um ano.

– Que profecia?

– Não importa. Ao menos, não agora. – Continuei observando as pernas de cavalo dele com uma expressão curiosa.

– Eu não sentir dor como qualquer outra pessoa, isso é alguma mágica semideusa ou o que?

– Ah sim, ouvi sobre isso também. Bom, espero que saiba, é só uma teoria. Talvez você consiga bloquear não só dor, mas sentimentos.

– Por isso em momentos em que eu desmaio ou perco minha concentração eu sinto dor?

– Pode ser. Se minha teoria estiver certa, o bloqueio é como um armazém. Você pode não sentir aquela dor, mas quando decidir liberá-la, tudo que você bloqueou volta de uma só vez.

– E se eu não quiser bloquear minha dor? Porque eu nunca escolhi isso.

– Não sei se existe algum jeito de controlar isso. – Assenti olhando pro meu anel.

– Então não é bem um dom.

Ele concordou com o ombro esquerdo. Me levantei e sai. Ele não fez nenhuma objeção e eu considerei aquilo meu sinal pra partir. Ele me parou antes que eu saísse da varanda.

– O que você anda lendo?

– Ao Cair Da Noite, Stephen King.

– Stephen King? Isso é uma surpresa. Boa leitura.

Sorri e voltei a caminhar, dessa vez direto para o pavilhão. Já era do jantar.


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Notas finais do capítulo

Reviews...
Leitoras, voltem, por favor ;(