Incertezas Mutantes escrita por Sephyra Lune


Capítulo 6
Medo e Confiança


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ficou um pouco longo (tive que dividir em 2!), mas começa a explicar muita coisa da história!
Ps: :* para a Maria Clara, das Pimmentas, que favoritou e deu reviews na fic, muito obrigada, amor! ♥



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            Não foi sem um pé atrás que Jully seguiu o homem por uma trilha na floresta. Quando pararam em uma clareira, Jully conseguiu avistar uma estrada vazia a uma curta distância.

            - Olha! – Ela apontou para uma construção pouco conservada – Parece ser um posto de gasolina!

- Já devemos ter ganhado vantagem sobre eles. – O homem pareceu ignorá-la.

- Vamos até o posto! – Juliette propôs. – Precisamos ir lá agora.

- Por quê?

- Preciso de um telefone, não tenho como avisar os outros sobre o que aconteceu aqui no meio do mato.

- Você sabe que isso pode ser perigoso para nós?

- Tanto faz. Só preciso avisá-los!

O cajun revirou os olhos e desistiu da discussão. Pôs-se a andar rapidamente e ajudou Jully a descer certas partes da floresta de topografia acidentada.  Na última descida Jully ficou extremamente corada quando tropeçou em uma raiz de uma árvore seca e quase caiu. Ele se mostrou muito ágil e a agarrou pela cintura antes que ela sequer chegasse perto do chão, abraçando-a por um instante. Ela fitou os olhos vermelhos por um instante antes que a cor se transferisse para as maçãs de seu rosto. Eles se separaram e Jully se afastou de cabeça baixa para esconder a cor do rosto.

Os dois atravessaram a estrada sem se preocupar, visto que nenhum veículo parecia ter o interesse em cruzar na região. Jully observou o local por um momento – parecia abandonado. Paredes sujas, cacos de vidro no chão e pneus remendados espalhados por todo lado davam uma péssima aparência ao local.

- Não acredito que você encontrará um telefone aqui. Parece vazio.

- Olhe! Tem gente lá!

Gambit olhou na direção em que a garota apontou. Uma luz acendeu-se dentro da sala de vidros embaçados de sujeira que aparentava ser o escritório do posto.

- Vá lá telefonar. Vou te esperar aqui e vigiar o local. - Jully concordou com a cabeça e só conseguiu dar um passo em direção ao escritório quando Gambit puxou seu braço – E não diga a eles que está comigo.

- Por quê? – Ela levantou uma sobrancelha desconfiada.

- Pertenci ao outro lado. Não somos o que se pode chamar de amigos, mesmo que me arrependa.

A menina ponderou por um momento se não seria perigoso demais continuar com um homem misterioso em trilhas desconhecidas, mas, ao mesmo tempo, sabia que se contasse que estava com um homem de Magneto a Jean e, principalmente, para Scott, eles não gostariam e viriam atrás dela antes de ajudar os outros. Estava decidido: ela não podia se colocar sobre as pessoas feridas da mansão.

- Certo. Não falarei nada sobre você. – Jully esboçou um sorriso.

- Obrigado.

Ele a soltou e ela voltou a andar em direção ao escritório. Bateu na porta, mas não recebeu resposta. Forçou a maçaneta e percebeu que estava destrancada e entrou. Havia duas escrivaninhas de madeira em decomposição que estavam cheias de papeis empoeirados e uma, com aspecto mais novo, que parecia ter sido limpa recentemente. Sobre esta última, havia um telefone. Ela o levantou do gancho e percebeu que, por sorte, havia linha. Ela havia começado a discar um dos números de emergência quando alguém surgiu às suas costas e a assustou, fazendo-a bater o fone no gancho com força e virar-se de frente.

- O que você quer aqui, princesa?

Um homem alto, com cabelos raspados e a barba por fazer a observava. Eram notáveis seus músculos por debaixo da camiseta branca. Seu jeans parecia ter anos de sujeira acumulada e ele usava botas que estavam limpas demais para o resto da roupa.

- Preciso usar o telefone. Posso fazer uma ligação?

- Claro. Fique à vontade.

- Obrigada.

Jully virou-se de frente para o telefone e discou o número de emergência de Jean ainda trêmula, a adrenalina do susto circulando em seu corpo. Ela não demorou a atender:

- Jean! Graças a Deus!

- Quem é?

- Sou eu, Juliette.

- O que aconteceu?

Jully respirou fundo e tomou cuidado para comunicar os acontecimentos à Jean em código, para que o homem que perambulava na sala atrás dela não os entendesse.

- Tivemos complicações! Magneto veio à mansão e discutiu com o Professor Xavier. Eles discutiram sobre algo que o Professor possuía e não quis ceder.

- Você está onde? Onde estão os demais?

- Em casa. O Professor mandou que eu me afastasse de lá e eu o obedeci. Estou num posto de gasolina agora, ligando para você.

- E você está sozinha? Ninguém foi com você?

Jully lembrou-se do pedido de Gambit e sentiu-se mal por mentir para Jean.

- Sim. Estou sozinha.

- O Professor e os outros estão bem?

- Não sei, não consegui mais notícias sobre eles.

- Nós retornaremos imediatamente para a mansão e regularizaremos a situação por lá. Quanto a você, siga para norte e nós te alcançaremos assim que possível. – Ela fez uma pausa - Escuta... Não sei se conseguiremos te alcançar até a noite. Caso escureça, procure um lugar para se abrigar. Precisamos que você se proteja, entendido?

- Certo. Compreendi.

- Preciso desligar, vamos mudar a rota do jato agora.

- Obrigada, Jean.

- Até mais. Cuide-se!

A ligação foi interrompida e o telefone retornou ao seu lugar de descanso empoeirado. Jully virou-se e foi surpreendida encarando o homem do escritório, frente a frente, muito próximos.

- Conseguiu falar, querida?

- Sim... – Ela tentou disfarçar, mas sua voz soava nervosa – Muito obrigada!

- Você sabe né... Tudo tem um preço nessa vida. – Ele afagou uma mecha de cabelo de Jully.

- Saí apressada de casa, estou sem dinheiro. Mas prometo que retornarei assim que possível para pagar.

- Que nada, você pode pagar agora, princesa. Poucas pessoas passam por aqui e menor ainda é o número delas que retorna. – Ele andou em direção a Jully que deu mais um passo para trás, encostando-se à parede. Ele a havia encurralado – Ainda mais sabendo que você está sozinha aqui.

O homem deslizou uma das mãos pelas costas de Jully chegando a sua cintura. Ela estremeceu nervosa e ele pressionou o corpo contra o dela, prendendo-a. Jully gritou e ele tapou sua boca.

- Não, quietinha. Não gosto de barulho.

O homem estava imobilizando-a. Jully se revirou nas mãos dele, tentando se libertar sem sucesso. Ela tentava gritar e morder a mão dele para libertar-se, mas também parecia em vão. Ele era muito mais forte do que ela.

- Tão ingênua... – Ele aproximou a boca do ouvido dela e sussurrou – Achou que fosse fugir de Magneto tão facilmente? Eu vou te entregar pra ele e ganhar uma boa recompensa.

- Ah, mas não vai mesmo! - Embora não tenha ouvido nenhum barulho da entrada dele, Jully ouviu a voz do cajun. – Venha atrás de alguém de seu tamanho, Lee!

- Gambit, Gambit, você quer a recompensa só para você, seu egoísta? Não vai me deixar aproveitar nem um pouquinho?

O homem pareceu farejar Jully, passando o nariz por seu pescoço. O estômago dela se revirou de nojo e, antes que ela pudesse perceber, estava livre de seu agressor. Gambit havia pulado sobre ele e o lançado sobre uma das mesas que se partiu ao meio.

- Maldito!

O homem levantou-se com uma agilidade imensa e pulou contra Gambit, fazendo-o rolar pelo corredor livre. Jully estava com as pernas bambas, sem saber o que fazer. Ela já havia participado de algumas sessões de treino no Instituto, mas nunca tinha enfrentado uma situação real. Lee agora acertava um soco no estômago de Gambit e ela percebeu que seu amigo demonstrava sentir dores, já que o outro era muito mais forte.

- Hey, Gambit!

Em um ímpeto de coragem, Jully pegou um punhado de clipes que estavam soltos sobre a mesa e lançou para Gambit. Mesmo sem tocar nos objetos, ele os energizou, fazendo-os explodir em seu oponente que rolou para o lado. Gambit o imobilizou e a garota fechou os olhos quando viu que ele lhe daria mais um soco. Pelo barulho, Jully percebeu que Gambit havia vencido a batalha e que Lee devia estar inconsciente naquele instante.

Gambit sentou-se no chão ao lado de um Lee desmaiado e Jully correu em sua direção. Ele estava machucado e havia sangue escorrendo de um corte em sua bochecha.

- Você está bem? – Ela perguntou ainda em choque.

- Melhor agora com Lee fora de combate.

- Quem é ele?

- Um caçador de recompensas que trabalha para Magnus. Um imbecil pretensioso, sem dom algum.

Jully não conseguiu evitar um sorriso pela revolta dele.

- Por que você está rindo?

- Se você não tivesse entrado na hora certa... Não sei o que aconteceria.

- Você demorou demais, imaginei que o telefone teria te engolido ou... – Ele ficou em silêncio.

- Ou que Magneto tivesse me capturado? - Ela completou.

- Ou que você tivesse fugido de medo de mim. – Gambit desviou o olhar por um momento. – Vamos sair logo daqui, precisamos ganhar distância dele e dos outros. Alguma recomendação do seu telefonema?

- Jean sugeriu que eu seguisse para o norte, que ela me encontraria.

- Então iremos nessa direção.

- Precisamos limpar seus ferimentos antes!

Gambit levantou-se balançando a cabeça negativamente e tirou um lenço do bolso. Ele colocou sobre a bochecha onde ainda sangrava.

- Não temos tempo a perder. Temos que nos afastar daqui o mais rápido possível.

Jully levantou-se e o seguiu para fora do posto. Era um sentimento estranho, mas ela estava começando a ficar confortável ao lado daquele que antes parecia um completo estranho.  


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Notas finais do capítulo

Em breve, ainda nessa semana, virá a sequência da história! :)



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