The Fallout escrita por Jules, Marina Temporal


Capítulo 7
Wake Me Up


Notas iniciais do capítulo

Gente... Voltamos! hahahah Espero que nossas leitoras ainda existam, finalmente nós tivemos tempo de postar de novo! x.x
Boa leitura!



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Skylar

Eu estava com os olhos grudados no relógio esperando desesperadamente para ouvir o sinal de Scarlet, avisando que papai já havia ido dormir. Eu roía a unha do dedo indicador por mais pura ansiedade, eu nem acreditava que estávamos fazendo aquilo, mas estávamos. Naquele momento estava debaixo dos cobertores, usando minhas melhores roupas e rezando para que meu pai não tivesse uma insônia... E não pareceu ter, pois cerca de dez minutos depois que o relógio marcou onze horas, Callie apareceu na porta, colocando a cabeça para dentro do meu quarto e me dando uma piscadela. Abri um sorriso a olhando em expectativa.

–Papai dormiu.

Anunciou. Isso! Com um pulo só deixei os lençóis e soltei meus cabelos para ver como estavam. Eu havia feito algo diferente neles naquela noite, Havia prendido minha franja para trás com uma presilha, que caiu muito bem com a blusa larga com o símbolo da bandeira inglesa, a calça de couro colada e as botas pretas de salto agulha que quase nunca usava, a não ser em ocasiões especiais. Com minha jaqueta me sentia incrível. Até mesmo os olhares de Callie para mim foram surpresos. Juro pelo que é mais sagrado que vi seu queixo cair. Caminhou até mim, me rodeando com um tubarão. Tentei não me incomodar com o gesto.

–Olha só... Calças apertadas e... Meu Deus! Não está usando suas Uggies! Até se maquiou! –Olhou para mim com um certo brilho nos olhos. –Sinto tanto orgulho de você nesse momento.

–Vá se ferrar.

Resmunguei enquanto revirava os olhos e passava meu batom que havia deixado por último. Callie torceu o nariz, fingindo enxugar uma lágrima e apontou para a porta com o dedo indicador, dizendo que já era hora de ir. Sim, eu sabia. O show começava meia noite e nós iríamos nos atrasar caso ocorresse algum imprevisto. Quando Alex aparecesse eu queria estar na plateia.

Minha irmã estava vestida como sempre, –pelo menos como sempre em seu modo bem arrumado... Até demais – usando uma saia de brilho dourada que havia comprado semana passada e uma blusa de alcinha branca, que a deixou mais com cara de boneca ainda junto dos saltos agulha. Eu não ia reclamar... Mas eu realmente tinha medo de ela acabar apanhando no lugar para onde estávamos indo.

Em passos de formiga, Callie e eu descemos as escadas em direção a garagem onde pegaríamos o carro. Bem, nós não poderíamos liga-lo simplesmente, já que o barulho acordaria todos na casa, mas nós havíamos pensado em tudo. Abri a porta dianteira, puxando o freio de mão enquanto eu e Callie o empurrávamos para fora da garagem o mais longe possível. Ah não... Deixe-me corrigir: Abri a porta dianteira, puxando o freio de mão enquanto eu empurrava o carro e Callie me observava reclamando do tanto que eu era barulhenta e como as unhas delas ficariam tão horríveis se me ajudasse. Eu nem reclamei. Apenas a mandei calar a boca enquanto com todos os meus esforços empurrava o maldito objeto de mais de uma tonelada. Mas o que poderia fazer? No final das contas, ele seria nossa salvação.

Depois que já havia empurrado o carro até uma distância segura, Callie e eu resolvemos ligar o motor. Erámos um dos poucos carros em movimento naquela hora pelo quarteirão, o que não nos deixou preocupadas de algum vizinho nos ver ou coisa do tipo, estávamos simplesmente seguras, como o combinado, mas havia surgido um pequeno novo problema e ele estava bem longe de casa.

Não demoramos muito para encontrar a rua da The Goose. A rua era conhecida por mim e minha irmã de outras vezes em que estivemos com papai em restaurantes pelas redondezas, mas em todo o lugar, não era possível ouvir qualquer som ou definir qual dos milhões de bares ali seria o que estávamos procurando. Nenhuma de nós havíamos estado ali antes e mesmo que se achássemos o lugar, as ruas estavam tão cheios, que vaga estava mais disputada do que ouro naquele inferno. Onde iríamos parar? Eu entraria na fila enquanto Scarlet parava o carro? Nem fodendo. Será que havia fila muito grande? Nós nem pensávamos em nos separar.

–E agora, gênio?

–O panfleto diz que é número 365. –Callie revirou os olhos irritada enquanto olhava nervosa para a rua. –Procure o maldito 356.

–Não estou vendo número nenhum!

Protestei enquanto olhava torto para as casas em volta, minha irmã bufou enquanto diminuía a velocidade.

–Vê se leia as placas.

–Estou lendo! –Exclamei irritada. –Eu não vejo nada de The Goose! Vamos ter que parar e pedir informação?

–Está louca?

–Por quê? –Grunhi, indignada. –É pior do que homem! O que tem pedir e parar informação?

–Que tal o fato de podermos ser estupradas aqui?

Perguntou impaciente, fazendo-me revirar os olhos. Ok. Me virei para o lado irritada pela ignorância de minha irmã, quando meus olhos bateram em um enorme letreiro de Neon, que deixava nítido as letras do nome que procurávamos há tanto, sem sucesso: The Goose. Dei um tapa no braço da minha irmã, a fazendo protestar enquanto pedia para parar. Não sei se foi obra de Deus ou pura sorte, mas assim que chegamos um carro saiu de sua vaga, não muito longe do clube, deixando livre para nós um caminho não tão grande de caminhada. Não poderia ser melhor! Abri um sorriso enquanto observava bem a fila que se abria na frente da pequena construção pousada ao lado de tantos bares pela rua. Prendi a respiração: O The Goose não era nem de longe como eu imaginava.

Parecia arrumadinho, com as paredes bem feitas de concreto branco e uma enorme porta de dois lados, iluminada por uma luz negra que enfeitava o local por dentro. Na porta havia um homem olhando a identidade das pessoas e com uma troca de olhar, Callie e eu não hesitamos em pegar nossas identidades falsificadas para entrar. Nós há tínhamos há um tempo, na verdade desde que havíamos chegado nos EUA para morar com nossa avó, então entrar clandestinamente para lugar com bebidas não era novidade para a gente. Nunca foi.

Depois de pegarmos um tempo de fila, o homem olhou para nossos documentos, depois para nós e depois para nossos documentos, hesitando um pouco em nos deixar entrar. Bem, eu sei que não tinha cara de vinte e dois anos como dizia a carteira, mas o que poderia fazer? Nos EUA, bebida é permitida com vinte e um. Na Inglaterra com dezenove. Nesse ponto eu concordava com os Ingleses.

–É aqui que eles vão tocar?

Perguntou minha irmã, curiosa, enquanto observava o local onde estávamos. Estava de fato cheio como imaginávamos, mas ao meu ver ainda não estavam rolando brigas pesadas como nos contaram. Dava para andar bem espremido e era impossível não esbarrar no corpo de alguém enquanto fazia, coisa que estava levando minha irmã a loucura. No canto do bar/boate eu conseguia ver algumas mesas de bilhar, onde algumas pessoas jogavam apostando e do lado esquerdo da sala, algumas poltronas onde pessoas se agarravam loucamente. Do lado direito, havia um enorme bar com as mais diversas bebidas e descendo umas escadas, dava espaço para uma enorme porta de vidro, onde lia-se “Sala VIP” em letras douradas. Nem preciso comentar sobre o local que mais agradou minha irmã em toda boate.

Eu tinha que admitir que havia gostado do ambiente, só tocava boa música, haviam televisões mostrando vídeos de rock e as luzes eram boas para se dançar. Não haviam mesas nem nada do tipo, mas Callie e eu sequer tivemos tempo de pensar em sentar, pois assim que adentramos o lugar, um homem de cabelos grisalhos tomou o palco do lugar apertado agarrando o microfone que estava ali. Olhei para Callie com um sorriso enquanto a puxava pela mão com toda vontade para frente das pessoas, empurrando quem entrasse para nos barrar. Logo estávamos na primeira fila, que ficava de frente para o palco. Quantos centímetros de altura ele deveria ter? Cinco? Era quase um pedestal e eu ficaria bem de frente para Alex. Senti meu coração disparar, que logo parou quando vi outras garotas com roupas curtas se aproximando da área onde eu estava. Callie e eu trocamos olhares intendidos, recuando um passinho. Mesmo sendo “amiga” do músico, não ficaríamos na fileira das piriguetes.

–E com vocês, pela primeira vez na The Goose... Recebam com aplausos calorosos: Armor The Empire!

Aplausos tomaram conta do lugar e soltei alguns gritinhos junto com outras garotas que estavam por ali. Pude ver Callie cruzar seus braços magrelos e revirar os olhos quando os garotos subiram no palco se posicionando. O sorriso no rosto de Alex era incrível, aliás... Ele estava incrível. Usava uma das camisetas de bandas e tinha os anéis de sempre nos dedos. Os cabelos deliciosamente atrapalhados e um sorriso enorme no rosto ao ver todas aquelas pessoas ali. Os membros de sua banda pareciam ser quase todos mais velhos do que ele, coisa que era engraçado. Alex era todo pequenininho e magrinho, não parecia realmente um membro de uma manda de Heavy Metal.

–Eae galera. Nossos somos o Armor The Empire. Vamos botar o teto dessa porra no chão hoje a noite! –Mais gritos e aplausos animados. –Estão gritando como bichas! Quero ouvir animação de verdade!

Mais gritos. Alex abriu um sorriso agarrando o microfone enquanto a música começava levemente. Por um momento todos o observavam na expectativa. Era como se ele nunca fosse capaz de cantar... Mas então, ele abriu a boca. WOW. Sua voz era incrível, eu tenho que admitir. Ele não cantava gritado nem nada, mas o som da sua voz faziam as pessoas dançarem alegremente. O som foi se aumentando e então a guitarra tornou-se mais alta, minha irmã olhou-me com uma careta, tampando os ouvidos e não resisti em dar uma risadinha. A música tomou conta de todos que estavam claramente a curtindo, porém nada como um show de rock de verdade... Até chegar a parte em que Alex resolveu fazer o Screamo. Puta. Que. Pariu. O queixo de todos foi para o chão, inclusive o meu, todos fascinados em como uma puta de uma voz grave e maníaca como aquela conseguia sair da boca... Dele. Pulos. Gritos. Palmas. Agora sim eu estava sentindo a animação que se sentia em um show de rock e eu pulava, gritava e batia palmas como todos eles. A banda havia conseguido tomar a plateia, e a música era maravilhosa. Eles eram maravilhosos. Alex era maravilhoso.

Em um momento da música, outro homem subiu no palco, agarrando o microfone e tomando todos com o seu screamo foda. Ele era bom! Muito bom! E agora a música tinha a atenção de todos que pulavam desgovernados de um lado para o outro. Não pude deixar de notar o olhar de interesse de minha irmã quando o homem subiu no palco, que morreu assim que pareceu reparar nos alargadores enormes que usava e na forma como gritava como um louco. Eu adorava. Alex havia me surpreendido com sua forma de cantar e com a técnica que tinha para fazer um screamo tão bom. O homem que havia subido depois era igualmente foda. Eu tinha um sorriso no rosto e parecia uma tiete da banda, como se os acompanhasse desde que surgiram. Eu com certeza iria pesquisar mais sobre eles por aí! Aquilo sim era música e estava contente por minha irmã estar presenciando aquilo comigo. Meus olhos se voltaram para Callie, que por um momento peguei batendo o pé discretamente no ritmo da música. Ergui uma sobrancelha completamente descrente.

–O que é isso?

–O que? –Perguntou em ar defensivo. –O que eu fiz?!

–Alguém está gostando da música?

–Gostando?! Não!

Negou minha irmã, tentando esconder o que era obvio, fazendo-me dar risada logo em seguida. Nem mesmo o mau humor de Callie poderia estragar aquele momento. Eu estava em estase por uma música boa e isso era maravilhoso. Um elo entre mim e o rock que nunca, nem mesmo com o fim do mundo, poderia ser quebrado.

O resto do show ocorreu em seus eixos normais. A banda tocou mais algumas músicas, e todos gritaram e pularam como sempre. Haviam feito o maior sucesso e de fato quase derrubaram o teto do lugar. Uma loucura. Tanto que o povo todo protestou quando a banda teve de deixar o palco. Uma pena. Abri um sorriso olhando para Callie, recendo em troca um olhar desconfiado e uma leve careta. Não resisti em abraça-la. Callie não demorou nem cinco segundos para recuar e me olhar como se estivesse em uso de drogas. Balançou a cabeça negativamente.

–Obrigada por vir comigo. –Sorri. –Eles são incríveis.

–Não me agradeça, pois aliás, você está me pagando.

–Caro. –Torci o nariz enquanto Callie concordava sorridente. Revirei os olhos. –Eles são bons.

–Não. Mas valeu a pena meu sapato.

–Fico feliz com isso.

Sorri animada enquanto a olhava de forma quase terna. Nosso momento fraternal morreu no exato momento em que Callie focou um ponto atrás dos meus ombros e abriu um sorriso sarcástico, balançando as sobrancelhas de forma maliciosa. Franzi a testa. Virei-me na direção da garota bem a tempo de ver todos os integrantes da banda sendo parabenizados e abraçados por algumas pessoas, talvez conhecidas, talvez não. Acho que vi uma daquelas peitudas da frente abraçar um deles. Não pude deixar de revirar os olhos, porém, tive que fazer isso rapidamente porque cerca de dois segundos depois, Alex caminhava em minha direção... E parecia alegre.

–Você veio! –Exclamou ao me surpreender com um abraço, olhando para minha irmã em seguida, abriu mais o sorriso. –Vocês vieram!

–Obrigada por fingir que está feliz de eu ter vindo. –Callie revirou os olhos. –Lisonjeada.

–Estou feliz por ter pagado os ingressos que darão meu salário. –Sorriu Alex da mesma forma, a corrigindo. –Por isso, obrigado.

–Ah não, não sou eu que estou pagando. –Retrucou minha irmã da mesma forma cínica. –Skylar está.

Tentei não corar, e dei de ombros como quem diz “era isso ou eu vinha sozinha”. Alex deu risada, olhando-me de forma divertida, e por um momento, baixando os olhares por meu corpo, deu de ombros.

–Então acho que devo te agradecer em dobro...

Quase cuspi o meu coração, e soltei algo que deveria se parecer com: “Ah... O que é isso!”. Mas soou mais como “Ah! Maqhuiodn... Hehe”. Pude ver mais uma vez, por canto de olho, minha irmã revirar os olhares. Alex se virou para Callie mais uma vez, porém, não para se dirigir a ela, mas sim porque um dos seus amigos da banda se aproximou da minha irmã, abrindo um sorrisão. Eu pude o reconhecer como o cara com enormes alargadores e que cantava apenas por Screamo. Era muito bom... Mas definitivamente não o tipo de Scarlet, digo... Ele era muito bonito. Tinha um belo sorriso, músculo... Porém seus alargadores tinham quase o tamanho do meu punho e conhecendo bem minha irmã, ela acharia algo como isso simplesmente “abominável”.

–Olá meninas.

–Skylar, Scarlet... Esse é Drake.

Apresentou Alex com um sorriso um tanto intuitivo no rosto, o qual tentei ignorar. Drake nos abriu um sorriso, cumprimentando-me como uma pessoa normal, e erguendo uma sobrancelha ao perceber que minha irmã o olhava estranho. A loira deu de ombros.

–Oi.

–Madame...

Brincou Drake, dando-lhe um beijo na mão. Scarlet torceu o nariz, enjoada.

–O que achou do show, Sky?

Perguntou Alex, agora voltando-se a mim, poupando-me completamente da cena cômica dos dois que conversavam –ou se repeliam –ao nosso lado. Abri um sorriso querendo abraça-lo mais uma vez ao me lembrar do show. Quais palavras poderia usar? Balancei a cabeça negativamente com um sorriso caloroso no rosto.

–Foi insano... Incrível... Vocês são maravilhosos.

–Wow. –Sorriu Alex parecendo mais do que satisfeito com minha resposta. –Um “ótimo” bastava, mas...

–Como sabe que minha resposta seria positiva?

Dei risada, fingindo-me indignada com a “modéstia” do garoto. Alex deu de ombros, sorrindo, deixando expostos os dentes tão maravilhosos. Tentei não cair ali na sua frente.

–Você parecia estar curtindo o show. Só conseguia ver seus cabelinhos loiros pulando.

Deu uma risadinha, enquanto o acompanhava sentindo o meu corpo esquentar. Mordi o lábio desviando o olhar, como fazia quando ficava nervosa... Ou então coçar as costas da mão. Scarlet me deu aquela olhada intuitiva de “Vamos embora agora!”, que tentei ignorar sem gargalhar com a cena.

–Pensei que estivesse de castigo.

Completou Alex diante do meu silêncio. Dei de ombros.

–Fiz como falou. Dei um jeito de escapar.

O garoto fez uma careta, balançando a cabeça negativamente em total desaprovação, fazendo-me franzir a testa completamente confusa. A ideia de fugir de casa havia sido sua, primordialmente.

–Acho que sou uma companhia ruim para você.

–Ah, fique quieto!

Revirei os olhos, fazendo-o dar risada. Drake interrompeu nosso diálogo enquanto minha irmã tentava afastar-se ao máximo possível dele, pousando-se ao meu lado. O garoto de grandes alargadores sorriu.

–O que vocês acham de ir beber alguma coisa? Me dizem o que tomam que eu pego. Menos para Alex, porque é menos de idade.

Brincou o garoto, fazendo Alex revirar os olhos e fazer uma careta, dei risada. Callie balançou a cabeça negativamente, quase desesperada enquanto me olhava em repreensão encolhi os ombros.

–Preciso falar com você um minuto!

Exclamou minha irmã puxando-me para longe dos dois. Franzi a testa confusa enquanto me livrava dos seus braços. Qual era o problema dela?! Callie bateu o pé, olhando-me inconformada.

–Nós não combinamos nada sobre ficar e beber! –Exclamou minha irmã completamente irritada, fiz ao máximo para não revirar os olhos. –Já são duas horas da manhã! Temos aula daqui seis horas! Nosso combinado era o show!

–Ah, por favor Callie! Eu te pago um cinto que combine com o sapato!

–Não! –Grunhiu. –Eu não vou ser comprada. Vou te abandonar aqui sozinha se não vier comigo.

–Alex me da carona.

–Está louca que eu vou te deixar com ele? Nem fodendo! Eu falo para o papai que você saiu escondido!

–Ah! –Revirei os olhos, soltando um grunhido. –Eu te compro o que você quiser!

–Não! Não vou ser comprada.

–E uma bolsa?

Hesitação por um momento e já sabia que eu havia vencido a discussão. Callie revirou os olhos irritada, enquanto batia o pé nervosamente e bufava. Olhou-me quase de forma mortal, enquanto apontava o dedo para meu rosto.

–É bom saber que vou arrancar o seu couro com os preços.

–Não tem problema.

Sorri vitoriosa enquanto minha irmã caminhava mau humorada até o bar. Pude ver um sorriso se abrir no rosto de Drake ao vê-la pedir por uma bebida bem forte. Acho que ele gostaria de ver minha irmã mais solta, mesmo sem saber na enrascada em que estava prestes a se enfiar. Pobrezinho... Caminhei em direção do bar onde estavam parados, e Alex me abriu um sorriso enquanto me passava um pequeno copinho do shot, me dando uma piscadela. Arregalei os olhos, abrindo um sorriso divertido.

–Está tentando me embebedar?

–Prove.

Sorriu enquanto virava de uma vez o seu shot, enfiando um limão na boca logo em seguida. Revirei os olhos. Tudo bem... Se ele queria brincar... Peguei o sal passando-o em minha mão e levei-o aos lábios salgando a boca para de uma só vez virar todo o conteúdo do líquido que saiu rasgando e queimando por meu corpo. Tentei não fazer careta ao chupar o limão, coisa que não consegui fazendo o moreno ao meu lado rir. O dei um tapa no braço, indignada enquanto o via tirar o limão da minha boca lentamente. Senti mais uma vez o meu rosto esquentar.

–Vem... Vamos jogar sinuca.

–Hm... Não é uma boa ideia. –Falei fazendo uma caretinha. Alex ergueu uma sobrancelha. –Eu... Meio que não sei jogar.

–Isso não é problema! –Garantiu me erguendo a mão para que eu pegasse nela. Não posso negar o fato de ter hesitado. –Vamos. Eu te ensino.

Suspirei, desistindo de lutar enquanto lhe erguia a mão, deixando-o me puxar e abandonando minha irmã com Drake sozinha no bar, que parecia se divertir ao lhe mandar algumas piadas em forma de indireta. O pior caso. Alex olhou bem para a parede enquanto selecionava os tacos e pareceu escolher um dos menores para mim. Tentei não me sentir ofendida. Talvez aquilo desse pelo fato de eu não saber jogar ainda. Abriu um sorrisinho.

–Sabe pegar no taco?

Tentei ao máximo não corar como um pimentão ao ouvir sua pergunta cheia de duplicidade. Lhe ergui uma sobrancelha por um momento, tentando relevar completamente a forma de como meu rosto havia ficado vermelho, e rezando para que as luzes tivesse disfarçado esse fato. Dei de ombros enquanto limpava a garganta.

–Por quê? Sabe bem o bastante para poder me ensinar?

–Touchet, moça.

Brincou dando uma risadinha, enquanto me entregava o taco de sinuca e posicionava-se atrás de mim, colando seu corpo ao meu e me inclinando em direção a mesa, tocando minha barriga nela para que pudesse ter uma mira melhor das bolas. Era uma merda imaginar o quão sugestivo sinuca poderia ser e o quanto me deixava sem graça naquele momento. Uma das mãos de Alex estava com a minha, fazendo-me segurar o taco e a outra em minha barriga, praticamente empurrando-me mais contra seu corpo que desenhava o meu como uma capa de chuva e me fazia inclinar para conseguir mirar, deixando os lábios sedosos bem rentes aos meus ouvidos. Tentei ignorar completamente os arrepios de sentir seu corpo colado ao meu. Aquilo era normal? Eu nunca havia ficado tão próxima assim de um cara de quem me interessei, então eu supunha que sim. Pude o ouvir sorrir.

–Não é difícil. Destra ou canhota?

–Hein? –Estava tão distraída em meus pensamentos que sequer ouvi suas palavras. Limpei a garganta completamente sem graça. –Hm... Destra.

–Ok. Como eu. Com a mão esquerda, você vai fazer uma concha assim sobre a mesa. –Falou enquanto pegava a minha mão e posicionava-a sobre a mesa, apoiando o taco sobre ela, levantando meu dedão. –E com o dedo usará de suporte. Vê?

–Uhum.

–Com a mão direita você vai segurar o taco na parte mais grossa... –Deixou os lábios roçarem em minha orelha quando falou, fazendo-me me arrepiar. Eu não sabia se ele estava fazendo de propósito, mas eu imaginava que sim. Não sabia se era a tequila ou aquela proximidade dele que estava me fazendo ficar tonta. –E mirar com o meio dele no meio da bola branca. Tem que mirar a bola em outra das bolinhas, vê? E quando fizer... –Sorriu enquanto segurava minha mão, apertando-a e usando o impulso de seu próprio braço para empurrar o taco em direção a bola branca que bateu-se contra outra, quase entrando na caçapa da mesa. Sorriu. –É só bater. Por hora pode sentir uma dificuldade... Mas é bem simples.

–Uhum.

Assenti mais uma vez, enquanto agora ele se afastava de mim, fazendo-me quase despencar no chão com a falta do seu apoio. Arfei. Estava mais calor ou era impressão? Alex fez um sinal para mim.

–Pode ficar com a primeira tacada.

Meus olhos caíram na face do garoto, onde pude ver o desenho, de um risco grosso que vinha do seu olho até próximo da sua orelha, como um super delineador, em uma risca enorme que atravessava metade de seu rosto. Como eu não havia reparado nisso antes? Tentei não focar-me demais em Alex e tratei de me abaixar e posicionar-me como ele havia ensinado, porém agora sem seu corpo para me dar o suporte. Mirei bem na bolinha branca a minha frente e com uma tacada a fiz bater contra uma amarela ali perto, conseguindo pelo menos fazê-la sair do lugar. Já era um começo. Alex sorriu enquanto se abaixava para mirar. Encaçapou uma de primeira.

–Desculpe a pergunta. –Chamei sua atenção enquanto mirava em uma nova bolinha. –Mas por que a maquiagem exagerada ao lado do olho?

–Sem problemas. –Piscou Alex batendo contra outra bolinha. –É minha marca.

–Sua marca?

Ergui uma sobrancelha, ele assentiu.

–Slash tem sua cartola, Ozzy os óculos roxos, Kiss e suas maquiagens, Amy Winehouse tem suas bebidas durante o show, eu... Tenho minha marca ao lado do olho.

–Legal.

Sorri completamente interessada. Eu via a ambição nos olhos do garoto e era incrível, era como se ele planejasse ser grande como todos os nomes citados e realmente fosse capaz de fazer isso. Alex sorriu para mim enquanto eu o observava de forma boba, e ergueu uma sobrancelha apontando para a mesa.

–Sua vez.

–Ah.

Balancei a cabeça distraída, virando-me para me preparar para mais uma tacada. Eu tinha que praticar aquilo! Ainda venceria Alex e aquela era uma promessa. Meus olhos se viraram para o bar, onde Callie revirava os olhos sem parar, mas parecia entretida na tentativa de Drake em conversar com ela. Dei uma risadinha. Estava tudo perfeito. A noite, o local... Senti a mão de Alex pousar-se ao meu lado na mesa observando-me atentamente e o sorriso em seu rosto quando o olhei de canto. Retribuí. Alex... Acho que eu poderia congelar aquela noite e a viver para sempre.


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Notas finais do capítulo

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