Pov. Annabeth

Thalia era filha de um dos três grandes, então estava acostumada aos outros lhe respeitarem, e fazê-la ajoelhar ainda mais na frente do maior inimigo do seu pai deve ter sido muito para seu orgulho.

Quando entramos na casa grande logo o ar gelado nos atingiu. Não foi um vento, mas a impressão que tínhamos ao entrar ali era quase claustrofóbica. Nem todos os lideres dos chalés estavam ali.

A única que não parecia amedrontada com a presença do deus ali era Silena que parecia prestes a demais a qualquer momento diante do deus. Também pudera, sendo filha de quem é.

Silena era filha de Afrodite e como tal não poderia ficar alheia a beleza do homem ou quase isso na sua frente. Poseidon era sem duvida um verdadeiro exemplo deus grego. Sua aura de poder chegava a ser assustadora, mas nada se comparava a sua beleza, eu acho que ele perdia apenas para Apolo o deus do sol que era quente, literalmente.

Poseidon trajava uma armadura grega completa de um tom verde claro que eu nunca vi. À medida que ele se movimentava a armadura parecia ganhar vida e se movimentava como as ondas do oceano.

A sala estava em um silêncio perturbador. Quiron estava um tanto quanto inquieto o que não era normal.  Ele ainda estava com um falso sorriso no rosto, mas seus olhos estampavam uma clara preocupação.

Por mais que todos ali não gostassem desse deus, ninguém podia esconder a admiração de poder velo. Nenhum dos semideuses ali presente já haviam visto um deus em sua forma humana, muito menos seus pais, e ter ali um dos três grandes era tanto uma honra quanto um mau présagio.

Aos poucos os outros conselheiros chegavam. Alguns até piscavam, pensando estar em um sonho quando viam o senhor dos mares sentado na mesa de pinoche do acampamento meio-sangue.

Thalia estava sentada do meu lado com o maxilar travado. Ela estava nervosa. Podia se ver pequenas linhas de eletricidade caminhar pelo seu corpo.

Eu não duvidava que se ela pudesse sair correndo dali já teria feito. Thalia era uma punk que se dizia dura na queda, mas eu duvidava que ela teria coragem pra enfrentar Poseidon, mesmo sentido todo ódio pelo tio.

Quando todos os conselheiros já estavam na sala encararam Quiron e Poseidon. O primeiro estava com o sorriso no rosto tentando passar uma calma que nem ele mesmo sentia.

Já Poseidon parecia imerso em lembranças. Ele encarava o vazio como se pudesse ver uma cena a muito esquecida e eu posso jurar que por um segundo eu vi a sombra um sorriso se formar no seu rosto, mas foi só isso. Do mesmo modo rápido que surgiu desapareceu.

Poseidon olhou a cada rosto como se estivesse lendo. Todos desviavam os olhos, alguns imediatamente outros depois de algum tempo.

Quando seu olhar caiu sobre Thalia todo pudemos ver seus olhos escurecerem. Eu consegui ouvir minha amiga engolir em seco e sua respiração acelerar.

Thalia apertou o punho em um claro sinal de nervosismo. Os outros semideuses se mexeram desconfortavelmente, Quiron parecia a ponto de um enfarto.

Lá fora podia se ouvir o vento aumentar imediatamente e isso não era obra da natureza, mas de um deus.

Quiron tinha perdido a fala. Eu já podia ver que isso ia de mal a pior. Foi quando a porta da casa grande se abriu dando lugar a um Sr. D esbaforido. Seus cabelos arroxeados estavam jogados em todas as direções. Afrodite teria se rebelado só de ver isso.

-- Ora Poseidon não precisa assustar meus campistas - falou o Sr. D o que fez com que quase todos olhassem para ele.

Nunca, nem em meus sonhos mais distantes eu poderia imaginar ouvir Dionísio falar como se realmente se preocupasse conosco.

-- Vamos Poseidon, deixe desse alarde todo, vc... - o Sr. D parou de falar assim que sentiu o olhar gelado do senhor dos mares e engoliu em seco.

Aquilo fez o coração de todos ali fraquejar. Se até o nosso diretor que é um deus tinha medo de Poseidon, as nossas vidas já estavam com prazo de validade contado.

Eu ouvia Thalia inspirar profundamente e olhei para ela.
O motivo? Na agitação que o Sr. D causou Poseidon deixou de encarar Thalia para o olhar com ódio.

-- Não me venha com essa Dionísio, não estou feliz em te ver, mas quero propor algo a você e seus campistas.

Isso fez com que todos olhássemos para o deus sem entender. Aquilo deve ter aturdiado o Sr. D, pois demorou alguns segundos para ele se aproximar da mesa e se sentar ao lado de Quiron que agora olhava de forma cautelosa para Poseidon.

Nesse meio tempo Poseidon me olhou e eu pude ver confusão nos seus olhos. Ele pareceu se desligar por alguns instandes como se estivesse se lembrando de algo, e eu podia jurar que vi uma sobre de sorriso aparecer no seu rosto, mas tão rápido ela surgiu quanto desapareceu.

-- Então tio - começou o Sr. D desconfortavel - qual seria essa proposta.

Poseidon o olhou como se estivesse medindo as palavras e suspirou casando.

-- Essa guerra pode acabar hoje dependendo da sua resposta. - ele tão naturalmente como se estivesse falando do tempo.

A reação de cada um foi no mínimo controversa. Alguns tinha os olhos brilhando de esperança com Will filho de Apolo e Polux filho de Dionísio e outros estavam tanto incrédulos quanto de raiva como Clárisse filha de Ares Charles filho de Hefestos.

Quiron e Sr. D tinham o olhar branco como se não acreditassem no que estavam ouvindo. Eu mesma estava com a boca aberta.

Poseidon fica oito anos fazendo uma guerra por um filho morto e agora simplesmente quer acabar com ela assim? Sem mais nem menos?

Eu queria que a guerra acabasse claro, mas da maneira que ele falou foi como se a vida de cada semideus perdida nessa guerra não valesse de nada, e eu dúvidava que houvesse.

Poseidon fixou seus olhos mim imediatamente. Meu sangue foi drenado na hora. Eu havia me esquecido que deuses podiam ler pensamentos.

-- Para uma filha de Atena você ainda é muito tola criança - senti minhas bochechas esquentarem e pude ouvir um trovão ao longe - a morte de cada semideus não foi somente por minha causa, mas de vocês os brinquedos preferidos dele.

Todos os semideuses alí, fecharam os punhos de raiva. Eu podia ouvir Clarisse bufando como um cão com raiva. Antes que as coisas ficassem feias Quiron interveio.

-- Senhor... - ele falou tomando a atenção de Poseidon - creio que a paz terá um preço não?

-- Boas palavras meu amigo centauro - falou o deus já se levantando - eu só quero que vocês busquem alguém para mim.

-- É quem seria esse alguém? - perguntei fazendo o olhar para mim.

-- Meu filho.

Aquilo teve o efeito de uma bomba. Todos conchichavam entre si. Será possível que Poseidon teve outro filho semideus? Mas foi Quiron quem fez a pergunta que todos queriam saber.

-- Meu senhor - ele começou parecendo escolher as palavras - creio que a criança ainda deve ser pequena então...

Para surpresa de todos Poseidon começou a rir como se houvesse escutado uma boa piada.

-- Não Quiron, ele não é tão pequeno assim aliás até pouco tempo eu pensei ter o perdido pra sempre - falou com o semblante tão triste que imaginei se minha mãe tinha esse amor por mim.

-- E quem seria ele? - Quiron voltou a insistir.

Poseidon olhou a todos e seu olhar recaiu sobre Thalia como se ela fosse culpada de todos os seus problemas.

-- Aquele que Zeus queria matar - ele falou fazendo a sala inteira cair em silêncio.

Agora todos sabíamos havia um filho do deus dos mares vivo. Não uma criança, mas uma criança que todos pesaram estar morta, ate mesmo os deuses. Mas o que me assustava não era saber se ele estava vivo, mas onde ele estava, pois pelo jeito nem mesmo Poseidon sabia.