Jogos Vorazes por Cato escrita por AmndAndrade


Capítulo 12
Capítulo 12 - Cale a boca, Clove


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Gente, tô muito feliz e agradecida por vocês que tem lido, comentado e favoritado a história. Sério mesmo, sou apaixonada por esses rewiews e acabo lendo todos mais de uma vez pra ter certeza que vou responder direitinho. Obrigadaaaaaa, de verdade! Aí, mais um capítulo de "Clato" pra vocêssss (a história tá salva assim no meu computador HAUEHAEH):



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Reviramos boa parte da floresta sem sucesso. Enquanto isso tenho tempo o suficiente para pensar sobre o que estão achando de nós agora. Se sou só eu ou o feitiço está meio que se voltando contra o feiticeiro.

Em determinado momento, Marvel dá a idéia de montarmos algumas arapucas ao redor da floresta. Ou a pessoa se esconde, ou a matamos, a regra é simples e clara. A idéia me parece extremamente boa e começamos a acatá-la.

Ficamos montando arapucas com cipós e algumas com redes que sobraram. Não sei se funcionará, mas certamente é melhor que interligar uma porrada de minas idiotas. Depois de algumas horas, o dia já começa a clarear e percebo que Clove não suporta dar mais um nó sem quatro ou cinco tentativas, embora ela tente esconder. Por fim, ela se senta debaixo de um pinheiro e apóia a cabeça nos joelhos.

– Cansada? – pergunto, me sentando ao seu lado. Perdi a conta de quantas armadilhas montamos, mas dane-se agora.

– Talvez um pouco – ela diz e esfrega os olhos. Só então faço as contas de que ela está há mais de vinte e quatro horas acordada.

Puxo sua cabeça para meu ombro e ela a encaixa ali, sem resistência alguma. Fico em silêncio por alguns instantes, mas não estou pensando em nada pra falar. Estou... Confortável. Ela é pequena e cabe perfeitamente ali. Sinto sua respiração ficar leve e observo-a com o canto de olho.

Está cochilando.

Não sou delicado e nunca fiz menção de ser. Sou mais do tipo que arrasta uma garota pelo cabelo, se é que você me entende. Exceto com Cathy, exceto com minha mãe. Mas ali, tento me manter o mais imóvel possível, e manter meus músculos do braço o mais relaxados possível, pra que esteja confortável. Não me pergunte por que diabo estou fazendo isso, porque eu mesmo não sei.

Só sei que tenho vontade de enterrar o rosto de Marvel no chão quando ele entra falando alto naquela clareira. Clove abre os olhos e se põe alerta, embora ainda esteja um tanto sonolenta.

– Desculpe, eu... – ele parece um tanto encabulado.

Levanto e estendo a mão para ela.

– Você acabou com as arapucas? – pergunto, voltando-me para ele.

– Ah, ainda não. Mais algumas a norte e com certeza terei acabado.

– Então certo. Vou levar Clove de volta ao acampamento e nos vemos em breve – digo, ao passo de que ele apenas assente e volta ao trabalho.

Quando Marvel some de vista, ela olha pra mim. As pálpebras estão pesadas, mas os olhos brilham de determinação.

– Sei encontrar o caminho de volta – ela limita-se a dizer, cruzando os braços sobre o peito.

Dane-se, eu quero ir com você.

– Nunca disse que não sabia. – Indico o caminho para que ela vá na frente. Percebo que o cabelo está despenteado do lado em que ela apoiou-se em mim, e também percebo que, apesar de pequena, ela é quente. Quente de verdade.

Reparo que ela tropeça por duas ou três vezes, cambaleando de cansaço. Teimosa demais para admitir, no entanto.

– Dá pra andar um pouco mais rápido? – pergunto, o mais mal educado que consigo soar. Vejo que ela suspira e se esforça para acelerar o ritmo.

– Voltou a andar como uma lesma – digo alguns minutos mais tarde.

Ela se volta para mim com um olhar que me faz segurar o riso com certo esforço. Nunca vi uma pessoa tão sonolenta e tão irritada antes.

– Então por que você não simplesmente vai na frente, lebre? – ela pergunta, praticamente rosnando as palavras.

Não consigo segurar o riso por mais um segundo. Minha risada apenas aumenta sua irritação e ela cruza os braços sobre o peito mais uma vez, me encarando.

– Largue de ser idiota, Clove – digo enquanto a ergo e a jogo por cima de meu ombro. Ela se debate por alguns minutos, pedindo que eu a ponha no chão.

– Pegue uma das facas se quiser realmente descer – ameaço, sabendo que ela não fará nada. Ela simplesmente se aquieta.

– Deixe-me virar, então – ela pede, e eu a coloco com os braços em torno de meu pescoço enquanto seguro suas pernas. Ela é firme e extremamente leve para mim. Sinto que seu corpo amolece e percebo que ela finalmente se rendeu ao cansaço. Seguro suas pernas com mais firmeza e me inclino um pouco, de modo que ela fique colada nas minhas costas. Quando chego ao acampamento, coloco-a sobre um saco de dormir e percebo que as covinhas se formam por um breve instante quando tiro seu cabelo do rosto.

Fico ali, observando-a dormir por algumas horas, observando a Cornucópia por um instante e lembrando-me de meu pai, do que ele acharia de toda aquela estrutura metálica. Se um de seus clientes extravagantes da capital pedisse algo semelhante, a temperatura certamente seria um dos problemas, uma vez que o chifre dourado gigante é basicamente um forno. Penso sobre ele até que um canhão soa. Parece idiotice, mas minha primeira reação é colocar os dedos na frente de seu rosto. Ela está respirando. Claro que está.

Embora não tenha pensado realmente no fato, estamos quase sem comida. E eu e Marvel comemos como uns arados gigantes que usam no Distrito 11, penso lembrando-me de alguma aula que tive na escola. Gostaria muito de saber de que pedaço obscuro de minha mente essas informações vêm, penso e suspiro. Mas dane-se. Preciso caçar.

Reluto um pouco ao me colocar de pé, olhando Clove adormecida. Reparo que não há aerodeslizador algum no céu, o que significa que ainda há algum tributo perto do cadáver para qual o canhão soou. Pego uma lança e uma espada curta e ando para a floresta, passando reto pelo campo que até onde sei, parece ser domínio do grandão do Distrito 11 que se recusou a se juntar a nós. Não faz diferença. Cuidamos dele depois. Alguns metros dentro da floresta eu avisto um coelho se esgueirar para trás de um arbusto. Faço o mínimo de barulho possível ao contorná-lo. O animal não se move.

A sorte parece estar ao meu favor, penso e empunho a lança para uma mira certeira. E então o canhão soa mais uma vez.

Se eu não havia assustado o coelho ainda, assustei todos os animais num raio de cinqüenta metros quando comecei a correr de volta para o acampamento. Pareço um idiota tropeçando nas raízes, mas não me importo realmente. Chego à clareira e olho o saco de dormir de Clove.

Merda. Está vazio.

Passo a mão pelo cabelo e sinto um nó se formar em minha garganta quando puxo a espada e a deixo pronta. Tenho vontade de gritar, mas se houver alguém ali por perto, certamente estarei me denunciando. Faço as contas mentalmente. Numa hipótese agradável, houve uma luta entre o tributo do canhão de agora e o de antes um pouco, e o primeiro vencedor estava tão machucado que não resistiu aos ferimentos e morreu.

Mas essa é apenas a melhor das hipóteses.

Apóio as costas na parede da Cornucópia, que está quente como o inferno. Deslizo suavemente até a cauda, parando para conferir o caminho por aonde eu vim. À frente, está limpo. Decido correr diagonalmente para pegar quem quer que esteja escondido do outro lado de surpresa, e em seguida darei um jeito na luta. Eu tenho que dar um jeito. O canhão não foi pra ela, eu sei que não.

Mal dou três passos, sou atingido com uma força que me leva pro chão. Tateio o solo e encontro a espada, empunhando-a, mas percebo que quem quer que tenha feito isso, não parece reagir. Ainda sem soltar o cabo da espada e já me pondo de pé, viro a cabeça para observar um par de olhos verde-escuros me encarando.

Clove está com uma faca na mão e arfa, me encarando com os olhos arregalados. Observo o movimento de seu tórax. Ela parece assustada, mas então toda a surpresa que suponho que ela esteja sentindo parece se converter em raiva.

– Mas que diabos você pensa que está fazendo? – ela grita, e eu ainda estou desfrutando a doce sensação de alívio.

Embora odeie admitir, eu também não sei o que estou fazendo.

– Os suprimentos explodiram então eu...

– Os suprimentos explodiram – ela me interrompe e repete, num tom zombeteiro. – Me diga algo que eu não saiba, Cato! – Ela se põe de pé. – Me diga, por exemplo, que diabos você estava pensando quando não me acordou e simplesmente decidiu vagar por aí! – ela continua.

Seguro sua mão com certa brutalidade e a sacudo o mais delicadamente possível pra que ela me ouça. Ela finalmente cala a boca.

– Eu fui caçar – digo pausadamente. Por que droga eu estou dando explicações a ela? – E então escutei o canhão. – Solto o aperto ao perceber que ela está tremendo um pouco.

– Mas custava ter me acordado? – ela diz numa voz que está dividida entre o choro e a raiva. – Acordei com o canhão idiota e você simplesmente tinha desaparecido! O que você queria que eu pensasse? Eu sei que você é forte! Mas pode haver armadilhas em todos os lugares dessa maldita arena!

E eu já estou segurando o riso. Ela percebe e para de falar instantaneamente, virando o rosto para baixo. Já é noite. Ergo seu queixo com o indicador.

– Você é muito idiota – digo, rindo.

– Sou? – Ela ergue uma sobrancelha. – Então me diz, bonzão. Por que você chegou tão rápido aqui? Achou que eu tivesse morrido, não é?

Ela me pegou nessa.

– Cale a boca, Clove – digo, puxando seu rosto para cima mais uma vez. Observo sua boca semi-aberta por alguns segundos e tomo consciência do que eu quero. Ela dá de ombros e vejo sua boca se curvar levemente num sorriso.

– Vem calar. – E chega mais perto de mim.

Não preciso de um segundo convite.



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Notas finais do capítulo

Romance estilo Clato no ar HAUEHAEUH
Acho essa coisa de deixar o ambiente tenso e quente tão a cara deles... O que cês acham? =)