Jogos Vorazes por Cato escrita por AmndAndrade


Capítulo 10
Capítulo 10 - Acho que sou alérgico a vespas...


Notas iniciais do capítulo

Gente, vocês gostam de Harry Potter? Eu comecei a ler o 1º da saga e tô achando bem legal! Além disso, tenho uma amiga escrevendo a versão da Hermione pra Pedra Filosofal, acho massa também hahah http://fanfiction.com.br/historia/310497/Hermione_Granger_A_Bruxinha_Numero_1/
Se tiverem sagas pra recomendar, mandem ver =))



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/307471/chapter/10

            Um zumbido irritante se segue de uma dor que me desperta e em seguida me deixa zonzo. Me sinto desperto novamente, e em seguida mais zonzo. Desperto, zonzo. Como um remédio maldito. O zumbido se intensifica e se mistura a gritos. Quando abro os olhos, sei bem do que se trata.

            Teleguiadas. Muitas e muitas teleguiadas.

            Levanto sob os gritos de todos ali. Clove me dá um puxão pelo capuz que me põe em pé em menos de um segundo e disparo atrás dela.

            – Para o lago! – ouço alguém gritar, mas o zumbido e o veneno de efeito imediato não me permitem identificar a voz. Uma olhada rápida me faz ver que Glimmer está absurdamente coberta delas. Ela se contorce no chão, e eu não tenho condições de enxergar mais nada.

            Sinto como se minhas pernas corressem paralelamente à minha mente. Eu estou lá e ao mesmo tempo não estou. Os músculos da coxa parecem parados, mas sei pelo vento no rosto que eu estou correndo como um louco. Clove está circulando ao lado. Três Cloves, duas Cloves, uma Clove. Um Marvel e meio. Um Conquistador. Nenhum Conquistador. Em que inferno ele se meteu?

Percebo um tanto tonto que ele não está mais conosco. Mas ele estava bem atrás de mim, isso não foi uma ilusão. Vejo um vulto escapar alguns metros atrás e quando percebo que as vespas se acalmaram, o sigo lentamente. Ah, Conquistador, aí você está. Um Conquistador inteirinho e uma garota. Uma garota. A garota da árvore. A Distrito 12.

            Ele está dizendo pra ela correr. Que diabos ele está fazendo? Eu sabia! Sabia que não podia confiar nele! A garota dispara entre a vegetação e eu mal a enxergo, uma vez que meu olho direito está quase fechado por conta de uma ferroada.

            – Você simplesmente perdeu a noção do perigo? – escuto-me dizer, ligeiramente zonzo.

            Ao invés de correr, ele me encara com olhar determinado e segura o cabo da faca com a mão direita enquanto tenta me socar com a esquerda. Sinto uma pancada em meu rosto, e meu sangue instantaneamente esquenta. Estou bem mais uma vez quando o prendo numa chave de braço. Ele me acotovela por baixo e tenta me empurrar. Agarro o capuz de sua jaqueta com uma mão e seguro suas mãos com a outra. Olho em seus olhos, e sei que o ódio que sinto dele agora é mais forte que tudo. Quero que ele sofra. Uma morte rápida seria muita bondade.

            – Você vai se arrepender, Conquistador. – Jogo-o no chão e ele parece meio tonto. Empunho a espada e a cravo em sua coxa, puxando-a devagar e apontando-a para ele, para que ele veja o sangue na espada.

            Certamente não vai durar muito.

            Volto ao lago meio cambaleante, enxergando árvores onde sei que não existem e não enxergando onde sei que existem. Clove está caída ao lado de Marvel, a uma distância de dez ou doze metros. Meu primeiro impulso é o de ir lá e tentar erguê-la, verificar se ela está respirando. Mas a essa altura, não tenho certeza nem mesmo da minha respiração.

            Jogo a espada no chão a tempo de cair desmaiado.

            E de repente, eu estava de volta ao Distrito 2. Estou usando uma roupa comprida e estranha, que ondula levemente para trás enquanto eu ando. Passeio entre as casas. Toco as folhas. E então observo Cathy caminhando. Seu cabelo está preso num coque perfeitamente alinhado e ela está usando um vestido que eu simplesmente odeio. Ela parece uma viúva de guerra com aquela roupa e eu não consigo associar morte a ela, nem mesmo que tentasse. Tento chamar seu nome, um vento forte abafa minha voz. Então começo a segui-la. Qual não é a minha surpresa quando ela entra em nossa casa. Minha mãe está à porta e a recebe com um olhar angustiado. Angustiado como quando soubera que Caius havia matado a si mesmo. Agora que começo a reparar, o sol está na mesma posição, mas algo está faltando. Está faltando que eu segure a mão de Cathy até onde Caius está sendo velado. Corro para alcançá-la, o vento é muito forte pra que ela me ouça.

            Ela olha através mim quando toco seu ombro. Entendo que ela está simplesmente chocada e continuo acompanhando-a. Entramos na sala. Ali está o caixão, da mesma cor de que me lembro. Um tom acobreado que me pareceu ridiculamente brilhoso para a ocasião. Sei que Cathy quer ver, eu sei, mas ela não tem coragem. Ela me disse mais cedo. Apoio a palma da mão em suas costas e sigo. Ela olha e começa a chorar. A soluçar, a tremer. Digo para que ela se apóie em mim, mas que idiota deixou a janela aberta? E que vento insuportável é esse? Viro a cabeça procurando, e vislumbro o caixão. Espero que tenham conseguido tirar a marca que a corda deixou em seu pescoço. Mas não é Caius que está lá. Definitivamente não.

            Sou eu.

            As lágrimas de Cathy estão frias e caem abaixo de meus olhos e em outros lugares de meu corpo.

            Não! Eu não quero sentir essas lágrimas!

            Percebo-me então caindo num buraco sem fim e quando consigo me erguer do lugar escuro em que estou, vejo-me caminhar em uma arena. Um lugar com árvores menos esparsas e definitivamente mais quente. Algo embaixo de meu olho está estranhamente gelado, e em alguns lugares de meu corpo também. Estão dormentes, na verdade.

            – Cato! Cato! – ouço uma voz me chamar. E então vejo Caius, novamente com dezoito anos, empoleirado em um galho. Percebo que tem uma corda em uma das mãos e está balançando-a de um lado para o outro. Apesar do sorriso, sinto que ele está angustiado. Ele é quase três anos mais velho que eu, mas conversamos como bons amigos.

            – O que você está fazendo aí em cima? – ouço-me dizer.

            – Ah, Cato... – ele começa. Sei que há algo errado. Sempre há algo errado quando ele começa a conversa desse jeito. – Eu não quero jogar. Não posso decepcionar nossos pais, mas eu não quero jogar. Não posso. – Ele olha para baixo, como se pedisse perdão. Pondero por alguns segundos.

            – Então não vá – digo. Quando olho novamente, a corda está enrolada em seu pescoço e ele olha pra mim com olhos vazios. Com olhos mortos. Grito seu nome e corro para tentar suspendê-lo, mas no caminho algo bate com força e me lança para o chão.

            Sinto meu corpo girando, e de repente estou projetado sobre o vulto que me derrubou. Ouço o canhão.

            Caius está morto.

            Eu não quero jogar. Não posso decepcionar nossos pais, mas eu não quero jogar. Não posso.

            E abaixo de mim está Clove, presa pelos punhos pelo peso de meus joelhos.

            – Cato! Por favor, não!  – ela grita e chora. Vejo-me empunhar a espada, mas eu não quero fazer isso. Não! Clove, não!

            Os olhos de Clove mudam para um azul suave enquanto eu pareço ponderar sobre matá-la ou não. Os olhos de Cathy. Lanço a espada para o chão quando os olhos adquirem um tom cinzento, assustador. Familiar.

            Então a brasinha, com uma flecha, atravessa meu peito.

            Estou de volta à minha casa, deitado no caixão, impossibilitado de me mover. As lágrimas de Cathy caem em meu rosto mais uma vez, geladas. As únicas lágrimas que eu não quero sentir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Meio trágica essa coisa do Caius né? AH, descobri hoje que recomendação é essa coisinha que é tipo um depoimento de Orkut que fica do lado da história, depois que recebi uma lindona da Vanessa, que leu a fic. Me avisem das coisas do site, pelamor KKKKKK
E desconsiderem o "depoimento de Orkut" HAUEHAUH foi o melhor exemplo que consegui associar =))