– Oh... – a voz de Elizabeth falhou – Bom, obrigada por avisar – desligou sem esperar resposta

Se sentou no sofá e colocou as mãos no rosto, deixando algumas lágrimas caírem.

– O que houve? – Jack perguntou voltando da cozinha

– Minha mãe morreu. – respirou fundo e sentiu Jack a abraçar firme.

As mãos de Jack em sua cintura faziam um carinho gostoso ali enquanto Liz chorava silenciosamente no ombro do rapaz.

– Ela disse que isso aconteceria. – Jack disse e deu um beijo no ombro de Lizzie – Ela sabia que isso aconteceria. Ela não sofreu e ela está aqui com você agora. Se lembra disso?

– Lembro – deu uma fungada e levantou sua cabeça, porém continuando abraçada com Jack – Pode acordar Liv para mim e pedir para ela vir até aqui? Eu quero dar a notícia para ela.

– Claro – Jack se levantou depositando um beijo na testa da ruiva – Já volto.

Elizabeth esperou e Liv voltou de mãos dadas com Jack, logo se sentou no colo da irmã.

– O quê? – perguntou a menor coçando os olhinhos

– A mamãe foi para o céu – Liz disse olhando profundamente nos olhos da irmã

– Ela falou que iria – Liv a abraçou – Mas mesmo assim, ela está aqui com a gente, ela falou também. E a mamãe nunca mente.

– Você não está triste? – Jack se pronunciou pela primeira vez

– Estou, era a minha mamãe. Mas ela não vai me abandonar nunca, ela prometeu – começou a chorar e se escondeu no peito da irmã.

– Então por que está chorando? – Lizzie a abraçou forte e afagou seus cabelos castanhos

– E-eu vou sentir muitas saudades dela – fungou e tentou limpar as lágrimas sozinha, mas precisou da ajuda da irmã para isso

– Eu também, anjo – a ruiva beijou sua cabeça – Eu também.

(...)

No começo daquela noite, Elizabeth ligou para Daniel para dar a notícia, foi até o hospital recolher as coisas da mãe, doou praticamente tudo, mas guardou o seu lenço favorito. Na volta para casa, quase não conseguiu dormir, mas passou a noite na casa de Jack mesmo. No outro dia, resolveu as coisas no cartório e passou a receber a pensão da mãe. Com o atestado de óbito em mãos, passou novamente no hospital para a liberação do corpo. Seu patrão se ofereceu para dar o caixão e organizar todo o velório, assim ficaria mais fácil lidar com esse momento.

Liv e Jack foram direto para onde seria o velório e Liz se arrumou rapidamente. Estava arrasada, nunca havia ficado tão triste em toda a sua vida. Apesar de ter aceitado a morte da mãe, ainda pensava no que iria fazer com Olivia, que mesmo não parecendo abalada agora, iria sofrer depois.

Chegou até o velório e todos os olhares se dirigiram para ela.

– Ela sempre me odiou de preto – disse alto para todos escutarem, arrancando algumas risadas leves aqui e ali.

Daniel e Margareth foram até ela para dar as condolências, alguns parentes de Richmond também apareceram. A enfermeira e o médico responsáveis por Susan também passaram por lá, todos ficaram surpresos quando Peter passou pela porta. Ele se dirigiu até Elizabeth que estava com os olhos arregalados e levemente irritada.

– O que você está fazendo aqui? – perguntou seca e direta

– Vim te dar apoio. Deve estar sendo difícil para você – Peter respondeu colocando a mão no ombro dela

– Como você soube? – Liz tirou a mão dele de seu ombro ainda usando seu tom rude

– Quando Daniel não apareceu para trabalhar hoje eu desconfiei e perguntei para o porteiro. Ele me deu até o endereço – sorriu e Lizzie o empurrou até a porta

– Isso não te dava o direito de aparecer aqui como se nada tivesse acontecido! – apontou para o chão não desviando o olhar do dele – Ainda mais num momento como esse!

– Me desculpa... Pelo menos me dá a chance de explicar – Peter jogou a cabeça para o lado. O que há um tempo a ruiva acharia fofo, agora a dava um nojo extremo.

– Você vai me explicar, mas depois você vai embora e me deixa em paz. Ouviu? – se sentou num banco que havia ali

– Tudo bem. Mas tenho certeza que depois de me ouvir você vai me entender. – ela não respondeu, nem sequer o olhou, então ele continuou a falar – Eu estava saindo somente com você, não estava te traindo.

– Ah, então eu estava sonhando quando eu vi você beijando aquela mulher e também quando você foi na minha casa falar que ela era sua namorada? – Elizabeth perguntou cruzando os braços

– Não. – respirou fundo – Ela é minha namorada há muito tempo, só que a mídia não sabia. Não ainda. Eu resolvi sair com outras garotas para ninguém desconfiar.

– O quê? – Liz perguntou de sombrancelhas franzidas – Isso não faz sentido nenhum e não tenho ideia de onde você quer chegar.

– Eu a amo e ela me ama. A gente precisava dessa privacidade. Me entende? – Peter perguntou com a cara mais cínica do mundo

– Você me usou e usou todas aquelas outras garotas por privacidade?! – Lizzie se levantou já ficando vermelha – Você não tem vergonha?! E ainda tem coragem de vir no velório da minha mãe para fazer esse discurso ridículo?! Até agora eu não entendi porque você queria me explicar.

– Para deixar as coisas bem claras entre a gente – ele também se levantou – Não quero que você vá atrás de mim. Porque eu não sinto nada por você.

– Você acha que eu sou burra? – a ruiva apontou para si mesma – Você acha que depois de tudo o que você fez eu vou atrás de você?! Por que eu faria isso?! Peter, por favor, eu não tenho sangue de barata...

– Mas parecia quando nós estávamos juntos. – a provocou – Porque eu nunca demonstrei nenhum tipo de sentimento por você.

– Você é um canalha! – bateu o pé no chão – Você sabe o que eu estou passando?! Eu estou velando a minha mãe! – lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Elizabeth – Como você pode aparecer aqui, me dando “apoio” para falar que você mentiu para mim, que você tinha uma namorada esse tempo todo?! Pode ficar tranquilo, Williams, porque eu não vou atrás de você e pode falar para sua namorada que eu tenho dó dela.

Liz deu as costas para ele e entrou novamente no velório com os braços cruzados. Jack foi até ela com Liv no colo, aparentemente estava dormindo.

– O que ele queria? – perguntou um pouco enciumado

– Explicar. – riu sem humor – Ele me usou para esconder a namorada, longa história...

– Você está bem? – Lizzie o olhou com as sombrancelhas arqueadas – Digo... Sobre Peter

– Mais ou menos. – deu de ombros

(...)

2 semanas depois

Elizabeth tinha acabado de chegar do trabalho, agora sairia às 18 horas. Daniel tinha aliviado os horários depois da morte de Susan. Quando Liz bateu na porta de Jack, ela logo foi aberta e nem esperou convite para entrar.

– Estou morta. – se jogou no sofá

– Está se sentindo bem? – perguntou Jack se sentando ao seu lado e lhe dando um beijo na bochecha

– É... – deu de ombros – A Olivia dormiu?

– Dormiu. Chegou cansada da escola e desmontou. – riu – Acorda só amanhã, tenho certeza.

– Acho que vou dormir também. – fechou os olhos e deitou a cabeça no ombro de Jack

– Tenho uma ideia melhor... – Liz olhou para ele curiosa – Nós vamos sair – sorriu

– Não, Jack – respondeu com a voz arrastada

– Vamos sim, você anda muito triste ultimamente – se levantou e a puxou junto

– E aonde nós vamos?

– A gente vai para a biblioteca – ele sorriu