E o Amargo Vira Doce escrita por Iulia


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Postando correndo só porque vi o teaser de A Esperança e fiquei com medo de não ter terminado de postar até a estréia. Tentem ler, não tá uma merlin.



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Sentada em um dos bancos do aerodeslizador, tenho os primeiros sinais de um arrependimento voraz. Sucumbo aos olhos de Dayo e aos olhares surpreso dos mineiros ao me verem atravessar a praça até ele. Às criançinhas animadas com a minha visita, às palavras sinceras do antigo treinador que fora obrigado a rasgar a inocência de milhares de crianças.

– Devia ter ficado – digo, quando Cato se senta na minha frente.

– Quem? Você?

– Eu. Você. Nós dois. Sei lá. Não importa mesmo – dou de ombros, voltando meu olhar para a janela. Cato sacode a cabeça.

– Não vão mais precisar. A Capital está sozinha agora.

– É tão injusto. Eles simplesmente decidirem que só precisam do 2 porque a Capital está em cima dele.

– Eu sei. Mas sempre foi assim.

– Não deveria. Quantos milhares de Gales existiram desde que eles passaram a nos deixar de lado?

– Milhares. De um modo ou de outro, você fez o que era certo - ele parece finalizar. – Ou quase isso.

Ergo os olhos pra ele.

– Era um cara da Estação. Tinha treinado comigo – digo, notando as nuances do que ele realmente quer que eu fale. – Eu achei que fossem matar ele.

– Eu não sabia que você tinha amigos na Estação.

Bom. Um ponto pra ele.

– Pois é – falo, apenas. Cato estreita os olhos, mas dou de ombros como uma inocente.

– Você e Katniss pensaram na mesma coisa ao mesmo tempo? De verdade? – ele desconfia de novo, erguendo as sobrancelhas.

– Não sei no que ela estava pensando. Eu conhecia o cara – falo de modo simples, baixo.

– Não quer falar agora, não é?

– Provavelmente não – falo, com uma expressão de “sinto muito”. Depois mudo a expressão para um sarcasmo cínico bem claro. – Mas obrigada por ter se jogado em cima de mim. Você ia morrer e eu ia me arrastar pra outro lugar e continuar a me proteger. Fim, final feliz.

– Quer dizer mais alguma coisa? – ele fala, erguendo as sobrancelhas.

– Nada além do que você entendeu. Não Faça. Mais isso.

– Não corra mais para a mira de uma metralhadora, então, imbecil.

– Você me prometeu, seu mentiroso desgraçado – digo, em mais um de nossos diálogos raivosos quando não há nenhuma raiva. Poderíamos até rir de não estivéssemos tão longe do estado de espírito que implica que possuímos quando estamos rindo.

– Não prometi nada disso. Tchau Clove, se afogue aí em suas lamúrias. Não vá defender mais nenhum pobre coitado, hein. Vou ficar mais ali com a Enobaria, fique aí no cantinho pensando no que fez – Cato diz cinicamente, indicando o lugar onde Enobaria está sentada, olhando para o nada.

– Vá com Deus. Se lembre de tentar não ter nenhuma morte heróica! – grito, enquanto ele se afasta, sorrindo sarcasticamente.

Depois torno a encostar minha cabeça no vidro. Eu gosto que Cato saiba quando é o momento de me deixar sozinha.

O que eu vou fazer?, me pergunto a viagem inteira, reunindo a impressionante coleção de imagens que colhi no 2 que não me levam para lugar nenhum. Nem mesmo sei se há um lugar para o qual eu deveria ser levada. Decidi ir para a Capital. De repente eu não precise tomar qualquer outra decisão. Talvez eu só precise ir.

Talvez só o que o meu distrito esteja esperando seja isso. Eles só de precisam de umas crianças deles matando umas da Capital ao invés de umas dos outros distritos.

Quando chegamos no 13, as famílias de todo mundo estão paradas logo depois do Hangar, como se não pudessem ter certeza sobre quem voltaria vivo ou morto. Saem correndo com a maca de Katniss pro hospital e o resto de nós desce lentamente, incertos sobre estarmos bem ou não com essa de voltarmos pra cá.

Até meu pai e o avô de Cato estão aqui e depois de rápidas e aliviadas saudações, somos obrigados a colocá-los à par da situação. Estou sentindo remorso, estou cansada, estou confusa. Estou pronta para esbravejar com quem quer que force a barra demais. Cato faz isso, claro, enquanto comemos. Bryan ri algumas vezes e isso também me irrita, porque eu não convivo em paz com gente que ri enquanto eu estou nervosa.

Cato chega a fazer piadinhas sobre a situação do 2. Ele ironiza sobre o fato de eu ter corrido para tentar ajudar o menino. Ele conta sobre como eu corri para a floresta. O observo calada, com minha melhor expressão assassina, mas ele só ergue as sobrancelhas de um jeito tão irritante que cerro os dentes e agarro o garfo até meus nós ficarem brancos.

Quando ele começa a falar sobre minhas crises existenciais durante a saída, decido que odeio ele demais pra estar ao seu lado. Mas eu não posso bater nele de verdade porque seria punida e levada para aquela salinha da equipe de Katniss. Então eu viro meu copo de água meio vazio na sua cara e o empurro pra longe de mim. Me levanto antes que ele possa reagir, porque não estou querendo outro grande vexame. Não ligo para a reação de ninguém, não quero ninguém perto de mim. Então caminho normalmente para o meu compartimento, ignorando qualquer coisa além do que está na minha frente.

Ouço a voz dele de longe, quando eu estou saindo, mas não me esforço nem pra saber o que ele está dizendo, nem para saber o tom. Só quero estar longe.

Mas não realizo meu desejo realmente, porque deixei Cato furioso e ele me encontra antes que eu possa achar meu compartimento, com os cabelos molhados. Prendendo meu braço com força, me encostando na parede, vermelho. Ótimo. Vamos fazer uma competição de quem está com mais raiva. A próxima etapa pode ser quem bate mais em quem.

– Você enlouqueceu? – ele berra. Bem vindos, Cato e Clove da arena.

– Eu acho melhor você me soltar, seu doente, ou eu vou te mostrar exatamente onde eu escondo as minhas facas da Coin – sibilo.

Ele aumenta o aperto. Cato vai quebrar isso. É mais difícil agora fingir que não está doendo. Mas não me movo. Continuamos nos encarando até que uma estranha mudança ocorre no semblante de Cato. Ele arregala os olhos, olha para o meu braço preso por sua mão e me solta bruscamente, jogando meu braço no ar.

– Me desculpa.

– Tá – balbucio.

– Sério. Eu não quis te machucar.

– Não machucou. Tá tudo bem. Eu vou dormir agora. Boa noite.

– Você está com raiva?

– Não. Eu provoquei. Você provocou. Nós estamos nervosos.

– Eu sei.

– Ok. Até amanhã, então – dou um beijinho rápido nele e um tapa leve na sua cabeça, pra não perder o costume.

– Isso está doendo? Eu esqueci que você é de porcelana, te machucar nunca foi a intenção.

– Qual é. Claro que não. Você não tem tanta força assim.

– Você acha que vai dormir?

– Não. Mas eu vou tentar.

Não dá certo. A tentativa é tão falha que fico com raiva de mim mesma por ainda tentar. Eu simplesmente fico acordada, fingindo que não dormir é uma opção.

Mas eu fico irritada e estou cansada e isso não é certo. Que tipo de pessoa escolhe não conseguir ao menos dormir? Baseada nessa questão, na hora do café eu decido que vou passar o dia agarrada a Cato para forçá-lo a me convidar formalmente pra dormir com ele.

E eu faço isso por um tempo, mas ele saca tudo e depois voltamos ao normal. Então, depois de uns dias nos quais Katniss esteve no hospital, se recuperando da bala, Plutarch me chama para sua sala. Eu não estava planejando cumprir minha programação, mas quando ele aparece como uma sombra sobre a mesa, sou obrigada a segui-lo. Ele pergunta por Cato, então estou até pensando que isso vai ser uma punição por qualquer uma de nossas brigas esdrúxulas, mas ele está sorridente quando diz que depois eu posso transmitir a notícia.

Ah, Cato. Eu te odeio por me fazer passar por isso sozinha.

Nos sentamos na sua sala. De frente um para o outro. Estou desejando poder estar contentemente comendo minha porção pastosa de qualquer coisa desprezível. Fico surpresa quando ele começa um longo monólogo sobre uma história antiga que meu pai me contou quando eu sequer podia pronunciar meu próprio nome.

A política do pão e circo. Não ensinam isso na escola, mas qualquer um com pelo menos um pedaço de cérebro percebe como as coisas funcionam em Panem. Ou melhor, qualquer um com um pedaço de cérebro que não seja do 2. Porque lá não, lá as coisas não são assim. Ninguém percebe nada. Não percebem nada da Esparta contemporânea, não percebem nada acerca de nada.

Enfim. No final, ele diz que depois do 2 ter passado para o nosso lado, se é que posso dizer que pertenço a esse lado, temos o pão. E ele está planejando um pontoprop que com certeza será bem recebido.

Ele pode ver pela minha expressão que não estou entendendo nada e nem estou interessada em entender. Mas Plutarch me encara por mais um tempo. Desconfio de que ele está esperando que eu esteja curiosa e pergunte o que ele pretende fazer, mesmo que eu não dê a mínima.

– O que vai ter nesse pontoprop, então? – pergunto, me esforçando para não soar monótona. Eu tentei esse tempo todo, mas não sou mesmo uma boa atriz. Só sou melhor que a Katniss, mas isso é algo que todo mundo consegue ser. Tive uma boa postura, sacudi a cabeça e até ergui as sobrancelhas. Uma grande interessada.

– Casamento – ele me responde triunfantemente. Não sou uma pessoa muito boa, então dou um sorrisinho e ergo uma sobrancelha, tentada a rir.

– Vai casar Katniss e Peeta? Longe de mim interferir, mas isso soa doentio – falo, soando como uma pessoa desdenhosa.

– Não Katniss e Peeta, Clove. Mas aí está a questão: Haverá um casamento para Finnick e Annie. E há você e Cato.

Meu sorriso se apaga instantaneamente. Não gosto do rumo que essa conversa está tomando.

– É. Obviamente há Cato e eu. O que você pretende fazer com nossa inspiradora existência? – continuo, numa tentativa de me manter no controle da situação.

– Pretendo juntar a existência de vocês ainda mais, minha querida – ele sorri. Estou sem resposta para todas essas insinuações claras e certeiras. Simplesmente o observo. – Proponho um casamento, Clove. Todo mundo ama um casamento. Dois casamentos, então, seria inestimável a capacidade de alcance que isso teria.

– Cato e eu não fomos feitos para casar, Plutarch – falo incerta.

– Seria um grande avanço, todo mundo ama os noivos. Vocês são feitos um para o outro, menina. Eu não sou capaz de dizer uma vez que os vi separados aqui.

Aqui.

– Então. Se aqui, no meio de uma guerra, vocês estão juntos, não há o que temer.

– Eu penso exatamente o contrário. É uma guerra, pessoas ficam juntas.

– Pessoas também morrem em guerras, Clove – é um bom argumento. Isso soa mais como uma ameaça, mas isso também garante um ponto para ele. Ele vê que eu parei de tentar fingir que estou no controle e continua a falar, satisfeito - Todo mundo ama vocês. As pessoas da Capital torceram por vocês mais do que jamais torceram para os tributos do 1 ou até mesmo para os outros tributos do seu distrito. Sabe me dizer o porquê disso?

– Nós somos fortes, bem treinados, profissionais e não estávamos ligando para o que tinham falado sobre a gente ter um caso quando tentávamos nos matar – respondo, mesmo sabendo que é a resposta errada.

– Porque vocês se amam.

– Todo mundo parece saber muito bem disso, não é? – me curvo sobre a mesa agora, sendo bem ridícula. – E se não? E se eu disser que Cato e eu ainda estamos atuando pra fazer vocês gostarem da gente e ele tem outra namorada?

A ideia é bem estranha. Fico com raiva dele e dessa sua outra namorada. Na verdade essa é uma ideia que eu desprezo até o fim da minha vida. Se eu morrer e tiver consciência do que está acontecendo aqui embaixo e Cato aparecer com outra pessoa, acho que eu infernizaria suas vidas. Eu quebraria pratos na cozinha e puxaria seus pés de noite.

– Estaria mentindo. Só me responda sim ou não, Clove, vamos deixar isso fácil.

– Eu não posso responder isso, vou me casar comigo mesma. Não posso falar com Cato antes?

– Claro que pode. Me dê a resposta amanhã bem cedo – ele se levanta e caminha até a porta, certamente querendo me impressionar com a grandiosidade disso.

– Plutarch – chamo, antes que ele saia. – Pode chamar o Cato pra mim? Ele está com a York.

– Claro – sorri um pouco, esse cretino, saindo de vez.

Estou desconcertada com tudo isso. Há poucos dias tivemos uma briga epicamente ridícula, porque eu estava nervosa e o deixei nervoso. Se formos voltar no tempo, eu poderia balancear perfeitamente a quantidade de dias que brigamos com a quantidade de vezes que o sol saiu. É frustrante, mas somos nós.

Não sei o que pensar sobre isso. As brigas fazem parte de mim e eu estou ok com elas, porque eu não posso realmente gostar de uma pessoa sem brigar com ela a todo momento. Mas isso é um casamento. E não é simplesmente brigarmos, nos ignorarmos no café da manhã e de tarde pedirmos desculpas. Aliás, eu nem sei o que é um casamento.

Dormir com alguém todo dia? Supostamente ouvir todo mundo dizendo que isso é uma nova família, quase implicando que você largou a sua? Ser a esposa de alguém?

Não sei se estou preparada para aguentar Cato todo dia na minha casa. Ou melhor, numa casa que seria nossa.

E essa coisa de casar é estranho. Agir como se você tivesse certeza de qualquer droga que seja na sua vida. Não estou dizendo que não sei se gosto do Cato, porque as coisas passam longe disso. Mais longe do que eu gostaria. Mas não sei se quero isso. Trocar a aliança de mão e ficar ainda mais presa a ele para o resto da minha vida.

Não que eu presuma que tenha muito mais tempo de vida com essa ideia de ir pra Capital, mas isso é impactante. “O resto da sua vida”.

Isso é extravagante.

Mas, sobretudo, talvez isso seja sobre como eu preciso ficar perto do Cato.

Ele aparece, então, sorrindo. Temos que começar isso do jeito certo, então sorrio também.

– Você está sorrindo – ele observa, se sentando no lugar onde Plutarch estava antes, na minha frente, separados por essa enorme mesa de metal.

– É, eu estou. E você está feliz – ele abre a boca para responder, mas eu decido não deixar, porque então iríamos para o outro caminho. E isso é sério. – Eu preciso conversar com você e é a coisa mais séria sobre a qual já falamos.

– Ok – Cato faz que sim com a cabeça, mas tenho certeza que não liga a mínima. Ah. O que eu estou fazendo com essa pessoa, mesmo? – Plutarch disse que você tinha uma notícia surpreendente. Sabe o que eu achei que fosse?

– Não, nem sei se quero saber.

– Achei que você estivesse grávida.

Franzo as sobrancelhas, mas ele ri.

– Sério. Você está grávida?

– Cato, não é...

– Olha, eu não acho isso ruim. Nós podemos fazer isso e seria legal. De verdade – ele discursa, arregalando os olhos e se curvando na mesa. Sorrio.

– Estou feliz de saber que você tem juízo, mas a questão é... um pouco menos séria que um filho. Não vamos ter um filho, entende? Eu não estou grávida.

– Nós vamos ter um filho, Clove.

– Não. Não vamos. A menos que você esteja grávido, querido, porque esse bebê não está dentro de mim. Ou... – começo, mas ele me interrompe de novo.

– Vamos ter um filho daqui a alguns anos.

– Não me faça te explicar isso de novo. Não vamos. Pôr uma. Criança nesse mundo.

– Em outro, talvez, quando isso acabar.

– Já disse que não!

– Sem estresse. Você é tão linda – Cato faz uma expressão de conquistador sensual, quase o próximo Finnick da Capital.

– Uau, Cato, o cupido acertou meu coração agora – ironizo monotonamente. – Estou prestes a desmaiar.

– Você sempre desdenha, Clover. Sabe o que dizem sobre isso?

– Para, Cato, já passamos dessa fase.

– Você nunca passa dessa fase.

– Olha aí, você chegou onde eu queria. Parabéns, bebê, você é meu orgulho. Sabe o que significa passar de fase em um noivado?

– Casar.

– Exatamente – suspiro. Agradecida por não ter que trazer esse assunto sozinha. – Casar. Isso que Plutarch quer que façamos.

– Uau – ele olha para o chão, erguendo as sobrancelhas, como se tivesse vendo algo realmente grandioso. Mais grandioso que isso, quero dizer.

– Pois é. Ele está me pressionando como o inferno e isso é totalmente “uau”.

– E aí? Essa é a hora em que eu banco o cara apaixonado?

– Não sei. Não banque o cara apaixonado, Cato, isso é patético.

– Não desvie do assunto.

– Mas eu não estou fazendo isso!

– Clove, vamos ser claros. O que eles querem com esse casamento?

– Sem burrice, Cato, vocês sabem o que eles querem. Querem um pontoprop, claro.

– Só isso?, não é como aquela vez que queriam que você dissesse que estava grávida?

– É, claro, é na mesma linha. As pessoas da Capital têm que voltar a nos ver, todo mundo ama a gente. A gente vai estar fazendo esse outro lado parecer mais legal. Qualquer coisa como “A Capital é um tédio sem Jogos Vorazes, mas Cato e Clove vão se casar no 13”. Entende isso?

– Entendo. É uma boa ideia.

– É. Finnick e Annie vão se casar mesmo que não façamos isso.

– E não vamos fazer?

– Ei, não empurre as coisas para os meus ombros, estou esperando sua opinião.

– Damas primeiro.

– Não seja machista.

– Você é linda.

– Você também. É muito fofo também, obrigada. Agora me dê sua opinião, por favor.

– E seria simplesmente ir lá e pegar um compartimento?

– Não falaram sobre isso, mas não deve ser. Tem que ser uma coisa alegre, pra impressionar.

– Ah.

– Eu pensei sobre essas brigas que a gente tem. Não sei se seria a mesma coisa se estivéssemos casados. Talvez elas fiquem mais sérias se pusermos essa aliança na outra mão.

– Acha isso? Eu não.

– Não?

– Não. Não faria muito diferença em nada, porque nós sempre estamos na casa um do outro mesmo. Nós dormimos juntos todo dia. Fazemos tudo juntos. Sei lá. Não acho que tenha diferença.

– Então qual é o seu problema em dizer sim?

– Você está me acuando.

– Não. Só quero saber.

– Qual é o seu?

– Eu não tenho um. Eu só pensei nessa coisa das brigas.

– Só esse?

– Estou apaixonada pelo Blolder, também.

– Ah. Eu também amo a Troian.

– Quem?

– Minha ex.

– Ah. Você está apelando, isso era pra ser engraçado.

– Desculpa?

– Não. Nós estávamos discutindo sobre um casamento e você diz que ama sua ex. Isso é coisa de gente idiota.

– Sério, Clove. Vamos acabar logo com isso. Sim ou não.

– Você respondeu o quê?

– O que você acha?

– Não acho nada. Você não foi claro.

– Não fui? Acho que já te pedi em casamento umas sete vezes.

Isso é uma espécie de mentira. Cato disse “Se a gente casasse, nós iríamos ter um compartimento”. Ele não disse “Clove, amor da minha vida, eu estou te pedindo em casamento agora. Sim ou não?”

– Quer casar comigo, Clove? – ele diz, fazendo de novo sua expressão sensual demais para mortais.

– Você podia ter sido menos clichê – observo, franzindo o nariz. Ele sorri também e se levanta.

– Levanta, Clove. Vamos fazer isso decentemente.

– Não ouse se ajoelhar ou eu chuto sua cara – aviso, me levantando.

– Nunca, querida, nunca – Cato responde, se aproximando de mim. Então ele me empurra para a parede e me prende lá com o corpo.

– Que droga é essa, seu doente? – pergunto, quando ele joga meu cabelo pra trás, chegando perto do meu pescoço.

– Você tem a obrigação de se casar comigo, Clover – ele diz no meu ouvido. Isso é uma volta às raízes. Eu o empurro, porque não posso fazer muita coisa sem uma faca. Mas há um lápis com uma agradável ponta afiada ao alcance de minha mão. Em posições inversas, a pressiono em seu pescoço, o sujando de gravite.

– E você tem a obrigação de aceitar o meu sim, bonitinho.


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Notas finais do capítulo

Eles vão se casar, caralho! Tchau



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