E o Amargo Vira Doce escrita por Iulia


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Oi. Eu achei que seria prudente postar pelo menos uma vez ao mês, então está aqui. Eu simplesmente não posso me desvencilhar deles mais cedo do que mais ou menos esse prazo, porque eu me sinto mal e essa não é minha intenção ao estar escrevendo uma história. Ahn... Ele está bem grande e eu sei que é ruim, mas é a vida. A Cashmere tá viva também e outras personagens vão ficar até o fim, porque, é como eu disse, não quero me sentir mal.



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Em vez de enxergar preto, quando abro os olhos tudo o que vejo parece ser azul e cinza. O lençol sobre mim. As paredes. Os olhos de uma pessoa. Uns tubos na minha pele pálida. Fico mais um tempo parada, tentando entender tudo, ligar esses pontos.

Eu estava lá em cima, na gravação de um pontoprop. Finnick estava falando sobre os casos assustadores da Capital e sobre o Snow e seu comércio de Vitoriosos. Cato disse que minha pressão baixou e... Cato. O azul dos olhos da pessoa é o azul dos olhos dele.

– Cato.

– Oi, Clove – ele responde em um tom de “eu avisei”.

– Você ouviu o que o Finnick disse. O que ele... descreveu. Acontecia com você?

– Ah. Está acordada. Se não se importa – uma enfermeira diz cortando o silêncio, se curvando sobre mim e desconectando meus tubos. – Precisamos desse leito. Você vai acabar morta por desnutrição. Uma pessoa do 2 morta por desnutrição. Acho bom começar a comer.

– Você quer falar sobre isso mesmo? – Cato finalmente diz, quando eu estou me esforçando para descer da cama alta sem parecer uma idiota.

– A gente já devia ter falado disso – respondo quase amargamente.

– Clove... – ele passa a mão pelos olhos, apreensivo. A enfermeira acaba de puxar uns fios do painel e sai, nos olhando de canto de olho.

– Você não podia, Cato. Foi a pior decisão que você já tomou – falo, tentada a desviar os olhos, sentindo minha garganta se apertar mais a cada palavra. Eu provavelmente estou sendo intragavelmente egoísta agora.

– Eu não tinha escolha.

– Tinha só todas, não é? Faz a ideia do que fez? Todas as vezes que eu olhar pra você, eu vou... Ver que a culpa é minha! A culpa de tudo isso, Cato.

– A culpa de nada disso é sua. A gente não pode resolver isso em outro lugar? – ele diz, me olhando indecifravelmente. Sustento o olhar. Não posso acreditar. Não posso acreditar que Snow fez isso com ele. E nem que ele fez isso comigo e consigo mesmo.

– Pode.

Sigo o caminho todo olhando firmemente para frente, me forçando a ser firme, cerrando os dentes e ocasionalmente franzindo as sobrancelhas. Vou primeiro que Cato, obviamente, porque se eu olhar pra ele agora, estou ciente de que vou chorar imediatamente. Chorar e ter um surto e bater nele até ser sedada de novo.

Mas sou obrigada a parar quando vejo Finnick de mãos dadas com uma menina. De cabelos tão escuros quanto os meus, bagunçados e cheios. Annie Cresta. Sorrio institivamente, observando os pequenos detalhes neles. O jeito que estão sorrindo, os belos olhos do 4 brilhando, os dedos entrelaçados firmemente como se os dois fossem se quebrar com o menor afastamento.

– Eles voltaram – Cato diz, um pouco desnecessariamente, parando ao meu lado. Me viro para ele e há uma mudança bem clara de feições em meu rosto.

Tem alguma coisa errada nisso tudo.

– A gente pode ir pro compartimento? – pergunto calmamente.

– Vamos.

Durante o desvio com a intenção de não atrapalhar o momento de Finnick e Annie, damos as mãos e entrelaçamos nossos dedos também, um pouco constrangidos. 2707 é o dele.

Ele se senta na cama e eu me sento do seu lado, com uma expressão de compreensão. Eu sei, as coisas não são tão doces assim. Mas não temos culpa disso. Não de verdade.

– Clove, eu não quis simplesmente não te contar. – Cato começa. – Houve um tempo, depois que a gente voltou dos primeiros Jogos, que ninguém sabia o que estava acontecendo direito entre a gente, então Snow achou que eu me enquadrava nas coisas que o Finnick falou. Ele me ligou algumas vezes. Não aconteceu nada, porque ele não teve muito tempo pra pensar direito no que fazer. Então nós saímos pra Turnê.

Cato está me falando isso com uma frivolidade tão estranha. É como se fosse algo remoto demais para preocupá-lo ou sequer exercer algum efeito.

– Era toda aquela atuação e parecia que estava tudo bem a gente ir, se beijar um pouco e depois nos falarmos cordialmente como pessoas que estão só se conhecendo. Mas você me mostrou aquela carta do Uranius. E você ficava lá rindo como uma perfeita idiota e seu pai vinha me procurar na Estação e perguntar o que estava acontecendo. Eu não sabia. Ele disse que talvez fosse algum tipo de aviso pra mim. Como se ele estivesse dizendo que qualquer outra pessoa podia alcançar você.

Ele para um pouco e olha pra mim.

– É, o velho é complexo assim mesmo. Foi quando eu pensei que a gente poderia inventar um casamento. Talvez o Snow não fosse querer mexer com o segundo casal mais amado de Panem. A gente fez isso, anunciou o casamento e ia acabar com isso no dia da Colheita. Só que ele foi mais rápido, porque uns tempos antes tinha me mandado uma carta. Falando sobre como o Harry parecia uma criança encantada com a minha vitória, sobre o meu avô tão perturbado que poderia se perder na floresta e sobre você. Sobre você polindo suas facas no seu quarto, sobre o caminho que fazia pra ir pra Estação, sobre a faca na sua bota e os pacificadores. Suas sobrancelhas levantadas para as outras pessoas da Estação. Tudo. Absolutamente tudo. Não havia a menor chance de qualquer um dizer que ele não estava te observando.

“Então eu não tinha muito o que fazer, porque ele já tinha dito que uma das suas facas podia acabar te acertando sem querer. Eu disse que estava tudo bem, eu ia fazer o que ele queria. Tudo. Eu só disse que não era pra ele fazer isso com você também. Ou fazer qualquer outra coisa com vocês. Depois ele apareceu na sua casa, um dia depois de você ter dito na frente da escola que faria qualquer coisa pra matar o Snow”.

– Eu disse isso?

– Disse. Você era mais burra do que agora. E você se lembra, não lembra? De ele perguntar se podia contar com a gente e daquela maldita cadeira que você se recusou a sentar. Das palavrinhas “perigosas” que uma menina do 2 com menos de um metro e sessenta falou pra assustar o presidente, não é? Pois é, ele não gostou. Ele disse que ia ligar pra saber do nosso posicionamento e ele ligou pra mim. Falei que você não sabia de nada e tinha uns problemas mentais, mas ele não acreditou. Disse que nós tínhamos escolhido nosso lado e que pelo menos agora aquele impasse estava decidido.

– Foi quando... Os Jogos?

– É. Ele me mandou pros Jogos. Mas não foi só por mim. Foi por você. Sozinha lá na Capital. Com uma carta que era praticamente uma solicitação de serviços do sobrinho do presidente, Clove. Ah, você estava tão ferrada. Não tinha realmente nada pra fazer. Até você aparecer com mais um planinho. Um bem idiota, aparecer assim no 2 e dizer “Estamos em guerra”, com umas arminhas, uns soldados e milhões de Pacificadores ao lado da Montanha. Um chamariz, você sabe, pra tiraram a Everdeen de lá. Você me contou sobre como achava que aquilo era brilhante e eu sabia que nada ia convencer você de não ir, toda entusiasmada, dando pulinhos. Eu disse para... hã... o seu estilista, cuidar de você. E ele sabia que tudo ia dar errado para o seu lado, mas falou que não ia deixar você enlouquecer.

– Ele até tentou.

– Imagino – ele diz ironicamente, rindo.

– Então o Snow fez tudo isso por sua causa? O que ele viu em você?

– Tudo isso aqui, Clove – Cato responde, erguendo as sobrancelhas e apontando pro próprio corpo. Ergo as sobrancelhas e reviro os olhos.

– Ele só viu a Katniss, você sabe. Um cara enorme e forte do 2 com uma rebelde que oferece amoras-cadeado não podia mesmo dar certo – concluo, franzindo as sobrancelhas.

– Eu e Katniss fazemos um casal perfeito. Não sei o que eu ainda estou fazendo com você.

– Nem eu. Aposto que o Gale me faria muito bem.

– É, quem sabe se você caçasse com ele, decidisse comer mais – ele fala, erguendo as sobrancelhas. – Você quase morreu, idiota. Precisa comer.

– Eu vou tentar comer agora – digo, sentindo meu estômago revirar, pensando nas pastas verdes que servem aqui.

– Você vai comer. Ou vai ter que tomar soro todo dia.

– Tá. Então. A Enobaria...?

– Voltou.

– Como?

– Voltou com tudo. Só tinha um pouco de gás paralisante.

– Ela pode receber visitas?

– Deve poder.

– Hum.

Estou até com medo de perguntar do resto, mas Cato parece até saber o que eu estou pensando quando diz:

– Não vai perguntar mais nada? Não quer saber quem mais voltou?

– Não sei – respondo, sacudindo a cabeça. Ele ri debochamente.

– Justin. Ele está vivo.

O encaro profundamente por um tempo, esperando que ele comece a rir porque é uma brincadeira e eu fiz uma expressão estranha. Cato não ri. Sustenta o olhar sorrindo só um pouco.

– Você está mentindo. Deve ser horrível demais pra mim também saber que ele morreu.

– Não reclame, você me deve sua vida e tudo mais que você tiver pelo tanto de vezes que eu te salvei. E é verdade. Você deveria acreditar.

– Não é. – Rebato firmemente. Não pode ser. Ele tem que estar mentindo.

– Então tá. Não desmaie quando ele aparecer.

– É pouco provável que eu não vá desmaiar se estiver vendo um espectro.

– Ok, você que sabe – ele continua, sorrindo. – Cashmere voltou também. Johanna. Annie Cresta.

– E a razão da missão? O Conquistador?

– Voltou. Mas está louco. Tentou matar a Katniss.

– Cato... – faço uma expressão de desprezo. - Seja mais sutil nas ironias. Peeta nunca tentaria matar a Katniss, não faz sentido.

Ele começa a rir de repente.

– É, não faz, mas foi o que aconteceu. Ela foi abraçar ele e ele agarrou o pescoço dela – ele ofega.

– Por que você está rindo disso? É triste – digo tentando soar como represália, eu mesma tentada a rir também. É realmente triste, mas você consegue sorrir um pouco se imaginar as coisas por um outro ponto: Katniss está aqui, radiante de felicidade, apostando todas as fichas no Peeta que iria abraçá-la e cantar pra ela dormir e falar milhões de vezes que a ama pois ela é a pessoa mais incrível e boa do mundo e então, quando ela está correndo de braços abertos, sorrindo, achando que ele vai perdoá-la e eles jogarão juntos a culpa toda no malvado Snow... Ele estende as mãos e as fecha no seu pescoço.

Bom, isso só é engraçado porque são Peeta e Katniss. Eles são o tipo de pessoa que você sabe que nem em um milhão de anos vão sequer se mandar calar a boca. Isso não seria engraçado com quaisquer outras pessoas.

– Eu vou contar para o psiquiatra que você realmente acha graça na desgraça alheia – comento, me levantando e caminhando para a porta. – Vou ver a Enobaria.

– Vamos passar e visitar o Justin – Cato fala, se levantando como se eu tivesse o convidado pra ir comigo.

– É, vamos ver o Justin – respondo sarcasticamente, erguendo uma sobrancelha.

Levo o maior susto da minha vida quando realmente vemos o Justin. Passamos por seu corpo adormecido no caminho para o leito de Enobaria.

– Cato... – sussurro, exasperada. Estou tão ferrada. Tão.

– Ele vai acordar gritando por você. Foi sedado assim.

– Me gritando? – balbucio, sendo atraída até sua cama. Observo seu rosto. Há uns pequenos ferimentos, arranhões e um roxo além do das olheiras, na bochecha.

– Sai daí, vai que ele acorda – Cato sibila, agarrando meu braço e me puxando para a cortina de Enobaria. – Ele estava perguntando por você.

– Falando o quê?

– “Eu quero ir pra casa, chamem aquela vadiazinha pra me levar pra casa!”. Presumo que a vadiazinha seja você.

Fecho minha expressão pra ele e puxo as cortinas na minha frente. Enobaria está sentada na cama de braços cruzados, encarando o teto, irritadiça.

– Oi – falo, em tom de dúvida. Ela desce os olhos e ergue as sobrancelhas. – Inteira?

– Totalmente – Enobaria responde, abrindo os braços como se estivesse se apresentando, sorrindo vitoriosamente.

– Como foi? Mataram alguém do governo? – pergunto, ajeitando vagamente suas cobertas e me sentando na cama.

– Uns Pacificadores, acho. Só gente insignificante. Usaram gás paralisante.

– Ah. Deve ter sido entediante, então.

– Você não imagina o quão não foi entediante – ela fala, em tom de confidência, se curvando como se fosse começar a sussurrar. – Estavam torturando eles severamente. Dos piores jeitos possíveis. Jogavam a Mason na água e depois lhe davam choques elétricos.

Ofego, abrindo ligeiramente os lábios. Não achei que fosse pra tanto. Quer dizer, achei. Mas nunca imaginei isso detalhadamente.

– E ela está viva?

– Umas cortininhas à minha esquerda, acho. Eu não sei direito o que fizeram com a Cresta, mas a Cashmere também está enlouquecendo.

– E Peeta? Cato disse que...

– Que ele agarrou o pescoço da Katniss – ela completa, fazendo que sim com a cabeça. – Telessequestro. Usam veneno de teleguiada pra modificar todas as memórias que quiserem. Mexeram com as que envolviam a Everdeen. Ele acha que ela é um bestante, uma fabricação da Capital.

Isso não parece ter qualquer relação com a verdade. Peeta nunca faria nada disso. Nunca, em bilhões de anos, acharia que a Katniss é um bestante. Nunca a veria como um ser da Capital, mesmo que ela fosse um. Peeta ama a Katniss. Ou será que eu deveria dizer amava?

– Não sabia que isso era possível – balbucio, sacudindo a cabeça, atordoada com toda essa virada brusca no enredo.

– Com veneno de teleguiada tudo é possível. E depois, a gente não pode nunca subestimar a Capital.

– Longe de mim fazer isso.

– Oi – Cato diz, puxando a cortina e aparecendo.

– Oi, Cato – Enobaria responde, com voz de tédio. – Achei que fosse te ver no resgate.

– É, queriam que eu fosse – ele responde, se sentando contra minhas costas, do outro lado. Enobaria é só um pouco maior que eu, então sobra bastante espaço no final da cama. Cruzo os braços e o encaro enquanto ele fala.

– Ele também queria ir, aparecer um pouco pra variar.

– Cala a boca, Clove.

– Cala você, vadiozinho – respondo, o empurrando.

– Parem ou eu vou mandar a enfermeira expulsar você daqui – Enobaria se pronuncia, rolando os olhos, no exato instante em que Cato se virava para ter sua vingança. – Resolvam as desavenças no treinamento.

– Eu não vou lá – respondo, dando de ombros. – A York é uma inútil, ninguém do 2 precisa daquilo.

– Mas consta na sua programação, não é?

– É. Às vezes eu apareço.

– E termina a simulação?

– Obviamente. Mas ela sempre quer que eu corte o cabelo.

– Mas você não vai cortar. Não é? – Cato diz, se virando pra mim.

– Se me der vontade... – falo provocantemente, dando de ombros e sorrindo de lado.

– Tá, desculpa, eu estava só brincando – ele cede, torcendo os lábios.

– Ok – sorrio e aceno com a cabeça.

– Vocês vão visitar a Cashmere? – Enobaria pergunta depois, em um tom apreensivo.

– Não. Ela não gosta da gente.

– Depois que eu matei o irmão dela – Cato completa, abaixando o rosto.

– Para. Ele queria te matar, também. E não foi você que matou ele de verdade – digo rapidamente, erguendo as sobrancelhas.

– Eu sei – ele responde, em um tom de praticidade.

– Hum. Então, acho que não. Não vamos visitar ela – finalizo, me virando para Enobaria.

– Nem devem. Ela pode piorar se ver vocês. Parece que estavam usando o Gloss de algum jeito nas torturas.

– Ah. Ok. Não vamos aparecer pra ela.

– Nem pro Peeta. Vocês têm uma ligação direta com os Jogos, portanto com a Katniss. Não ousem.

– Tá. Não vamos fazer nada disso – Cato fala, torcendo os lábios como se achasse tudo isso improvável demais. Então ele se levanta. – A gente já vai, não é, Clove? Ela vai chegar bem cedo hoje pra dar mais tempo pra comer. Ficou sabendo? Clove desmaiou lá na superfície.

– Você só abre essa droga de boca pra falar estupidez, Cato – rosno, estalando a língua.

– A pressão baixou – ele continua, olhando pra Enobaria. – Ela só estava bebendo água e empurrando umas coisinhas.

– Eu estava comendo o que não era nojento.

– Frescura. Mas agora ela vai ter que comer tudo.

– É, eu vou fazer isso – falo antipaticamente, descendo. – Tchau, Enobaria. Melhoras.

– Tchau. Melhoras pra vocês também – ela responde, sorrindo. Avanço pelo hospital e só paro quando estamos fora dele.

*******

Outros dias se passam. A condição de Peeta é assustadora. Eles tiram o veneno de teleguiada de seu corpo, mas acham que não há regresso. Julgam como impossível a recuperação total do antigo Conquistador. Dizem que pode existir uma chance de ele parar de surtar ao ver a Katniss ou ao enxergar uma mínima relação com ela, mas nunca de ele voltar a ser o mesmo cara de antes.

Impelida por um estranho e quase inclassificável sentimento, em um dia me encontro parada atrás do vidro com visibilidade de um só lado, apoiando minhas mãos nas grades transparentes da prisão de segurança de Peeta. Há umas pessoas segurando pranchetas. Ouvi dizer que ele teria uma equipe de recuperação. Mas não me parece ser nada muito importante, porque só há umas três pessoas, simplesmente o vigiando.

Ocasionalmente eles viram o rosto pra mim, sem entender nada sobre o porquê de eu estar aqui.

Nem eu sei, então realmente espero que eles não venham me perguntar. Observo Peeta movimentar suas mãos presas freneticamente, olhando fixo para a parede à sua frente, o olhar insano e nervoso.

A imagem de Cato com as mãos em volta de seu pescoço no elevador da Capital se acende em minha cabeça. Depois ele está socando o chão e arrancando tufos de cabelo após ter tirado a vida do garoto do 3.

É isso. É por isso que eu estou aqui. Porque esse novo Peeta se parece demais com o antigo Cato.

– Senhorita? Precisa de alguma coisa?

Me viro para um dos médicos da equipe do Conquistador.

– Não. Eu só vim vê-lo – respondo apaticamente.

– A condição dele não é das melhores, como pode ver.

– É, eu posso ver – entôo. O homem continua do meu lado, observando Peeta atentamente.

– E o Cato?

– O que tem ele?

– Está melhor? Eu o atendi quando chegou aqui.

– Está. Espero que esteja – respondo, porque de um modo ou de outro ele não está mais quebrando enfermarias porque eu fui baleada. Ele sorri. – Por que você está falando isso? Está sugerindo que vê semelhanças nos casos? Entre Cato e Peeta?

– Bom, nas atuações nos ataques de fúria, sim. Fora isso, razões totalmente diferentes. Injetaram veneno de teleguiada no Peeta, foram fatores externos. Cato tem motivos psicológicos.

– Ele tinha.

– Se é o que a senhorita diz – o médico diz, dando de ombros educadamente. – Se me permite, tenho de voltar para as teorias. Até mais.

– Até – respondo vagamente.

Sorrio um tempão para Cato quando o vejo depois, infinitamente agradecida por não ser ele. Ele franze as sobrancelhas e sorri também, desconfiado.

No outro dia de noite, durante o jantar, ele me dá a notícia.

– Katniss vai pro 2 amanhã. Quer ir?

– A gente pode? – pergunto alto, imediatamente, erguendo o rosto.

– Fala baixo. O Harry não vai poder ir, então não alardeie – ele sibila.

– Isso é sério? Ah, meu Deus. A gente volta amanhã mesmo? O que vamos fazer lá?

– Não, a gente vai passar um tempo lá, pra tomar o 2 de vez. Pro lado certo – ele responde, rindo do meu entusiamo. Isso é exatamente do que eu precisava. Ir pro 2 e convencer eles. Exatamente.

– Perfeito. A gente sai que horas?


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Notas finais do capítulo

É isso, então. No próximo eles vão pro 2 e tudo mais. Beijinho no ombro pra vocês e um bom... Extermínio dos ovos de Páscoa que sobraram. Se é que sobrou.



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