E o Amargo Vira Doce escrita por Iulia


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Olá, tudo bem? Sim, estou imitando o cara daquele programa lá de domingo, Domingo Espetacular, talvez, não sei. Não importa mesmo, né? Ham... Tá aí, né, eu achei que nunca fosse conseguir acabar esse capítulo, tava meio empacado, mas saiu a mesma bosta de sempre. Hoje é aniversário do meu pai... Eu vou ter que arrumar as coisas depois que a festa acabar, provavelmente. Bolada.



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- Não precisa me olhar desse jeito, não estou assinando meu testamento. – eu falo, suspirando e revirando os olhos, colocando meu prato em cima da mesa e me preparando para começar a dar comida para ele. Mas Cato não para. – Escuta aqui garoto, eu cozinhei pra você naquela droga de arena por dias infinitos, eu agüentei você me confundindo e dizendo que me amava enquanto queria me matar, eu não falei nada para a Glimmer e aquelas mãos dela, eu só não matei a Katniss porque você me tirou de lá, te tirei daquela arena com mais um tanto de gente antes da hora, fiquei na Capital sozinha pra isso, tendo sonhos com o tarado real e rico que dizia que ia me seqüestrar, eu esfaqueei o presidente, eu estou te dando comida na boca agora e eu sou a pior ovelha negra que o 2 já viu. Eu não posso ser tão indefesa quanto você diz, ok?

- Eu sei, eu sei, Clove. Você é incrível. – ele diz, depois de um tempo de  silêncio constrangedor.

- Não acha que eu mereço mais, loiro? Eu salvei a sua vida, por minha causa você parou de agarrar duas meninas a cada dois minutos... Você parou não é?

- Parei.  Eu só agarro você agora.

- Ah minha nossa... – eu falo, revirando os olhos. – Continua a me elogiar agora, ok?

- Tudo bem, eu tenho sorte de você existir, sem você eu estaria morto nos primeiros Jogos.

- Agora fala que eu não sou uma inútil.

- Eu nunca disse que você é inútil, Clove.

- Fala logo.

- E você não é uma inútil.

- Estamos bem com isso, então. Agora come logo, não vou ficar com o braço pra cima aqui pra sempre.

- Você vai acabar se arrependendo de ter deixado essa coisa esfriar. – ele diz, apontando para o meu prato com a cabeça.

- Talvez. – ou não. Se eu conseguir sair sem comer seria uma benção divina. – Mas come logo. Eu prometo que não vou furar sua boca com o garfo.

- Grande promessa, hein. – ele responde, sacudindo a cabeça e finalmente comendo.

Quando finalmente conseguimos esvaziar o prato, eu me lembro de uma fala intrigante de alguém no Comando hoje mais cedo.

- Escuta, você prestou atenção no que falaram hoje dos “Nós Lembramos”? Eles vão usar a Layran... Mas a Layran está viva, não é?

- Eu não sei.

- Como assim você não sabe? Você me disse que ela estava lá na Capital com os outros.

- Foi o que me disseram. – ele fala, dando de ombros. – Mas se vão usar ela nessa coisa dos mortos... Pode ser que ela não esteja mais.

- Mas isso... A Katniss deu imunidade para eles, eles não podem ter morrido assim do nada.

- Pessoas preferem morrer do que ficar esperando salvação enquanto são torturadas.

- Mas e se ela estiver viva? E se eles dois estiverem vivos? O que eles vão fazer?

- O que interessa é fazer o pessoal do 2 achar que eles estão mortos. E se eles estiverem vivos... Matar eles.

- Eles estão todos estão mortos, então?

- Não, né? O Conquistador não. Eu não sei, talvez.

- Ah, você não sabe explicar nada direito, hein. A Layran e o Justin não estão mortos, eu tenho certeza.

- É, você tem um vínculo muito forte com eles. Realmente amigos, você adora eles.

- Tá, eu não sou amiga deles, mas eu não quero que eles morram. A Coin só se enganou, eles estão vivos. E quando forem resgatar todos, eles vão vim para cá.

- Se você diz. – Cato fala, dando de ombros.

Sacudo a cabeça e resolvo comer.

O resto da tarde se arrasta. Eu cumpro a minha programação, Cato cumpre a dele, e no fim do dia, um pouco antes do jantar, eu olho para o meu penúltimo item no braço, e vejo que tenho que me encontrar com Plutarch na sua sala.

Estou descendo para lá, me preparando para quebrar a minha cabeça com mapas e rotas proibidas, quando encontro um grupinho de pessoas do 2. Que inclui a ex namorada e Blolder. Todos andando por aí como pessoas felizes e normais. Como se aqui fosse o 2, como se aqui tivesse um céu para a gente ver, como se estivessem voltando da escola.

Esse pessoal me irrita de verdade.

- Oi, Clove. – eles falam, sorrindo e parando. Percebendo que essa coisa de parar significa conversar, começo a desejar ter uma daquelas coisinhas que eles colocam no pulso, comunipulso, acho, para começar a vibrar desesperadamente e indicar que tenho que ir.

Mas, como não tenho essa droga, sorrio e paro também.

- Oi.

- A gente soube que você estava no hospital, o que você tinha? – Blolder pergunta, passando a mão nas pontas do meu cabelo como se nós fossemos amigos. Ou até mais, não é, pela cara que está fazendo. Eu devo merecer tudo isso.

- Ah, eu... Foi só um descontrole. Eu estou bem agora.

- E o Cato também estava no hospital, não é? – uma menina pergunta.

- Pois é. – a encaro com uma sobrancelha erguida, sorrindo falsamente. – Ele se machucou em uma missão. Mas agora ele está bem também.

- E o casamento? Vocês não vão mais se casar?

Isso muda alguma coisa para as pessoas? Não. Então não é da conta delas. Porque elas insistem em saber da minha vida? Por um acaso vai acontecer um terremoto se a gente não se casar? Vão perder a guerra?

- Vamos. Só que estamos no meio de uma guerra, não quero me casar com bombas caindo por aí.

Eles riem e eu fico os encarando. Não teve graça. O que eles têm, medo de mim? Ah, então eu queria que eles tivessem mais.

- Eu tenho que ir agora. Até. – falo, sorrindo.

- Tchau. Fala pro Cato que desejo melhoras a ele. – a garota ex fala, depois que todos já se despediram. Faço a minha melhor expressão de cínica.

- Claro, querida. Digo sim. – respondo, ainda sorrindo. Coitada dela se acha que eu vou falar mesmo.

Eles saem e eu continuo o caminho para a sala, revirando os olhos.

- Ah, Clove, você chegou. – Plutarch diz, assim que eu entro. Gale, Fulvia e Enobaria estão aqui também. Esse pobre caçador heróico também me irrita. Tudo está me irritando hoje, a expressão ridícula de contentamento de Fulvia, a face sem expressão de Gale e o Plutarch em si tentando parecer feliz por me ver.

Tenho motivos claros para isso. Eu não dormi direito, sugeriram que eu ficasse grávida de algum jeito, Coin apareceu na minha frente, Cato ficou me enchendo, encontro amiguinhos do 2 por aí... Eu só quero ir dormir. Fora que não faz sentido, eu quebrei essa sala aqui, gritei com ele, destruí coisas... Ele não tem motivo nenhum para gostar de mim, só queria que agisse assim, sem tentar fazer parecer que gosta de mim, como pessoas normais.

- É, cheguei. O que eu tenho que fazer hoje? – digo, me sentando em uma das cadeiras, ainda que eles estejam de pé.

- Assistir. Hoje vai ao ar outro pontoprop. E uma entrevista de Caesar.

- Caesar? Ele vai entrevistar quem?

- Peeta. – Gale me responde. Minha boca se abre em um “O”e ergo as sobrancelhas.

Ninguém fala mais nada. Plutarch liga a televisão e apaga as luzes. O pontoprop mais recente feito no 8 entra no ar, o que Messalla editou, entrecortado por Gale, Boggs e Cressida o descrevendo.

Vemos todas aquelas pessoas falando com ela e depois morrendo de novo, vemos as bombas caindo e tudo o mais. Fico olhando para outro lado, decidida a não lembrar dos momentos aterrorizantes que passei aqui. Enobaria esfrega meu braço vagamente, como se me consolasse.

Quando o vídeo acaba, Plutarch não acende a luz. Começam a musiquinha que antecede o programa de Caesar.

- Tudo bem, não é, Clove? – ela pergunta, me mirando até com preocupação no olhar.

- Tudo sim, obrigada. – sorrio um pouco e volto a prestar atenção na televisão. Peeta aparece.

No início, só o que eu sou capaz de pensar é no que aconteceu. Peeta já não tem aquela saúde tão estranha para alguém em seu estado. Tudo bem, agora se adéqua melhor. Ele está magro, e está tão nervoso... Suas mãos estão tremendo. A expressão de dor que ele faz quando se mexe... A maquiagem não disfarça totalmente o inchaço em seus olhos. Acho pouco provável que seja algo relacionado à falta de sono. A coisa é mais como socos.

Ah meu Deus...

O Conquistador está bem ruim. Mas Cato teve razão... Eles poderiam ter feito o que quiserem com ele depois daquela última entrevista, nunca se sabe quando ela foi gravada, mesmo.

Eles enrolam um pouco, tristeza contida no rosto dos dois, antes de Caesar perguntar sobre Katniss.

- Eles estão a usando, é óbvio. Para estimular os rebeldes. Duvido que ela ao menos saiba o que está acontecendo na guerra. O que está em jogo.

- Tem alguma coisa que gostaria de dizer a ela?

- Tem, sim. – ele se vira para a câmera, encarando, deixando todos olharem em seus olhos. – Não seja boba, Katniss. Pense por você mesma. Eles transformaram você numa arma que pode ser instrumento da destruição da humanidade. Se você possuí alguma influência real, use-a para frear essa coisa. Use-a para parar a guerra antes que seja tarde demais. Pergunte a si mesma: você realmente confia nas pessoas com quem você está trabalhando? Você realmente sabe o que está acontecendo? E se você não sabe... descubra.

O programa acaba.

A mensagem não foi para mim. Ainda assim, compreendi bem demais. É algo tocante, triste e tudo o mais, mas o mesmo assunto da última. Se estão usando ela para estimular os rebeldes, e posteriormente todos nós, estão usando ele para refrear os rebeldes.

Ninguém aqui sabe o que está acontecendo de verdade. Ninguém confia em ninguém. Mas não temos outra opção. Não sei se foi “programado” para dizer isso ou disse porque quis, o que acho pouco provável, mas espero que ele entenda o que a Capital vai fazer se a gente desistir agora. Vamos sofrer tudo o que não sofremos nos setenta e cinco anos dos Jogos, vamos passar mais fome do que nunca passamos. Não podemos voltar agora.

- Então é isso. – Fulvia diz, depois de um suspiro.

- Acha que Katniss pode ter visto isso? – Gale pergunta, parecendo preocupado.

- Ela está no hospital com o Finnick. Talvez devêssemos verificar. – Plutarch fala. – Clove, mantenha sigilo sobre isso. Isso fica entre nós, poucas pessoas sabem dessa entrevista.

Concordo com a cabeça e eles saem, apressados. Eu e Enobaria nos levantamos para ir.

- Eles não podem tirar logo eles de lá? – pergunto.

- Estão dizendo que ainda é perigoso. Que máscaras de espiões lá na Capital cairiam.

- E Layran, Enobaria? Ela não estava viva, porque vão usar ela nos pontoprops?

- Ela não deve estar, Clove. Você foi considerada uma traidora lá. Tecnicamente ela tinha vínculos com você, não tão espessos ao ponto de trazerem lucros ao mantê-la viva. Mas se estiver... Pouca diferença vai fazer. O pessoal do 2 não sabe disso, ela está morta para eles.       

- Ah...  Eu vou subir, então. Tchau. – me despeço, indo embora. Isso tudo é tão estranho... Pessoas mortas, pessoas torturadas, pessoas que não sabemos o paradeiro... É, eu tenho sorte de ainda estar aqui.

Foi tudo tão de repente... Eu não imaginei que fosse ser tão... Intenso quanto está sendo. Só o que eu tinha visto até agora, eram pessoas se matando, cara a cara, se enfrentando mesmo, é difícil acreditar em tudo isso. Bombardeios, armadilhas, golpes de estado...

Chego na sala de jantar e vou para a mesa já cheia, sem pegar a comida, com o estômago ligeiramente revirado.

Todos me cumprimentam e tudo o mais, e estou tão esgotada que nem discuto, ou sequer respondo Cato quando ele me pergunta o porquê de eu não estar comendo.

- O que aconteceu na reunião? – ele me pergunta.

- Nada, depois eu te conto.

- Ok, então. Quer? – ele diz apontando para o prato.

- Não. Definitivamente não quero, mas obrigada.

Ele acaba de comer e eu fico encarando uma mesa vazia enquanto isso, totalmente desprovida de pensamentos.

- Já podemos ir. – Cato fala, quando acaba. Aceno com a cabeça e me levanto. Ele troca umas poucas palavras com alguém da mesa e vamos para o corredor dos compartimentos. Eu me sento no chão perto de “casa” e ele me imita.

- O Conquistador deu outra entrevista hoje.

- Como ele tava?

- Horrível. Você tinha razão, podiam fazer o que quisessem com ele depois daquele dia e fizeram. Ele está com uns olhos inchados, emagreceu muito e está com umas tremedeiras na mão, sabe, como se estivesse com medo, aterrorizado.

- Sei... E o que ele falou?

- Recados para a Katniss. Disse que ela tinha que saber se confiava de verdade, que tinha que abrir os olhos e que ela podia acabar com a humanidade assim. Depois de dizer que ela estava sendo usada, claro. A mesma coisa da última.

- Dava pra perceber se mandaram ele falar isso ou ele falou porque quis? Essa coisa do ponto de vista dele com a guerra.

Sacudindo a cabeça o encaro, suspirando.

- Não. Ele convence bem demais, mas a coisa da Katniss com certeza foi ele que falou. É meio difícil acreditar que ela não sabe de nada. Ou não sabia na época.

- Hum. Passaram o pontoprop do 8, não é?

- Como você sabe?

- Gale me disse que ia passar. Eu pensei que você fosse ter outro surto quando visse.

Sacudo a cabeça.

- Eu acho que vou dormir, Cato. – falo, bocejando. O beijo rapidamente e me levanto. – Boa noite. Eu juro que amanhã passo mais tempo com você, hoje eu estou muito cansada mesmo. A York me colocou em uma daquelas simulações infelizes.

- Ahan, tudo bem. Boa noite. Vem cá um pouco. – ele me beija por uns minutos até eu dizer que realmente preciso ir.

Entro, tomo banho e vou dormir. É adorável fazer tudo isso quando não tem mais ninguém, sabe. E também será adorável saber que Lily e Catherine não puderam conversar eternamente sobre tudo e saber que Bryan não veio falar para todos nós da Grinda por que eu estava dormindo e minha mãe não deixaria eles fazerem barulho.

Adorável, realmente adorável minha vida no 13.


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Notas finais do capítulo

O que geralmente eu falava nas notas finais antes? Slá... Sabe, meu irmão tá me ensinando uma música loka aqui dos indiozinhos que ele aprendeu na escola, um amoro ele. Deixem reviews se vocês quiserem, não adianta falar mais nada mesmo... Acho que já tá bom, eu tenho que ir, me deu vontade de assistir Harry Potter agora. Ou Residente Evil, ou slá. Ah, lembrei de uma coisa que eu tinha que falar! Não que eu esteja escrevendo o casamento do Cato e da Clove, ou que esteja perto de acontecer ou coisa assim, mas eu estava relendo (COMO SEMPRE, TO SEMPRE RELENDO A ESPERANÇA, NUM GUENTO MAIS ISSO)A Esperança e eu pensei como seriam os rituais de casamento no 2, alguma ideia? Talvez eu precise, não sei, né. Agora eu vou, parece que meu pai tá contando fofoca aqui fora, tchau amoros, beijos sabor amora. Não cadeado. Ou, slá, pode ser cadeado também, se cês quiserem oferecer pra alguém né.