E o Amargo Vira Doce escrita por Iulia


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Oi! Como vai a vida de vocês? (Só acho que tinha que ser com os pés). Enfim, a minha tá a mesma boxta de sempre. Eu tava em semana de prova, sabe? Tensão... Ah sim, tô atrasada com o capítulo né? Psé, tava com preguiça de acabar (bom, é o mínimo já que não vai ter hiatus, pro povo que não tá nem aí, mas tá de verde e é bonito. Eu quero assunto kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk). É por causa também que esse ano tá pesado, to fazendo um tanto de curso, e a matéria já cumprica e aí tá muito tenso, masok. Já chega. Ah, postei uma one! É Clato, gentchi, passa lá ó (http://fanfiction.com.br/historia/343157/Carreiristas). Se você por algum motivo é fantasma aqui não se acanhe lá, não.



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– Bombardeio? M-mas... O que fazemos?

– Clove, se você quiser sair será compreensível, hã? – Beetee fala, vendo que estou completamente assustada e sem ação.

– Não! Não, o que vamos fazer? – eu falo, empurrando a sua cadeira e passando as mãos pelo rosto.

– Você vai se sentar. Já avisamos o Haymitch, ele está em contato com o pessoal. Você não está em condições de...

– Cala a boca e me diz o que fazer! Eles vão morrer, não tá vendo?!

– Clove, me escuta agora: - ele agarra meus ombros. - Não podemos fazer nada.

– A gente sempre pode fazer alguma coisa, Beetee! – me desvencilho. - Eles sabem que a Katniss está lá?

– Clove! Clove, para. – meu pai diz, do outro lado. Troca um olhar preocupado com Beetee, vem até mim, me levanta e me senta em outra mesa. – É melhor você ficar aqui. Foi uma ideia imbecil da Coin ter mandado ela pra cá. – ele fala para Beetee.

– Eu não quero que ele morra... – eu sussurro, pensando em como falei isso mais cedo, lá no banheiro. – O que é que eu vou fazer se ele morrer?

Uma sensação de desespero ainda maior me toma. Minha cabeça está girando.

– Clove, é melhor você subir, me escuta.

– Não! – me levanto. – Não, me deixa ver ele!

– Não tem como, filha...

– Tem! Nas câmeras...

– Estão gravando a Katniss.

– Não! – vou para o balcão e começo a gritar e derrubar tudo em cima e bater os pulsos na mesa. – Eles não vão matar ele!

– Não vão, não vão. – ele me alcança de novo e passa os braços à meu redor, tentando me fazer parar de quebrar coisas. – Daqui a pouco eles voltam.

– Me solta! Eu vou matar a Coin! – berro, me sentando no chão e tapando os ouvidos, porque estou quase escutando os sons das bombas. – Ela mandou ele ir pra lá! Eu vou matar ela!

– Vamos sedar. Ela vai ter um colapso nervoso se não fizermos isso. – Ouço a voz de Beetee, em algum lugar cada vez mais distante. Só escuto os sons das bombas, das crianças chorando e do fogo consumindo tudo. Vejo em um vislumbre da tela a Katniss sendo arremessada em algum lugar.

– Não vai dar pra levar ela até o hospital. Vou tentar convocar alguém daqui de baixo.

– Fica aí com ela. Eu vou lá.

– Tenta manter a calma. O Cato vai voltar, vocês vão se casar. – meu pai continua, vindo em minha direção e se ajoelhando onde estou, me abraçando.

– Ele vai morrer! A Coin vai matar ele!

– Quem está bombardeando lá é a Capital, Clove.

– Ela mandou ele ir! Ele teve que ir! – eu grito, porque agora entendo tudo. – Me leva pro arsenal. Eu quero... Quero jogar facas.

– Depois. Depois eu te levo lá.

De repente me levanto e corro para o painel de controle. Aperto alguns controles e estou em contato com o Haymitch. Coloco o aparelho auricular.

– Beetee? – ele fala, do outro lado. – Eles estão no bunker. Katniss e o Gale fugiram, estão lá em cima com a equipe que está gravando.

Me viro para a outra tela e vejo os dois no telhado, atirando nos aerodeslizadores. Ele não está lá. Ele tem que estar lá em baixo. Onde disseram que é seguro.

– Beetee? – ele continua, esperando uma resposta, com um tom de preocupação na voz.

– Clove. – eu respondo, finalmente.

– O que está fazendo, menina, passa isso para o Beetee agora, senão...

– Haymitch, cala a boca. Pede desculpas para o Cato. Diz pra ele que eu não quero que ele morra e que eu amo ele.

– O que? – ele fala, mas já tiraram o fone de mim. Dois médicos do 13 enfiam uma injeção na minha veia.

***

Abro os olhos e estou no hospital, com a mesma roupa. Hoje... ainda é hoje. Eles já voltaram?

– Clove? Acordou? – Finnick pergunta, duas camas depois da minha. Me sento. – Quer dormir mais?

– Não... Eles já voltaram?

– Eles quem?

– Ninguém. – eu falo, percebendo que não posso tratar desses assuntos com ele. Mas ele sabe que eles foram se estava na reunião e tudo o mais. O que eu estou falando, é o novo Finnick. O Finnick que não sabe que horas são, nem o que está acontecendo e nem o porquê de estar aqui. – Acho que estou delirando.

– Então acho melhor se levantar. Se já está delirando com tão pouca dose. Você chegou aqui tem só umas duas horas.

Não confio no atual senso de tempo dele. Acho que fiquei mais do que isso, mas não discordo.

– É? Eu já vou. Não gosto de hospitais. – falo, me levantando e lembrando do hospital do 8.

– Espere aí, Clove. Deixe-me checar se suas pulsações diminuíram. – a mãe de Katniss fala, saindo de uma sala e vindo em minha direção. – Não pode se exaltar tanto. Beetee estava certo quando disse que estava à beira de um colapso nervoso dos sérios, para não te assustar falando mais coisas. – ela continua, enquanto aperta o meu pulso com dois dedos.

– Eu queria conseguir.

– Me parece que todos vocês do 2 são assim. Teve algum outro problema antes de descer para ficar com o seu pai?

– Tive. Uma espécie de... briga.

– Entendo. Brigue menos, então, Clove. Pode ir, mas acho bom tomar cuidado.

– Obrigada. Tchau Finnick. – aceno vagamente para ele e saio de lá. Chego no meu compartimento e me deito na cama. Fico olhando para cima pensando em um bilhão de coisas.

Quero notícias, mas ao mesmo tempo, não. Estou exausta e elétrica, talvez alguma reação do sedativo. Eu deveria voltar para o 2, onde todo mundo tem problemas de controle... Eu deveria descer e pedir desculpas à Beetee e a meu pai por ter quebrado quase tudo da sala do Plutarch. Deveria ver se eles chegaram. Eu deveria ter perguntado para a senhora Everdeen!

Mas não faço nada disso. Me sinto culpada, envergonhada, ridícula, infantil e idiota. Mas talvez eu ainda queira matar a Coin.

Ouço a porta se abrindo e levanto da cama. É o Cato.

Ele deve ter passado no compartimento dele antes de vir pra cá. Os cabelos estão molhados e está com outra roupa. Antes que ele possa fazer qualquer coisa me jogo em cima dele, o beijando.

– Desculpa. Eu não quero que você morra, você não morreu. – falo, ofegante, logo voltando a beijá-lo. Ele começa a me empurrar com força e me para encostada em um dos apoios da cama, me fazendo arfar. Enlaço as pernas ao seu redor e ele aperta minha coxa.

Eu puxo a camiseta dele para cima enquanto ele desce a boca para o meu pescoço, sua mão agarrando meus cabelos e a outra tentando tirar a minha. - A porta. – eu sussurro. – Está aberta.

Ele me arrasta até lá e fechamos a porta. Caímos em cima da cama da minha mãe e fico por cima dele.

Começo a rir e ele acaba ficando por cima de mim. Pressiono as unhas nas costas dele ao passo que está mordendo meu pescoço.

– Não... – eu falo. – Isso vai ficar marca.

– É? – ele diz, levantando o rosto e sorrindo. – E daí?

Sorrio de volta e ergo uma sobrancelha, trazendo a boca dele para a minha. Ele está apertando uma parte embaixo das minhas costas e tirando o resto da minha roupa.

Hum... Deu pra entender que o que aconteceu na noite antes do Massacre começar foi repetido? Ótimo, não vou falar mais nada.

***

– Não acredito, Cato. Não podíamos ter feito isso, seu idiota! – eu falo, no espelho, como se estivesse irritada, mas estranhamente sorrindo. – Eu vou tomar banho. Você vai para o seu compartimentos e depois volta aqui, eu quero falar com você.

Fecho a porta do banheiro e vou tomar banho. Falta pouco para a hora do jantar, de modo que não me preocupo em não seguir a minha programação.

Devo ter problemas mentais. Eu sempre começo com isso e depois... Fico reclamando. O chuveiro para de cair água e sei que o tempo aqui acabou. Saio e me visto.

Penteio meu cabelo e saio do banheiro. Esse dia está sendo bem longo. Fiz coisas o suficiente para passar uma semana seguindo a minha programação sem falhas.

Fico sentada na cama dos meus pais, depois que já a arrumei, e logo Cato abre a porta.

– Você! – eu falo apontando para ele. – Você precisa me pedir desculpas! E me desculpar, claro.

– Te pedir desculpa pelo que?

– Você me machucou!

– Que horas? – ele fala, sorrindo.

– De manhã. Você gritou comigo e segurou o meu braço. E me prendeu dentro do banheiro. E não interessa se você sempre grita, vai ter que pedir desculpa todas as vezes.

– Desculpa.

– Ótimo. E por essa outra coisa no meu pescoço, eu disse pra você parar. Dói, entende?

– Entendo. Mas não vou te pedir desculpa por isso.

– Legal então, vamos para a parte complicada. Você me desculpa? Eu falei coisas horríveis de você, mas você é obrigado a ir. Eu só disse aquilo porque eu estava com medo de você morrer. E eu definitivamente não quero que você morra. E eu também te amo, então não engula os seus “eu te amo”, ok? E estou com raiva porque você quer mandar em mim como se eu fosse uma boneca, entende? – eu falo, rapidamente, olhando para ele e gesticulando com as mãos freneticamente. O efeito do sedativo não deve ter passado.

– Entendo, entendo. Eu sei, o Haymitch falou o que você tinha mandando ele dizer. É, te desculpo. Mas se você tivesse ido estaria morta.

– Eu fiquei a tarde inteira no hospital, sabia? – eu falo, mudando de assunto.

– Porque?

– Tive uma crise. Uma coisa mais séria que um colapso nervoso. Me mandaram descer e ajudar meu pai e Beetee a monitorar a missão. Mas eu saí porque não agüentei ver o hospital e quando voltei o bombardeio tinha começado. Eu acabei quebrando umas coisas e fui sedada.

– Por isso está assim tão...

– Reação. Toda vez que sou sedada fico assim por um tempo.

– Gostei do seu jeito de pedir desculpa.

– Cala a boca! – eu sibilo. – Não queria pedir desculpas aquela hora, entendeu? Esquece isso. – ficamos um tempo em silêncio e ele se senta do meu lado. – Porque estamos juntos? Porque você parou de me mandar calar a boca e eu parei de te empurrar quando você vinha me beijar?

– Sei lá.

– Você não me amava de verdade quando nos separamos na Cornucópia.

– Nem você. Mas como você sabe que não? O que define isso?

– Bom, eu não sei. Na Capital as pessoas diziam que era quando você se preocupa com a pessoa quase acima de si mesmo. Ou acima, sei lá. Quando precisa dela perto de você e essas coisas. Ela é um idiota total, você tem tudo pra odiar ela, mas você não odeia. Essa pessoa poderia ser grossa, te dar medo às vezes, falar coisas idiotas, ser uma imbecil, mas você gosta dela... Deve ser isso mesmo. É o que sempre falam e faz sentido.

– Você está descrevendo você mesma? Ou eu?

– Quem você acha?

– Eu, claro. – ele respondo, sorrindo. – É, eu te amo mesmo.

– Eu também acho isso.

– Iria ter sido legal se nós tivéssemos lutado na Cornucópia que nem no plano original. Matar o pessoal do 12 e depois nos matarmos.

– Legal? Você gostaria de me matar? – eu falo, sorrindo e sacudindo a cabeça.

– Não. Não agora. Não sei, acho que não teria problema em te matar naquele tempo.

– Bom saber. Espera, cada hora você fala uma coisa diferente sobre aquele dia. No telhado você disse que não queria me deixar morrer. Agora diz que adoraria me matar. Isso não faz sentido.

– Era tudo isso. Eu queria que você morresse, mas não queria que você morresse. Eu acho que gostava de você. Mas eu te odiava.

– E queria me matar e tudo o mais... E quando eu disse pra você vir e me matar? – eu pergunto, franzindo as sobrancelhas. - Porque não me matou?

– Porque você não me matou?

– Porque eu não quis. Eu queria voltar pra casa, claro. Mas eu já tinha matado muita gente. Eu nunca mais iria conseguir dormir se matasse meu aliado. E você já tinha salvo a minha vida alguma vezes...

– Eu não te matei porque eu vi que seria covardia. – ergo uma sobrancelha e consigo permanecer séria prendendo os lábios. – Você é muito menor que eu, tinha menos armas, tinha menos treinamento e estava mais fraca que eu. Eu olhei pra você e aí cheguei a conclusão que não iria te matar.

– Ah, mas a gente matou muita gente assim. Assim pra pior.

– Mas você era minha aliada. Você era quase uma amiga minha.

– Ah, sim. Iria ser uma luta legal. – olho para ele e tento focalizar a imagem de nós dois lutando um contra o outro de verdade. Depois que vencemos lutamos algumas vezes, na Estação. Era muito estranho, porque eu estava evitando ele. E ele sempre vencia e acabava ficando perto demais de mim.

– Iria.

– Eu não consigo imaginar isso agora. Eu tirando uma faca de, sei lá, debaixo da cama e te esfaqueando. E aí você reagindo e tentando quebrar meu braço ou meu pescoço, ou... Ou me quebrando inteira.

– Não tem como quebrar uma pessoa inteira.

– Ah, disso eu não sei. Você não é o vitorioso que gosta de estudar? Eu sei maquiar pessoas e você estuda. – eu falo, rindo um pouco. Melhor do que chorar. Aquele tempo foi horrível. Só não sei se tão ou mais que esse agora.

– Isso deve ter sido alguma ironia.

– Talvez. E aquela vez que você... Sei lá, me abraçou no lago da arena e eu quase me afoguei? Seu lado demoníaco que queria me matar estava agindo? Você tentou me afogar?

– Não. Eu só fui te abraçar mesmo. Mas aí você caiu.

– Ei, para. Você ficou em cima de mim. Não estava me deixando sair!

– Não é que eu não estava te deixando sair. Você não ia morrer ficando quatro segundos em baixo da água.

– Então você admite que quase me deixou afogar? – eu digo, erguendo as sobrancelhas.

– Não. Não foi assim. Eu te abracei, você caiu e eu fiquei lá olhando. Eu estava achando que você estava ok, ou coisa assim. Aí eu vi você começar a ficar sem ar. E fiquei lá, sem fazer nada.

– Seu desgraçado... – eu falo, vagamente, assimilando os fatos e olhando para baixo. Tenho certeza que ele tentou me afogar, mas não falo nada. Fiquei tentada em matar ele algumas vezes também, saímos de lá quites. Ou quase isso. – Depois que a gente saiu você... Você agiu como se eu estivesse louca! Fez o maior teatro de “Essa doida quer me matar”. Me abraçou depois, me fez te pedir desculpas... Conseguiu parecer com medo! Cato, você não presta.

– Clove, não se faça de boazinha. Várias vezes você ia me matar. Às vezes eu olhava para trás e você estava lá me encarando com uma faca na mão e aquele seu olhar. E você provocava. Se metia nas minhas brigas com a Glimmer, mandava a gente se beijar. Se lembra?

– Eu estava com ciúmes, seu idiota. Ciúmes, entende? É, eu queria te matar mesmo. Da pior forma possível. Uma pena que não deu, não é? – eu digo, erguendo as sobrancelhas e sorrindo para ele. Ele sorri de volta e me beija, quase me derrubando na cama.

– Ai, Clove. – ele fala, assim que eu desgrudo nossos lábios.

– Ai, o que? O que foi? – eu falo, me separando dele de vez e franzindo as sobrancelhas.

– Meu braço. – ele responde, fazendo uma careta de dor e segurando o braço.

– Seu braço. O que tem no seu braço? Fui eu que fiz isso? – falo, pegando o braço dele e olhando para uma parte inferior ligeiramente roxa no antebraço dele. Uma coisa bem feia. – Não, eu com certeza não fiz isso. O que é isso?

– Eu me machuquei no 8.

– Então você vai para uma missão e nem pensa em passar na enfermaria?

– Isso não tem importância. Daqui a pouco passa.

– E você não falou nada, eu quase... Vamos para a enfermaria.

– Não, não precisa.

– Vamos logo. A mãe da Katniss cuida disso, vai ser rápido. A não ser que tenha alguma coisa aí dentro, vidro ou coisa assim. Está um pouco inchado... mas não deve ter. Vamos, Cato.

Finalmente ele se levanta. Andamos até a enfermaria enquanto ele me conta umas coisas do 8. Ainda não acredito que ele passou por todas essas coisas e foi tão idiota a ponto de não ir lá.

– Oi de novo, Finnick. – eu falo, chegando até ele na cama.

– Ah! Oi Clove, Cato! Que bom ver vocês aqui, não esqueceram de mim, não é?

– Com certeza não, cara. – Cato responde.

– Quem está aí, Finnick? – uma mulher fala, colocando a cabeça para fora da porta. – Ah... Senhora Everdeen! – ela chama, assustando alguns outros poucos pacientes que estavam acordados. E a Katniss está aqui. Dormindo e delirando um pouco. – Aquela moça que estava aqui mais cedo.

– Sim, sim. – a mãe de Katniss aparece, falando calmamente. – O que aconteceu agora, Clove?

– Não foi com ela. Eu saí para a missão e o meu braço está meio roxo.

– Vamos examinar isso. Na sala ali. – ela fala, apontando.

– Vou ficar te esperando aqui. – digo para Cato, uma vez que não tem muita finalidade em ficar parada atrapalhando o serviço dela.

–Tá bom. – ele a segue e eu fico em pé do lado da cama do Finnick. Ele conversa alguma coisas com pouco sentido e pede para mexer no meu cabelo.

– Tudo bem. – viro a minha cabeça para trás e me sento na beirada da cama dele. Fico um pouco desconfortável porque só minha mãe mexia no meu cabelo. Cato às vezes, mas... Não Finnick. Mas não posso simplesmente falar não para ele. O cara está com a mulher que ama sendo torturada. Não posso não deixar ele mexer no meu cabelo. Ou não deixar ele fazer qualquer coisa.

Mas então me arrependo disso. - Como se nunca me arrependesse de quase tudo. -Ouço um barulho esquisito, olho para trás e vejo ele chorando.

– Finnick. – eu falo, me levantando e tentando achar algum jeito de melhorar as coisas. Pego a mão dele. - Finnick, para com isso. Você... Você ganhou um tridente novo! A gente pode sair um dia e você pode praticar.

– E a Annie?! – ele fala alto, de repente, quebrando o silêncio praticamente recém formado.

– A Annie vai voltar. Daqui a pouco. E vocês vão se casar e ficar juntos. E nunca mais ninguém vai separar vocês. – sorrio. – Porque não tenta dormir um pouco? A Annie... Gostava de dormir. Quando ela chegar vai gostar de saber que você dormiu. – eu digo, provavelmente sendo ridiculamente exagerada. Ele não tem problemas mentais, mas não sei como lidar melhor com isso.

– Não. Eu não gosto de dormir, tenho pesadelos. Cordas. – ele pega uma corda debaixo do travesseiro e faz nós desesperadamente com ela.

– É, cordas. – falo, concordando ridiculamente com tudo que ele fala.

E agora as coisas ficaram ainda melhor. Além de tudo, meu cabelo também causa estragos.

Ele se mantém fazendo nós e os desfazendo repetidamente, enquanto eu olho para baixo e evito pensar no distrito 2. Finalmente a porta se abre novamente.

– E aí? – eu falo, colocando o meu cabelo pra frente para Finnick não olhar muito para ele.

– Você estava certa. Tem estilhaço de bomba aqui no meu braço. Vou fazer uma cirurgia e passar a noite aqui. – Cato fala, dando de ombros e se sentando ao meu lado na cadeira.

– Vou chamar a Prim e avisar os médicos, esperem um pouco. – Senhora Everdeen fala, rumando para outro lado da enfermaria.

– Você não tem medo de cirurgias não é? – eu pergunto, assim que ela sai.

– Não. Já tive que fazer umas algumas vezes. Mas nunca teve estilhaço de bomba aqui.

– Sei. Vamos passar a noite no hospital de novo.

– Porque “vamos”? Você pode ir.

– Não vou mandar o Harry pra ficar aqui com você, não é?

– Não precisa que alguém fique aqui, Clove.

– Eu vou ficar, Cato. Deixa eu ver esse braço de novo. – coloco ele no nível dos meus olhos. – Você é tão idiota... Se isso você radioativo você estaria morto.

Se passa mais um tempo e logo a senhora Everdeen volta.

– Eu vou ficar aqui. – falo. Nos beijamos rapidamente e ele vai com ela.

O tempo discorrido parece passar mais lentamente que o normal para o padrão do 13. Prim aparece. Conversa um pouco comigo e descubro que logo, logo ela vai estar maior que eu. Ela mudou. Não está mais tão... Tão parecida com uma criança normal quanto antes. Parece uma pessoa séria e madura. Mais do que eu.

Finnick também conversa comigo e Gale aparece pra ver Katniss. Pergunta cadê o Cato e faz uma piadinha idiota sobre como as pessoas do 2 não estão acostumadas com a “vida triste e pobre daqui”.

– Me impressiona como você sabe de tudo, Gale. Nós não passamos a nossa vida recebendo presentes da Capital de graça. Nós pagamos treinando nossas crianças e vendo um deles escolherem a dedo o melhor. Não me lembro de ter visto você na arena. Devia calar a boca. – respondo, sem sequer olhar para ele.

– Eu não quis falar nada disso, Clove.

– Ótimo. Tchau, então. – falo, querendo me livrar logo de uma futura discussão. Ele me estressa. Vindo aqui e falando de coisas que não sabe nada. Fico de costas e logo ouço ele sair.

***

Quando Cato sai da sala de cirurgia, somos mandados a uma outra ala, vazia, por causa da lotação recente na qual Finnick se encontra.

– Doeu muito? – eu sussurro, me aproximando da cama.

– Anestesiaram. Morfina.

– E se eu encostar... Dói?

– É, dói. – ele fala, tirando a minha mão de cima do machucado, com uma careta de dor.

– Desculpa. É melhor eu nem chegar perto.

– Clove, sua idiota! – ouço uma voz histérica me gritando. Olho para a porta e vejo Lily parada com as mãos na cintura. – Você tem mais algum problema mental não identificado?

– Já pode parar de gritar. O que é?

– A mamãe. Ficou louca porque você simplesmente sumiu do 13 por horas infinitas. Onde você tava? Estamos te procurando faz tempo.

– Eu estava aqui no hospital. Não está vendo que ele fez uma cirurgia?

– O quê? – ela olha para trás e vê Cato na cama. Simplesmente dormiu do nada. – Ah. A gente achou que você tivesse... se matado ou coisa assim...

– Não me matei, não.

Ela me olha por mais uns instantes e depois sai sem falar nada. Suspiro e me sento no banco que Prim deixou para mim.

Fico olhando para baixo e me vejo pensando em como será quando a Coin simplesmente me obrigar a ir para uma missão. Talvez eu encontre aquele bebê da Capital lá. Talvez eu tenha que matar a mãe dele. Ou ele... Definitivamente não quero e nem espero ter de matar um bebê.

E talvez eu encontre Uranius lá. Uma horrível rede de pensamentos se forma quando eu penso em como seria se ele me encontrasse separada do esquadrão.

– Clove... – a voz de Cato atravessa a sala e eu me levanto para ir até lá. Já está escuro aqui, de modo que não consigo distinguir de longe se ele está acordado ou não. Chego lá e vejo ele dormindo.

– Hum, oi... – respondo, segurando a mão dele, me sentindo muito idiota por falar com alguém dormindo. – Estou aqui.

Ele começa a se mexer de forma exagerada, na velocidade de uma pessoa que leva choques, chutando a cama.

– Cato! Cato, acorda! – sacudo ele tomando cuidado com o braço e ele finalmente abre os olhos. – Oi. – eu sussurro, passando a mão no cabelo dele. Parece que ele acabou de acordar ou coisa assim. – Você estava... tendo algum sonho estranho. Começou a se sacudir e a bater na cama.

– Hum...

– Agora você está bem, certo?

– Deita aqui comigo.

– Eu vou acabar machucando seu braço. Pode não dar certo e...

– Deita, Clove. Por favor.

– Tudo bem. – dou a volta na cama e me deito do outro lado, distante do braço dele. – Com o que você estava sonhando?

– Não sei.

– Vai dormir agora, Cato. Espera – me curvo sobre a cama vizinha, vazia, como todas as outras e puxo a coberta dela, jogando outra camada sobre nós.

Ele sorri com uma sobrancelha erguida. E dessa vez, dormimos juntos no hospital do 13.


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Notas finais do capítulo

Uma bostona essa capítulo, eu sei, desculpem. Eu acabei de finalizar ele (00:00) e aí não saiu lecal. Ele só tá grande, mas uma merdona. Ou, me respondam uma coisa: Alguém aí tem medo de mim? As pessoas estão dizendo que eu meio que intimido elas porque sou muito... Muito assim, sabe? Bom, se é preguiça ou medo de mim (rum ¬ ¬), escreve só um "gostei", hã? Nem precisa pontuar, juro que não ou zoar ninguém mentalmente. Ah... Isso já faz tempo, mas assisti João e Maria Caçadores de Bruxas! (e a moça não me barrou!) Entonces, já faz tanto tempo que nem sei se tá mais no cinema, mas é fodão u.u Só isso mesmo, beijos sabor bolo de aniversário (do que vocês quiserem, porque quem pode, pode), porque amanhã vou pra uma festa. (Ah, o motivo de eu estar postando mais cedo é que a festa vai ser lá na chácara e lá é uma desgraça pra postar. Aí acabei e postei logo).