A Carta,
um prólogo de Stay.

Abri a porta, e antes que eu pudesse pisar dentro de casa, me deparei com uma carta. Peguei-a do chão e fechei a porta. Sem remetente, estranho.

Abri o envelope, e dentro, antes que eu me permitisse lê-a, o cheiro dela me atacou. Quem precisa de remetente? Agora que sei que a carta é dela, me sinto nervoso, minhas mãos tremem e sinto o suor frio escorrer por minha testa. Pego o papel e me jogo no sofá da sala. Antes mesmo de ler a carta, uma lágrima escorre por meu rosto. Ela ainda tem meu endereço, ela ainda me escreve cartas. Será que ela ainda... Não, claro que não. Ela não é do tipo que fica se martirizando. Ela é forte, e jamais seria capaz de me amar novamente.

“Oi.

Acho que você não se lembra mais de mim, não é? Estou mentindo para mim mesma achando que foi por esse motivo que eu escrevi essa carta.

Eu poderia ter ligado, seu numero ainda é o mesmo? Acho que sim, você nunca gostou de mudar pra fugir de alguém, nem mudar seu jeito de ser por outra pessoa.

A verdade é que eu não liguei porque tive medo. Medo de como me sentiria ao ouvir sua voz novamente. Sei que você não ia falar com a mesma doçura de antes. Eu sou uma medrosa. Acho que eu não poderia me expressar sem medo pelo telefone, quem dirá pessoalmente.

Eu te vi um dia desses. Você parece bem, mas você realmente está? Ou as aparências enganam?

Você tem comido algo além de fast-food? Achou alguém pra cuidar de você? Ela te faz mais feliz do que eu? Ela se arriscou mais?

Sinto sua falta. É terrível ter que assumir isso para mim mesma.

A culpa foi minha, não foi? Se eu não fosse tão insegura, tão medrosa, será que estaríamos juntos? Eu ainda sinto sua falta, você sente a minha?

Não precisa responder essa carta, nem guardá-la. Queime, jogue fora, destrua ela sem remorso. Queria poder fazer isso com esse amor louco que eu sinto por você. É, eu te amo, mas isso você sempre soube.

Você ainda é meu? Você algum dia foi meu?

A sua irmã disse que você não teve ninguém depois de mim. Não acreditei nela. Você não se prende ao passado. Você não guarda sentimentos antigos. Você segue em frente, você tenta de novo, com outra pessoa.

Eu queria ser como você. Queria seguir em frente.

Queria você aqui, como no sonho que eu tive. Sonhei com você, mas isso não é novidade pra mim.

Quando você ler essa carta provavelmente eu já estarei arrumando as malas. Vou voltar pra casa. A duvida agora é uma certeza. Você não me ama mais, nem se lembra de mim. Mas meu coração não acredita nisso. Pra ele, você ainda me ama. Como é burro esse coração!

Isso ainda vai me matar, mas eu preciso dizer.

Eu vou embora, mas eu fico se você pedir basta você dizer que quer que eu fique. Eu sou uma completa idiota por pensar que um dia você faria isso.

Eu parto dia 20. Mas isso não tem importância pra você. Nenhuma.

Ainda te amo. Ainda sou sua.

Xoxo, sua Mel.

18/12.”

Eu ainda te amo, Mel. E não vou deixar você partir de novo.