Sempre Ao Seu Lado escrita por Mahchan, maiteleme2
Notas iniciais do capítulo
Desculpa pela demora, mas estamos sem tempo porque vamos prestar vestibular no meio do ano. Obrigada pelos comentários no último capítulo:)
O que a Mel tem na cabeça? Como ela pôde pintar metade do cabelo de rosa? E ainda por cima rosa choque!
- Como assim que porra eu fiz no meu cabelo? Você não gostou Eduardo? – ela me encarou franzindo a testa.
Vixe, me chamou de Eduardo, lá vem bronca.
- Não é isso Mel, é só que ficou... diferente. – não sabia se isso iria consertar a situação, mas pelo menos tentei.
- Diferente como? – questionou ainda mais irritada.
- Diferente... No bom sentido. – disse sorrindo amarelo.
- Trouxe o trabalho pra apresentar hoje Du? – o Henrique me chamou da carteira ao lado. Ufa, me salvou da fúria da Melissa.
- Peraí, que trabalho é esse? – sabia que tinha esquecido algo importante quando saí de casa.
- Você não trouxe o trabalho Eduardo? Como assim? Eu pedi pra você imprimir antes do carnaval.
Nossa, sinceramente, a Melissa acha que depois de tudo que aconteceu na praia, eu iria lembrar de um mísero trabalho de português?
- Relaxa Mel, tá no meu pen drive, nós podemos imprimir na hora do intervalo.
- Eu to relaxada tá? – depois que ela disse isso, bufou e virou para a frente.
Revirei os olhos e olhei para o Henrique que estava segurando o riso.
- Mulheres! – ele sussurrou para mim.
[...]
- Henrique, vem comigo até a biblioteca para imprimir o trabalho?
- Claro. – ele olhou para a Milena e falou: - Amor, compra um sanduíche natural de peru pra mim por favor? Eu já te encontro.
Ela apenas acenou com a cabeça e saiu da sala com as sua amigas.
- Hm, amor, todo apaixonadinho esse meu amigo. – eu disse tirando sarro da cara dele.
- Ah, cala a boca. – falou seguindo em frente.
- O que deu na cabeça dessas duas pra pintar o cabelo dessas cores?
- Pois é, eu também não gostei, mas discutir com a Milena é impossível, ela é muito teimosa.
- Nem me fale, a Mel fica brava com tudo.
- E aí, qual é o tema do trabalho de vocês?
- Bom, era pra ser amizade, mas a Melissa... decidiu mudar pra amor. E o de vocês?
- Também, sabe como é, né...
Concordei e segui para o primeiro computador que vi livre. Inseri o pen drive e após imprimir o trabalho, paguei a bibliotecária. Quando vi, o Henrique já tinha sumido. Belo amigo ele é, reclama, mas não consegue ficar longe da namorada.
Estava saindo da biblioteca, quando lembrei que a professora já tinha passado o nome do livro que iria cair na prova de literatura, então dei meia volta e fui à procura do dito cujo. O encontrei junto com o resto dos livros cobrados no vestibular. Entreguei a minha carteirinha para a bibliotecária assinar e sai do local. Olhei para o relógio e como faltavam apenas 5 minutos para a próxima aula, voltei para a sala.
Assim que a Mel entrou, veio correndo perguntar se eu tinha imprimido o trabalho. Eu acenei com a cabeça confirmando e nós esperamos até o meu nome ser chamado. A professora fazia as apresentações conforme a ordem alfabética da chamada.
Fomos o quarto grupo e eu e a Mel nos revesamos na hora da leitura do poema. Cada um de nós leu uma estrofe. Era para ser decorado, mas com a viagem, acabamos esquecendo tudo.
- Que lindo o poema de vocês. Quem é o autor? – a professora perguntou.
- Ah, a gente pegou num site e estava em anônimo. – Como a pesquisa era toda da Mel, eu não sabia nada sobre ele.
- Obrigada, podem se sentar. O próximo grupo é da Elisa.
Enquanto estava sentando na minha cadeira, ouvi a Milena comentar com a Mel:
- Nossa, que poema lindo!
Fiquei jogando no meu celular o resto da aula, eu não gostava de poemas e muito menos de português, não estava nem um pouco afim de prestar atenção. Quando acabou a aula, fui para casa de bicicleta. Ultimamente minha mãe nunca tem tempo pra me buscar. A Marlene tinha preparado a comida, então engoli tudo rapidamente e fui tomar um banho. Assim que terminei, me arrumei e fui para o curso de inglês.
Como o trajeto de ônibus demorava uns 10 minutos e eu estava sem bateria no celular, decidi começar a ler O Bom Crioulo. Quando tirei o livro da mochila, vi que na capa tinha um símbolo escrito “Literatura Erótica”, então decidi guardá-lo novamente e deixar para ler outro dia em casa.
- Daê cara, beleza? – o André me cumprimentou assim que entrei na sala de aula.
- To bem e você?
- Tudo bem comigo.
Quando íamos embarcar numa conversa, o professor entrou. Como era primeiro dia, ele estava se apresentando à todos nós, mas foi interrompido por uma batida na porta.
- Com licença. – disse uma menina de voz suave.
Virei minha cabeça na direção dela e reparei que era muito bonita. Seus cabelos eram pretos, ondulados e iam até o meio das costas, seus olhos eram grandes e castanho-escuros. Seus lábios eram carnudos e vermelhos. Seu nariz era pequeno e levemente arrebitado.
Ela se dirigiu até a carteira ao lado da minha e se sentou com a cabeça baixa. Suas bochechas estavam rosadas.
- Agora eu irei passar uma folha com perguntas para vocês conhecerem os seus colegas. Junte-se à pessoa que está do seu lado esquerdo.
Depois de todos receberem, eu me virei para a menina nova e comecei as perguntas. Descobri que seu nome é Isabele e ela tem 15 anos. Tinha também outras perguntas inúteis no questionário como seu animal e sua cor favorita.
Antes de ir embora, me virei para olhá-la. Ela estava guardando seu material na bolsa e sua franja caiu lentamente sobre o seu rosto. Isabele jogou para trás com cuidado e deu uma mexida no cabelo.
- Eduardo, limpa a baba que já tá no queixo.
- Cala a boca. Tá afim de ir no shopping comer alguma coisa?
- Pode ser.
Quando chegamos lá, fomos pedir nossa comida no Burguer King.
- Olha lá, não é o Lucas se agarrando com uma menina? Como ele foi arranjar uma guria tão bonita?
- Pois é, não sei o que veem nele, até a Mel ficou com ele.
[...]
Quando entrei no ônibus para ir até a casa do meu pai, encontrei a menina linda do inglês. Ela estava com fone de ouvido, mas mesmo assim, fiquei em pé ao lado do banco onde estava sentada.
- Quer que eu segure sua mochila? – ela disse tirando um dos fones para ouvir minha resposta.
- Obrigado. – entreguei para ela.
- Ei, você não é o menino da minha sala de inglês?
Achei que ela já tinha reparado e que era por isso que começou a falar comigo.
- Sou sim e você é a... Isabele não é?
- Sim. – ela colocou seu fone de novo e eu entendi como um “não quero conversa.”
Observei que ela desceu um ponto antes do meu. Como não tinha visto uma menina tão bonita morando perto do meu pai? Desci e fui até o prédio, apertei o botão da portaria e como o porteiro já me conhecia logo entrei. O elevador parou no 11º andar e a Marisa (minha madrasta) abriu a porta pra mim.
- Oi Eduardo, tudo bem com você? Como estão as coisas na escola?
- Oi, tá tudo bem. – disse colocando minha mochila no sofá. – Dae campeão. – deu um oi pro meu irmão.
- Dudu. – ele veio correndo me abraçar.
- O Antônio já ligou pra sua mãe e avisou que você vai jantar conosco hoje. Eu vou ali na cozinha terminar de cozinhar. – a Marisa disse para mim.
Ainda bem que meu pai já tinha resolvido isso, eu tinha esquecido de avisar minha mãe. Sentei-me ao lado do Pedro e peguei um controle do Play Station.
- Quer jogar comigo mano? – ele tinha me dado esse apelido desde quando era bem pequeno.
- Pode ser.
Deixei ele ganhar a primeira partida, mas depois peguei pesado. Como ele odiava perder, pulou em cima de mim e começou a me bater. Eu desviava e fazia cócegas nele ao mesmo tempo.
- Pedro. – a Marisa gritou da porta. – Eu já disse pra você não bater nas pessoas, principalmente no seu irmão.
- Tá bom mãe. – ele disse e sentou emburrado no sofá.
Nessa hora a porta abriu e o meu pai entrou em casa de terno com a sua maleta. Largou em cima do sofá do lado da minha mochila e veio nos cumprimentar.
- Oi filho, tudo bem? – ele perguntou para mim.
- Beleza pai.
Enquanto nós conversávamos, meu pai pegou o Pedro e o colocou no ombro. Ele estava tentando escalar nas pernas do meu pai desde que ele tinha chegado em casa.
- Hm, que cheiro bom. – meu pai disse indo para a cozinha. – O que tem para o jantar Marisa? – ouvi ele perguntando ao longe.
Meu irmão veio correndo de lá de dentro e pegou na minha mão.
- Vem cá. – ele disse me puxando para o quarto. – Olha o que eu desenhei pra você.
Olhei para a folha de papel. Nela estava desenhada a nossa família. Eu, meu pai, a Marisa e o Pedro.
- Que bonito. Parabéns.
- Obrigado. Eu quero desenhar que nem você quando crescer.
- Você vai ser muito melhor que eu.
- Eduardo, vem ajudar a Marisa com a mesa. – ouvi meu pai me chamando.
- To indo. – fui até a porta e disse para o meu irmão: - Eu já volto tá?
Que saco, eu quase nunca venho pra cá e quando venho, tenho que ajudar com tudo. Por que o meu pai não levanta a bunda gorda do sofá e vai ajudar ela também? Só porque ele fica o dia inteiro sentado atrás de uma mesa não significa que não tem que fazer nada em casa.
- Leva esses pra sala por favor. – a Marisa disse, me entregando pratos e talheres.
Após eu organizar tudo, o Pedro trouxe todo feliz um copo de plástico.
- Olha Dudu, eu to ajudando também. – ele me olhou e sorriu.
- É, obrigado Pedro. – eu disse e baguncei o cabelo dele.
Peguei o resto dos copos na cozinha, enquanto ele trouxe os guardanapos. Logo em seguida, a Marisa colocou a comida na mesa e todos nos sentamos.
- E aí filho, já teve alguma prova na escola?
- Não, a primeira vai ser de matemática nessa quinta. – disse me servindo.
- E você tá estudando? E pro vestibular? Já começou a ler os livros que precisa?
- Aham, to estudando sim. Eu peguei o primeiro livro hoje, mas ainda não li.
Comi uma colher de arroz com carne.
- Qual o título? – dessa vez a Marisa perguntou. Ela é formada em Letras e dá aula na faculdade, então sempre é interessada em livros.
- O Bom Crioulo.
- É uma das grandes obras do Naturalismo. – ela comentou.
- Eu to lendo um livro também sabia? – o Pedro comentou, olhando para mim.
- Ah é? Que legal. É sobre o quê? – eu perguntei interessado.
- Um patinho feio.
- Então pai, eu vou tentar o vestibular esse ano só pra ver como é.
- Isso é muito bom filho. Vai tentar pra que curso? Quer seguir os passos do seu pai ou da sua mãe?
- Na verdade de nenhum dos dois. Eu vou tentar Arquitetura.
Depois que terminamos o jantar, a Marisa levou os pratos para a cozinha e o meu pai e o Pedro foram me levar pra casa. Liguei o rádio no carro e começou a tocar a Galinha Pintadinha.
- Deixa aí, eu gosto dessa música. – meu irmão falou e começou a cantar.
Paramos em frente ao meu prédio e meu pai perguntou:
- Então filho, você quer ir lá pra casa nesse fim de semana? Faz tempo que você não dorme lá.
- Vai sim né irmão? – o Pedro me perguntou e subiu no meu colo.
- Pode ser, vou falar com a minha mãe.
- Daí a gente pode jogar futebol no clube. – meu irmão comentou.
- Tá, vou ver e te aviso até sexta. Tchau.
Peguei o Pedro no colo e dei tchau para o meu pai. Contornei o carro e o prendi de novo na cadeirinha. Subi até o meu apartamento e encontrei a minha mãe assistindo televisão.
- Oi filho. – ela disse quando eu dei um beijo na sua bochecha. – Como estava lá no seu pai? Senta aqui.
Sentei-me ao lado dela e comentei:
- Tava bom mãe. O que você tá vendo na tv?
- The Biggest Loser. E a Marisa? Como ela está?
- Ela tá bem também.
- Como foi o primeiro dia de aula no inglês?
- Foi legal, conheci uma menina nova.
- Ela é bonita?
- Aham. Mãe, eu to cansado, vou deitar. – eu mudei de assunto, antes que ela perguntasse mais coisas. Não gostava de falar sobre meninas com a minha mãe, era constrangedor.
- Tá, boa noite filho. – ela me deu um beijo na bochecha.
- Boa noite. – eu disse e fui até o meu quarto. Me troquei e depois fui dormir.
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