Lá estava eu! Na porta de uma grande igreja, decorada para a ocasião. Um longo tapete vermelho traçava o meu caminho desde as escadarias até o altar. Ao meu lado, se encontrava o Rei de Araluen, mais conhecido como papai. Ele me abriu um grande sorriso de orgulho. Sua garotinha estava se casando. Quando é que ela começou a crescer tão depressa? Era isso o olhar que o rei demonstrava. Retribuí o sorriso.

Uma música começou a tocar, vinda de dentro da igreja. Todos os convidados se puseram de pé e viraram-se, ansiosos para ver a tão esperada noiva, e seu vestido, é claro. Meu pai me estendeu um braço. Eu o segurei delicadamente e a passos lentos caminhamos por cima do vermelho tapete, em contraste com a decoração de pétalas de delicadas rosas brancas por cima dele. Entramos na igreja. No trajeto, recebia diversos tipos de olhares. Alguns invejosos, principalmente das mulheres, que invejavam o vestido e, desculpe minha falta de modéstia, minha beleza. Outros de felicidade, orgulho e alguns poucos de indiferença. Mas o que mais se destacava, sem dúvida, era o do cavalheiro no altar. Um lindo, esbelto, musculoso cavaleiro a esperava. Ao seu lado estava também um pequeno homem. Seu padrinho. O olhar deste era de felicidade.

A distancia entre mim e meu futuro marido estava ficando cada vez menor, até que chegou a hora! Meu pai hesitou um pouco em soltar-me. Não queria perder-me. Mas tinha certeza que estava em boas mãos. Ninguém melhor do que o escolhido. Fiquei de frente ao meu sonho. Ao sonho que todos têm. Mas este era MEU! Somente MEU. A cerimônia teve inicio, até que chegou ao momento que todos esperavam com ansiedade. A hora da verdade.

–Sr. Horace Altman aceita a Sra. Cassandra aqui presente como legítima esposa, conforme manda a Santa Madre Igreja, até que a morte vos separe? – Sim.

–Sra. Cassandra aceita o Sr. Horace Altman aqui presente como legítimo marido, conforme manda a Santa Madre Igreja, até que a morte vos separe?

–Sim.

E com o poder que foi a mim atribuído, eu os declaro marido e mulher. –disse o padre enquanto fechava o livro– Pode beijar a noiva. –disse ele sorrindo.

Fui me acercando lentamente. Estávamos ficando incrivelmente perto,

Até que....sinto uma forte dor e acordo no chão! Praguejei milhares de vezes. O que deixou Horace assustado, por ouvir palavras que não deveriam constar no meu vocabulário de princesa.

– Onde estou? –gritei confusa. Percebendo que estava deitada no chão, encima de folhas e galhos, ao lado de Horace, que estava sentado ao meu lado.

–Calma Cass! Estamos na cabana ultra secreta. Você adormeceu. Pode voltar a dormir se quiser. –falou ele, com um tom calmo de .

Praguejei novamente. Não sei se pelo fato de eu estar com dores por cochilar no chão ou pelo fato de eu não ter terminado o sonho.

Tento relaxar novamente, deitada apoiando a cabeça no colo de Horace, enquanto este acariciava meus cabelos loiros. Calmamente fecho os olhos.

–É isso! –grito me levantando num salto. O que logo depois percebi que não foi uma boa idéia, pois ao levantar-me muito rápido fiquei com tontura e também tinha me esquecido que estava na cabana e por isso também bati a cabeça num galho do arbusto. –aiiii! –exclamei levando a mão á minha cabeça para amenizar a dor, enquanto me sentava. Horace me olhava confuso.

– O que é é isso? –pergunta Horace após dele, mesmo com minhas reclamações ter verificado se não tinha nenhum ferimento.

– O que é que? –perguntei confusa

– Você disse “é isso”, antes de se levantar, lembra? –disse pacientemente.

– Ah, sim! Como esquecer! – respondi já voltando ao meu entusiasmo inicial. –bem, na verdade, é sobre meu sonho...­–respondi já mais calma.

– O que tem ele?

– bem é que, eu estava me casando...

Horace ficou confuso com o fato dela estar feliz por isso. Já que algumas horas antes tinha ficado totalmente arrasada com o fato.

–Estava...

–Espera Cassandra! Antes de você terminar eu queria te falar uma coisa! –ele não esperou a que ela respondesse e começou a falar. – já faz muiot tempo que eu queria te dizer, mas desde a primeira vez em que te vi, desde o primeiro sorriso que arranquei de você, desde quando soube que tinha sido capturada e estava em perigo, eu percebi que me importava com você que...que sentia coisas, não tinha certeza do quê exatamente, mas mais tarde percebi que eu realmente gosto que...que eu te amo! Não suportaria te ver se casando com outro homem, e é por isso, que caso você...caso você desejar se casar com outra pessoa eu entenderei, mas partirei. Talvez seja tarde demais, mas é por isso que eu te pergunto agora. –neste momento ele faz uma tentativa mal sucedida de se ajoelhar, pois o baixo teto de folhas do C.U.S. não permitiam tal movimento, mas com um esforço e outra tentativa ele consegue. Segura delicadamente as mão de seu grande amor e finalmente pergunta– Cassandra, você aceita casar-se comigo?

Cassandra ficou perplexa! Definitivamente foi inesperado.

Horace, considerando a demora da resposta e o incomodo silencio entre os dois, conclui que havia sido rejeitado, e abaixa a cabeça, em sinal de completa derrota.

Cassandra, delicadamente leva sua mão até o queixo do cavaleiro e levanta seu rosto, olha profundamente em seus olhos e abre um grande sorriso. Seus olhos se encheram de lágrimas, que estavam a ponto de transbordar e escorregar pelo seu rosto.

–No meu sonho, estava casando com você. Praguejei por ter acordado e percebido que foi só um sonho.

Horace abre o sorriso mais feliz que já tinha aparecido em seu rosto! Um sorriso apaixonado! Eles se abraçam fortemente, acompanhado de risadas!Risadas de confusão e de alegria.

–Eu te amo, Horace!