O Improvável Não É Impossível escrita por Mrs Lelê


Capítulo 21
Isso é inadmissível


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Como vai o carnaval? Se divertindo? Eu particularmente não, não gosto muito de samba, blocos, transito e tudo que acompanha carnaval.
Mas, esquecendo isso...aqui está o próximo capítulo!
Espero que gostem!



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Uma nuvem de poeira podia ser vista no horizonte, aos pouco sendo dizimada pelo vento. Minutos depois foi possível distinguir dois arqueiros.  

—São Halt e Will. – disse Horace enquanto descia as escadas e corria em direção ao encontro deles, seguido por Kyle, logo atrás dele.

—E aí? Conseguiram descobrir alguma coisa? – começou impaciente Kyle, antes mesmo de deixar os dois desmontarem.

Will afirmou com a cabeça

—350, talvez 400 homens.

Horace assobiou baixinho.

— É bem mais do que o Rei nos havia dito.

—Parece que está crescendo – concluiu, mal humorado, Halt.

—Mas e quanto ao lugar? – continuou Kyle.

Halt fez uma longa pausa antes de responder. – É bem protegido. – disse, seguido por um suspiro. – Possui uma parede de pedra protegendo a retaguarda e a densa floresta a protege pelos outros lados. Impossível levar um exército sem que eles percebam.

— E arqueiros no topo da parede de pedra? – sugeriu o cavaleiro.

— Também avaliamos essa possibilidade, mas foi descartada, não há como. Não há apoio suficiente. – explicou o arqueiro mais jovem. – Não que tenhamos visto.

Todos ficaram em silêncio, repassando as informações que tinham na cabeça e tentando, assim, bolar algum plano. Parede de pedra, floresta ao redor, 350 ou 400 homens, acampamento grande e bem vigiado.  Sempre havia alguma brecha, alguma falha. Só restava encontrá-la.

Horace quebrou finalmente o silêncio.

— E então? O que vamos fazer?

Não houve resposta.

—Pensaremos em alguma coisa... – disse finalmente Halt, depois de uma longa segunda pausa. Em seguida se levantou e se dirigiu à porta  – Vou escovar Abelard.

***

A segunda vez no Old Yeller parecia ser menos assustadora, agora que já o tinham visitado uma vez e que o medo inicial havia passado (sem contar, é claro, que era de dia e não havia mais aquela neblina que parecia engolir qualquer pessoas que se atrevesse a passar por ela). Na verdade, era bom que se acostumassem com o ambiente, já que os habitantes locais agora seriam seus aliados.

Bob estava esperando-os em frente a uma construção abandonada. Tábuas de madeiras tampavam as janelas e as portas, em uma tentativa de evitar roubos. “Os ladrões nunca desistem”, pensou aborrecido Halt, ao notar que algumas já haviam sido arrancadas.

—Estão atrasados. – reclamou com voz uniforme Bob, recostado na parede e com as mão nos bolsos da calça.

—Desculpe, nós nos perdemos. – respondeu Horace. Na verdade, era mentira. Bob tinha explicado muito bem o caminho da última vez, mas o cavaleiro achou que era mais fácil simplesmente dizer isso.

Bob não respondeu, simplesmente se virou e começou a andar. O grupo se entreolhou e também prosseguiu.

Ao final de uns 15 minutos, Bob entrou em uma mansão de madeira que parecia ser o destino final. A construção também parecia abandonada, mas há menos tempo do que a casa onde havia sido o ponto de encontro. Alguém rico devia ter vivido ali.  A casa era grande e se notava que a madeira do chão era cara. A tapeçaria e o grande lustre do que parecia ter sido a sala de estar eram também alguns dos remanescentes da época do antigo dono. Old Yeller, sem dúvida, já teve dias melhores.

Bob, no entanto, parecia conhecer muito bem a casa, que era quase tão confusa quanto um castelo. Uma porta à direita, duas à esquerda, corredor, direita, corredor e finalmente a última porta, que os levou a um grande espaço aberto. Inicialmente deve ter sido um belo jardim, mas as plantas mal cuidadas e as poucas árvores sem poda tornaram o lugar, no máximo, em um pátio.

— É enorme. – disse Kyle.

— Vamos poder treinar aqui. – informou Bob, mostrando o lugar com um movimento de mãos.

— Perfeito. – continuou Halt. Os outros confirmaram com a cabeça.

— Quantos homens você conseguiu. – perguntou Horace, enquanto caminhava pelo local.

—337. – disse finalmente. – Contando com vocês.

Bob já estava ao par de tudo e já sabia sobre as informações do acampamento. Era um pouco menos do que queriam. O inimigo dispunha de quase 400 homens e ainda contava com toda a proteção do local.

— O elemento surpresa terá que ser essencial para vencer.

— Amanhã vamos começar a treinar com eles.  – disse Bob. – não consegui que viessem hoje.

— Tudo bem, amanhã então – disse Will.  – Não há que perder tempo.

***

No final da tarde, os quatro já estavam de volta ao castelo e, como sempre, foram falar com Sean para mantê-lo informado sobre tudo.

— Então só vão dispor de 337 homens? – perguntou o rei.

—Sim, mas... – o que Will ia dizer ninguém soube, pois um barulho surdo veio do pátio central e captou a atenção de todos.

—O que foi isso? – perguntou Kyle enquanto todos se dirigiam até a janela.

—Oh meu deus! – exclamou Sean ao ver um corpo deitado no chão do pátio central.

— Será que ele caiu? – perguntou Horace enquanto desciam as escadas, mas Will negou com a cabeça.

—Não pode ter sido. Você viu como o corpo estava bem no meio? Não há forma de ele ter caído de um dos prédios e ter ido parar lá.

— Então o que acha que aconteceu? – perguntou Kyle.

— Se ficarem calados e formos até lá vamos descobrir. – interrompeu o arqueiro mais velho.

Todos desceram e localizaram rapidamente o lugar através do círculo de pessoas que se encontrava observando e murmurando amedrontadas.

— Quem será que fez isso? – sussurrou uma mulher ao marido.

— Ouvi dizer que foi a gangue – respondeu outra.

— Alguém conhece ele? – perguntou um homem que Will já havia visto pelos corredores.

— Saiam da frente! – interrompeu Halt, abrindo caminho entre a pequena multidão que havia se formado.

— Não há nada para verem aqui! – completou o Rei, expulsando a todos– podem voltar às suas atividades! – Só assim conseguiriam ver de perto e, se fosse mesmo alguma coisa tramada pela gangue, seria melhor que a notícia não se espalhasse.

O cadáver estava inerte sobre a grama, em uma posição estranha. Diversos osso de seu corpo se encontravam quebrados, incluindo o pescoço, mas logo viram que não fora a queda o que o havia matado. Haviam cortes de faca, vermelhos, pelo sangue que já havia secado, por todo o corpo do homem. Alguns mais superficiais, mas outros bastante profundos. Era uma cena ruim de se ver. O grupo tentou afastar da mente a imagem do homem sendo torturado. Will se agachou e fechou seus olhos, delicadamente. Ao se aproximar, no entanto, notou algo ainda mais aterrorizante, que fez seus pelos da nuca eriçarem, algo que ninguém havia notado, pois não havia motivos para pensar em algo assim. Salter era realmente um monstro.

—Pessoal! Formam palavras!

O grupo se virou, olhando mais atentamente. Era verdade. Foram virando com cuidado o cadáver, buscando a continuação das frases.

“Recebi uma visita de dois espiões ontem à noite. Você realmente não aprende, não é Sean?”

—Aquele desgraçado! – irritou-se Will.

—Ele está usando mensagens feitas com corte no corpo de pessoas para se comunicar com a gente! – gritou irritado Horace. Mal podia acreditar.

O Rei Sean piscava compulsivamente, ainda olhando o corpo inerte no chão. “Como alguém é capaz de fazer isso?”.

—O que vamos fazer Halt? Não podemos deixar ele fazer isso! Ele está brincando com a gente! Parece que tudo é um jogo para ele! Aquele porco! –reclamou indignado Horace.

Halt ficou em silêncio por um tempo refletindo sobre aquilo.

—Vamos entrar no jogo dele, – começou – e no final vamos ganhar.

 


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?