O Improvável Não É Impossível escrita por Mrs Lelê


Capítulo 15
O inesperado dói mais


Notas iniciais do capítulo

Olá terráqueos! Como vai tudo?
Eu não sei se vocês notaram, mas eu tenho tentado escrever capítulos maiores e por enquanto este é o maior!
Espero que gostem da leitura!



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–Kyle!! –não o achavam em lugar algum.

–Kyle? –perguntou Will duvidoso observando um corpo descansando, apoiando-se numa pedra e aparentemente ferido.

–Kyle! –disse quando o reconheceu e correu em sua direção.

–Will! –disse o garoto com uma voz fraca, mas feliz por terem encontrado ele.

O arqueiro olhou preocupado a mão direita do garoto, encostada no ombro esquerdo. Perguntou-se se estava quebrado, porque isso seria um grande problema. O ombro é uma região difícil e demorada quando o tema é recuperação e ele poderia até perder o movimento.

Horace o pegou com delicadeza, mas mesmo assim Kyle soltou um grito de dor. O cavaleiro realizou uma série de testes para se certificar do que era. Will não sabia, mas cavaleiros tinham experiência com fraturas nos braços e ombros, pois se durante algum duelo, alguma coisa ocorre-se, eles deveriam saber como agir.

–Ele só está deslocado– disse Horace com um tom despreocupado.

–E o que... AHHHHHHH!!!! –gritou o garoto, quando sem aviso algum o cavaleiro o botou de volta no lugar.

–Você não poderia ter avisado antes?! –reclamou irritado enquanto tentava amenizar a dor massageando o local.

–O inesperado dói menos. –argumentou o cavaleiro desculpando-se.

–não! É ao contrário, o inesperado dói mais! –reclamou

–Ta bom gente, agora vamos examinar os seus outros ferimentos. –disse Will interrompendo-os.

–Vou pegar um cantil de água– avisou Horace

– Como arranjou tudo isso? –perguntou o amigo enquanto olhava atentamente um corte na região das costelas, para se certificar que não fosse muito profundo.

–Numa briga. Era muito perto para usar o arco, então usei a minha faca, mas ele era muito bom e eu não tenho muito experiência que digamos.

–Mas você conseguiu derrotá-lo. –disse agora prestando mais atenção na história.

–é. Eu consegui tomá-lo de surpresa num dos golpes.

Horace chegou com o cantil de água e o estojo de primeiros socorros que todo arqueiro leva que Will pediu.

Primeiramente Will limpou o ferimento com água limpa, depois fez um curativo, não era profundo, por isso não houve necessidade de costurar. Logo em seguida ele passou para o rosto. Havia muito sangue seco que havia escorrido do nariz. Além desse cortes, ele tinha dois no braço esquerdo, que também ganharam curativos e outros menores que só houve necessidade de um pouco de água. Quanto aos hematomas Will nada poderia fazer.

–Tudo pronto. –disse o arqueiro colocando os materiais de volta no estojo– agora porque você não vai para a pousada descansar um pouco?

–eu não preciso descansar! – disse se levantando com dificuldade, por causa do ombro machucado.

–aonde vai? –perguntou Horace.

–Também não sei. –disse enquanto caminhava mancando.

–Vem vamos ver o Halt, Will. –disse Horace fazendo um movimento com o braço chamando-o.

***

O prejuízo da invasão foi pouco. Duas casas haviam sido queimadas e três parcialmente, pois os moradores não haviam conseguido controlar o incêndio. Todas as sacolas de panos dos invasores haviam sido recolhidas e os objetos roubados devolvidos aos seus respectivos donos.

Cinco cidadãos haviam morrido, tentando defender suas famílias. Houve três feridos gravemente. Já as pessoas que haviam se escondido na floresta voltaram sãs e salvas.

–Foi uma grande idéia a de vocês se esconderem lá! –elogiou Halt ao grupo que acabara de voltar. Ele não havia tido essa ideia.

–Na verdade senhor, quem nos ajudou a fugir foi aquele menino, onde está ele por sinal? –falou velhinha.

–Menino? Que menino? –perguntou Halt confuso

–Um bonito, de cabelos negros e olhos azuis como o céu num dia de verão! –disse desta vez uma garota de seus catorze anos e com um interesse totalmente indisfarçado pelo garoto. Seus olhos brilhavam ao descrever o rapaz.

–Você está falando de Kyle? –perguntou confuso Halt.

Agora que mencionaram, ele se lembrou de que Kyle não estivera com ele durante a batalha. E nem com Horace, pois ele olhava de tempos em tempos para se certificar de que não havia inimigos demais atacando o amigo.

“Talvez não seja tão difícil assim despertar as verdadeiras habilidades do garoto depois de tudo”, pensou Halt.

Com grande esforço ele evitou o sorriso que queria aparecer ao se orgulhar do garoto. Mas desistiu e decidiu sorrir. “Ele merecia”, pensou o arqueiro.

–Olá Halt, o que aconteceu que tenha feito sorrir? –perguntou Horace implicante. Ele e Will haviam chegado a tempo para escutar tudo e sentiam o mesmo orgulho pelo garoto, portanto sabiam muito bem porque ele estava sorrindo, mas não custava nada tirar uma com a cara dele.

–o que? Eu não estava sorrindo! –disse o arqueiro mais velho, azedo como sempre. Na verdade Horace teria ficado surpreso e até achado que alguma coisa estava errada se Halt não agisse daquela maneira.

–é claro que não! –disse irônico.

–Vamos ver se o prisioneiro já acordou. –disse o arqueiro dando um fim na conversa.

***

–Qual é o seu nome? –perguntou Halt com uma voz ameaçadora ao sujeito amarrado a cadeira a sua frente.

–Brian Wilkinson, senhor. –disse o jovem homem a sua frente, parecendo bastante assustado.

–E bem Brian Wilkinson, você fazia parte do grupo criminoso que invadiu a cidade nesta madrugada. –disse Halt.

–Sim, senhor– Aquilo não havia sido uma pergunta, mas o jovem afirmou mesmo assim.

–então, vamos começar por: com que intenção vocês invadiram a cidade?

–Bem... – O jovem pareceu um pouco hesitante em responder a esta pergunta. –eu me sentiria mais a vontade se vocês afrouxassem um pouco as cordas.

Halt pareceu incrédulo, ou o jovem a sua frente era bastante corajoso e o estava encarando ou ele era um completo idiota e não sabia com que estava se metendo. E ele não achou que fosse a primeira opção.

O arqueiro desembainhou a faca da bainha dupla e a apertou sobre a garganta do homem.

–Oh, me desculpe. É que eu me sinto mais confortável assim. –disse com um tom gentilmente irônico– agora me responda! –disse voltando a usar o tom ameaçador.

–Eles queriam roubar objetos valiosos para depois vendê-los e ficar com o dinheiro.

–Eles? –perguntou o arqueiro atento a cada palavra dita por ele– Você estava com eles. Eu posso estar errado, mas isso transformaria sua frase em “nós”. –disse num tom calmo, mas firme.

–Foi tudo culpa do meu irmão! Ele me convenceu a unir-me a eles dizendo que assim poderíamos ajudar a nossa família! Me desculpem! – choramingou o prisioneiro enquanto implorava que os desculpassem.

–Onde o grupo principal está? –disse assumindo uma posição mais ameaçadora.

–Se eu disser vão me matar! –choramingou mais uma vez o homem

–Se você não me disser eu vou te matar! –disse dando mais fazendo mais pressão na garganta ocasionando um corte superficial no pescoço do homem. Ele estava perdendo a paciência!

O homem amarrado olhou em volta como se esperasse ver alguém do grupo pronto para matá-lo se o escutasse.

–Eles... –começou hesitante e com medo– eles estão numa clareira... – antes mesmo dele poder terminar a frase uma flecha de haste vermelha se encravou no pulmão do homem impedindo-o de continuar. O grupo se virou para observar o trajeto dela e descobrir de onde tinha vindo. Ao longe viram um homem correndo rumo à floresta. Com certeza fora ele que matou o companheiro antes dele confessar o esconderijo.

–Droga! –berrou Horace irritado. –agora vamos ter que ir atrás dele para descobrir!

– Vamos, antes que ele ganhe muito território de vantagem! –disse Will pacientemente enquanto se dirigia à porta.


***

Kyle chegou com dificuldade até o estábulo e se apoiou rapidamente no tronco de madeira que usavam como pilastra.

–Talvez eu devesse mesmo descansar!

Ele abriu a porta, fazendo as dobradiças sem óleo rangerem. Logo em seguida as fechou e caminhou em direção ao relincho de comprimento.

–Olá Canela. Como vai tudo? –disse acariciando o pescoço do animal.

Como era previsto, não obteve resposta.

–Olha o que eu trouxe para você. –disse enquanto deixava à mostra a maça.

Ela ficou super ansiosa. Kyle a comparou com um cão que pula sobre o dono tentando chegar até a comida que ele sabe que é para ele e vai botar no chão.

–calma garota. Ela não vai fugir–disse rindo da reação de sua égua. Parece que ela gosta tanto de maças assim como arqueiros gostam de café. Ele riu novamente da comparação.

Ele não sabia por que, mas falar com ela sempre o deixava calmo e relaxado.

–É uma sorte ter você. –pensou alto.

Dessa vez ouve resposta. Não foi muito bem uma resposta. Foi um relincho de aviso.

Logo em seguida ele escuta um barulho. Era o de alguém caminhando sobre galhos. Alguma coisa dentro dele lhe dizia que não era um morador comum, e o aviso de Canela também não soou como o de um. Ele olha em volta a procura de alguma coisa com que pudesse ficar armado. Se contentou com um cano de ferro. Não sabia qual era a função real dele, devia ser alguma coisa a ver com cavalos. Mas isso não fazia a menor diferença, pois agora ele tinha uma função perfeita para ele.

Saiu do estábulo, fazendo a menor quantidade de barulho possível, tinha aprendido um pouco observando Will e Halt. Decidiu pular a cerca, pois as dobradiças fariam muito barulho se tentasse abrir a porta.

Os barulhos da pessoa desconhecida estavam ficando cada vez mais altos. Ela estava ficando mais perto. Kyle se escondeu atrás de uma arvore e assim que ele o viu passando bateu com todas suas forças atrás de sua cabeça, o que o fez cair, nocauteado.


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Notas finais do capítulo

E ai gente? O que acharam?
Será que vocês conseguiram perceber um pequeno porém importante detalhe sobre a égua do Kyle?
estou sedenta de reviews!!!