A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 35
Confissão


Notas iniciais do capítulo

Agradeço a Marie Melissa pela recomendação linda que fez, amei! *--*



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Encarei Zeus.

— Como?

— Não sei o que devo fazer com você.

Zeus estava me observando com expressão nenhuma em seu rosto, apenas o olhar dizia algo. Algo que eu não deveria tentar descobrir o que é.

— Se não sabe o que fazer comigo, então não faça nada.

Ele riu. Aquele suspense estava me deixando nervosa, mas eu não demonstrava. O que será que ele descobriu?

— Não. Algo tem que ser feito.

— Sobre?

Zeus apoiou o queixo na mão direita e ficou me observando com divertimento, devo ressaltar.

— Como minha antiga conselheira gostaria de um último conselho seu, gostaria de ouvir sua opinião.

— Sobre que assunto?

— Como deusa você está ciente que deve se por em seu devido lugar e agir como tal. Correto? – Concordei com a cabeça – Então digamos que várias coisas andam acontecendo e façam com que sua postura e racionalidade sejam prejudicadas, assim te deixando cega e impulsiva. O que você faria para que isso parasse?

Sabia que ele estava mandando alguma mensagem através dessa frase, mas fingi não ter entendido.

— Poderia evitar que essas várias coisas continuassem acontecendo, assim traria o equilíbrio novamente. – Coisa que não faço, afinal.

Ele continuou me observando... Mas que droga de expressão é essa? Zeus estava ilegível para mim hoje.

— E se você não quisesse evitar essas coisas que estão acontecendo? Se você estivesse gostando desta situação?

Coloquei meus braços no descanso do meu assento e olhei atentamente para Zeus.

— Deixaria como está.

Ele me observou por um instante e depois concordou.

— Por que você me encanta tanto, Alexis?

Pisquei meus olhos de surpresa.

— Eu o quê?

— Desde que você apareceu no Monte Olimpo, sendo uma das deusas que fazia parte do conselho. Sentava sempre ali, obediente e dando suas opiniões, mostrando que era digna do seu lugar naquele conselho... Tudo o que você fez, eu te observei. E quanto mais observava, me sentia encantado com todo o seu comportamento. Você é incontrolável e isso é o que mais me atrai em você, devo acrescentar. Tem essa aparência pequena, indefesa, mas sua aparência engana muito. Por dentro tem força, garra e sabe lidar com os problemas por si mesma. – Zeus deu uma pausa e riu – Alexis, eu não sei o que fazer a respeito desta situação. Pela primeira vez, em séculos, estou perdido.

Tentei absorver todo aquele discurso meloso. Era inacreditável ouvir tudo aquilo de Zeus. Logo o grande senhor do Monte Olimpo. De repente minha mente fez um crack e tudo ficou mais claro agora.

— Então foi por isso que tive toda aquela perseguição! Você sempre estava lá, me observando, me... Admirando. – Sussurrei incrédula.

Ele assentiu com a cabeça e chegou mais perto da mesa.

— Você quis saber como fiquei sabendo sobre o seu filho. Desde que você saiu do Olimpo e passou muito tempo longe, fui atrás de você. Quando a encontrei, já estava com o semideus nos braços e com o mortal perto de você. Confesso que quando vi aquela cena veio um ataque de raiva, mas parei logo em seguida quando a vi feliz. Há anos que não a via feliz igual aquele dia, Alexis. Virei às costas e te deixei com os mortais.

Encostei-me à cadeira e fiquei observando Zeus sem acreditar em tudo o que ouvi. Aquilo não fazia sentido. Aquele era o mesmo Zeus que governa o Monte Olimpo?

— Por que me deixou fazer aquilo? Imaginei que você os mataria por eu estar burlando as regras.

Ele deu de ombros.

— Não vejo o porquê de matá-los, afinal os outros deuses também burlam esta regra. E se eu o fizesse, sabia que você me odiaria pela eternidade.

Nisso ele tinha razão, eu o odiaria.

— Soube que você protegeu o meu filho.

— Fiz o que achei necessário fazer.

— Burlando as regras que você mesmo criou? Essa situação é bem irônica, percebe?

Ele se encostou à cadeira e deu um suspiro de pesar. Por um momento, o grande Zeus aparentava cansaço.

— Percebo que tudo o que fiz foi impulsivo, não racional. Quando percebi, já tinha feito coisas que se eu parasse para pensar não iriam acontecer. – Zeus passou a mão em seus cabelos e me olhou desesperado – Você está me deixando maluco, Alexis.

Franzi a testa. Agora eu sou a culpada?

— Eu não tenho culpa alguma de você estar sentindo isso por mim. Você está casado com Hera, Zeus! Pelas minhas tempestades!

Ele riu ironicamente.

— Você acha que eu não sei disso? Ao mesmo tempo em que reprimo isso tudo, quero também liberar todo esse sentimento e sei que farei algo que você não irá gostar.

Apertei minhas mãos no descanso da cadeira e olhei determinada para Zeus.

— Não faça nada comigo. Entendeu? Quero distância de tudo o que tem relação a você.

Ele não esperava por essa, sua expressão era de total surpresa.

— Por que diz isso?

— Porque quero distância de problemas. Distância de sua esposa ciumenta vindo atrás de mim e se vingando novamente. Perdi o meu poder de estar no conselho por causa dela, fui para o mundo dos mortais por causa dela. Se ela fizer mais alguma coisa comigo, tenha certeza que não irei virar as minhas costas.

Zeus ficou sério.

— Não quero uma guerra entre vocês duas. Hera é assunto meu e irei cuidar para que ela não faça mais nada com você.

— Espero que sim.

Ficamos um olhando para o outro em um silêncio de tensão. Tudo o que ele tinha revelado trouxeram explicações para certas atitudes dele, agora tudo fazia sentido. Mas Zeus deveria ter mais cuidado, afinal ele é que governa isso tudo.

— Algo mais a tratar comigo?

— Não. Não irei mais incomodá-la.

Zeus levantou-se e saiu.


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