Arthur estava sentado em frente a mesa de seu quarto, mas não olhava os papeis do reino, a maioria falava sobre as mesmas coisas, era tudo sempre a mesma coisa para seus vassalos, mas algumas coisa faltava no castelo, não era um senhor muito atencioso com seus criados, se lhe dissessem que uma das cozinheiras havia sumido com o homem que cuidava de seus cavalos, não faria diferença, Mas aquele criado era diferente.

Merlin fora seu servo por anos, claro que havia conseguido um servo para ficar em seu lugar, mas não era a mesma coisa, o rapaz conhecia suas manias e apesar de petulante e não o respeitar tanto quanto os outros era seu amigo ou talvez fosse por isso que era seu amigo.

Gwen entrou sorrateiramente no quarto, o marido estava como olhar perdido nas janelas, para lá das montanhas brancas – Vou visitar minha mãe no norte – fora isso que o servo lhes dissera – no dia que partiu – Volto em menos de uma semana.

- Estaremos te esperando Merlin – respondera a rainha o rei pouco falara, mas assentira em cada palavra que sua esposa dizia.

Gwen se aproximou do marido, sabia que não estava sendo fácil para ele, uma semana depois que Merlin sumira ele mandara batedores circular pelo território, a desculpa fora que ele queria ter certeza que ninguém estava tentando atacar o reino, mas Guinevere sabia mais, ela sempre sabia. O marido queria saber onde o servo estava.

- Ainda está preocupado? – ela perguntou em frente a ele.

- Você não? – ele falou a puxando para seu colo, nenhum dos dois demonstrava tanto afeto em publico, afinal não era próprio de nenhum senhor de qualquer alto titulo que fosse agarrar-se com qualquer mulher mesmo que esta fosse sua esposa e ambos sentiam falta disso, mas agora, sem agora o que fazia mais falta era Merlin e Arthur sabia que Gwen estava preocupada demais para qualquer afeto.

- Mais que tudo – ela respondera virando o olhar para lá das montanhas brancas – Diga-me Arthur, por favor, o que seus batedores contaram? Encontraram qualquer pista sobre ele?

- Não, apenas algumas pegadas de cascos, mas aquela estrada é bem utilizada, não há como confirmar que são do cavalo de Merlin – ele enrolou um dos pequenos cachinhos de Gwen em seus dedos – uma das hipóteses é que ele não tenha nem chegado a Ealdor.

- E o que teria acontecido com ele? – Gwen perguntou olhando fundo nos olhos azuis do esposo, não conseguia entender o porquê de ele ter mantido aquilo em silencio por tanto tempo.

- É o que eu mais tenho medo, Ele pode ter sido simplesmente capturado. – ele não conseguia pensar ao certo em alguém para isso, pois o único rosto que vinha a si era negro e coberto por uma manta mais negra ainda.

- Mas então pediriam um resgate por ele, Arthur, todos, nos quatro cantos de Albion, sabem o quanto ele é importante para Camelo? – uma ideia cruzou a mente da jovem rainha de Camelot – É ela, não é Arthur? – perguntou com o medo estampado em seus olhos.

- Ela quem Gwen? – ele perguntou tendo uma leve ideia sobre quem ela falava.

- Sua meia irmã – ela respondeu, ao ouvir sobre ela Arthur se ergueu na cadeira, agora tudo batia, o rosto negro coberto por uma manta tão escura quanto era sua irmã – Morgana capturou Merlin.

- Morgana está morta, Gwen – ele respondeu com calma, mesmo que por dentro estivesse desesperado – nós sabemos que está. Ela estava machucada gravemente e uma coluna inteira caiu sobre ela – ele respondeu.

- Mas ela já sobreviveu antes – respondeu a rainha, enrolando os braços em volta da barriga, o sumiço de Merlin mexera tanto com Camelot que às vezes esquecia-se que sua senhora estava passando uma fase delicada e precisava se manter calma e descansada.

- Você deve descansar meu amor – ele respondeu, Gaius o havia alertado que, com a dificuldade que Gwen tivera para conceber, a gravidez provavelmente seria de risco. - Sabe que não pode se estressar.

- Não estou estressada, só preocupada – ela sussurrou contra o peito do marido – Queria que ele estivesse aqui para ver o pequeno – ele falou alisado a barriga ainda lisa e sem pistas sobre a recente gravidez.

- Ou pequena – Arthur respondeu, colocando uma das mãos sobre a barriga de sua esposa.

Os dois passaram um tempo assim até que a rainha adormeceu e Arthur a deitou em sua cama, voltando ao seu estado anterior, agora alternando seu olhar entre as montanhas e a mulher adormecida.

Um pequeno grupo de cavaleiros, liderados por Gwaine partira há poucos dias atrás do servo, o cavaleiro poderia ser atrapalhado, mas era um grande amigo e não desistiria de Merlin e Arthur queria ter ido junto, não precisava comandar, só estar lá, saber que estava fazendo alguma coisa.

Sabia que Gwen precisava dele ali, mas isso não diminuía a sensação de que estava abandonando o amigo, apesar de tudo o que diziam. Pegou um pedaço de papel e um pena e rabiscou umas palavras.

“Gwen, sei sobre sua vontade e por isso vou atrás de Merlin, não se preocupe comigo, seja forte e governe enquanto estou longe.

Volto logo com seu amigo fujão, Com amor,

                                                             Arthur.”

Ele chegara a largar o papel sobre o travesseiro de Guinevere, caminhou até a porta, pegou sua capa e colocou um pé para fora, mas errou ao olhar para trás, o que estaria arriscando se fosse atrás do servo?

Fechou os olho se voltou para dentro fechando a porta, pegou o papel que estava sobre o travesseiro e jogou no fogo da lareira, ainda acessa no canto dos aposentos.

- Não vou partir – ele falou para o fogo – Sei que posso estar decepcionando um amigo, mas não posso decepcionar Guinevere e toda a Camelot. Não posso jogar fora tudo o que levamos anos para construir.

Ele assistiu enquanto as chamas cresciam e consumiam o pedaço de papel, não fazia sentido se jogar de cabeça em uma busca enlouquecida, sem saber se voltaria, enquanto outros homens estavam fazendo isso por ele, para proteger a sua família, mas quando se deitou na cama, quente e confortável, com Gwen ao seu lado, não pode deixar de se culpar, Merlin podia estar em qualquer lugar, com frio e fome ou pior, enquanto ele estava ali, aproveitando da companhia de sua esposa, em uma cama macia de um quarto quente.

...Ou pior, sua nuca se arrepiou, mas não podia pensar no pior, Merlin era forte apesar de tudo, não teria se deixado matar assim.