Cap.05 – Mentiras ditas, verdades ocultas
Não queria ser metralhada com centenas de perguntas, tudo o que queria era esquecer aquela noite, aquele passado. Por que acreditar em uma mentira era tão fácil?
Jogou as roupas no cesto e entrou na banheira de água quente.
- Chega de mentiras.
Estava decidido. Iria contar tudo ao pai. Não ficaria mais escondida atrás daquele falso casamento.
Desceu as escadas rapidamente, e como esperava, ele estava na sala.
- Precisamos conversar.
- Com toda certeza. – respondeu ele –
- Eu não vou seguir com essa farsa.
- Como assim?
- Eu não vou mais mentir.
- Você não pode fazer isso.
- Chega de mentiras... não dá mais.
- E o que você vai dizer? Papai, naquela vez a oito anos quando eu e o Roy ficamos separados, eu tive fiquei com o Gregório e ele com uma ruiva que depois apareceu supostamente grávida, eu louca de ciúmes a chamei para conversar e acabei quase jogando-a da escada, mas quem caiu fui eu. Por isso desde então estamos separados.
- Eu falaria isso se fosse o que tivesse acontecido.
- E não foi?
- Vou te contar o que realmente aconteceu.
Flash back on
Naquela noite quando você saiu para fazer não me lembro o que, eu fui para a biblioteca ler um pouco, eu estava tão feliz. Tudo parecia estar de volta aos eixos. Foi ai que a campainha tocou. Era ela dizendo que queria falar comigo.
- O Roy não está. – eu disse –
- Mas é com você que eu quero falar. – ela estava decidida –
- Entre. – se ela queria falar eu não bancaria a infantil – fique a vontade.
- Olha, eu sei que isso não deve ser nada agradável para você, mas é necessária.
- Não estávamos juntos quando vocês ficaram juntos, se você estiver realmente grávida, eu não vou impor empecilhos. Mas ele está comigo agora e nada vai mudar isso.
- Com você ou com o que estar com você significa? Olhe pra você, a herdeira de uma das maiores fortunas e influencia do leste, estar com você é conveniente. O seu pai o adora e você o ama, isso é ótimo pra ele, pra carreira dele.
- Eu não vou ficar ouvindo isso, quando sair feche a porta.
Mas ela não foi. Me seguiu escada acima e continuou falando. Aquela mulher faria de tudo pra me fazer desistir. Ela tentou de todas as maneiras me jogar contra você, mas não conseguiu, eu acreditava no seu amor.
- ela pegou um cigarro – Você está grávida.
- E?
- Não devia fumar.
- Por favor, você acredita mesmo nessas coisas...
- Você não está grávida, não é?
- Muito esperta para uma loirinha, mas eu não vou desmentir a minha história... – ela estava perto do alto da escada – Loirinha...
- O que você vai fazer?
Eu não estava entendendo o que ela ia fazer.
- Uma discussão...você se alterou...a escada...
- Não faz isso!
Eu segurei os braços dela e ela tentava se soltar. Acabamos invertendo as posições, ela me segurou, visto que me desequilibrei.
- Calma...
- Segure-se no corrimão... – eu me senti tonta – Anda loirinha. O que está acontecendo?
- Eu...estou tonta, deve ser a gravidez.
- Gravidez? – ela não acreditava no que dizia – Eu não posso concorrer com isso...
Ela me soltou e cai, bati em cada degrau, rolei todos os degraus.
Ela parece ter percebido que fez e desceu rapidamente com intenção de me ajudar. Mas ela te ouviu chegar e viu a oportunidade perfeita.
- O que aconteceu? – você disse –
- E...ela me chamou para conversar, ela se exaltou e correu para o alto da escada. Eu fui atrás dela dizendo que não ia atrapalhar a vida de vocês, mas ela estava louca...Tentou me jogar do alto da escada,mas eu consegui me esquivar e quem acabou caindo foi ela.
Eu não podia me defender,fora a tontura, o tombo me deixou quase sem sentidos. Eu nem ouvia direito...estava com dor.
- Deixa ela ai, vamos sair daqui.
Vocês dois saíram, eu não consegui me levantar. Acho que desmaiei, algum tempo depois quando acordei ainda estava com dor, mas consegui ir até o telefone, liguei para a Gracie, pouco tempo depois ela chegou com uma ambulância. Mas já era tarde demais. Os dias que “fugi”, foram os dias que fiquei internada.
Flash back of
- E foi isso. Se você não acredita, não vou me assustar ou descabelar. Amanhã acabamos com essa farça!!
- Espera... – ele segurou o braço dela –
- Me deixa.
- Quanto tempo?
- Perdi com três meses, eu descobri dois dias depois que ela apareceu com aquela farça, na época era de um mês.
- Você descobriu e passou dois meses escondendo mim?
- Eu não queria que você se sentisse pressionado.
- E não tinha...
- Não. Eu fiquei menstruada depois que voltei do leste, não era do Gregg. Ela chegou dizendo que estava com três e meio de gravidez, batendo com a época que estávamos separados, e eu descobri que estava de um mês.
- Hum...você tinha que ter me contado tudo...
- E você acreditaria se eu tivesse te contado depois de tudo?
- Eu teria averiguado primeiro.
- Você teria me escorraçado e essa era a ultima coisa de que eu precisava. Eu tinha acabado de perder um bebê, eu não precisava de desprezo.
- E o idiota te consolou.
- Ele cuidou de mim. Ele não me deixou desabar. Se não fosse ele, eu não se teria agüentado.
- deixa o corpo cair sobre a poltrona – Por que você não falou nada...eu te acusei tantas vezes.
- Mesmo me achando um monstro, você ainda se recordava dos bons momentos, se eu tivesse jogado na sua cara, a culpa teria feito você se esquecer.
- Eu não...
Tantas vezes a acusou, mesmo sem ser diretamente. A deixou aos pés daquela escada sozinha quando ela mais precisava dele e no fim, ela nunca o culpou, simplesmente, para que ele guardasse boas lembranças.
Quem era o monstro no final das contas?
Riza sempre esteve ao seu lado, mesmo depois de tudo, se precisasse dela, fosse a hora que fosse, ela estaria lá. E quanto a ele? Estaria com ela, independentemente, de tudo?
Apesar de ser forte, ela precisava de apoio e ele a deixou na corda bamba.
- Riza...
- Esquece, eu não vou contar essa parte ao meu pai, só direi que após aquela momentânea separação as coisas não voltaram a ser que eram. Confirmar sua teoria de que era fogo de palha, não amor de verdade.
- Como assim...?
Como não era amor?
- Sejamos francos à essa altura do campeonato, eu era diferente das garotas que você conhecia, te ouvia, te apoiava, te salvava quando aprontava...Você se casou porque eu te oferecia estabilidade. Foi paixão.
- Não distorça as coisas. Você sabe que eu te amava, ou melhor, amo, porque amor não se conjuga no passado.
- Pois acho melhor você rever seus conceitos, porque eu não te amo mais.
- E QUEM VOCÊ AMA? AQUELE RUIVO INTROMETIDO?!
- E por que não? Ele me ama de um jeito que você jamais amou.
Paft!
Um ato involuntário e ele acertou um tapa no rosto dela.
- Parabéns, você acabou de acabar com o respeito que me mantinha presa a você.
Ela lhe dá as costas e sobe as escadas. Ele havia cometido outro erro. Mas ouvi-la menosprezar seu amor foi um tapa forte demais em sua alma.
- Desculpe... – foi apenas um sussurro que não foi ouvido por ninguém –
Continua...