Lost in The Echo escrita por BiiaPixieLott


Capítulo 37
Capitulo 36


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem



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Na escola, Emma e Nina estavam quietas sentadas no banco de madeira da nossa mesa no intervalo. Eu estava sentada na mesa encostada na arvore mordendo minha maça distraidamente.

Eu e as meninas não falamos sobre a noite em que sumimos e aposto que elas nem se lembram de nada assim como eu. Bom, eu pelo menos estou me recordando aos poucos e entendendo alguns fatos. Mas não sei se elas estão tendo lampejos de lembranças como eu. E nem quero perguntar.

Nina fungou e abaixou a cabeça. Emma se endireitou no banco de madeira olhando para o outro lado. E suspirei e joguei minha maça pela metade no gramado.

Nina bateu as mãos com força na mesa de madeira e se levantou.

__ Já chega! __ Disse ela com a voz cheia de raiva. __ To cansada disso.

Emma e eu olhamos para ela confusas.

__ Precisamos conversar! __ Disse ela. __ Depois da escola, na praia.

Por fim ela saiu andando com as mãos no bolso do casaco grosso vermelho. Seu vestido preto, que ia até os joelhos, rodou um pouco com o vento fraco.

__ O que será que ela quer? __ Perguntou Emma com a voz seca. Emma não costuma ficar brava ou ficar com ignorância com ninguém, ela é uma santa. Mas depois que fomos pegas, todas nós mudamos.

Dei de ombros e me levantei ficando em pé na mesa antes de dar um pulo e fixa os pés na grama verde do pátio.

__ Tanto faz. __ Disse me virando e indo embora. Caminhei até dentro da escola para a minha próxima aula mesmo faltando uns dez minutos para começar.

Algumas pessoas ainda olhavam pra mim desde que voltei à escola. Ficavam cochichando o tempo todo, alguns riam, outros lançavam olhares confusos ou de pena. E era o que eu mais detestava. Não gosto que sintam pena de mim. Isso não era problema antes, não ligava, mas agora sinto meu corpo ferver de ira. Eles já me olharam assim varias vezes: quando Fredd foi embora a noticia se espalhou por Petersburgo, e quando Fredd foi achado morto. Sempre com olhares curiosos pra cima de mim e alguns com os olhares irritantes de pena.

Não sei o que há de diferente agora para eu sentir tanta raiva. Talvez seja porque estou mudando. Já percebi a dias desde que havia voltado pra casa que eu já não era a mesma. Algo em mim mudou. Mas eu ainda não sabia o que era.

Depois da escola caminhei até a praia. Joguei meus matérias na areia fofa e me agachei sem sentar enquanto esperava as meninas.

A praia estava deserta, estava um pouco frio e o mar estava bem gelado. Eu podia sentir. Olhei sobre o ombro para ver se as meninas estavam vindo.

Então, me levantei e tirei as botas, puxei a bainha da minha calça jeans dobrando-a até o tornozelo. Depois caminhei em direção a água. Assim que meus pés tocaram a água salgada senti uma energia gostosa no meu corpo e um alivio inexplicável. Dei mais alguns passos deixando a água chegar quase nos tornozelos. Joguei a cabeça para trás e deixei a sensação fluir no meu corpo. Me senti forte.

As ondas ricocheteavam minhas pernas jogando alguns pingos na minha calça. O mar estava gelado, mas gostoso. Eu não estava com frio. O mar estava agitado com ondas grandes e monstruosas. Olhei para baixo e observei as espumas.

Como eu queria entrar na água.

E quase entrei se não fosse por Nina e Emma me gritando lá de trás na areia.

Sai meio hesitante da água e andei até elas.

Nina olhou para a praia e ficou observando por um bom tempo antes de Emma estalar seu dedo em frente ao seu rosto.

Nina balançou a cabeça.

__ Certo. __ Disse ela piscando algumas vezes. __ Precisamos conversar.

__ Sobre... __ Falei sem paciência me jogando na areia. Desdobrei as bainhas do meu jeans e calcei as botas de má vontade. Eu queria voltar pra água.

__ Sobre o natal. __ Disse Nina sarcasticamente, mas com o tom de raiva. __ Do que você acha?

Revirei os olhos e puxei o zíper da bota.

__ Não estou afim de conversar sobre aquilo. __ Falei olhando para o mar.

Elas se sentaram ao meu lado.

__ Eu também não quero. Acredite, realmente não quero. __ Suspirou Nina. __ Mas precisamos. Eu não faço ideia do que aconteceu... Não me lembro de nada. E eu tenho a sensação de que foi algo muito ruim... Por isso também não quero falar sobre isso, mas... Eu quero tentar entender. Não me lembro...

__ Eu também não. __ Interrompeu Emma. __ Isso é frustrante. Alguma coisa aconteceu com agente. Eu sinto isso... Não sou nenhuma sensitiva nem nada, mas sinto que algo estranho aconteceu. Mas não sei o que. Não me lembro de nada. E... __ Emma mexeu na areia nervosa. __ Algo ta acontecendo comigo, quer dizer, eu tenho sentido umas emoções estranhas e fortes. Do nada... Eu mudo de sentimento. Sei lá, acho que eu devo ta sensível. Talvez passe.

Todas ficamos quietas. Emma suspirou varias vezes, Nina encarava a areia e eu o mar.

Nina balançou a cabeça.

__ Não consigo me lembrar de nada. __ Repetiu Nina apressadamente. __ Isso me deixa com raiva. Na verdade eu estou com raiva a todo o momento. Nem sei por quê. Às vezes é por motivos bobos, irrelevantes. __ Ela balançou a cabeça. __ Mas algo aqui dentro de mim de repente vira do avesso... Algo borbulha aqui dentro, e quando dou por mim eu estou explodindo!

Eu continuei a encarar o mar sem dizer nada. Meu rosto estava neutro, sem expressão alguma. E era exatamente assim que eu queria. Não queria demonstrar o que eu estava sentindo. Queria esquecer esse assunto, estranhamente ele me incomodava.

__ Se vocês não se lembram de nada, __ falei com raiva __ então porque querem conversar?

Eu realmente não queria falar nada. Não quero tocar nesse assunto!

__ Porque? Você se lembra de algo? __ Perguntou Nina com um tom de esperança na voz.

Fechei os olhos por um segundo.

__ Não. __ Disse firme. __ Não me lembro de nada.

Nina suspirou com raiva. Ficamos quietas por alguns minutos olhando o mar.

Eu queria ir embora. Não gostava de esconder nada das minhas amigas, mas eu não queria tocar no assunto. E não queria dizer a elas as coisas estranhas que estavam acontecendo comigo, não queria que elas me chamassem de maluca ou se afastassem de mim. Eu sabia que elas iria se assustar se eu contasse certas coisas, por isso prefiro não tocar no assunto. E eu também não estava a fim de papo hoje.

Nina se virou e começou a mexer na mochila. Ela tirou uma garrafa de uísque e a abriu.

__ Eu quero. __ Me apressei a dizer. Ela me passou a garrafa e voltou a mexer na mochila. Ouvi um barulhinho de vidro batendo em outro vidro. Tomei um gole longo. __ Você trouxe mais?

__ Sim. __ Disse ela. Parou de mexer na mochila encarando o que havia lá dentro pensativa. __ Ultimamente tenho precisado de muita bebida. __ Sussurrou.

Ela pegou duas garrafas. Uma ela deu para a Emma e a outra ficou com ela.

__ Por quê? __ Perguntei.

Ela parou a garrafa a caminho de sua boca. Piscou por alguns segundo, balançou a cabeça e bebeu seu uísque.

Dei de ombros e bebi a garrafa inteira sem pegar fôlego. Minha boca começou a ficar dormente e minha cabeça girou um pouco.

Emma também já tinha acabado com sua bebida. Olhei pra ela e ela encarava a garrafa vazia em suas mãos.

__ Me da mais uma? __ Ela estendeu a mão na direção de Nina sem tirar os olhos da garrafa vazia. Parece que ela também precisa muito da bebida.

__ Estão tentando fugir de algo? __ Perguntei erguendo uma sobrancelha para elas. Nina pegou mais três garrafas de uísque e passou para nós.

Elas não responderam.

Não sei o que esta acontecendo, mas quando elas bebem assim sei que estão tentando afogar alguma coisa na bebida. Principalmente Emma, ela não é de bebe tanto, ela sempre sabe se controlar. Mas não agora.

Eu sabia por que eu estava bebendo tanto desse jeito. Eu estava tentando fugir um pouco dessa realidade absurda e horrível que eu tenho vivido nessas ultimas semanas. Vai ser bom esquecê-las por um tempinho.

Logo eu já estava na quinta garrafa junto com as meninas. Minha cabeça girava muito.

E uma pergunta estranha e sem sentido rodava sem parar na minha cabeça: Quantas garrafas de uísque Nina conseguiu colocar dentro dessa mini mochila que carrega?

__ Cara, quantos vidros de uísque cabe nessa sua mochila? __ Perguntei a Nina com uma voz esquisita enquanto ria. Porque, não era possível que tivesse tanta garrafa na mochila!

Ela riu também.

__ Eu peguei sorrateiramente hoje no armário de bebidas da minha mãe. Aquilo lá é o paraíso de bebidas, têm muitas! Peguei um monte e coloquei na mochila. __ Disse ela sorrindo orgulhosa. Seus olhos estavam meio caídos. __ Não contei, apenas peguei sem parar até a mochila quase transbordar!

Nina, Emma e eu estávamos andando pela praia sem rumo tropeçando na areia. Eu abracei o ombro das duas enquanto elas viravam mais uma garrafa.

__ Amo vocês. __ Disse rindo.

Elas riram e me abraçaram.

__ Quero ir pra casa. __ Comentei. Eu quase caio pra trás quando tropecei em um pequeno montinho de areia. Nossa, tropecei em um montinho de areia!

__ O que estamos esperando? __ Falou Emma com a voz pesada. Ela andou de lado me empurrando um pouco quase me fazendo cair.

Seguimos reto até chegarmos perto de Meygo. Entramos na água e nadamos por mais ou menos cinco minutos, mas pareceu um nado de quinze minutos pois ficamos brincado como loucas desorientadas.

Chegamos nas margens de Meygo.

__ Finalmente. __ Disse Nina com a garrafa em suas mão pela metade. __ Lar doce lar. __ Ela riu e respirou fundo o ar fechando os olhos. __ Que delicia!

Peguei a bebida de sua mão e tomei o que restava de uma vez. Minha visão começou a ficar embaçada, e ao tentar me levantar tropecei pra frente entrando na ilha.

__ Senti saudades. __ Gritou Emma agarrando uma arvore. E então se curvou um pouco e começou a vomitar.

Eu me joguei no chão e acariciei a terra.

__ Minha casa é mágica. __ Comentei rindo.

__ Nossa casa. __ Corrigiu Nina gritando com a voz fanhosa. Ela abriu os braços como se pedisse um abraço a ilha, e começou a girar o corpo no lugar rindo sem parar.

Como eu senti saudades de casa. Agora eu me sinto completa.

To feliz! Feliz! Feliz!

Emma começou a rir e correu para dentro da ilha.

__ Quem chegar por ultimo no lago vai ter de ficar sem coração! __ Gritou ela rindo estérica.

Nina e eu começamos a correr na direção do lago tropeçando varias vezes no caminho.

Eu sentia fome de novo. Só de ouvir a palavra coração, meu estomago roncava alto.

Ai que fome! Fome! Fome! Fome!

__ Eu to morrendo de fome! Acho que eu devoraria um demônio se pudesse! __ Gritei enquanto corria.

Nina riu mais alto ao ouvir isso.

__ Que nojo! __ Gritou ela enquanto se esquivava de uma arvore na sua frente. __ Nunca provei um coração de um demônio!

Se era nojento ou não, eu não me importava. Eu queri comer! Queria muito comer!

Eu quero um coração.


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Notas finais do capítulo

bjs



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