Lost in The Echo escrita por BiiaPixieLott


Capítulo 22
Capitulo 21


Notas iniciais do capítulo

Acho que esse capitulo vai ficar um pouquinho grande haha.. Ops!
Espero que gostem! Por favor não deixem de comentar suas opiniões!



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A praia de Meygo estava nebulosa. O ar era gélido e tinha o cheiro forte de sangue. A areia em meus pés descalços estava estranhamente quente e fofa. A espuma da água que batia no meu pé estava quente também. A saia do meu vestido branco que ia até os joelhos voava a minha volta, meus cabelos se embaraçavam com a ventania e voavam para os lados e para meu rosto. As montanhas e as árvores que envolviam Meygo estavam escuras. Havia uma montanha maior que todos diziam parecer um vulcão, mas como ninguém tinha coragem de pisar na praia para ver melhor, então não sabiam ao certo se realmente era um vulcão. Não se via o topo de nenhuma montanha de Meygo por causa das grossas nuvens acinzentadas que as envolviam.

Dei um passo para frente sentindo um pouco mais da água quente em meus pés. Fechei os olhos e deixei a cabeça cai para trás em direção ao céu escuro cujo único brilho vinha da imensa lua cheia, desfrutando da sensação boa que me tomava. Meu pulso direito ainda doía, e estava enfaixado com um pano preto pesado. Eu ignorei a dor.

Trovões e raios cortaram o céu. Um barulho ensurdecedor do trovão me fez abrir os olhos e olhar para minha frente, para o litoral diante de mim. Meus olhos arderam, não por causa da água salgada que respingava em mim e às vezes em meus olhos, não por causa do vento forte que fazia meus olhos lacrimejarem... Mas sim porque estava acontecendo uma coisa estranha com meus olhos, como se eles estivessem mudando... Mudando de cor.

Fechei os olhos novamente e um sorriso se abriu em meu rosto. Minha boca estava salivando por algo para comer. Meus olhos, ainda fechados, continuavam a arde. E então parou. Meu sorriso aumento mais ainda, e abri os olhos sentindo a nova mudança neles. Caminhei lentamente para dentro da água até que estivesse batendo pouco abaixo da minha cintura. O mar estava agitado, negro como o céu aonde a luz da lua não chegava. Estiquei os braços para frente e mergulhei sentindo a água quente bater em meu rosto e em todo o meu corpo, meus cabelos flutuavam em volta da minha cabeça. Nadei de baixo d’água com os olhos violetas abertos e brilhantes. O pano enrolado em meu pulso machucado ficava cada vez mais pesado por causa da água.

Poucos peixes passavam por mim, nadando apressadamente para longe. O mar estava negro, solitário, e parecia assombrado. A água não era como a da piscina de Heartland, que sempre foi morna e normal... Essa água parecia ter energia, algo que me deixava mais forte. E cada vez que nadava para mais fundo a água ficava mais quente, mais forte, e cheia de energia. Meus olhos arderam novamente e o brilho se intensificou iluminando quase tudo a minha frente. Havia muitas pedras, corais, algas, conchas, e mais pedras. Tinha uma pedra enorme perto de uma das montanhas que tinha em Meygo, todos diziam parecer ser o cone de um vulcão, e por baixo da água era enorme e escuro com um buraco enorme no centro. Uma caverna. Minhas pernas e meus seios ardiam como meus olhos havia ardidos antes. Algo estava errado com meu corpo, tudo começou a queimar, e a água borbulhou em minha volta. Segurei a garganta, que agora ardia também, com as mãos. Tentei subir para a superfície para respirar, mas não conseguia subir. A água estava me puxando para baixo, para dentro da caverna escura.

O brilho dos meus olhos sumiu, e tudo ficou escuro no momento em que fui puxada para dentro da caverna. A caverna era um túnel grande, e quando cheguei ao final do túnel eu vi luzes azuis brilhantes que estavam debaixo d’água. Como se tivesse lâmpadas azuis acesas dentro da água. E então, quando eu estava quase desmaiando por causa da falta de ar, meu corpo foi arremessado para cima com tamanha força. Meu corpo subiu a superfície e puxei o ar com força.

Eu havia parado dentro de uma piscina pequeno circular cuja água era doce e clara por causa da luz azulada. A caverna dava dentro da montanha que parecia um vulcão. A única luz que se via dentro desse lugar era a do pequeno lago e do topo do vulcão onde a luz se encontrava, as paredes eram escuras e de pedras molhadas, o ar aqui dentro também estava gelado como lá fora, mas não havia cheiro de sangue. Minhas pernas e meus seios começaram a arde novamente. Gritei com a dor e logo meu pulso também começou a doer... Na verdade meu pulso direito estava formigando muito, então eu tentei tirar o pano preto e pesado. Assim que tirei vi minha pele inchada, vermelha e borbulhando.

Arregalei os olhos. Meu pulso estava borbulhando.

Ouvi passos ecoarem na caverna e quando levantei a cabeça, vi Fredd com seu peito nu cortado e com um buraco no lugar onde deveria estar seu coração, sua calça comprida branca manchada de areia e sangue, seu rosto inchado e cortado. Ele esticou a rosa branca que segurava. A rosa estava feliz. Ele deu passos cambaleando em minha direção, e quando chegou perto de mim, antes que eu pudesse perceber o que ia fazer, em um só movimento ele enfiou a rosa no meio do meu peito próximo ao pescoço. Senti a rosa me perfurando saindo pelas minhas costas. Perdi a respiração e gritei.

Acordei com um sobressalto gritando. Olhei a minha volta e respirei fundo ao notar que estava no meu quarto. Eu estava muito molhada como se tivesse saído do banho e nem me enxugando... Estava muito suada, com certeza. O quarto estava com um forte cheiro de água salgada. Meu coração batia a mil, e uma dor estranha percorria minhas pernas e meus seios. Tirei as cobertas de cima de mim e olhei para minhas pernas. Não havia nada de diferente, nada que pudesse mostrar que estava machucada para doerem tanto. Coloquei a mão no peito próximo ao pescoço onde a dor era forte. Senti uma coisa molhada e viscosa. Olhei meus dedos que agora se encontravam com um liquido vermelho vivo. Meus olhos se inundaram de lágrimas e minha respiração falhou.

Levantei-me apressadamente e tateei a parede próxima a porta do quarto procurando o interruptor. Acendi a luz e corri para o longo espelho pendurado perto da cômoda. Assim que me vi no espelho tive que tapar a boca para não gritar.

O local onde doía no peito estava perfurado, como se alguém tivesse me dado um tiro. Ou como se alguém tivesse enfiado uma rosa em mim. Eu não estava molhada de suor, e sim molhada com a água salgada da praia, meu cabelo, minhas roupas, meu corpo, estavam tudo molhados e cheirando a água salgada do mar. Meu sangue escorria pelo meu peito até a blusa que estava manchada de sangue.

Coloquei minha mão sob o buraco no peito que vazava sangue sem parar. Minha respiração estava entrecortada. Andei até a cômoda e abri a primeira gaveta, peguei os curativos e os despejei em cima da cama, minha mão estava toda cheia de sangue, a água em meu cabelo escorria pelo meu rosto e pelas pontas do meu cabelo pingando no chão. Abri o esparadrapo desesperadamente, depois peguei uma grande quantia de algodão despejando soro fisiológico nele, então grudei o algodão molhado com o soro, e com algumas gotas do meu sangue que havia pingado sobre o algodão, no esparadrapo e o colei em meu peito. O soro fez minha ferida arde e eu peguei o lençol e o mordi. Minhas lágrimas dificultando minha visão. Peguei mas um punhado de algodão com o soro e passei na minha pele onde estava com sangue.

Meu grito foi abafado pelo lençol quando uma dor horrível no meu braço direito me fez gritar. Cai de joelhos não chão em frente à cama. Minhas costas começaram a arde com força me fazendo gritar mais alto no lençol. Segurei meu pulso dolorido com a mão e tentei desesperada tirar a faixa branca que envolvia meu pulso. Mordi com força o lençol. A dor parou instantaneamente do mesmo jeito que chegou.

Tirei a faixa e olhei para meu pulso. Pisquei varias vezes para ter certeza de que eu estava vendo certo. Meu pulso estava normal, não estava mais inchado, não estava mais doendo e não estava mais vermelho. Mexi meu pulso várias vezes testando-o. Estava normal, como se eu jamais tivesse o torcido hoje.

A dor no meu peito também havia parado. Tirei com cuidado o curativo que havia feito de mau jeito, e voltei para o espelho. O buraco ainda estava ali, mas não estava mais sangrando. Na verdade, estava brilhando um pouco. Uma luz branca bem fraquinha. Cheguei mais perto do espelho para ver melhor a ferida. Estava avermelhado em volta do pequeno circulo aberto onde a rosa me perfurou. Logo me lembrei que o caule da rosa foi fundo o bastante para sair pelas minhas costas. Virei-me de costas para o espelho e coloquei meu cabelo para o lado tentando enxergar a ferida bem a tempo de ver ela se fechar por completo. Foi do nada, uma ardência repentina novamente tomou conta do meu peito. Virei-me de frente para o espelho e vi a ferida se fechar novamente, e assim que se fechou a ardência horrível parou, assim como aconteceu nas minhas costas e no meu pulso.

Lágrimas e mais lágrimas rolaram pelo meu rosto. Minha nossa, o que está acontecendo? O que foi isso? Que diabos está acontecendo comigo?

Cambaleei em direção a cama com a mão no peito onde antes estava minha ferida, mas acabei tropeçando no lençol que deixei no chão. Eu não me levantei. Fiquei no chão encolhida chorando desesperadamente. Eu estava sozinha e isso me deixava pior. Ninguém poderia me ajudar, ninguém poderia me socorrer. Eu estava sozinha. Como sempre fiquei.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Obrigado a todos que acompanham!



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