Lost in The Echo escrita por BiiaPixieLott


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Muito obrigada a quem está me acompanhando, espero que estejam gostando da história!



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A rosa estava com a aparência triste de novo. Curvada, “de cabeça baixa”. Dessa vez trousse um pouco de água em uma garrafa. A água que antes estava quente agora estava gelada por causa da temperatura gélida da clareira. Era estranha essa troca de clima. Fora da clareira estava um pouco calor (uma temperatura média), mas quando coloca o pé na clareira o clima nela é gélido, como se estivéssemos dentro de um congelador. Dessa vez o clima estava bem pesado, não estava apenas com um ar fresco e pouco gélido como da primeira vez que estive aqui, dessa vez parece mesmo que eu estou dentro de um congelador. E havia um sol, não muito forte, a vista no céu.

Infelizmente não trousse comigo nenhum casaco. Amarei Espartano nas arvores que cercava a clareira, preferi amarrar ele alguns centímetros longe do circulo da clareira por causa do frio que fazia ali. Caminhei até a rosa, tive que andar por alguns minutos até que chegasse nela, a clareira era bem extensa. Assim que cheguei ao lado da rosa, me agachei e entornei em cima dela a água gelada. As gotas de água que ficavam paradas nas pétalas e nas folhas brilhavam com o sol. A rosa parecia mais bonita com o brilho das gotículas de água, mas ainda não estava feliz.

E nem eu.

Ia me sentar ao lado da flor como fiz da outra vez e pensar um pouco. Mas o frio já começou a ficar insuportável, estava tão frio que estranhava não está nevando. Levantei e dei uma ultima olhada para a rosa que ainda estava infeliz antes de montar em Espartano e cavalgar ruma a Heartland.

Sentia o vento um pouco mais quente do que o vento da clareira, e também já sentia as lágrimas. Pisquei com força para espantá-las e sacudi as rédeas, Espartano correu mais rápido.

Já fazia três dias desde a noticia sobre a morte de Fredd. Tive a coragem, e a estupidez, de ir ao necrotério ver seu corpo. O Detetive não exagerou quando disse que ele fora mutilado e que seu coração fora arrancado brutalmente de seu corpo. Seu corpo estava todo costurado, com vários hematomas e ele estava inchado e mais pálido do que de costume. Ele estava diferente também, mesmo morto eu ainda podia ver os traços de cansaço em seu rosto, e a velhice também era notável. Seu cabelo meio loiro arruivado estava desbotado, seus olhos, que ainda estavam abertos, olhavam para o vazio e eles tinham uma cor azul bebe como se ele estivesse cego, ele não tinha mais a mão direita, seu pescoço tinha marcas e hematomas fortes em faixas como se algo tivesse amarrado ali antes, assim como seus pulsos e tornozelos (e eu não duvidava de que quem quer que tenha feito isso o amarou no pescoço, nos pulsos e nos tornozelos para prendê-lo).

Jeniffer não aguentou ficar dentro da sala por menos de dois minutos. E eu não conseguia tirar os olhos do cadáver a minha frente, vovô ficou ao meu lado fazendo pergunta ao médico que fez o laudo de Fredd.

Eu insistira pra ir, eles não queriam me levar, mas eu fui mesmo assim. Não valia a discussão e eles sabiam disso. Ninguém mais quis ir, nem se atreveram a pedir. Todos em casa estão arrasados, Loh voltou a ficar lá em casa por um tempo em seu antigo quarto, não conversamos e nem trocamos abraços ou qualquer outra coisa, ela é um fantasma que eu não posso ver. Rikki nem olha na minha cara, se antes ela já não olhasse agora então... Justin fica trancado em seu quarto com os livros, mas eu sei que ele não está lendo nenhum. Não vejo Shofy direito, só a vejo quando vovô a obriga a sair do quarto para comer algo. E o pobre do Lex que nem se quer conheceu Fredd não sabe ao certo o que fazer, não sabe se consola ou se fica na dele. Bridgit não sabe de nada, e Jeniffer está vendo uma maneira de contar a ela. Antes Jeniffer tinha o costume de falar que ele viajou para salvar o mundo e que onde ele está pode demorar pra voltar, todos nós tínhamos o costume de dizer o mesmo a ela. Era triste vê-la perguntar sobre Fredd, partia o coração de todos, e ela o chama de Paizão como nós o chamávamos quando tínhamos a idade dela. Jeniffer se fechou completamente, ela só se levanta da cama porque precisa trabalhar e fazer as coisas dentro de casa, assim como o vovô. Eu também me levanto apenas para trabalhar, não poderia ficar parada e chorando no canto do quarto pra sempre. Gostava de fazer companhia aos cavalos e gostava da companhia deles. Ainda não ia a escola, ninguém ainda vai. O jornal da cidade esse mês veio com a noticia sobre o desaparecimento de dois anos de Fredd e sobre como ele foi achado morto na praia de Meygo, também veio uma matéria sobre um dos adolescentes que desapareceu enquanto ia buscar ajuda.

Jackson voltou a trabalhar, ele, assim como eu, sabia que não podia ficar parado pra sempre, e ele também queria manter a mente ocupada. Dessa vez ele dobrou o turno trabalhando de manhã e a tarde chegando sempre em casa às oito da noite. E eu estava pensando em voltar para a escola.

Cheguei em Heartland e guardei Espartano no estábulo. Dei comida e água para ele e aos outros cavalos. Peguei um cubo de feno e joguei um para Kenee (um cavalo de um dos clientes que estava com problemas de montaria), depois peguei mais alguns e fui jogando para dentro da casinha de cada cavalo, vinte e quatro no total. Cada um e sua casinha separados.

Em frente à casinha dos cavalos havia uma sala onde era o escritório de Jeniffer e vovô. Não era uma sala muito grande, mas era aconchegante. Quando eu era pequena costumava ficar ali com a Loh, brincávamos de escritório, eu era a cliente e ela me atendia. Quando Fredd brincava de pique - esconde nos finais de semana com todos nós, eu costumava me esconder de baixo de uma mesinha antiga que tinha na sala, ela era a mesa que Jeniffer usa, era de madeira bem escura com vários fiapos de madeiras soltos. As pernas da mesa eram tapadas de modo que quem sentasse atrás dela não daria para ver as pernas da pessoa, então eu me escondia ali dentro e ninguém me achava, eu sabia que Fredd sempre soube onde eu me escondia, mas eu sempre era a ultima a ser achada, ele fazia isso de propósito.

Entrei na salinha e encontrei vovô mexendo em alguns papéis.

Ele levantou a cabeça e deu um sorriso fraco.

__ Oi Any. Ta tudo bem? __ Perguntou.

__ To... To sim Vovô. __ Disse. Sentei-me a sua frente. __ Eu estava pensando e... Acho que vou voltar para a escola.

Ele me encarou sério.

__ Não precisa Any, pode ficar em casa por mais alguns dias. __ Ele suspirou. __ A noticia sobre Fredd abalou a todos, e tenho certeza que ninguém está com disposição nem mesmo para se levantarem da cama. E sei que você também não. Eu te conheço. __ Ele empurrou a sua cadeira para trás e se levantou dando a volta em sua mesa e chegando perto de mim.__ Liguei para a escola ontem e explica sobre a ausência de vocês. Eles disseram que assim que vocês estiverem com disposição de voltar poderiam voltar. Não precisa ter pressa.

Suspirei. Ele iria entender.

__ Eu sei vovô, mas quero ir pra escola. Não quero ficar presa no meu quarto chorando sozinha... Quero ocupar a minha mente, quero me esquecer que essas coisas estão acontecendo.

__ Eu sei querida, todos nós queremos. Mas você que sabe... Não quero que vá a escola porque sei que não vai se sentir a vontade. Ainda mais agora que o jornal saiu com a noticia do ocorrido. Te conheço e sei que você não vai gostar nada das expressões das pessoas.

Ele tinha razão. É claro que ele tinha razão, vovô sempre tem razão. Mas eu já sabia disso e tava pronta para enfrentar a multidão. Apenas ignoraria mesmo não sendo nada fácil. Eu quero ver minhas amigas, pedir para elas virem aqui é demais, eu moro muito longe, e as fazer vir de carro ou de ônibus não seria legal ainda mais porque sei que elas sempre dormem depois da escola. Minha única alternativa é ir à escola, pelo menos vou sair de casa um pouco.

__ Eu sei vovô. Mas eu quero ir. __ Ele apenas me olhou por um tempo antes de se virar e voltar para trás de sua mesa.

__ Tudo bem então. __ Disse ele.

Me levantei.

__ Precisa de algum ajuda por aqui Ou com algum cavalo?__ Perguntei.

__ Não, ta tudo bem. Eu to assinando os documentos do enterro, sua mãe também vai ter de assiná-los mais tarde.

Assenti e comecei a andar pra fora da sala.

__ Any? __ Me virei.

__ Sim?

Ele demorou um pouco para falar olhando fixamente para mim.

__ Se precisar conversar... Bom, eu estou aqui. __ Disse por fim.

__ Ah, tubo bem vovô... Obrigada. __ Sai do estábulo e entrei em casa subindo para meu quarto para ver Nyrlla.


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Notas finais do capítulo

Comentem porfavor!
Obrigada por tudo!
Bjs!



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