Eu não estava em condições para sentir medo naquele momento. Meu corpo inteiro doía como quando eu estava me tornando um lobo, os músculos espasmando involuntariamente enquanto a dor crescia ainda mais tanto as devidas as contrações e a pressão interna que o bebê fazia dentro de mim.

Era difícil manter meus olhos abertos durante muito tempo, mas não era preciso que eles estivessem abertos para ter certeza de que o líquido que Edward passou em mim era álcool nem para saber que ele havia passado em si também.

Não entendi logo de cara o motivo de ele estar sem o que havia sobrado de sua camisa, mas depois me lembrei que seria ele mesmo quem seguraria meu filho então isso me fez pensar que ele havia passado álcool em seu corpo também.

Senti algo faze cócegas em meu braço esquerdo e vi que ele estava injetando algo e tinha diversos frascos a meu lado, esses que logo foram esvaziados porque ele retirava a agulha do meu braço espetava no frasco e injetava novamente. Sabia que era morfina porque me lembrava que ele havia utilizado o medicamento no parto de Bella. Era errado ainda mais para o filho de um médico, mas quem estava se importando com isso naquele momento ?

Meus olhos pesaram ainda mais, mas apesar de ele ter utilizado em mim uma dose cavalar que deveria ter me apagado em menos de um minutos, a dor estava me fazendo gritar ainda mais como se eu não tivesse sido medicado.

– Edward ! - Agarrei seu pulso - Não espera isso fazer efeito porque a dor só está aumentado ! - Meu maxilar estava trancado.

– Bebê... - Disse Edward estranhamente se curvando em direção a minha barriga, o que era vergonhoso porque eu estava pelado, mas estava também morrendo de dor então não estava em condições de bater boca ou questionar o que ele estava fazendo - ... comporte-se. Você está machucando seu papai ! - No mesmo instante a pressão começou a diminuir até sumir e foi impossível não me lembrar do dia em que eu entrava na sala dos Cullen e vi Edward tendo o seu primeiro contato com Reneesme.

A dor estava diminuindo lentamente enquanto eu tentava observar o que ele fazia, mas ele se movia como jatos de vento e eu estava ficando tonto de fazer isso até que apaguei ou qualquer coisa assim, e quando meus olhos voltaram a se abrir eu não enxerguei muito mais do que um borrão que sussurrava para a minha barriga novamente, mas dessa vez a frase : Morde !

Meu coração acelerou dentro do peito com a ideia de que pudesse ter outra pessoa no quarto e ele estivesse mandando a pessoa me morder para que eu morresse ali. Seu veneno era mortal para mim e eu sabia disso. Não tinha medo de morrer para que meu filho nascesse, mas então veio a dor de dentro para fora.

O bebê estava me mordendo como ele havia mandado, e queimava. Oh, droga. Ben tinha razão. Queima como os diabos.

Meus dedos estavam se crispando em forma de garra e eu tentava ao máximo não fazer um escândalo porque aquele remédio devia ser pura água. Não tinha como doze frascos da droga não surtirem efeito algum até que Edward segurou minhas mãos.

– Aguenta só mais um pouquinho ! - Disse ele, o tom de voz e o diminutivo faziam com que eu me sentisse uma criança chorona, mas não podia socar a cara dele. Será que estava chorando ? - Você está chorando, mas é de dor. Agora aperta a minha mão o mais forte que você conseguir porque a pele está quase cedendo !

– Doe muito !

– Eu sei que doe, mas não me deixa, Jake! - Disse ele - Não nos deixe !

O tempo que a dor se estendeu foi o suficiente para me fazer desmaiar porque era lancinante. Pensei que estava morrendo e sendo conduzido ao inferno por algum pecado no qual eu não lembrava ter cometido para merecer queimar daquela forma.

Meu corpo inteiro queimava e eu me esgoelava de tanto gritar, mas Edward não estava ali. Ninguém estava ali para me ajudar ou fazer a dor parar. Tentava mover meu corpo e também não conseguia, como se meu cérebro não tivesse controle sobre meu corpo.

Até que tudo parou. Estava morto.

Não haviam sons, nem cheiros, calor ou frio e nem mesmo dor. Só podia estar morto.

Até que o som do rosnado de um lobo de fez ouvir e meu corpo se moveu na tentativa de se livrar de uma eventual mordida mesmo que eu soubesse que lobo algum me machucaria. Dei meia volta e me deparei com Ben agachado no chão dentro de um choro seco enquanto tentava se machucar cravando as unhas nos braços, mas assim como acontecia comigo seu corpo se regenerava e então o cheiro forte de álcool se fez presente outra vez, só que mais forte. Ele estava colocando um pano embebido pelo líquido no meu nariz e só o afastou quando comecei a tossir. O sacolejar de meu corpo com a reação natural fez com que eu percebesse que não estava sentindo dor, já que a tendência era ela piorar. Meu olfato e minha audição estavam normais ou ao modo que eu já havia acostumado a chamar de normal.

– Meu filho ? - Minha voz estava débil e minha boca além de seca estava com um gosto horrível - Edward, cadê meu filho ?

– Está dormindo ! - Disse ele sorrindo em minha direção, e era estranho vê-lo sorrindo para mim quando na verdade eu deveria estar mexendo em minha barriga me fez pensar que talvez como havia acontecido com Bella eu poderia ter passado dias inconsciente, mas observando seu corpo eu vi que ele ainda estava sem camisa e sujo com meu sangue e talvez placenta - Você não é um sanguessuga ! - Disse sorrindo ainda mais ao se afastar de meu campo de visão deixando a mostra os frascos de soro e as bolsas de sangue que eu estava recebendo pelo acesso em minha veia - Seu corpo reagiu contra o veneno do seu filho eu não faço ideia de como isso aconteceu !

– Me deixa ver ele ? - Questionei com medo. Temia que ele estivesse escondendo o fato de eu ter sobrevivido e meu filho não.

– Não pense nisso ! - Disse ele afagando meu cabelo antes de se afastar com passos calmos até sumir de vista, mas logo voltando com um amontoado de cobertas de algodão e um serzinho que resmungava baixo - Vamos conhecer o papai preguiçoso que nem quis abrir o olho pra te ver ?

– Mentira, filho ! - Falei ao me sentar. O normal era que eu não conseguisse fazer isso sozinho, mas eu era um lobo, um vampiro havia feito o parto do meu filho que também era filho de um vampiro. O que era normal então ? - Vem cá no papai ! - Senti um espetar dentro do braço ao esticá-lo para receber meu filho nos braços, mas a dor era mínima e fácil de suportar.

Ali em meio aos tecidos azuis que Edward havia cismado de comprar havia um menino lindo, que aparentava ter cerca de um ano e meia, mas não importava. Sua pele avermelhada assim como a minha em um misto perfeito de Ben e eu, os lábios pequenos e volumosos ao mesmo tempo, o rosto pequeno e delicado com sobrancelhas bem feitas, nariz empinado e pequeno como o de Ben, o cabelo escuro e liso. Sorria em minha direção e eu não me assustei com o fato de ele á ter uma dentição completa porque havia sentido a potência deles.

Meu filho era perfeito.

– Ele é a criança mais linda do mundo ! - Disse Edward tocando os cabelos dele que voltou os olhinhos castanhos na direção do toque - Reneesme que não me ouça !

– Queria tanto que seu pai estivesse aqui !- Falei abaixando meu rosto na direção a meu filho e lhe beijando a testa o que o fez gargalhar e eu não pude deixar de sorrir ao ouvir aquele som. Ele era muito lindo e perfeito para ter nascido de mim - Eu te amo tanto, filho !

Uma lufada de vento acertou meu rosto, mas antes que eu pudesse desprender minha atenção do rosto lindo que me sorria um telefone foi colocado entre meu filho e eu.

– Fala com ele. Já está chamando ! - Disse Edward e a voz não demonstrava sofrimento.

– Halo ? - Questionou a voz de Ben do outro lado da linha.

– Ben, sou eu amor ! - Falei colocando o telefone no ouvido.

– Jake, você está bem? Nosso filho está bem? Onde vocês estão? Amor, fala comigo !- Disse ele em um rompante

– Nosso filho é lindo !- Falei - E eu já estou bem. Estou me recuperando do parto, Edward salvou minha vida e a de nosso filho duas vezes!

– Me fala onde vocês estão que eu vou praí!

– Estamos voltando pra casa, amor. Eu e nosso filho estamos voltando para você !