POV PERCY

Já eram quase dez da manhã, e tanto o parque aquático, quanto o aquario, estavam cheios de visitantes. Os negócios estavam indo cada vez melhor. Eu estava em minha sala, quando o meu celular toca. E adivinha quem era? Travis. Travis Stoll. Pois é. Bom, pra quem não sabe, a previsão do Travis ficar aqui na cidade, era só aquele verão a cinco anos atrás. Mas, ele foi embora? Até foi, mas voltou. Quando o verão terminou, ele se despediu de todos nós, e disse que ia voltar para o trabalho. Connor estava tão feliz e aliviado. Até hoje eu não entendo o motivo de tanto amor assim entre os dois. Tudo bem, que Travis dizia que era rancor, por ele ter ido embora com o Joe e deixado Connor para trás, mas eu não achava que fosse só isso. Enfim, Travis foi embora e tudo voltou ao normal. Em menos de uma semana, alguém bate na minha porta, e é nada menos que Travis. Eu perguntei por que ele voltou, e ele deu uma desculpa, não quis me contar. Ele foi procurar o Connor, e depois o mesmo me contou a verdade. A verdade era que Travis, nunca esteve de férias. Ele fora demitido. O tal mercado da Flórida demitiu ele após uma confusão que ele fez no gerenciamento do mercado. Então ele resolveu voltar para NY na esperança de Connor o acolher. Mas, como Connor tem toda essa raiva dele, ele acabou por não contar a verdade, e quando o verão acabou ele simplesmente voltou para Flórida. Então, desde aquele verão, ele está trabalhando como frentista em um posto aqui perto do aquário. O salario não é grande, mas ele pode ajudar o Connor nas despesas do apartamento. Sim, eles estão morando juntos. Mas, o Connor só aceitou ele depois que conseguiu um emprego, disse que não queria correr o risco de ter que sustentar o irmão. E era assim a vida dos dois nos últimos cinco anos. Nem preciso dizer que a convivencia deles era... Amorosa?

Voltando, Travis estava me ligando. E quando isso acontecia, nunca era boa coisa.

-Alô!

-Percy? Fala, cara! Então, eu preciso da sua ajuda.

-Ajuda? Travis, o que foi que você aprontou?

-Nada! Nossa, vocês e essa mania de sempre achar que eu fiz algo errado.

-Você sempre faz algo errado, Travis. Anda logo, diz o que você quer.

-Por acaso você não tem uma cópia da chave do apartamento do Connor?

-Eu? Cópia da chave? Pra que eu ia ter uma cópia da chave?

-Ah, não sei. Você é amigo dele eu pensei que talvez...

-Pensou errado. Mas por que você precisa da chave? Você não tem uma?

-Bom... Até noite passada eu tinha.

-E desde a noite passada, onde você está se não pode entrar em casa?

-É que... Eu cheguei agora em casa.

-Agora? Travis! E o seu emprego? Você tem hora para estar lá!

-Eu sei, mas isso não é importante. Eu só preciso entrar em casa, ok?

-E por que você não pede a chave pro seu irmão, ou vem aqui buscar? Ele tá aqui.

-Eu sei, mas você sabe como ele é. Vai ficar me enchendo a paciencia. Não to a fim de escutar sermão. Mas tudo bem cara. Eu dou um jeito. Tchau!

-Tchau Travis!

Esse cara não tem jeito mesmo.

POV CHARLES

Eu detestava estudar de manhã. Mas, as vezes tinha algumas coisas boas. Por exemplo, hoje, eu não tive todas as aulas, então eram dez da manhã, e eu já estava saindo. E quanto a Silena? Eu mandei que o Jake esperasse ela, e a levasse pra casa. Afinal, hoje a Piper estava lá com a minha mãe, então Jake também iria. Eu estava há alguns quarteirões de casa, quando meu celular tocou. Era Travis. Tinhamos ficado amigos até. Ele era legal, mas meu pai sempre dizia que não era pra tomar ele como exemplo. Atendi.

-Oi cara! Beleza?

-Charlie! Na verdade não. Preciso de uma ajudinha.

-Fala aí.

-Você consegue um arame pra mim?

-Arame?

-Isso. Rápido, é muito importante.

-Huuum... cara, tem uma construção na rua de trás da minha casa. Eu passo lá e falo com alguém, certeza que eles me ajudam com isso.

-Ah! Valeu garoto! Como eu amo você! Você devia ser meu irmão Charlie!

-Ah... Obrigado eu acho. Mas, para que você quer uma arame?

-Depois te explico. Você pode vir aqui no apartamento trazer pra mim?

-Posso. To saindo do colégio já. Chego aí em vinte minutos.

O arame não foi problema. O problema foi passar pela minha mãe. Eu nem ia chegar em casa. Já que eu estava adiantado, eu ia direto ajudar o Travis e depois voltava pra casa. Mas quando eu estava voltando da construção, Piper apareceu no quintal de casa, e me viu. Ela acenou e gritou para mamãe, avisando que eu estava chegando mais cedo hoje. Droga. Não tive outra escolha. Entrei em casa, latguei minha mochila no sofá, e escondi o arame no bolso da jaqueta.

-Oi mãe.Oi Piper!

-Oi querido! Chegou cedo! – mãmãe disse – E a Silena? Ainda é o terceiro dia dela, não sabe se virar sozinha no colégio. Você a deixou sozinha?

-Calma mãe! O Jake vai sair no mesmo horário que ela, então eles vem juntos.

-Ah sim. Tudo bem. Pode ir trocar de roupa, nós vamos ao mercado, quer ir junto?

-Ah... na verdade eu estava indo ao apartamento do Travis.

-Fazer o que lá?

-Ele me ligou e me perguntou se eu podia ir lá ajudar ele.

-Ajudar com o quê?

-Não sei. Acho que é alguma coisa que ele comprou e quer ajuda pra colocar no lugar.

-E por que o Connor não ajuda ele?

-Seilá. Mãe, é só o Travis. Não vou demorar.

-Não Charles. Você não vai agora. Talvez durante a tarde.

-Ele não devia estar no trabalho agora? – Piper perguntou.

-Devia. Mas não está. Isso não me parece coisa boa. – mamãe disse.

Como eu sabia que não conseguiria permissão, me lembrei de algo. Havia um mercado meio perto do prédio onde os Stoll’s moravam. Raramente nós faziamos compras lá, mas eu decidi que era um ótimo lugar pra ir.

-Tá mãe. Eu ligo pra ele e aviso. Vou trocar de roupa e vou com vocês. Podemos ir no D’ageles?

-D’ageles? Mas, é longe. Por que?

-Porque... eu preciso de uma caneta nova, e só tem lá. Na seção de material escolar.

-Por causa de uma caneta?

-Por favor mãe!

-Certo. Saímos em cinco minutos. – ma mãe disse indo com Piper para o carro.

Isso seria arriscado. Mas, qualquer coisa era arriscada sendo filho de Annabeth Chase.

Ainda estava com a jaqueta do colégio, não sei por que mas mamãe nem reclamou. Sentia o arame no meu bolso. Um arame. Pra quê o Travis queria uma arame eu não fazia ideia, e sinceramente, não queria saber de muitos detalhes. Quando se trata de um Stoll, eu aprendi a não fazer muitas perguntas. Por mais que sempre que eles faziam algo parecesse que ia dar errado, que alguém ia acabar se ferrando, tudo acabava bem no final. A minha intenção era entregar o arame e voltar correndo pro D’ageles. Tinha esperança da mamãe e da Piper nem notarem minha ausencia, ou no minímo não se preocuparem, acharem que eu estava procurando algo naquelas grandes prateleiras do supermercado. Em cinco minutos eu estava na frente do prédio. Cumprimentei o porteiro, e disse meu nome. Ele sorriu e me deixou subir. Um detalhe: O elevador estava em reforma. Tive que subir oito andares de escada. Depois de intermináveis degraus eu saí no andar certo, e pude ver Travis sentado no chão, encostado na porta do 428. Quando me viu, ele abriu um enorme sorriso e se levantou.

-Ah! Pelo menos um Jackson corre em meu auxílio! Trouxe?

-Ahaam, toma. – eu disse ofegante lhe entregando o arame.

-Tudo bem Charlie?

-Ahaam, tirando o fato que eu vim correndo lá do D’ageles e tive que subir oito andares de escada.

-E o elevador?

-Reforma.

-Um elevador pode ser reformado?

-Segundo o seu porteiro sim. Agora, pra que você quer o arame?

-Abrir a porta. Tentei pedir um grampo pra uma senhora, ela me emprestou mas era muito fino. Acabei quebrando o grampo e levando uma bolsada. Aí liguei pro seu pai, e ele se recusou em me ajudar. Na verdade ele não tem a cópia da chave. E aí eu lembrei de você, e cara, eu realmente te amo muito depois de hoje!

-Iiiiih, saí pra lá com essas frescuras, hein...

Travis riu e começou a abrir a porta. Ele retorceu o arame algumas vezes, e logo conseguiu o que queria. Entramos no apartamento, e nos largamos no sofá.

-Como é bom estar em casa. – ele disse.

-Preciso de água, cara. – eu disse indo até a cozinha e tomando um copo d’água bem gelada.

-Charlie, por que veio correndo do D’ageles? Achei que estivesse indo pra casa quando te liguei.

-Estava. – contei a ele o que mamãe não sabia e o porque de eu estar com pressa.

-Vish. Enganar a Annabeth? Muito arriscado garoto.

-Eu sei. E também sei que não volto pro mercado em menos de quinze minutos. Eu corri muito. Nove quarteirões, oito andares de escada. To mal. – disse pegando meu celular que estava tocando. Era mamãe.

POV ANNABETH

Um minuto de distração, e Charles sumiu. Ele disse que foi pegar a tal caneta, mas a questão é que não se demora vinte minutos pra pegar uma caneta. Como não achamos tudo o que queríamos no D’ageles, Piper e eu resolvemos ir pra outro mercado. A questão é que procuramos Charles em todo lugar e não achamos. Perguntei para o garoto dos carrinhos e ele me disse que viu Charles sair correndo. Onde esse garoto se meteu? Liguei pra ele cinco vezes seguidas, e Piper também tentou, mas só dava caixa postal. Preciso falar que estava preocupada? Liguei pro Percy, ele me disse que lá o Charlies não estava, mas foi aí que me lembrei de onde ele queria ir, e tive certeza de que era pra lá que ele tinha ido. Perguntei pra ele se o Connor ainda estava no trabalho, e ele disse que o mesmo já havia saído há uns dez minutos. Então eu liguei pro Connor.

-Oi, tudo bem?

-Annabeth! Tudo bem! Ahn... Ligou pra que?

-Escuta, seu irmão aprontou alguma coisa, e ele arrastou o Charles pro seu apartamento sem a minha permissão. Será que você pode fazer o favor de me devolver meu filho?

-Droga. Eu vou matar o Travis um dia! Tudo bem Annie, e me desculpe. Levo o Charlie logo.

E desligou. Agora eu já estava mais tranquila, poderia continuar as coisas com a Piper, e preparar a bronca do Charles.