Chichi um dia acordou meio cansada, não furiosa, mas simplesmente cansada. Cansada da vida, de Goku, de suas ausências, de ser negligenciada, de gritar e pedir...tentar se impor para seu marido, tentar conseguir algum respeito de seus amigos...exausta.

Chichi estava cansada até mesmo daquele comportamento que era sua marca registrada: a completa histeria.

Levantou-se bem mais cedo que o normal e fez aquele café da manhã para seus soldados, seus amores e ao mesmo tempo seus algozes: Goku, Gohan e Goten. Deixou tudo preparado para quando acordassem.

Porém, nesse meio tempo, começou a pensar sobre como seria a vida dos seus filhos e do seu marido(marido? Ela não o via há 7 anos e quando veio, foi pra lutar com um monstro que parecia chiclete e não sentia desejo da parte dele...ou será que estava pensando demais..ai ai ai..)

Sentiu-se um peso na vida deles, como se ela não fosse necessária mais, mesmo tendo completa noção de que dedicou seus melhores anos e toda a sua vida em prol da felicidade deles. Queria refletir...ficar sozinha...mas realmente sozinha, não essa solidão que se fazia perceber nos momentos onde estava com a sua família. E nada parecia mais agonizante do que se sentir desamparado no meio de muitas pessoas, ainda mais os seus amados.

Decidiu sair por aí, rodar pela estrada, quem sabe parar em alguma cidade e fazer compras ou ainda mudar ou fugir de casa. Por que não? Goku e os outros voam, mas nem isso eu consegui. Então porque não aproveitar as delícias de dirigir? Pegou algumas roupas e colocou em uma mala, depois colocou no carro. Claro que eles não sentiriam a falta dela...isso era um fato. Só se o estômago roncasse, mas provavelmente eles iriam na casa da Bulma e comeriam tudo o que ela faz para o Vegeta e o Trunks. Ela não seria muito necessária, pelo menos pelo tempo que queria ficar sozinha.

Deixou um bilhetinho dizendo que logo voltava e que era pra eles não se preocuparem e que aproveitassem o fato que mamãe não estaria ali para encher a paciência deles. Sim, sim! Ela escreveu exatamente isso e se sentiu tão mais leve por pelo menos expressar, nem que fosse de uma forma mínima o que ela estava sentindo naquele momento.

Entrou no carro e saiu dirigindo. Também pensou em abrir a capota do carro para sentir o vento nos cabelos e fez algo que há muito tempo não fazia. Soltar os mesmos. Sentiu os cabelos ao vento, toda aquela liberdade e juventude que passeava entre os fios de seda negros, toda aquela vitalidade e toda aquela força, sentiu-se uma força na natureza e naquele momento percebeu que não podia parar mais. E continuou a dirigir.

Goku acordou logo depois que Chichi saiu, sentindo o cheiro da sua comida, foi em direção à cozinha, para quem sabe conseguir vislumbrar uma Chichi tranquila, não a mulher furiosa que sempre brigava com ele,mas que mesmo assim não conseguia parar de amar.

Chegando na cozinha, estava tudo pronto. O café servido, mas estava faltando a sua mulher. Com a velocidade costumeira, Goku revirou a casa mas não a encontrou. Tentou ainda sentir o ki, mas parecia que Chichi estava mesmo muito longe, com uma preocupação visível e decidido a tomar uma providência depois que comesse, sentou-se à mesa e viu o bilhete de sua mulher.

Queridos...sei que ultimamente estou muito chata com vocês. Muito mandona e realmente insuportável. Por isso decidi lhes dar um tempo e me dar um tempo também. Saí e não sei quando volto. Claro que provavelmente não sentirão a minha falta, mas deixei o bilhete pra saberem que eu volto, espero antes de começarem a passar fome. Qualquer coisa, se eu não voltar a tempo para o jantar, tem comida congelada pra alimentar 25 batalhões, então deve dar pra vocês por uns 2 dias.

Beijo da Chichi.

Goku entrou em um estado de desespero tão avassalador que seus filhos acordaram instantaneamente ao ver a variação perigosa do ki de seu pai. E quando eles o alcançaram na cozinha, ele estava tão atordoado que tinha virado Super sayajin e nem havia percebido.