O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 62
2x15 - Acordo


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, gostaria de agradecer pelos comentários do capítulo anterior. Fiquei muito feliz mesmo de saber que vocês gostaram :)
Espero que curtam este aqui tanto quanto o outro.
Beijos :*
ps: Tentei de todos os jeitos colocar uma imagem no capítulo, mas não consegui, então vou colocar o link aqui tá.
Gif abaixo não me pertence.



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Eu até tinha um plano quando saí enfurecida da casa dos Cullen. Eu iria até Billy pedir para que ele colocasse algum juízo na cabeça do filho. Mas agora eu percebia que se quisesse ir até La Push, eu iria precisar de locomoção.

Olhei a volta, a raiva ameaçando transbordar dos meus olhos, me amaldiçoando por não ter trago meu carro.

–O que você pensa que vai fazer? – disse Jacob se aproximando de mim. Ele não estava bravo, ao contrário, parecia preocupado.

–Eu vou falar com o seu pai. Com Sue. Até com o Velho Quil, se for preciso. – disse começando a caminhar, sem olhar para trás. Ele me alcançou em menos de dois segundos, parou à minha frente e me segurou pelos ombros.

–Vai caminhar até lá, é?

–Jacob, saia da minha frente.

–Para de bobagem. Você vai acabar desmaiando. – ele me olhou de cima a baixo. – Olha só pra você.

Distrai-me por um momento. O que tinha de errado comigo? Tirando a fraqueza, eu não achava que tivesse nenhum sintoma aparente.

Jacob aproveitou minha distração para tentar outra abordagem.

–Olha, se você quiser mesmo voltar pra aldeia, eu te levo. Eu já ia te levar pra casa de qualquer maneira. Vem, eles podem nos emprestar um carro, ou coisa assim.

Olhei-o desconfiada. Se ele fosse me levar era por que ele não achava que o meu plano funcionaria. Mas eu não ia desistir mesmo assim. Alguém iria concordar comigo.

Mas isso não aconteceu.

Assim que chegamos à casa de Billy, contei toda a loucura que era o plano de Jasper. Disse que era arriscado. Que tinha um exército na equação. Que Joham era um psicopata que queria fazer experimentos na matilha.

–Jacob está certo. – foi o que Billy disse.

–O quê? – gritei. – Não, ele não está. Ele vai acabar morrendo, Billy!

Jacob sentou-se à mesa, suspirando e esfregando os olhos. Billy apenas me encarou pacientemente. Seus olhos negros cheios conhecimento.

–Jacob é o Alfa. Ele escolhe o que é melhor para a matilha. – depois ele se dirigiu ao filho. – Você, com certeza, disse isso a ela, não?

–Claro que disse, mas do que adianta? É a Agatha.

–Rá! – exclamei. – Como se eu fosse uma criança que não entende as coisas. Muito engraçado, Jacob Black. – Jacob revirou os olhos e eu voltei-me para Billy. – Bem Billy, você pode até concordar, mas eu quero ver o que o Conselho acha.

–Agatha, a escolha é dele. – continuou Billy. – Não faz sentido convocarmos uma reunião agora, sendo que eles vão dizer exatamente o que eu disse. Vocês só vão perder tempo. E o plano não pareceu tão arriscado, afinal de contas. Além do mais, precisamos acabar com isso. – sua voz demonstrou um pouco de dor. – Seth foi levado. Sue está arrasada. Chegou a hora de pôr um fim nisso.

Uma pontada de culpa me atingiu. Eu nem sequer fora ver Sue...

–Eu não estou dizendo para deixarmos Seth lá. – murmurei de cabeça baixa. – Só não concordo com a parte de Jacob se entregar.

–Vai dar tudo certo. – disse Billy tanto para mim quanto para Jacob. – Vou até Sue, espero vocês lá.

Então ele virou a cadeira e só o que vi foi a ponta da roda desaparecendo pela porta. Fui para a janela, de cara fechada. Sem fazer barulho algum os braços de Jacob já estavam envoltos em minha cintura, seus lábios no meu pescoço.

–Vai desistir agora?

–Não. – respondi prontamente. Ele suspirou, exasperado e me soltou. Virei-me para encará-lo. – Não, não vou desistir. Não importa o que os outros digam, eu sei que é loucura.

–É o melhor plano que temos. A gente não pode simplismente atacar. – ele disse lentamente, tentando não perder a paciência. – Não podemos cair no plano de Joham novamente.

Gemi frustrada por que ele estava usando as mesmas palavras de Jasper.

–Desde quando você ouve Jasper? – perguntei criticamente.

–Desde nunca. – disse ele um pouco arrogante – O plano foi meu.

–Seu? – até agora eu achava que aquele plano era de Jasper, o militar... – Você pensou nisso?

–Eu posso não ser o cara mais inteligente do mundo, mas acho que consigo bolar alguma coisa assim.

Balancei a cabeça.

–Você é um idiota.

Sua expressão se amenizou e ele se aproximou novamente.

–Escuta Agatha, lembra de quando você salvou Leah?

Assenti.

–Você lembra do que sentiu na hora?

Eu sabia o que ele estava fazendo. Ele queria comparar as duas situações. Queria que eu entendesse o que ele estava prestes a fazer.

–Lembro. – murmurei. – Mas você mesmo disse que eu tinha sido impulsiva. Que eu não podia agir assim.

–Eu não estou sendo impulsivo. – ele garantiu. – Antes de você acordar, nós começamos a resolver a coisa toda, assim que Joham ligou dizendo que queria fazer a troca. Pensamos em tudo o que poderia dar errado e vamos estar preparados. Os outros já foram na frente para vigiar.

–E quando você pretende ir? – perguntei sufocada.

–Ainda não sei. Joham disse que ia ligar amanhã para ver qual seria a minha resposta. O que é bom, já que vai nos dar tempo para planejar tudo.

Vi em seu rosto que ele não ia desistir e tive uma ideia rapidamente.

– Tá legal. Se você não vai mesmo desistir, então eu vou junto.

Ele balançou a cabeça, exasperado.

–Eu juro que eu não entendo essa sua cabeça.

–O que? – perguntei na defensiva. – Eu concordo com o plano, desde que eu vá junto. Todos saem ganhando!

–Você ouviu o Carlisle disse, é perigoso você tentar se transformar.

–Não vai acontecer nada comigo. – murmurei tentando não lembrar da dor que senti ao forçar minha transformação.

–Já aconteceu. – ele disse impaciente. – Você já quebrou os ossos, foi envenenada. O que mais você quer?

–Mas que coisa! – reclamei. – Você pode ir lá e se atirar para os sanguessugas e eu não posso nem...

–Você não pode ir. – ele me interrompeu. – Com certeza aquela outra vai tentar se vingar depois de você ter matado a irmã dela.

–Que venha então. E ela vai ter o mesmo destino que a irmã!

–Você não vai ir. – ele disse absoluto.

Sentei-me na cadeira, derrotada. Eu estava cansada de discutir. Esse tinha sido um dia longo demais e eu me sentia esgotada. E pensar que a minha maior preocupação essa manhã era o tal caso que Jacob tivera com Leah. Ri sem humor algum.

–O que foi? – Jacob perguntou.

–Por que não me contou que namorou a Leah? – eu não estava brava. Depois de tudo o que acontecera, essa história era até cômica de uma maneira meio mórbida.

Ele piscou os olhos, aturdido.

–Ouvi Charlie falando com Sue sobre isso. – esclareci.

Ele sentou ao meu lado e tocou meu rosto com as costas da mão.

–Eu não chamaria de namoro. Foi só uma coisa que achávamos que poderia dar certo e que não deu. – ele riu. – Ela amava Sam demais e eu, bem, não era segredo nenhum o que eu sentia por você. Não durou uma semana, por que esse era o tempo máximo que ela ficava sem pensar no Sam.

–E você não pensava em mim? – perguntei curiosa.

–Claro que sim. Só que o meu limite era ficar três dias sem pensar em você. Leah foi até bastante compreensiva.

Fiz uma careta. Eu não queria mais pensar nisso. Era estranho demais.

–Você ficou com ciúmes? – ele perguntou um pouco divertido demais.

–Na hora sim. – admiti. – Só que à luz do recente fato do meu namorado se atirando aos leões tirou isso da minha cabeça.

Ele respirou pesadamente, mas resolveu não continuar nesse assunto.

–Acho melhor a gente ver como está Sue.

Eu podia colocar uma pausa nisso por Sue. Mas não significava que eu iria desistir. Se Jacob pensa que vai ir numa missão suicida e me deixar mofando aqui, ele está muito enganado.

–Tá legal. Vamos.

Mas quando estávamos na varanda, resolvi perguntar:

–Você gostava mesmo dela?

Ele sorriu um pouco.

–Eu tentei.

–E Leah?

Ele deu de ombros.

–Ela também deu o melhor dela.

Sue estava arrasada, como Billy dissera. Ele estava lá quando chegamos e aparentemente tinha colocado Charlie para correr pelo telefone. Apesar de Charlie saber que o mundo não era exatamente do jeito que ele pensava que fosse; detalhes como um exército de vampiros atacando a cidade e um louco psicopata sequestrando o filho de sua namorada eram negados a ele.

Nós ficamos lá por um bom tempo. Eu tentava não discutir com Jacob, mas quando ele disse a Sue que faria de tudo para trazer Seth de volta, eu quase recomecei a gritar. Billy apenas me olhou como se pedisse para que eu tivesse um pouco de paciência. Só que isso era uma coisa que eu não tinha.

Era meia noite quando Jacob disse que iria levar Billy para casa e depois falaria com Sam para saber como estavam as coisas. Ele me deu um beijo na testa dizendo que voltaria de manhã e praticamente ordenou que eu dormisse um pouco.

Só que eu não fiz isso. Quando Sue fora se deitar eu permaneci na sala sem saber o que fazer. Estava morta de cansaço, mas não queria dormir por que todas as vezes que eu fechava os olhos imagens de Seth sendo torturado me assaltavam.

Coloquei as mãos na cabeça tentando arrancar aquelas imagens. Deitei-me no sofá enroscada em uma manta que ficava ali. Eu estava sentindo muito frio, mas sentia meus ossos queimando. Temi que Carlisle tivesse razão. Que eu pudesse ter algum dano grave.

Com o tempo, o cansaço finalmente me tomou.

Quando abri meus olhos novamente ainda estava no sofá. Cada parte do meu corpo doía e eu não tive ânimo para levantar. O barulho da chuva forte batia no telhado e isso me lembrou da minha casa. Quando o tempo estava assim eu me levantava da cama enrolada em um cobertor e descia para sala para ver TV com Felipe. Nós fazíamos pipoca e ficávamos o dia inteiro de bobeira.

Penso em como estaria minha vida se eu não estivesse aqui. Se ela estaria mais fácil. Bem, com certeza eu não estaria no meio de uma guerra e nem completamente apavorada com a iminente ameaça à vida do meu namorado. Mas eu não vejo que rumo ela poderia ter levado se eu nunca tivesse posto meus pés aqui.

Olhei para o relógio na escrivaninha que marcava seis e meia da manhã. Sabia que não conseguiria dormir, então me levantei e fui ao banheiro. Quase tive um susto quando olhei a mim mesma no espelho: meu rosto estava magro e chupado. As olheiras fundas e roxas marcavam meus olhos e minha pele parecia pálida. Finalmente entendi o que Jacob quis dizer com “Olha só pra você”.

Arrastei-me para o quarto resmungando algo sobre o maldito cientista maluco e me sobressaltei com Jacob sentado na minha cama.

–Já acordada?

–A chuva me acordou. – murmurei.

–Ainda está brava comigo? – ele perguntou com uma careta meio engraçada. Ergui os ombros.

–Sei lá. Eu tô com muito sono para saber.

Ele levantou-se sorrindo e parou à minha frente.

–Feche os olhos. – ele pediu.

Pisquei os olhos.

–Pra quê?

–É uma surpresa.

Meio desconfiada fiz o que ele pediu. Mal senti o toque das suas mãos ao redor do meu pescoço e ele disse que eu poderia abrir os olhos novamente. Senti o peso mínimo do pingente e levei a mão até ele.

Era um cordão com um pingente de madeira talhado cuidadosamente em formato de coração. Observei atentamente e vi que continha os dizeres: “amor é imortal”.

–Isso é... – não encontrei palavras. Eu nunca havia ganhado algo tão especial. Com um significado. – Obrigada, Jake. Ele é lindo. Foi você que escreveu a frase?

–Fui sim. Eu venho trabalhando nele há algum tempo.

Levantei os olhos e Jacob sorria do jeito que eu tanto amava.

–Feliz aniversário. – ele sussurrou.

Isso me pegou de surpresa. Era meu aniversário? Já estávamos no fim de outubro?

Jacob pareceu entender minha confusão.

–Você sabe que hoje é o seu aniversário, não é?

Franzi os lábios numa tentativa débil de um sorriso.

–Claro que sabia.

Ele revirou os olhos.

–Não sabia não. Sua voz fica aguda quando mente. Como pode esquecer do seu próprio aniversário?

–Eu não sei. – respondi voltando a observar meu presente.

–Você gostou mesmo? – perguntou ele voltando a sorrir.

–Claro. Ele é especial. Como você. – me ergui na ponta dos pés e beijei-o.

–Que bom. Acho que acabou servindo para as duas coisas.

–Como assim?

–Você sabe. Seu aniversário e pra melhorar seu humor. Você ficou realmente chateada ontem.

Chateada é pouco para o que eu senti ontem. Em termos de teimosia nós dois empatávamos, mas era ele quem tinha o poder aqui e não eu. Então era melhor tentar outra abordagem.

–Tá legal, Jake. – disse me sentando na cama. – Eu entendo. Você tá fazendo a mesma coisa que eu fiz quando salvei Leah. E sei que não vai desistir do plano.

Ele me observou desconfiadamente.

–E?

–E então, eu pensei em fazermos um acordo. – eu disse lentamente.

–Se você vai vir com aquela história de vir junto, pode esquecer. – ele me cortou.

Inspirei fundo uma vez para continuar calma.

–Eu prometo que não vou tentar me transformar. Eu fico fora da luta. Faço o que você pedir, exceto ficar aqui esperando e imaginando se você vai voltar ou não.

Ele olhou para o teto e não respondeu.

–Eu duvido que você vá fazer o que eu pedir. – ele disse depois de um tempo.

–Eu não estou mentindo. Você saberia se eu estivesse.

–Não estou dizendo que você está mentindo. – ele disse vindo até mim e sentando-se ao meu lado. – O problema é que você sempre acaba fazendo o que você acha melhor. Lembra quando você disse que iria embora e nada do que eu dissesse mudava a sua decisão?

Olhei bem em seus olhos.

–Confia em mim. Não vou me transformar.

Ele balançou a cabeça.

–Não posso deixar mais nada acontecer com você.

–Não vai acontecer nada comigo. – garanti. – Por favor...

Ele não respondeu e ficou pensando por algum tempo.

–Você vai fazer exatamente o que eu disser. Sem trapaças. – ele disse intensamente.

Assenti.

–Vamos arranjar um lugar seguro e você fica lá, entendeu?

–Entendi. – repassei a lista. – Sem me transformar; fazer o que você pedir; ficar num lugar seguro e sem trapaças.

–Isso mesmo. – ele disse num misto de divertimento e irritação.

Dei um risinho.

–Obrigada.

Ele me olhou desconfiadamente.

–Agatha, é sério, se você aprontar alguma...

–Ei, me dê um pouco de crédito. Acha mesmo que eu vou trair sua confiança?

Ele ainda estava meio contrariado, mas sorriu e beijou meus lábios mesmo assim.

Então, ali olhando em seus olhos, eu sabia que era a hora certa de dizer. Dizer as palavras que já estavam implícitas em nossas ações há muito tempo, mas mesmo assim mereciam ser ditas.

–Eu te amo.

Ele sorriu abertamente ao responder:

–Eu também te amo, anjo.


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