Prostituta Do Governo escrita por Leticia, Lari Rezende


Capítulo 22
Um cabelo novo e um novo unicórnio


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :3



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Eu e Lia estávamos entrando em um salão de beleza. OBree Hair, que se localizava em um prédio branco em frente a uma igreja evangélica. Entramos no salão que não era muito grande e já fui logo sentando na cadeira giratória me olhando fixamente no enorme espelho a minha frente. A dona do salão era Bree, uma mulher negra com um olhar marcante e com um corpo esbelto. Usava um jeans colado, uma camiseta da moda e um sapato de salto não muito alto.
-Jessye? – perguntou ela.
-Sou eu -respondi.
Tínhamos ligado na noite anterior e marcado hora.

Ela deu um largo sorriso enquanto colocava a capa por cima da minha roupa.
-E então Jessye – perguntou ela – o que quer que eu faça no seu cabelo?
Eu já estava decidida ao meu novo visual.
-Eu o quero mais curto e loiro – respondi.
Meu cabelo era castanho claro e batia na metade das minhas costelas. Eu nunca havia pintado ele antes porque certamente meu pai surtaria, mas como eu não estava mais dependendo dele decidi logo de uma vez radicalizar. Além do mais, aquele cabelão me dava um ar de inocente e todos achavam que eu já tinha 18 anos, então eu precisava mudar. Enquanto Bree cortava e pintava, Lia fazia as unhas com uma moça baixa e gordinha. O nome dela era Laís e tinha um sorriso contagiante, além de ser muito simpática e paciente.
Enquanto conversávamos lembrei que naquela noite eu tinha um cliente para visitar. Mas decidi esquecer o trabalho por alguns minutos e me concentrei na transformação que ocorria na minha frente.
Depois de muitas tesouradas e pinceladas meu novo cabelo estava pronto.
Olhei-me no espelho surpresa.
-Uau...
Meu cabelo batia nos ombros e estava bem loiro.
Bree deu uma arrumada no penteado.
-A cor vai abrir em algumas semanas – disse ela – ficou bom assim, porque é a primeira vez que você pinta ele.
-Ficou de mais – respondi.

Paguei a conta com meu próprio dinheiro. E fiquei muito feliz em fazer aquilo. Ser independente é a melhor coisa do mundo.
Lia pagou a manicure e juntas saímos do salão.
Assim que saímos do salão me sentia outra pessoa. É incrível o que um corte novo de cabelo é capaz de fazer. Notei que muitos homens me olhavam assim que eu passava por eles.
Me senti um fêmea fatal, uma deliciosa sensação de poder circulava em minhas veias.
Andamos por algumas ruas ate chegarmos ao nosso segundo destino.
-Tem certeza que quer fazer isso? – perguntou Lia, assim que paramos em frente a um outro prédio.
-Tenho – respondi.
Respirei fundo e entrei e um estúdio de tatuagem.
A recepção era pequena.
Havia um banco estofado de frente a um balcão de MDF onde uma mulher mexia distraidamente em um computador.
-Oi – disse eu entrando no ambiente que cheirava a tinta fresca.
-Boa tarde – disse a mulher – no que posso ajudar?
-Sou Jessye – respondi – quero fazer uma tatuagem.
-Olá Jessye – respondeu a mulher sorrindo – sou Hannah.
Nos demos às mãos em um gesto formal.
Hannah era uma mulher bem interessante.Era alta e tinha olhos castanhos claros e eu poderia descrever a cor do cabelo dela caso ela tivesse, mas a mulher na minha frente era careca e tinha uma porção de tatuagens na cabeça, além de alargadores nas duas orelhas e piercings no nariz, boca e sobrancelhas.
-Qual a sua idade querida? – perguntou ela amavelmente.
-17 – respondi.
Ela me olhou seria.
-Precisa de alguém que autorize – disse ela.
-Sim – respondi puxando Lia – ela vai assinar por mim. Eliana é minha tia.
Hannah ficou um pouco desconfiada.
-Preciso de um responsável legal – disse a mulher.

-Eu sou responsável por ela – respondeu Lia – ela mora comigo desde o acidente que levou o falecimento dos pais dela.
Fingi uma cara de coitadinha.
Na realidade eu e Lia já havíamos ensaiado todo aquele discurso bobo na noite anterior quando eu decidi fazer uma tatuagem. Eu sabia que precisava ter 18 anos ou ter um responsável para assinar por mim, por isso convenci Lia a ser minha tia por um dia.
-Desculpe – disse Hannah – não quis ser inconveniente.
Balancei a cabeça despreocupada.
-Não foi nada – respondi.
Lia assinou alguns papeis e eu pude entrar no estúdio onde um cara gordo com alargadores nas orelhas e tatuagens pelos braços se encontrava arrumando algumas folhas.
-Oi – disse ele com uma voz firme.
-Oi – respondi com certo receio.
Ele tinha um rosto largo, seu cabelo era verde e tinha a barba por fazer.
-Você é Jessye não é? – perguntou ele.
-Sim.
-E então Jessye, o que quer tatuar.
Tirei um pedaço de papel da minha bolsa e entreguei ao homem.
Ele desdobrou o papel e sorriu.
-Um unicórnio – disse ele – quer tatuar esse unicórnio onde?
Bati a mão na minha perna ao lado da coxa.
-Bem aqui – disse com a mão ao lado da coxa.
-Tudo bem , tire a calça e deite ali – ele apontou para a única maca que havia no centro da sala.
Tirei a calça sem receio algum e deitei na maca que não era muito confortável.
Não sei ao certo quanto tempo durou. Só sei que doeu muito, mas valeu à pena.
A minha tatuagem era uma cabeça de unicórnio com uma fita entrelaçada pela cabeça e pelo chifre com as seguintes palavras: Prostituta do Governo.
Aquele desenho significava a união do meu passado com o meu presente. O unicórnio simbolizava a antiga Jessica, que corria de pés descalços pelo campo, montava cavalos e era inocente ao extremo. A frase simbolizava o poder de ser uma mulher independente e forte, capaz de fazer qualquer coisa que lhe fosse designada.
Eu sempre amei unicórnios, porque eles nos leva ao caminho do amor.
E eu acredito no amor.


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Notas finais do capítulo

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